Há uma clara relação estabelecida no mercado – cliente x fornecedor. Em dezenas ou centenas de vezes somos clientes. Em outras tantas somos fornecedores. O profissional que presta um serviço é um fornecedor. A questão é como esse “fornecedor” deverá se organizar desse momento em diante.
As empresas estão cobrando novas posturas, de modo que não basta ser somente “profissional”. É necessário ser “empresário” do nosso próprio serviço. Apesar de concordar que há muito exagero em tudo isso, o fato é que os profissionais mais estáveis, estruturados, organizados, dependentes, que vestiam a camisa e ficavam à espera das decisões e suporte da empresa, estão de fato sofrendo mais, comparados com aqueles que buscam seu lugar ao sol.
O fato é que, até 1970, a estruturação, a organização, a precisão e a lealdade eram os grandes ingredientes que se podia esperar de um profissional. Hoje, valoriza-se muito mais o persuasivo, direto, agressivo e fazedor de coisas. Até quando, ninguém sabe, mas a informática e a robótica têm ajudado a diminuir, frequentemente, a importância das pessoas precisas e minuciosas.
Um excelente datilógrafo na década de 70 ou 80 era um profissional prestigiado e valorizado. Onde está esse profissional hoje?
Diante de todo esse quadro, temos de reconhecer que cada um de nós é uma empresa individual. Para estabelecer uma melhor comparação, podemos partir da seguinte pergunta: o que uma empresa tem que um profissional não tem e nem deveria ter?
Fizemos essa pergunta nos seminários a mais de 40 mil profissionais de diversas empresas e, apesar do esforço dos participantes, os argumentos oferecidos não são suficientes para caracterizar a diferença entre uma empresa e uma pessoa. Portanto, na nossa fração empresa, somos tão empresa quanto qualquer empresa no mundo, resguardadas, naturalmente, as devidas proporções. E o nosso Talento é o principal produto que temos de colocar no mercado.
Por outro lado, se analisarmos bem, chegaremos à conclusão de que a pessoa é muito mais que uma empresa. Entre outros papéis, temos o de filho(a), esposo(a), pais, amigo(a), vizinho(a) e empresa. A nossa empresa deve estar em equilíbrio com as demais e exige formas diferentes de pensar e agir. Ela tem um peso importante na qualidade de vida dos nossos diversos papéis e de todos aqueles que estão sob nossa dependência.
Se você já criou sua visão de futuro, abriu as portas da Eu S.A., capacitou-se para o exercício do seu talento e, mesmo assim, seus planos não estão se concretizando,pare e pense. Talvez você possa sair da estagnação, identificando os sentimentos que o estão impedindo de avançar e qual dessas etapas deixou de cumprir. Depois, reveja quais aspectos do seu talento precisam ser desenvolvidos ou redimensionados e mãos à obra. Assim, você possivelmente caminhará em direção à resolução dos problemas.
Quem sabe até mesmo realizar aquele projeto tão esperado nestes últimos dez anos.
Por Jorge Matos, Presidente da ETALENT