Um questionamento que recebo constantemente é sobre como um candidato deve se portar na seleção. Muitos acham que existem fórmulas previamente estabelecidas que dariam respaldo à construção de uma cartilha, como se existisse única e exclusivamente um comportamento padrão para todas as funções existentes no mercado.
Mas se determinadas posições necessitam de um comportamento competitivo e comunicativo, enquanto outras precisam de pessoas meticulosas e precisas, pensar desta forma não faz sentido. Essa é uma ideia que precisa ser desconstruída. Assim, o que realmente se espera é que o candidato seja o mais ético e verdadeiro quanto seja possível, e, claro, que tenha alguma coisa a oferecer.
Deve-se pensar na contratação não como uma via de mão única porque a empresa contrata a pessoa. O candidato também deve ter consciência de suas habilidades e conhecimentos para identificar se é capaz e quer abraçar determinada instituição. Por vezes, algumas palavras e expressões são tão usadas que têm seu significado esvaziado. Falamos tanto sobre membros, órgãos e corporações que, cada vez mais, nos distanciamos das origens dessas palavras. Elas perdem seu peso, sua importância. Ser membro é ser parte fundamental de um organismo, de um corpo. Assim como mãos, braços, pernas são preciosos, todo membro tem sua fundamental importância.
Visto sob outra perspectiva, a contratação acontece exatamente como um processo de compra. Quando procuramos comprar algo de real importância, como o seguro do nosso carro, nosso plano de saúde, a escola que matricularemos nossos filhos, pensamos sobre o que estes produtos vem agregar à nossa organização. Olhamos o custo final, a sua relação com o benefício que irá propiciar, etc. Na seleção de um emprego, a relação e pensamento é a mesma. O candidato é um produto que, se oferecer uma boa relação custo benefício ao empregador, terá facilidade de ser contratado. Do contrário, o processo seletivo será mais doloroso.
Ao divulgar determinada vaga, as empresas especificam o que elas querem em termos de conhecimentos e habilidades. Quando o candidato está ciente de que preenche esses pré-requisitos, não deve forjar seu comportamento durante a entrevista, pois de nada adiantará fingir ser algo que para ele será impossível manter ao longo do exercício daquela função. Desta forma, o autoconhecimento é de fundamental importância para que o candidato seja capaz de expor seus reais pontos fortes e avaliar se seu comportamento se encaixa para a função em questão.
Sucesso sem autoconhecimento é uma falácia que não se mantém a longo prazo e é a principal responsável pela frustração de empresas, instituições e pessoas.
Por Jorge Matos, Presidente de ETALENT