Quando refletimos sobre gerações, devemos considerar a antiga formação clássica constituída de apenas três gerações, compostas das figuras dos avós, dos pais e dos filhos. Essa configuração era facilmente justificada, pois quando os netos estavam atingindo os 20 anos de idade seus avós já ultrapassavam os 60 anos – portanto, estavam no fim de suas vidas.
Atualmente, esse conceito ainda permanece no ciclo de relações trabalhistas e de previdência, que estabelece condições análogas para essa realidade – ou seja, após 35 anos de trabalho, é possível uma pessoa se aposentar. Nesse momento, espera-se que a pessoa tenha mais de 55 anos de idade e usufrua de sua aposentadoria por mais alguns poucos anos antes de falecer.
Isso não é mais uma realidade.
Hoje é comum identificar famílias compostas de bisavós, avós, pais, filhos e netos, todos convivendo simultaneamente. O aumento da expectativa de vida das pessoas – provocado pelos avanços científicos e pela crescente melhoria das políticas de saneamento básico, aliados ao maior fluxo de informações principalmente sobre saúde – alterou completamente a realidade. As pessoas hoje são mais saudáveis e mais bem instruídas, ou pelo menos o acesso a informação é muito maior, o que permite que todos tenham a possibilidade de fazer escolhas que contribuam para uma vida melhor e mais longa.
Como consequência, estamos vivendo mais, atingindo com mais facilidade a casa dos 80 anos. Uma pessoa que trabalhou o tempo necessário para se aposentar ainda terá muito tempo de vida para descansar ou curtir – provavelmente mais uns 25 anos. E isso é muito tempo. As pessoas têm preferido continuar trabalhando, mesmo depois de aposentadas. Mas o posicionamento para o trabalho é um pouco diferente.
Um estudo de 2005, da Harris Interactive para a Merrill Lynch, com pessoas acima de 60 anos que pretendem continuar a trabalhar e ganhar dinheiro na aposentadoria, apurou que esses profissionais não estão dispostos a dedicar o tempo de forma integral. Grande parte dessas pessoas planeja alternar períodos de trabalho e de lazer, e apenas 17% espera parar de trabalhar ao se aposentar. Ao analisar o impacto desses dados no mercado de trabalho, temos a dimensão da complexidade que essa nova realidade apresenta.
Se tivermos como foco alocar jovens em empregos, veremos que as posições de trabalho ainda não estão disponíveis, pois temos profissionais que demoram mais para “sair do mercado”. Isso ocorre porque os mais experientes não consideram que a manutenção de seu estilo de vida está garantida pelo valor da aposentadoria e, além disso, sentem-se com saúde suficiente para continuar em seus postos.
O dilema nesse caso está justamente no fato de que, quanto mais tempo o jovem levar para entrar formalmente no mercado de trabalho e se tornar contribuinte do sistema de previdência, mais complexa será a equação para revisão dos valores de aposentadoria.
O novo modelo de relações trabalhistas precisa contemplar a possibilidade de segundas carreiras, para que profissionais mais experientes possam dar espaço aos profissionais novatos.
Outro aspecto de grande impacto na realidade das cinco gerações é a diferença de atitudes características de cada uma delas. Essas atitudes estão interferindo de forma diferente sobre as escolhas, expectativas e motivações das pessoas, alterando completamente a qualidade dos relacionamentos e provocando desgastes e perda de energia.
As cinco gerações que convivem atualmente manifestam influências mútuas e possuem peculiaridades fundamentais que afetam o relacionamento e provocam, em muitos casos, omissão e apatia nas gerações mais experientes, estabelecendo um grande vazio na formação das novas.
E é no relacionamento entre as gerações que está a chave para o resgate do equilíbrio necessário para estes novos tempos.
Por Sidnei Oliveira
Consultor, Autor e Palestrante, expert em Conflitos de Gerações, Geração Y e Z, desenvolvimento de Jovens Potenciais e Mentoria. Autor de vários livros sobre Liderança e dos best-sellers da série Geração Y. Atualmente é presidente da Sidnei Oliveira & Associados, Vice-presidente do Instituto Atlantis de preservação ambiental, membro do conselho do Fórum de Líderes Empresariais e articulista e colunista na Exame.com.
Texto extraído do livro “Geração Y – O nascimento de uma nova versão de Líderes”, Editora Integrare.
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Hugo Freire
Hugo produz conteúdos para ETALENT. Atuou em gestão corporativa em diversas empresas. Através das ferramentas ETALENT, descobriu seu amor pela Medicina. Foi atrás do seu sonho e hoje é nosso conteudista e correspondente na Rússia.