Aconselho a todos que assistam ao vídeo “A surpreendente verdade sobre o que nos motiva” e discutam com os seus respectivos pares, líderes e subordinados.

Daniel Pink é o autor do vídeo e o seu propósito é demonstrar que, em determinadas empresas, o nível de criatividade, capacidade de pensar, refletir, modelar situações mentais, tomar decisões e agir é muito mais intensa do que em outras organizações em que os processos são mecânicos.

Para atitudes mecânicas, a simples recompensa financeira é o bastante. Para trabalhos onde a criatividade e o pensar são fundamentais, o autor afirma (e pela minha própria experiência consigo perceber): é necessária a existência de um tripé capaz de suportar e estimular atitudes de alta performance, que são:

Propósito – divido este fator em duas dimensões: A primeira tem a ver com o coletivo – O que faço me dá orgulho? Sinto que ajudo as pessoas? Elas podem ser mais felizes e produtivas?

A segunda dimensão tem a ver com o indivíduo. O seu trabalho se encaixa dentro da organização? Sente que seu papel tem importância para o todo? Sua função o ajuda a dar sentido a própria vida? Sente que consegue trabalhar mais motivado e o seu desempenho individual impacta no resultado final? Se conseguir responder positivamente a quase todas essas questões, seguramente estará no caminho certo.

Domínio – é o desejo de melhorarmos cada vez mais naquilo que fazemos. Quando temos a oportunidade de aprender constantemente, significa que cada dia é diferente do outro, e todo dia seremos melhores do que no dia anterior.

Qual é o meu nível de conhecimento relativo aos produtos e serviços da empresa? Consigo manejar bem o sistema e/ ou ferramentas que me suportam nas operações? Sei como abordar um cliente ou prospect para realizar um diagnóstico ou estabelecer uma relação de longo prazo? Consigo elaborar uma proposta adequada as suas necessidades? Faço uma apresentação espetacular e envolvo o cliente? Consigo levar o cliente a fechar o negócio e me agradecer por tê-lo ajudado nessa decisão? Atendo o cliente de modo a fidelizá-lo?

Qual o grau de adequação do meu perfil ao cargo que exerço? Essa questão é essencial para a Empresa, pois tem a ver com a sua própria natureza. Se tiver pessoas na empresa que não se sentem adequadas aos seus cargos, na prática serão “casas de ferreiro, com espeto de pau.” E isso é tudo que não deve ser permitido. Realizar suas atividades com prazer e entusiasmo é fundamental.

Importante ressaltar que não se pode ser utópico em imaginar que ao longo do dia não tenha que realizar algumas coisas que fogem da sua escala de prazer. Essa é a parte que chamamos “ossos do ofício”. Mas ela tem que ser a menor parte. É fundamental se perguntar: em grande parte do dia faço algo que realmente gosto? Sou bom nisso? Essa atividade me alimenta? Se não precisasse de dinheiro, faria essa atividade por prazer?

Qual o meu padrão de habilidade? Habilidade tem a ver com maestria, precisão, velocidade e qualidade. Eu abro negócios mais rápido que os meus pares? Consigo estabelecer relacionamentos de maneira mais efetiva e em menos tempo? Planejo minhas atividades de modo mais eficaz? Ao atender meus clientes, eles tendem a ficar mais satisfeitos? Consigo apresentar uma ideia complexa de forma objetiva e num curto espaço de tempo? Planejo todos os meus dias para torná-los mais eficientes?

Um bom exemplo que posso dar a respeito de habilidade é o seguinte: imagine dois vendedores A e B. Ambos iniciam um relacionamento com um prospect com um alto nível de tensão de relacionamento, onde o possível comprador não o conhece, nem sua empresa e muito menos suas intenções. A tensão de trabalho é aquela em que o comprador começa a conhecer o vendedor, sua empresa, suas verdadeiras intenções e a partir daí inicia um possível processo de compra. O vendedor A é menos habilidoso e leva muito mais tempo do que o vendedor B para chegar ao ponto de equilíbrio da relação. Dessa forma, o vendedor B consegue finalizar negócios com maior rapidez do que o vendedor A. Assim, pode-se dizer que o vendedor B é mais habilidoso no estabelecimento da tensão de trabalho que resulta em negócios do que o vendedor A.

Autonomia – consiste no desejo em controlarmos nossas próprias vidas, realizando as tarefas do modo que julgamos melhor e obtendo com isso uma sensação de prazer e felicidade. Autonomia consiste em poder realizar um trabalho sem que outra pessoa nos diga o que fazer ou que controle nossos passos.

Neste caso, é importante que possamos responder questões do tipo: as minhas entregas superam expectativas? Consigo fazê-las sem erros? Em nenhuma hipótese tenho gerado custos desnecessários para a organização? Entrego tudo dentro do prazo, ou antes? Consigo ter uma visão sistêmica e sei dos impactos sobre os demais processos da organização? Autonomia é algo que se conquista aos poucos. Tal como um filho que vai assumindo suas responsabilidades e, com isso, a cada dia ocupando mais espaços, um profissional, até pelo bem dele, deve gerar resultados inicialmente sob o controle do líder e na medida em que passa a ter mais domínio adquire mais e mais autonomia.

Autonomia tem a ver com delegação. Diz-se que se um gerente treina, monitora e junto com sua equipe gera progressivos resultados, ele delegou. Se por outro lado, ele simplesmente passou uma atividade e não teve nenhuma ação sobre ela e sobre seus resultados, ele simplesmente relegou. Para que tenhamos o maior nível de autonomia, é necessário que tenhamos o maior nível de domínio, e para termos o maior domínio, precisamos ter propósitos genuínos e verdadeiros que nos faça querer ir sempre além.

Pelos seus propósitos e por sua natureza de oferecer autonomia, entendo que a empresa deve oferecer o ambiente adequado para as pessoas desenvolverem seus domínios. Desta forma, é interessante ratificar com todos pessoalmente se a percepção está adequada e o que é possível fazer ainda para acelerar o nível de domínio, o mais rapidamente possível.

A empresa deve se preparar para oferecer as melhores condições possíveis para se trabalhar, em todos os aspectos, sem exceção: remuneração, ambiente, flexibilidade, clima, valores e ética. Por outro lado, deseja em contrapartida ter simplesmente os melhores profissionais no que se refere à capacidade de entrega, qualidade, respeito, ética, velocidade, produtividade, criatividade e inovação.

Oferecendo o máximo é possível exigir o máximo. Seja implacável neste binômio de oferecer e exigir.

Por Jorge Matos, Presidente da ETALENT.


Hugo Freire

Hugo produz conteúdos para ETALENT. Atuou em gestão corporativa em diversas empresas. Através das ferramentas ETALENT, descobriu seu amor pela Medicina. Foi atrás do seu sonho e hoje é nosso conteudista e correspondente na Rússia.

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