O ano de 2017 passou e com ele fomos agraciados por ótimas produções do cinema internacional, principalmente as sagas consagradas e os quadrinhos que ganham vida nas telonas.
Star Wars encerrou com chave de ouro, sendo a 3ª maior bilheteria do ano, perdendo apenas para Velozes e Furiosos 8 e A Bela e a Fera. Tivemos também Thor: Ragnarok como 8ª maior bilheteria internacional, seguido por Mulher Maravilha, que inclusive superou o longa Liga da Justiça em arrecadação mundial em 2017.
Não bastasse o sucesso indiscutível da obra, estrelada por Gal Gadot, Chris Pine e cia, a diretora Angela Robinson embarcou na popularidade do filme da super-heroína mais aclamada dos quadrinhos e produziu o longa Professor Marston & The Wonder Women, que estreou oficialmente nas bilheterias brasileiras no dia 15 de dezembro de 2017.
O filme conta a história de William Moulton Marston, o Professor Marston, criador das HQs da Mulher-Maravilha, do polígrafo e da Metodologia DISC, nossa grande aliada no estudo do Comportamento aqui na ETALENT.
Infelizmente o longa foi pouco divulgado no Brasil, limitando-se a alguns cinemas cult e espaços alternativos, como a Estação SESC e o Espaço Itaú de Cinema.
É claro que, como apreciador da sétima arte, reservei duas horas para assistir a obra e preparei algumas lições importantes que a bonita história de Marston proporciona até os dias atuais.
Curioso? Espero que sim. Mas não minta, pois o polígrafo pode acusar!
Atenção: o texto abaixo contém algumas revelações sobre o enredo do filme.
1 – O preconceito e as barreiras sociais podem arruinar sua carreira se você não lutar por ela.
A grande crítica e reflexão da trama é sobre as barreiras que as mulheres enfrentavam no ramo acadêmico, profissional e até mesmo pessoal no período pós-guerra. Elizabeth Marston (Rebecca Hall), esposa de “Bill” (como Marston era carinhosamente chamado), era uma mulher firme, decidida e focada nos resultados de seus estudos ao lado do marido, características típicas de uma pessoa com alta Dominância.
Apesar de toda sua inteligência e repertório acadêmico (Elizabeth foi uma das três mulheres a se formar em Direito pela Faculdade de Harvard na época), sofria com o machismo da Instituição. Com a atitude de uma mulher moderna, que busca se destacar em sua carreira, recusando-se a viver na sombra do marido, via seu tão desejado PhD em Psicologia ser dificultado pela política misógina da época. Chegou a ser demitida após descobrirem o relacionamento nada convencional entre ela, Marston (Luke Evans) e a até então assistente de pesquisa Olive Byrne (Bella Heathcote).
A superação do tabu de um relacionamento a três foi retratada com bastante sabedoria na obra. Olive, a jovem amável, persistente e paciente – características comuns de uma pessoa com Alta eStabilidade, completava o triângulo amoroso, sendo posteriormente a grande inspiração para Marston criar a personagem da Mulher-Maravilha.
A união do otimismo e poder de persuasão com o detalhismo e autodisciplina de Marston, características que prevalecem em indivíduos com alto fator Influência e Conformidade, respectivamente, com as personalidades fortes de Elizabeth e Olive, possibilitou vencer barreiras naturais de uma sociedade conservadora e estabelecer uma das personagens mais queridas dos quadrinhos até hoje, após um pouco mais de 75 anos do lançamento da primeira HQ.
2 – A precaução que devemos ter com o uso exagerado dos fatores comportamentais.
Inicialmente, a teoria DISC contava com duas denominações diferentes: o I como Inducement (Persuasão) e o S como Submission (Submissão), essa um pouco mais polêmica devido a conotação sexual que o filme carrega.
Há uma cena que simboliza muito a relação entre os fatores comportamentais. Já na parte final do filme, Elizabeth é influenciada por Marston (este já sofrendo as consequências de um câncer em progresso) a fazer as pazes com Olive, após as duas terem discutido e rompido a relação amorosa.
Ciente de que exagerou, Elizabeth pede desculpas, mas sem muita vontade. Olive, percebendo a hesitação, recusa veementemente. E é nesse momento que Marston interpela a situação com a seguinte fala:
“Elizabeth, você não pode ser dominante o tempo inteiro. Se ajoelhe diante de Olive. É sua vez de se submeter. Diga a ela. Peça desculpas.”
De fato, o uso excessivo da postura dominante de Elizabeth quase custou a relação saudável e amorosa entre o trio. Devemos ter atenção sobre quando adaptar o comportamento é o melhor caminho para evitar conflitos pessoais desnecessários, desgaste no trabalho e outras situações indesejáveis. Nesses momentos, o autoconhecimento auxilia bastante na escolha da melhor atitude.
3 – Mesmo se até aqueles que você ama não acreditem em suas ideias, não desista tão fácil. Defenda seu sonho!
Por fim, há um belo aprendizado na cena acima, quando Elizabeth e Olive meio que tiram sarro da ideia “mirabolante” de Marston.
Quem nunca se viu agarrado a uma ideia ou projeto e, ao buscar entusiastas, se deparou com risadas, descrença e até mesmo desprezo? É uma sensação muito ruim, ainda mais quando vindo de pessoas próximas.
Felizmente, se há uma coisa mágica nos sonhos, é que eles são seus. Se não tentarmos algo, não haverá como saber se ele é válido ou não.
Imagine se nosso ilustríssimo Dr. Marston desiste dos quadrinhos ao assimilar a falta de fé de Elizabeth e Olive. Ou pior ainda, quando vê suas publicações sendo lançadas na fogueira pelos jovens não simpatizantes da comunidade local.
Com toda certeza, teríamos uma fenda no universo das HQs e no mundo cinematográfico atual. Até mesmo em nossa sociedade, onde enfim vemos alguns avanços no que diz respeito ao espaço das mulheres no mundo corporativo, na política e na cultura em geral.
Por fim, mais um trecho onde Marston defende seu sonho:
Espero que tenha gostado do artigo sobre o filme Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas, que estará disponível em DVD Blu-ray a partir do dia 30 de janeiro de 2018.
Trailer oficial do filme:
E se você já viu o filme, quais outras lições podemos extrair diante da genialidade de Marston e do poliamor vivido entre Elizabeth Marston e Olive Byrne? Diga nos comentários.
Até a próxima!
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Gabriel Coutinho
Gabriel Coutinho é UX Writer e graduando em Letras pela UNIRIO. Escritor nas horas vagas e leitor assíduo de tudo que envolve cinema e música. É apaixonado por cachorros, pop punk e The Office. Siga o Gabriel no Medium: @gabriel_martins e no Instagram: @coutinhogabriel