Muito se fala sobre remuneração e benefícios adequados aos serviços prestados por profissionais. Nem sempre o valor pago pelas atividades realizadas é compatível com os resultados obtidos por meio delas. E pude verificar, em mais de 30 anos de trabalho com gestão de carreiras, que essa é uma reclamação constantemente feita por diversas classes profissionais. Entendo que, em muitos casos, de fato não há compatibilidade – verificamos muitas profissões que não têm o devido reconhecimento salarial. Porém, gostaria de me ater hoje a outros pontos relativos à remuneração profissional, alguns pontos que não se encontram na folha de pagamento.

O profissional precisa se sentir bem onde está. Isso é fundamental para que o trabalho apresente bons resultados para ele e para a empresa. Se as atividades realizadas por uma pessoa são adequadas a sua natureza, ela as realizará de forma prazerosa na maior parte do tempo e, dessa forma, manterá um patamar de produtividade de forma sustentável. Ao contrário, se o profissional for escalado para desempenhar uma função que não combina com seu perfil, não haverá efetividade no trabalho e muito menos prazer pessoal.

Muito além de ter um bom salário, as pessoas precisam de bem-estar e equilíbrio em suas carreiras. É fato que, no trabalho, nem sempre conseguimos fazer tudo o que queremos. Mas equilibrar prós e contras é essencial nos momentos de escolha de trabalho ou troca de funções. Uma pessoa altamente ativa e acostumada a fazer muitas atividades físicas, por exemplo, provavelmente não terá sucesso se tiver que trabalhar por muitas horas seguidas em um escritório fechado. As ponderações feitas ao longo do processo decisório relativo à profissão devem ser feitas também nos momentos de escolha de trabalho ou troca de empresas. Conheço pessoalmente – e o leitor possivelmente também há de conhecer – pessoas que trocaram empresas que pagavam muito bem para trabalhar em outras organizações com perfis mais adequados ao seu estilo de vida. Nessa troca, muitas vezes esses profissionais passaram a ganhar menos. A satisfação e o bem-estar, entretanto, falaram mais alto.

Outros pontos também são levados em conta quando se fala em bem-estar no trabalho: proximidade com a empresa, horários compatíveis com a escola dos filhos, benefícios extras como home office, entre outros. E quem faz uma troca pensando em um equilíbrio maior na vida pessoal sabe que não há dinheiro que pague essa escolha.

A relação salário versus benefícios deve ser muito bem estudada por cada profissional e, nesses casos, conhecer bem nosso próprio perfil é nosso grande aliado. A maior parte das respostas para nossas dúvidas está dentro de nós: nosso desafio é encontrá-las e encaixá-las no caminho de nossas escolhas. Boa sorte a todos!

Por Jorge Matos, Presidente da ETALENT


Hugo Freire

Hugo produz conteúdos para ETALENT. Atuou em gestão corporativa em diversas empresas. Através das ferramentas ETALENT, descobriu seu amor pela Medicina. Foi atrás do seu sonho e hoje é nosso conteudista e correspondente na Rússia.

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