Uma pergunta que tem surgido entre a nossa comunidade é: a partir de que idade é possível aplicar a metodologia DISC? Algumas análises surgem deste importante questionamento. Vamos a elas!

Em primeiro lugar, qual é o propósito de aplicar o inventário comportamental DISC em uma criança/adolescente?   

Como sabemos, essa metodologia não é um teste de personalidade e não avalia aspectos ligados a disfunções psíquicas, mas identifica o estilo preferencial de comportamento de um indivíduo. Esse estilo costuma ser formado ao longo da vida, além dos aspectos herdados geneticamente. 

Portanto, à medida que a criança vai adquirindo mais experiências e repertórios, vivenciando uma cultura familiar, social e escolar, esse estilo tende a ir tomando uma determinada forma, até que ela atinja certo grau de maturidade emocional e intelectual, incorpore um estilo mais ou menos definido (retratado no Perfil Estrutural) e adapte seu comportamento (consciente ou inconscientemente) a certas circunstâncias (retratado no Perfil Adaptado). 

Se for para identificar o perfil da criança com vistas a orientações profissionais, vale lembrar que, nos primeiros anos de vida, essa questão não se coloca, pois geralmente é muito cedo para direcionar carreiras.

Além disso, o perfil comportamental diz respeito à natureza de atividades e funções e não a áreas profissionais mais abrangentes ou mesmo campos do conhecimento. 

Como o DISC tem uma aplicação mais direcionada às práticas profissionais, será preciso distinguir muito bem o que objetivamos com essa avaliação, mais adequadamente aplicada em adultos funcionais.

Que capacidade uma criança ou adolescente precisaria ter para responder ao questionário DISC de forma fidedigna?

Entendemos que ela precisaria ter um grau suficiente de compreensão cognitiva para entender o questionário e para realizar escolhas hierarquizadas nos grupos de frases, tendo, assim, um senso bem apurado das nuances e das diferenças conceituais e de autopercepção.

Por exemplo, no questionário DISC de frases, a primeira questão apresenta:

  1. Sou bondoso com os outros; 
  2. Consigo convencer as pessoas; 
  3. Sou humilde ao descrever minhas realizações;  
  4. Tenho ideias originais.

A pessoa tem que marcar aquela com a qual mais se identifica e aquela com a qual menos se identifica. Ora, isso implica que a pessoa entenda o conceito de “convencer”, de “ser humilde”, de “originalidade” de ideias etc. 

Também precisará se abstrair do juízo de valor de “ser bondoso”. Precisará ter um senso de autopercepção e é pouco provável que uma criança em tenra idade possa ter essa compreensão sofisticada a ponto de descrever sua forma típica de agir na vida. 

Vale ressaltar as mudanças ao longo da vida

Em suma, a depender dos objetivos e da conclusão que se queira tirar, é provável que a aplicação do DISC só deva ser feita aproximadamente aos 14/15 anos, período que corresponde, no ciclo de desenvolvimento humano, à adolescência, considerando, ainda, o caso específico e as características do indivíduo.

Lembrando que, como se trata de uma pessoa em formação, o perfil poderá sofrer importantes mudanças ao longo da vida.

Para finalizar, recomendamos assistir ao vídeo abaixo para entender um pouco mais sobre os 4 fatores comportamentais do DISC:


 

 

 

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Sidney Frattini

Consultor Master da ETALENT desde 2000. Coach Executivo. Professor da FGV Management. Mestre em Administração pela FGV. Especializado em Recursos Humanos e Desenvolvimento Comportamental.

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