Antes de começarmos o artigo de hoje, gostaríamos que pensasse em uma questão: você se considera uma pessoa resiliente? Qual é a sua atitude diante das turbulências da vida?
Perguntamos isso porque, por mais que tentemos, nem sempre é possível evitar as crises. E se engana quem pensa que isso acontece apenas no ambiente de trabalho: a qualquer momento, estamos sujeitos a ter que encarar situações exaustivas e desafiadoras em nossas vidas, esteja isso representado em um divórcio conturbado, na perda de um ente querido ou até numa pandemia de proporções gigantescas.
É claro que algumas crises independem de nossa vontade ou esforços, mas isso não nos isenta de ter que lidar com suas consequências. Nossas atitudes, as mudanças que estamos dispostos a fazer e, sobretudo, a resiliência contam muito para superarmos esses momentos turbulentos. Por isso, no artigo de hoje, vamos te propor uma reflexão e tratar sobre seus desdobramentos: seja no trabalho ou na sua vida pessoal, você sabe lidar bem com os momentos difíceis?
O que é resiliência?
“Ninguém vai bater tão forte como a vida, mas a questão não é o quão forte você consegue bater. É o quão forte você consegue apanhar e continuar seguindo em frente.”
– Rocky Balboa
A famosa frase dita pelo personagem no filme homônimo de 2006 sintetiza bem esse conceito. Ao consultarmos o dicionário, encontramos duas definições razoavelmente semelhantes para o termo. A primeira é relativa ao contexto da física, onde a resiliência é a propriedade que um corpo tem de retomar sua forma original depois de sofrer um choque ou deformação. Isso nos leva ao sentido figurado da palavra, que se popularizou como a capacidade que um indivíduo tem de superar as adversidades.
Dito isso, uma pessoa resiliente é caracterizada como alguém que não se intimida diante das dificuldades, consegue se adaptar frente a elas e que não se deixa abater quando determinadas situações acontecem. Para os resilientes, a vida é como aquele conhecido ditado popular: você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar aonde quer.
Cada um de nós possui uma capacidade diferente de resiliência e esse é um dos fatores primordiais para distinguir alguém que persevera em momentos de crise de uma pessoa que desiste com facilidade.
“Eu farei o que for preciso.”
O quociente de adversidade
Entender os motivos que fazem alguns colaboradores gerarem bons resultados diante de uma crise, encararem situações adversas com afinco e continuarem nadando contra fortes correntezas enquanto outros agem com resignação e mal conseguem reagir diante das adversidades é um grande desafio para as empresas. Como o mercado atual é marcado pela complexidade, incertezas, volatilidade e ambiguidade, o ato de observar esse tipo de atitude torna-se ainda mais importante para que, caso necessário, seja possível trabalhá-la e desenvolvê-la. E uma boa forma de fazer isso é medindo o quociente de adversidade (ou QA) dos colaboradores.
O QA é um indicador que tem como objetivo medir a resiliência de um indivíduo, ou seja, sua capacidade de resistir e prosperar em situações desfavoráveis. Esse método foi criado por Paul Stoltz, presidente da empresa de consultoria norte-americana Peak Learning, que estudou mais de 100 mil pessoas a fim de identificar quais eram os fatores em comum entre as que obtinham sucesso.
Em sua pesquisa, Stoltz observou que a níveis altos de resiliência eram um ponto-chave para determinar o triunfo daquelas pessoas, já que isso estava diretamente relacionado ao modo com que esses indivíduos encaram dificuldades e adversidades – muitas vezes, transformando-as em aprendizagem e crescimento. Essa metodologia tornou-se tão importante que até mesmo chegou a ser utilizada em alguns programas de MBA da Universidade de Harvard.
A utilização do indicador é bem simples: basta responder a um teste com 20 perguntas preestabelecidas, considerando o seu nível de concordância e discordância. Assim, quando o questionário é finalizado, uma pontuação é gerada com base nas respostas. E isso nos leva às três classificações possíveis trazidas pelo indicador, que são divididas nos seguintes grupos:
Desistentes: de 0 a 134 pontos
Como o próprio nome já indica, os desistentes são as pessoas que apresentam mais dificuldade para lidar com adversidades, o que pode significar desistência precoce das metas. É comum que elas se coloquem constantemente na posição de vítimas, deem desculpas em boa parte do tempo e se sintam injustiçadas pelas condições. Assumem o papel de sofredoras muitas vezes sem nem mesmo perceber, são autopiedosas, se frustram com facilidade e tendem a sucumbir diante das dificuldades, mesmo que isso as separe de seus objetivos e aspirações. Segundo a pesquisa realizada por Stoltz, correspondem a 5% da população.
Campistas: de 135 a 160 pontos
Em comparação aos desistentes, os campistas lidam melhor com a adversidade e conseguem superá-las algumas vezes, mas isso pode cansá-los e desanimá-los. Esse grupo tem a tendência de ficar preso em sua zona de conforto, mesmo depois de conseguir bons resultados quando enfrentam algum desafio. Por conta disso, podem agir com mediocridade. Correspondem a 80% da população, segundo os dados levantados por Stoltz.
“A vida começa no final da sua zona de conforto.”
Alpinistas: de 161 a 200 pontos
Esses indivíduos não apenas lidam bem com a adversidade, como também procuram novos desafios. Eles se arriscam em busca de seus objetivos, trabalham constantemente por melhorias e jamais se acomodam com a posição onde estão. Esse grupo carrega o maior percentual de resiliência entre os três e representa 15% da população.
“Desafio aceito”
A pontuação considera quatro fatores para pontuar a resiliência: controle, responsabilidade, alcance e tempo. Cada um deles representa uma dicotomia em relação à atitude das pessoas a respeito de determinado fator. O controle, por exemplo, é sobre a capacidade de focar ou não na parte do problema que pode ser controlado. Pessoas com altos níveis de QA, como os alpinistas, conseguem fazer isso, enquanto aquelas com baixos níveis, como os desistentes, voltam o olhar justamente para a parte que não podem controlar.
O mesmo acontece com a responsabilidade, que diz respeito à necessidade de ajudar a resolver o problema mesmo sem ter sido quem o causou ou só reclamar e culpar os demais; com o alcance, que é a capacidade de limitar o problema ao tamanho real em vez de fazer dele uma tragédia homérica; e o tempo, relativo à compreensão de que o problema não dura eternamente ou à incapacidade de ver seu fim, no caso de um baixo QA.
As atitudes: protagonismo e vitimismo
Com os resultados obtidos por Paul Stoltz em sua pesquisa, observa-se que a maioria esmagadora da população encontra dificuldades para lidar com condições adversas, seja de forma total, como os desistentes, ou parcial, no caso dos campistas. Somados, esses dois grupos equivalem a 85% dos mais de 100 mil perfis analisados pelo empresário, o que chama a atenção para a disparidade entre mentalidades vitimistas e protagonistas, não apenas no mercado de trabalho, como também na vida.
Uma pessoa vitimista coloca-se constantemente em um papel passivo em relação ao que acontece com ela. Isso faz com que acredite que tudo à sua volta é inevitável e não há o que possa fazer para melhorar sua própria condição, o que a afasta ainda mais de seus objetivos. Há sempre algo que a impede de elevar o patamar, uma situação que seja incontornável aos seus olhos.
Esse grupo não assume as responsabilidades necessárias para realizar mudanças efetivas – é mais comum que eles estejam sempre procurando algo ou alguém para colocar a culpa de seus fracassos.
Ao assumir essa posição, os vitimistas se isentam da necessidade de lidar com as adversidades e, dessa maneira, constroem um ciclo vicioso: não desenvolvem o que é necessário para superar seus problemas e, como consequência, se mantêm estáticos por não saberem como seguir em frente. Ao transferir a culpa para outras pessoas, eles não precisam fazer nada para resolver as questões – afinal, se for o chefe, o presidente, o companheiro, a falta de um equipamento ou até alguma limitação física o responsável por sua baixa eficiência, não há nada que possa fazer, certo?
“Não é minha culpa! Não é minha culpa!”
Não é isso que pensam os protagonistas, que representam o outro lado da moeda. Ao contrário dos vitimistas, esse grupo é caracterizado por sempre assumir responsabilidades em relação ao que acontece com eles. Isso significa que, independentemente das situações e dos desafios, essas pessoas não se colocam no papel de vítima porque acreditam que são maiores do que os problemas que enfrentam. Isso permite que eles encarem as adversidades com mais facilidade e encarem as mudanças que desejam.
Para a mentalidade protagonista, muito relacionada aos alpinistas da pesquisa de Stoltz, sua atitude é um impulsionador de resultados. Mesmo que tenham que lidar com pessoas que não colaboram, com a falta de recursos ou até com situações de exceção como a pandemia, eles não se intimidam. O protagonista se entende como agente da própria mudança e logo tenta controlar a amplitude do dano que a adversidade que enfrenta pode causar. Isso significa que, se há um problema com a equipe, o protagonista é o que sinaliza e tenta resolver; se não dispõe das ferramentas necessárias, ele encontra uma forma de suprir; se a pandemia o afetou financeiramente, ele é o primeiro a pensar em uma maneira alternativa de manter sua renda, mesmo que fora de sua zona de conforto.
“Eu faço o meu próprio destino”
Esse grupo não espera ter a oportunidade perfeita ou as condições ideais chegarem – ele simplesmente faz. E sempre tenta fazer da melhor forma que pode – e é essa atitude que explica seu sucesso nas empresas.
Mas não precisa se desesperar se você ainda não se enxerga como um protagonista. Nosso quociente de adversidade e nossas atitudes são pontos que podem ser desenvolvidos através de técnicas e treinamentos específicos, o que é importante para o próprio crescimento pessoal e profissional. E o primeiro passo, no caso de identificar características de vitimismo nas próprias atitudes, é assumir a responsabilidade de mudá-las e entender que você está no controle da sua própria vida. Afinal, não há como fazer isso sem que ocorra desejo prévio. Por mais que soe natural, apenas se sentir mal não vai te ajudar. É preciso espremer o limão para ter limonada.
A mudança no mindset exige tempo e paciência; não é algo que simplesmente acontece do dia para a noite. Nesse momento, contar com bons recursos faz toda a diferença. Com o MyEtalent, nossa ferramenta de coaching on-line voltada para transformação pessoal, autoconhecimento e autodesenvolvimento, esse processo fica mais fácil. Através de uma série de análises comportamentais, o MyEtalent não apenas te ajuda a enxergar o vitimismo do dia a dia como também a adotar atitudes protagonistas. E, construindo uma visão mais clara e assertiva sobre você mesmo e a maneira como você enxerga o mundo, as suas chances de sucesso pessoal e profissional são muito maiores.
E, depois de levantar todos esses pontos, nós te perguntamos novamente: você é uma pessoa resiliente? Como você encara as turbulências na sua vida?
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Fernanda Misailidis
Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.