As Olimpíadas são consideradas o maior evento esportivo do planeta. A cada edição, novos campeões se consagram, mais recordes são quebrados e conquistas cada vez mais difíceis são realizadas – não à toa, os Jogos Olímpicos geram tanto envolvimento e comoção por parte do público. Fruto de uma tradição milenar originada na Grécia antiga, a primeira edição na Era Moderna foi realizada em 1896 e, desde então, os atletas vêm proporcionando momentos inesquecíveis não apenas para os amantes de esporte que assistem dos sofás de casa, como também para suas respectivas nações.

Para atingir o patamar de performance necessário para disputar uma Olimpíada, é preciso muito treino físico, mas isso não é segredo para ninguém. O que pode passar despercebido nesse contexto, no entanto, é o esforço mental que toda essa dedicação, determinação e persistência cobram. Por conta disso, o comportamento se torna uma ferramenta essencial – afinal, quando o atleta consegue alinhar os desafios à utilização bem-feita de suas características comportamentais, ele tem ainda mais chances de conseguir resultados expressivos, como vimos em momentos memoráveis nas Olimpíadas de Tóquio 2021.

Mas, na prática, como o comportamento pode interferir na performance e até mesmo ajudar a conseguir medalhas? É o que veremos no artigo de hoje!

 

O protagonismo apesar das circunstâncias

É seguro dizer que a força mental de um atleta olímpico deve se equiparar à física. Isso porque esses profissionais ficam muito expostos tanto às cobranças internas quanto externas, já que os Jogos Olímpicos são um evento exibido para milhões de pessoas no mundo todo. E, nesta edição, marcada pela pandemia do coronavírus (que inclusive causou seu adiamento, de 2020 para 2021), as dificuldades se tornaram ainda maiores. Em um estudo realizado pela Fiocruz, constatou-se que 80% dos quase 600 atletas entrevistados relataram quadros de depressão, ansiedade, estresse e insônia durante a pandemia.

Alguns dos motivos citados pelos competidores são a falta de recursos para realização dos treinamentos, a diminuição na renda mensal, contratos alterados ou suspensos e a perda de patrocínios que, em alguns casos, fez com que os esportistas treinassem em locais inadequados, sem seus treinadores ou os equipamentos necessários.

Em Tóquio 2021, dos 309 competidores brasileiros, 231 (74,7%) recebem o Bolsa Atleta, que visa a ajudar com os custos dos treinamentos. O benefício, no entanto, sofreu um corte de 17% no último ciclo olímpico (2017 – 2021), o que colocou em xeque a situação dos competidores que precisam desse auxílio para conseguirem se manter ativos no esporte. Por conta disso, alguns desses profissionais tiveram que recorrer a algum tipo de  financiamento coletivo ou desenvolver profissões paralelas para conseguirem participar dos Jogos e bancar sua estadia no Japão, como apontaram os dados levantados nessa matéria do Globo Esporte.

Para superar essas circunstâncias adversas, é preciso muita disciplina, treino, e, é claro, resiliência. Uma pessoa resiliente é aquela que não se intimida diante das dificuldades, consegue se adaptar a elas e não se deixa abater devido às turbulências da vida. Afinal, muito de nosso sucesso ou fracasso vem da forma com que encaramos, nos posicionamos, agimos e percebemos os desafios que nos são dados. Como disse Mahatma Gandhi, “a força não provém da capacidade física. Provém de uma vontade indomável”.

Assim, apesar de todas essas condições, em Tóquio, o Brasil conseguiu a sua melhor participação na história dos Jogos, encerrando em 12º lugar no ranking. Foram 7 medalhas de ouro, 6 de prata e 8 de bronze, totalizando 21, número maior do que as 19 conquistadas na edição do Rio de Janeiro em 2016 (quando ficou em 13º lugar).

 

Quadro de medalhas Tóquio 2021Fonte: GE. Disponível em https://ge.globo.com/olimpiadas/quadro-medalhas/paises/

 

Em uma Olimpíada marcada pela estreia de novas modalidades como o surfe e o skate, além da participação quase igualitária de atletas mulheres (49%) que, pela primeira vez, disputaram todas as modalidades oferecidas, o comportamento dos atletas foi decisivo para superarem as adversidades a que foram expostos.

Um atleta olímpico é, por definição, um protagonista. Esse termo é muito comum no teatro, no cinema e nas artes de forma geral, onde se refere ao personagem central de um enredo. Em sua origem, no entanto, seu significado é um pouco diferente. A palavra vem do grego protagonistes, onde “protos” significa principal e “agonistes”, lutador ou competidor. Etimologicamente falando, o protagonista é o lutador principal de uma história.  E, em um contexto em que muitos deles treinam sem reconhecimento, estrutura e são afetados constantemente por questões financeiras, como a falta de investimento e patrocínio, nada mais justo do que essa definição, não é mesmo?

Um protagonista deve ter determinação, autorresponsabilidade, paixão pelo que faz, vontade contínua de aprender e resiliência. Mas vale ressaltar que a preocupação com a construção dessa mentalidade não deve se restringir aos atletas de alta performance, que têm como objetivo a conquista de medalhas, a quebra de recordes e a consagração como esportistas. É importante que nós, “meros profissionais mortais”, também assumamos a responsabilidade pelo que acontece em nossas vidas e pela mudança que desejamos realizar. E, para isso, a utilização de um programa de coaching online voltado para a mudança pessoal através do autoconhecimento, como o MyEtalent, é essencial.

 

O comportamento como aliado para a vitória

Segundo a definição do dicionário Houaiss, o comportamento é um “procedimento de alguém em face a estímulos sociais ou a sentimentos e necessidades íntimos ou uma combinação de ambos”. De maneira ampla, este termo está relacionado à forma com que lidamos e respondemos a ações e emoções, sejam de natureza interna ou externa. O comportamento humano pode ser analisado e estudado a partir das preferências, tendências, modo de pensar, agir e sentir de uma pessoa, o que define o que chamamos de estilo comportamental. E, quando utilizamos essas informações para alavancar o nosso próprio desempenho, os resultados que conseguimos são ainda melhores.

Com a Metodologia DISC, uma das ciências comportamentais mais utilizadas no mundo, é possível observar a existência de diferentes perfis comportamentais, organizados a partir de um quadrante principal de fatores: Dominância, Influência, eStabilidade e Conformidade. Cada um destes possui suas características únicas que impactam o estilo comportamental de uma pessoa. Vale ressaltar, também, que todos nós possuímos os quatro fatores em determinado nível e é justamente a variação na intensidade e na utilização dessas características que cria a diversidade de perfis.

Na edição das Olimpíadas 2021, presenciamos momentos memoráveis que ficaram marcados por algumas das características mais intensas desses fatores se evidenciando nas performances dos atletas. Alinhada ao processo de preparação física, mental e aos treinos constantes, a utilização precisa dessas competências comportamentais ajudou a consagrar campeões, recordistas e esportistas que, mesmo que não tenham saído vencedores, realizaram feitos que trouxeram orgulho a eles mesmos e aos seus países.

Entre os medalhistas brasileiros que apresentaram características claras de algum dos fatores DISC em momentos-chave, destacamos:

Ana Marcela Cunha

atleta Ana Marcela CunhaImagem: Divulgação/Getty Images (Créditos: Clive Rose)

 A maratona aquática é uma prova que exige muito do atleta – afinal, nadar sem parar por 10 km definitivamente não é tarefa para qualquer um. Ao completar sua prova em primeiro lugar, Ana Marcela demonstrou, além de sua intensa dedicação ao esporte, algumas características comuns à Dominância, como a ambição, a automotivação, o gosto por desafios, o foco nos resultados e a alta determinação. A campeã foi rápida e firme do início ao fim, o que a ajudou a trazer a medalha de ouro para casa e colocar um sorriso no rosto de todos os brasileiros!

Rayssa Leal

atleta Rayssa Leal    Imagem: Divulgação/Getty Images (Créditos: Ezra Shaw)

A dona da medalha de prata no skate street conseguiu um feito impressionante em Tóquio: com apenas 13 anos de idade, Rayssa se tornou a mais jovem brasileira a subir no pódio nos Jogos Olímpicos. Sua apresentação ficou marcada pelo carisma, a simpatia, a irreverência e a extroversão de Rayssa, que ficaram nítidos entre uma manobra e outra, principalmente quando ela interagia com as outras competidoras. Não à toa, o perfil de Rayssa no Twitter foi o mais mencionado no mundo durante o período das olimpíadas. A atleta também mostrou motivação e criatividade em sua performance. Todas estas são características comuns a perfis de alta Influência.

Rebeca Andrade

atleta Rebeca AndradeImagem: Divulgação/Getty Images (Créditos: Jamie Squire)

Rebeca Andrade fez história em Tóquio: com uma prata no individual geral e um ouro no salto, ela se tornou a primeira ginasta brasileira a subir no pódio em uma Olimpíada nestas categorias e, também, a primeira mulher brasileira a conseguir duas medalhas na mesma edição dos Jogos. Ambas as apresentações de Rebeca foram marcadas pela precisão de seus movimentos, sempre limpos e perfeitos, demonstrando sua enorme capacidade técnica. Para conseguir esse feito, a ginasta precisou de muita paciência e persistência, não apenas para superar as adversárias, como também para retomar o esporte após três lesões no joelho sofridas no passado. Sua disciplina, segurança e perfeccionismo ficaram explícitos em cada movimento da ginasta. Essas características estão associadas aos perfis de alta eStabilidade e Conformidade.

Estar em equilíbrio quanto aos conhecimentos, habilidades e comportamento é essencial para atingir uma alta performance, seja você um medalhista olímpico ou uma pessoa comum. Assim, conseguimos extrair o melhor de nós, performamos com maior produtividade e criamos rotinas mais saudáveis para nós mesmos, sem nos sentirmos esgotados psicologicamente.

Para entender melhor o seu comportamento, ferramentas como as Devolutivas Individuais são de muita ajuda. Realizadas por nossos consultores, estas são sessões de feedback que têm como objetivo promover o autoconhecimento a partir de análises detalhadas do comportamento. E, em conjunto com um Relatório de Desenvolvimento, que detalha aspectos específicos, como as características mais marcantes de uma pessoa e as que precisam ser desenvolvidas, esse processo fica ainda mais acurado.

Possuir autoconhecimento, estar ciente dos próprios limites e utilizar os aspectos comportamentais com sabedoria são trunfos que nunca devem ser menosprezados, independente da competição ser uma Olimpíada ou o seu próprio desenvolvimento pessoal e profissional!

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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