Um dos temas mais comentados no ambiente corporativo recentemente foi a demissão de três funcionários, incluindo o CEO Brasil e o diretor de vendas, da Salesforce.
O motivo pode até parecer surreal, mas os desligamentos foram causados por uma fantasia usada na festa de final de ano. Vestido de “negão do WhatsApp”, o funcionário acabou recebendo uma denúncia anônima e o caso foi parar na matriz, nos EUA, que optou por desligar o profissional.
Como o diretor se recusou a demiti-lo, por achar que não passava de um vacilo do funcionário e falta de entendimento da cultura do Brasil (por parte da matriz), a sede acabou desligando-o também e, como o CEO não aceitou a demissão do diretor, ele também foi junto.
Muito se fala que a Salesforce se fez valer dos seus valores e cultura corporativa, optando por desligar os profissionais independentemente de sua posição. Infelizmente, correto ou não, o caso criou um tremendo mal-estar na unidade do Brasil.
Fico me perguntando o que poderia ter sido feito para reduzir o desgaste gerado. Alguns vão responder que era só o Joselito não ter aparecido na festa com aquele tipo de fantasia.
Bem levantado, porém, em qualquer organização os “sem noção” sempre existirão – por mais profissionais e competentes que sejam – a empresa precisa estar preparada para quando o abacaxi aparecer.
Então, continuo me perguntando o que poderia ter sido feito.
Importância do RH Estratégico
Algo que chamou minha atenção, após ler diversas matérias, é que o assunto envolve diretamente o RH, mas em nenhuma matéria vi um posicionamento da área. Vimos que o Diretor Comercial, correto ou não, peitou a matriz para segurar o profissional.
Ninguém vai peitar uma matriz, especialmente um diretor comercial, sem achar que tem força para tal. E não vou nem comentar do CEO do Brasil. Porém, onde ficou o RH nesta história? Será que ele não tem força suficiente para achar que poderia peitar a matriz? Ou será que ele preferiu não se envolver neste caso para não criar mais problemas?
Ao meu ver faltou um RH protagonista e estratégico nessa questão.
Vamos aos fatos. O concurso de fantasia foi organizado pelo RH, eles permitiram que o funcionário participasse da competição e o mesmo até ficou em 4º lugar. Normalmente o RH é o responsável por divulgar e garantir que a cultura organizacional seja seguida.
Se a fantasia quebrou o código de conduta, eles deveriam ter desqualificado o funcionário e poderiam até pedir para o mesmo remover a fantasia. Como o isto não ocorreu, alguém se sentiu ofendido com a fantasia e fez a denúncia.
Proposta de reflexão
E se ninguém tivesse denunciado? O RH teria feito valer os seus valores ou iria apenas rir da brincadeira?
Enquanto o Diretor Comercial e o CEO se mostraram firmes em relação ao que acreditavam, me parece que o RH se absteve de qualquer responsabilidade e decidiu ficar do lado mais forte.
Acredito que, nesse caso, se de fato a cultura da empresa tivesse sido bem trabalhada e disseminada, nada disso teria acontecido. E para você, quem deveria levar a responsabilidade nessa história?
Você também pode gostar desses artigos


Igor Matos
Igor Matos é comentarista e apoiador de negócios da ETALENT. Acabou de completar o seu mestrado pela Trinity College. É super interessado em RH, Marketing e o mundo digital. Atualmente reside na Irlanda onde trabalha no marketing digital de uma organização.