Empresas exponenciais gerem o seu modelo de negócio baseadas em um princípio disruptivo que envolve tecnologia, inovação e quebras de paradigmas. Por isso, elas têm um pico de crescimento acima da média, o que costuma ser acompanhado por alta rentabilidade e lucratividade em curtíssimo prazo. Dadas essas características, o conceito vem atraindo a atenção de muitos profissionais e gestores, que se mostram cada vez mais interessados em transformar sua empresa em um negócio verdadeiramente exponencial.

Oriunda do livro “Organizações Exponenciais” (2019), do empresário Salim Ismail em conjunto com Michael S. Malone e Yuri van Geest, a expressão refere-se às empresas com capacidade de desenvolver suas soluções em um prazo até 10 vezes menor. Pode parecer um princípio inatingível à primeira vista, mas não é preciso pensar muito para lembrar de algumas empresas que cresceram muito em pouquíssimo tempo – e, hoje, não apenas lideram o mercado, como também ditam tendências. O AirBnB, por exemplo, é uma das maiores redes hoteleiras do mundo – e, curiosamente, não possui nenhum hotel. É disso que se trata a disrupção: a ruptura (e até subversão) com um procedimento conhecido e já estabelecido.

Esse assunto está em voga dadas as características do mercado atual, muito pautado por pontos como o desenvolvimento constante de tecnologias, necessidade contínua de inovações e acirramento da competitividade. Esse cenário faz com que o crescimento das empresas e a sua consolidação no mercado sejam particularmente difíceis. Afinal, além de se adaptar às mudanças de forma ágil, é necessário encontrar maneiras de lidar com as tendências mercadológicas. É nesse ponto que entra a necessidade de quebrar paradigmas para se destacar com um diferencial competitivo.

Entretanto, vale ressaltar que esse não é um processo fácil. É preciso, antes de mais nada, entender o que torna uma empresa exponencial para, depois, pensar em formas de trazer as ideias descritas por Ismail para o próprio negócio. E esse é justamente o assunto do artigo de hoje. Boa leitura!

 

O que são empresas exponenciais (ExOs)?

De acordo com o livro de Ismail, Malone e Geest, as organizações exponenciais (ou ExOs, do inglês exponential organizations) são aquelas cujo “impacto ou resultado é desproporcionalmente grande – pelo menos, dez vezes maior – comparado ao de seus pares, devido ao uso de novas técnicas organizacionais que alavancam tecnologias aceleradas”. São empresas adaptáveis, caracterizadas pela autonomia e experimentação, que vêm ganhando destaque no mercado por conta de seu crescimento fora da curva, muito diferente da forma linear observada em empresas mais tradicionais.

Um fator descrito no livro que caracteriza as organizações exponenciais é o seu princípio disruptivo. Este é um termo usado para falar de uma estratégia de mercado ou modelo de negócio que seja capaz de reinventar o que a concorrência oferece. A ideia é que, a partir da subversão e com o apoio da tecnologia, a empresa consiga reformular estratégias amplamente estabelecidas.

É o caso da Netflix, que foi a primeira plataforma de streaming de filmes e séries a ganhar notoriedade. Para conseguir isso, a empresa teve que pensar em uma forma de transformar os serviços oferecidos por locadoras em algo mais prático para o público – e usou a tecnologia disponível na época para levar isso até a casa dos consumidores. Não à toa, a empresa se tornou uma referência e ganhou diversos concorrentes nos anos que se sucederam.

É comum ver organizações com essa proposta procurando constantemente soluções inovadoras, assumindo riscos e aprendendo com os próprios erros. Afinal, dessa forma elas conseguem encontrar os formatos disruptivos que vão utilizar para oferecer seus serviços, produtos ou soluções. Isso leva, inclusive, a mais uma característica desse tipo de empresa: despertar a admiração em quem entra em contato com suas soluções. Como explicamos, elas precisam propor algo novo – e que tenha potencial para ditar novos modelos de negócio. Por isso, muitas se transformam em pioneiras em seus segmentos.

Dado o foco em novos modelos de negócios, essas empresas costumam investir mais em seus recursos digitais e menos em sua capacidade estrutural. Fortemente influenciadas pela tecnologia, elas prezam por uma gestão moderna e automatizada. Dessa forma, mesmo com equipes enxutas, conseguem alcançar resultados extraordinários em períodos bem mais curtos do que em empresas tradicionais.

Por fim, é bem comum ver essas organizações adotando modelos de gestão de pessoas mais humanizados e horizontais. Elas também costumam investir fortemente em pontos como o clima organizacional, diversidade e inclusão (D&I), além do estabelecimento de uma cultura organizacional bem definida.

A origem do termo

A expressão “organizações exponenciais” também foi cunhada no livro de Ismail, Geest e Malone. Nele, os autores explicam que o termo está diretamente relacionado à matemática, de onde herdaram o nome. A função exponencial é aquela em que o número da base é multiplicado diversas vezes pelo seu expoente. Ou seja, a expressão  , por exemplo, significa 5 x 5 x 5 x 5, que resulta em 625.

Com o uso do termo “organizações exponenciais”, a ideia dos autores é expressar um modelo de negócio em que a rentabilidade se multiplique rapidamente, tal qual os números envolvidos em um cálculo exponencial. Logo, a escolha está diretamente relacionada à velocidade da curva de crescimento dessas empresas.

 

Empresas tradicionais X organizações exponenciais: principais diferenças

Estrategicamente falando, os modelos de negócio adotados por empresas tradicionais e exponenciais diferem bastante entre si. Isso engloba diversos âmbitos, como a estratégia adotada para com o mercado, o tipo de relação estabelecida com os consumidores, trato com o Capital Humano, cultura cultivada internamente e, sobretudo, a mentalidade no cenário competitivo.

Em empresas lineares, o funcionamento é mais conservador, burocrático e previsível. Quando o assunto são os modelos de negócio, é comum que essas organizações adotem posturas mais tradicionais, mesmo que elas representem gastos maiores. Por isso, essas empresas estabelecem limites para os recursos e realizam suas ações considerando uma margem de segurança para os seus resultados. A tolerância para risco é mais baixa, já que o investimento é mais alto – e isso se reflete em uma curva de crescimento mais modesta.

Já nas organizações exponenciais, a ideia central é trabalhar com um modelo de negócio escalável, ou seja, algo que possa ser reproduzido rapidamente, de baixo custo e capaz de criar uma base consistente de clientes. Uma forma interessante de pensar nas diferenças entre esses modelos é o caso do AirBnB. Talvez, se a empresa fosse gerida a partir de uma perspectiva tradicional, a ideia fosse comprar uma rede hoteleira – o que é infinitamente mais caro do que simplesmente fazer a intermediação entre um viajante e uma pessoa que deseja alugar o seu espaço para alguém.

Isso leva, inclusive, para outro ponto de diferença entre empresas lineares e exponenciais: o tipo de ativo que elas consideram em seus negócios. No modelo mais tradicional, como mencionamos, é comum que haja um aporte financeiro maior para criar (ou comprar) algo próprio da empresa. Nesse caso, é recorrente as empresas usarem estratégias como a fabricação, compra e venda de seus ativos. Dentro dessa lógica, empresas como a Uber, por exemplo, iriam comprar veículos para disponibilizá-los para o aluguel.

Por outro lado, as organizações exponenciais trabalham com ativos que já são existentes e envolvem os princípios da economia colaborativa em seus processos. Para uma empresa exponencial, o ativo é o smartphone de quem chama por um carro. Mais uma vez, a organização se coloca como intermediária, não como proprietária, o que diminui bastante os custos de investimento. Não à toa, elas são conhecidas por sua taxa de crescimento gigantesca, obtida por conta de suas estratégias disruptivas. Investir na compra e na divulgação desses veículos seria mais caro, levaria mais tempo e precisaria de mais esforços para obter resultados expressivos.

Outra diferença considerável entre esses dois modelos é a dinâmica que estabelecem com seu Capital Humano. Enquanto empresas tradicionais normalmente contam com estruturas de poder centralizadas nas figuras de determinados profissionais, como líderes e gestores, as organizações exponenciais adotam uma cultura de descentralização. Isso significa que, nessas empresas, os profissionais são estimulados a terem autonomia para tomar decisões, bem como para participar de todos os processos de forma igualitária. Logo, o tipo de dinâmica criado é mais horizontal, inclusivo, e a hierarquia fica para trás, o que impacta positivamente o clima organizacional como um todo.

Também é comum ver essas empresas adotando modelos de trabalho mais flexíveis e que possibilitem a manutenção da saúde mental dos seus colaboradores. Afinal, como mencionamos, gestões mais modernas entendem que a qualidade de vida é um fator de suma importância para a produtividade do Capital Humano.

Por fim, mais uma diferença marcante entre esses modelos é na relação com o público. Enquanto uma empresa tradicional entende o consumidor final como um alvo para o trabalho desenvolvido, a empresa exponencial se transforma constantemente e entende a necessidade do cliente como um motivador para essas mudanças.

 

Principais características da exponencialidade

De acordo com o livro de “Organizações Exponenciais”, existem alguns pontos específicos que caracterizam essas empresas. Entre essas características elencadas pelos autores, destacam-se as questões voltadas para a cultura de inovação – principalmente o estímulo à experimentação, descentralização do poder, autonomia e mindset voltado para resultados em longo prazo.

Os autores também frisam a relação estreita com a tecnologia, citando o uso estratégico da tecnologia digital e a capacidade de se antecipar às demandas do mercado como grandes diferenciais. Isso faz, inclusive, com que essas organizações também tenham um potencial maior de despertar o interesse de investidores.

Os autores citam o forte diálogo com o público-alvo, por vezes criando até mesmo soluções a partir da perspectiva do consumidor, como uma característica. Além disso, essas empresas comumente têm um forte posicionamento no mercado, sobretudo por conta de uma característica específica: a adoção de um Propósito Transformador Massivo (PTM), da qual falaremos com mais calma a seguir.

Por mais que este não seja um fator diretamente citado pelos autores, também é possível observar que essas empresas costumam aderir, em algum nível, aos princípios da economia colaborativa. Muitas delas adotam modelos de negócio baseados no compartilhamento de recursos, em vez de adquiri-los. Isso ajuda a explicar como elas conseguem conquistar grandes resultados a partir de um investimento mais modesto.

Algumas características gerais das organizações exponenciais são:

Adoção de um Propósito Transformador Massivo (PTM)

O propósito de qualquer organização está diretamente relacionado aos seus objetivos. Mas quando o assunto são as organizações exponenciais, essa ideia sofre uma alteração sutil. Isso porque, no livro, Ismail explica que essas empresas devem ter o chamado Propósito Transformador Massivo (PTM), capaz de situá-las no mercado. O termo diz respeito a uma mentalidade adotada pelo negócio que deve, obrigatoriamente, impactar a vida de diversas pessoas de forma positiva.

O PTM norteador deve definir não apenas a missão e o futuro da empresa, mas também quais estratégias serão desenvolvidas para que esse objetivo seja alcançado. Ele também deve indicar a visão defendida pelo negócio e propor alterações radicais no cenário. Contudo, também é importante que essa mentalidade possa inspirar outras pessoas, sejam consumidores, parceiros ou investidores. Criar um público fiel à ideia é o primeiro passo para o crescimento exponencial.

Além disso, preferencialmente, esse propósito deve ser audacioso o suficiente para transformar o mercado e causar mudanças externas na indústria. Se isso for ocorrer em uma escala global, melhor ainda!

Maior investimento em tecnologia

É natural imaginar que, por conta da rápida ascensão, as organizações exponenciais sejam megacorporações com milhares de colaboradores e com alto potencial de investimento desde o momento em que surgem. Contudo, a realidade é bem diferente – e até mesmo contrária.

Essas são empresas consideravelmente pequenas e que atingem o pico de crescimento por conta do investimento em inovação e tecnologia. Elas não costumam gastar recursos desnecessários com a estrutura – até porque, como mencionamos, essas organizações costumam compartilhar. O aluguel de um espaço de coworking, por exemplo, já é o suficiente para empresas com essas características.

Além disso, nas ExOs, equipes altamente capacitadas dividem espaços com robôs, processos automatizados e softwares inteligentes, capazes de multiplicar a produtividade do Capital Humano, mesmo com times menores. Por conta disso, no começo, os resultados podem demorar a aparecer, mas, com o tempo, a tendência é que eles se alavanquem e multipliquem.

Curva de crescimento acentuada

As organizações exponenciais são ágeis quanto aos seus métodos de gestão. Por terem equipes menores e alto nível de automação, essas empresas conseguem ter altos níveis de produtividade interna mesmo sem dispor da mesma estrutura de gigantes do mercado. Com uma velocidade de operação acima da média, elas têm curvas de crescimento acentuadas. Normalmente, o gráfico de crescimento em uma organização exponencial segue o modelo hockey stick (ou taco de hockey): reto no início e curvado ascendente na ponta.

Estruturas menos rígidas

Organizações exponenciais estabelecem o foco na agilidade. Por isso, elas são mais adeptas a fazer testes e a experimentar, em vez de seguir caminhos tradicionais que podem significar mais tempo e dinheiro investidos. Grandes estruturas físicas e um quadro de funcionários extenso, por exemplo, não costumam estar no dia a dia dessas empresas. Afinal, se o modelo de negócios da empresa envolve a possibilidade de fazer mudanças bruscas para se adequar a demandas imediatas, ela precisa estar preparada para tal.

Cultura de descentralização

A cultura das empresas exponenciais é construída tendo a autonomia como base. Nesse cenário, a centralização de poder e a hierarquia de empresas tradicionais não faz sentido. Aliás, por conta dessa característica, as ExOs conseguem aumentar seu nível de agilidade, visto que, com essa dinâmica, não há hierarquias na hora de tomar decisões. Contudo, é importante ressaltar que isso não significa desorganização. Essas empresas têm o controle de tudo que acontece em seus setores, bem como metas e objetivos que desejam atingir.

Contratação sob demanda

As organizações exponenciais contam com equipes menores do que empresas tradicionais. Por isso, é comum que elas contratem serviços de empresas terceirizadas para suprir necessidades mais pontuais. Dessa forma, elas conseguem acesso aos serviços de que precisam sem a necessidade de contratar mais profissionais fixos.

 

Os 6 Ds da exponencialidade

De acordo com os autores, existem algumas etapas que envolvem a gestão de negócios de uma organização exponencial. Descrevendo momentos diferentes da criação e do desenvolvimento de uma empresa com essa proposta, esses passos ficaram popularmente conhecidos como os 6 Ds da exponencialidade.

Digitalização

Refere-se ao processo de tornar digital o produto ou serviço oferecido, seguindo as tendências mais atuais.

Decepção

As expectativas são altas e, no início, os resultados podem aparecer mais lentamente.

Disrupção

Caracteriza o início da trajetória exponencial, por romper com modelos já consolidados e mostrar ao público que o serviço ou produto é mais interessante e/ou vantajoso.

Desmaterialização

Acontece quando a empresa apresenta indícios de que irá abandonar o modelo tradicional em prol de um mais atualizado.

Desmonetização

Ocorre quando o custo dos produtos ou serviços começa a cair devido ao crescimento exponencial – e a empresa se torna capaz de oferecer suas soluções com preços mais competitivos.

Democratização

Corresponde ao momento em que a solução é amplamente consumida pelo público-alvo e a empresa já assume uma posição consolidada no mercado.

É importante mencionar, no entanto, que, segundo Ismail, nem sempre os 6Ds acontecem seguindo uma cronologia. A linha de desenvolvimento de uma ExOs pode ir e voltar conforme essas fases, e nem sempre o tempo em que cada empresa passa em uma etapa é igual aos das demais. Entretanto, ainda assim, esses 6Ds são mandatórios para desenvolver um negócio exponencial.

 

Exemplos de empresas exponenciais

Entender o que é uma organização exponencial apenas por sua definição pode ser confuso para algumas pessoas. Afinal, são muitos detalhes e dinâmicas que caminham, por vezes, na contramão do que estamos acostumados a ver. Por isso, alguns exemplos conhecidos dessas empresas ao redor do mundo são:

Netflix

A Netflix se consolidou como o principal serviço de entretenimento via streaming no mundo, chegando a ter mais de 200 milhões de assinantes. Pioneira nesta proposta, a empresa ficou muito popular por oferecer os serviços com preços bem mais acessíveis do que os pacotes de TV a cabo, que dominavam o mercado até então. A Netflix foi fundada com a ideia de trazer a funcionalidade de uma locadora de filmes através da internet, princípio que foi se desenvolvendo e aprimorando ao longo do tempo, conforme a empresa conseguia parcerias e realizava investimentos em sua tecnologia.

Atualmente, a Netflix mantém o posto de plataforma de streaming com mais assinantes do mundo. Também é seguro afirmar que a empresa teve um impacto massivo no mercado, já que, a partir do seu modelo de negócio, outras grandes marcas, como Amazon, Disney e HBO, desenvolveram serviços semelhantes e se tornaram concorrentes. Além disso, hoje em dia, Netflix possui centenas de produções próprias.

Uber

A Uber foi a primeira empresa a desenvolver um aplicativo voltado para o transporte de passageiros. A ideia era aproveitar uma questão comum no dia a dia das pessoas nos centros urbanos: a dificuldade de conseguir transporte particular. Atualmente, a empresa já conta com mais de 100 milhões de usuários cadastrados e é responsável por um modelo de negócio que se expandiu e ajudou a desenvolver concorrentes.

A Uber foi, ao longo do tempo, aprimorando os serviços a partir dos feedbacks dos usuários. A empresa procurou manter-se adaptada às demandas, seja incluindo diferentes formas de pagamento ou criando novas modalidades para fins específicos. Alguns exemplos são o UberEats, voltado para a entrega de refeições, e o Uber Pool, onde viagens compartilhadas são realizadas a fim de baratear o custo e diminuir a emissão de gases poluentes no meio ambiente.

AirBnB

A AirBnB, já mencionada neste artigo, é uma das maiores redes hoteleiras do mundo, mesmo sem possuir nenhum hotel. A empresa trabalha com os princípios da economia colaborativa, agindo como uma mediadora entre um viajante que precisa de um lugar para ficar e um hospedeiro, que tem um espaço disponível para o aluguel. Além da ideia ser bastante lucrativa, visto que não requer investimentos como a compra desses espaços, ela também barateia os custos para os viajantes e dá a possibilidade de outras pessoas terem renda sem fazer grandes esforços com a divulgação dos espaços. Não à toa, a AirBnB fechou o ano de 2022 com um lucro de quase US$2 bilhões.

Google

Apesar de o Google ser uma megacorporação, não foi bem assim que tudo começou. Seguindo o seu PTM de “organizar as informações do mundo”, a empresa desenvolveu o buscador mais utilizado mundialmente e, conforme foi ganhando escopo, expandiu os serviços até criar um ecossistema amplo de aplicativos e recursos utilitários. Hoje, o Google conta com diversos produtos e serviços voltados para diferentes fins, desde a organização pessoal até monitoramento de KPIs das empresas. Isso sem mencionar serviços como o Maps e o Earth, voltados para localização. Atualmente, o Google também está por trás de recursos de amplo reconhecimento, como o sistema operacional Android e o YouTube.

Waze

O Waze é um aplicativo de GPS voltado para a localização e navegação via satélite. Atualmente, é propriedade do Google, que comprou a startup que o desenvolveu em 2013. O app se destaca por oferecer diversas funções de navegação dependendo, apenas, da conexão com a Internet. O usuário pode ver rotas que levam ao seu destino, procurar por opções de transporte público, pesquisar pontos de interesse, dentre diversas outras possibilidades. O Waze ganhou notoriedade por funcionar tão bem quanto (ou até menor) do que um GPS da época e ser infinitamente mais barato. Afinal, diferentemente dos GPS tradicionais, esse tipo de serviço não precisa de uma produção em larga escala, apenas de alguns servidores funcionais.

 

Organizações exponenciais do Brasil

Entre as ExOs brasileiras, alguns exemplos notáveis são:

iFood

O iFood é uma empresa brasileira que ficou conhecida por unir dois princípios básicos: tecnologia e delivery. Curiosamente, sua proposta inicial era oferecer um guia impresso de cardápios para que os clientes pudessem fazer pedidos por meio de uma central telefônica. Depois de atrair o olhar de investidores, a empresa teve o seu modelo de negócio repaginado e passou a investir em logística e no desenvolvimento do seu aplicativo.

Hoje, a empresa é a mais relevante do país quando o assunto é entrega de refeições e de mercado e, a exemplo das demais empresas que citamos, impactou o mercado a ponto de criar concorrência com princípios semelhantes. Atualmente, o iFood tem um valor de mercado superior a US$1 bilhão e realiza mais de 60 milhões de entregas mensalmente, de acordo com dados divulgados em seu site.

Nubank

O Nubank ganhou notoriedade no mercado por oferecer os serviços bancários a baixo custo – ou até mesmo de graça. A empresa oferece cartão de crédito internacional sem anuidade, conta bancária grátis e TEDs sem tarifas, além de facilitar todos os processos através do aplicativo e permitir que o usuário resolva boa parte de suas questões digitalmente, sem as tão conhecidas burocracias comuns nos bancos tradicionais.

A startup brasileira é reconhecida como uma das mais inovadoras do mundo e também faz sucesso pela abordagem e comunicação descontraída com seus clientes, que rompe completamente com o padrão tradicional dos bancos. Além disso, utiliza meios 100% digitais para se comunicar com o seu público.

QuintoAndar

A QuintoAndar é uma startup brasileira que atua no ramo imobiliário. A empresa ficou muito conhecida por facilitar o aluguel de apartamentos, oferecendo uma análise de crédito simplificada e dispensando os inquilinos de diversas burocracias que envolvem o processo. Nessa dinâmica, o locatário também sai ganhando, uma vez que ele recebe o valor de aluguel todos os meses, mesmo que o inquilino atrase o pagamento.

 

Como transformar a sua empresa em uma organização exponencial?

Em seu livro, Salim Ismail descreve algumas etapas básicas para o desenvolvimento da exponencialidade em uma organização. São elas:

1. Criar um bom Propósito Transformador Massivo

O PTM de uma organização exponencial deve ser audacioso, ambicioso, inspirador e capaz de transformar o mercado. Essas ideias não surgem todos os dias, então é importante que esse propósito esteja claro e definido durante o processo de tornar a empresa exponencial. Afinal, isso vai fazer parte da missão da empresa e deve atrair olhares de admiração.

2. Montar uma equipe fundadora

A equipe fundadora tem a missão de definir os pilares da organização exponencial. É importante que sejam profissionais competentes, com perfis comportamentais adequados para o trabalho e capazes de utilizar suas habilidades em prol de um objetivo em comum. Especialistas recomendam que, neste caso, esta equipe seja formada por, pelo menos, um visionário, um profissional responsável pelo UX, um colaborador que atue na área de engenharia e um especialista em negócios.

A gestão comportamental é uma aliada importante nesta etapa, principalmente quando pode ser feita através de softwares especializados, como o Etalent PRO, capaz de selecionar os profissionais ideais para cada cargo a partir de suas competências comportamentais. Essa é uma forma de garantir a eficiência, a qualidade das entregas, a sinergia dos times e a alta performance dos profissionais.

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3. Desenvolver uma ideia inovadora

As organizações exponenciais dependem totalmente da inovação; não existe uma coisa sem a outra. Por isso, é muito importante desenvolver produtos, serviços ou soluções pensando em melhorias significativas em relação ao que os concorrentes (ou até a sua empresa) já oferecem. É nesse ponto que deve entrar a disrupção, extremamente importante para quem deseja alavancar o sucesso em curto prazo.

4. Definir o modelo de negócio

O modelo de negócio pode ser resumido como a forma com que a empresa vai gerar lucros. É possível que, em um primeiro momento, ele esteja baseado em competir com concorrentes tradicionais, como a própria Netflix fazia com as locadoras de filmes. O modelo e a ideia inovadora devem estar interligados, afinal, parte da proposta de uma organização exponencial é romper com a linearidade. Por isso, na hora de criar o modelo, é interessante pensar em um que resolva os problemas existentes e que, se possível, antecipe (e resolva) os que ainda virão.

5. Entender o marketing e as vendas da área

Entender como funcionam o marketing e as vendas na área de atuação da empresa é essencial. Para isso, vale tudo: pesquisas externas, estudos, palestras e eventos, por exemplo. Compreender esses canais faz com que a organização consiga identificar o seu público com mais agilidade e clareza, o que, consequentemente, ajuda a conquistá-lo e torná-lo fiel em menos tempo. Em conjunto com as demais ações, esse tipo de pesquisa ajuda (e muito!) a atingir a exponencialidade.

6. Descentralizar os processos

Conforme mencionado, as organizações exponenciais privilegiam tecnologia sobre estrutura e, por isso, não fazem grandes investimentos em recursos como maquinário, equipamento, salas, dentre outras possibilidades. Muitas delas recorrem a empresas terceirizadas para realizar processos específicos em vez de gastar recursos comprando as ferramentas necessárias para tal. É dessa forma que elas descentralizam sua produção – afinal, nem tudo precisa ser feito por elas.

7. Focar em uma plataforma

Não é segredo para ninguém que, na atualidade, as plataformas dominam o mundo – Google, Apple, Facebook e Amazon são bons exemplos dessa condição. Muitas empresas populares acabaram perdendo espaço com o passar do tempo por não terem sido capazes de se adaptar a estas circunstâncias. Por isso, é imprescindível que a estratégia de uma organização exponencial esteja vinculada à transformação digital e que seja capaz de oferecer aos consumidores condições e experiências que façam sentido na realidade em que vivemos.

 

O futuro das organizações: tendências, mudanças e como se adaptar

No livro, Ismail, Geest e Malone evidenciam o fato de que as organizações exponenciais partem de premissas específicas que ocasionam seus resultados acelerados. O primeiro deles é aprender a reconhecer novos nichos e tendências mercadológicas, criando soluções para problemas que, por vezes, o público ainda nem reconhece. A Netflix, por exemplo, foi muito eficiente nesse ponto, por conseguir trazer aos seus usuários a comodidade e o conforto de alugar um filme de casa – um fator que, talvez, a comunidade ainda não tivesse se dado conta àquela altura.

Outro ponto citado no livro é o aprimoramento de ofertas do que já está no mercado. Isso inclui sair dos escritórios para testar produtos e entender como melhorá-los a partir da perspectiva de um consumidor. Vale ressaltar, inclusive, que boa parte das ExOs nasce da ideia de melhorar serviços que já existiam – como os táxis, por exemplo.

Ismail também explica que é preciso buscar novas formas de execução, reduzindo os custos e descentralizando os processos, como mencionamos anteriormente. Nesse caso, é importante ressaltar que os autores também citam a necessidade de romper com a ideia de hierarquias baseadas nos cargos. Afinal, a autonomia é fundamental para que o modelo de negócio funcione.

Por fim, é importante pensar no quanto o serviço é sustentável, em termos de manutenção ao longo do tempo. De nada adianta ter uma ideia inovadora e mirabolante se, eventualmente, a empresa não tiver como mantê-la em curso. Quanto a isso, também vale mencionar a importância da responsabilidade social, visto que os consumidores desse nicho de empresas também se preocupam com os impactos social e ambiental.

O mercado atual demanda cada vez mais criatividade, adaptabilidade e inovação. As organizações exponenciais destacam-se justamente por usarem estes pontos como base para as suas soluções. Essas empresas se contrapõem às estruturas mais tradicionais de negócios, estabelecendo o investimento em soluções tecnológicas, a disrupção e a descentralização de processos como grandes forças. Além disso, elas investem em modelos humanizados de gestão e na autonomia dos seus profissionais. Assim, o Capital Humano das ExOs também se torna mais produtivo, o que é fundamental para que essas empresas alcancem resultados extraordinários.

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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