Em mais uma das ações do ClubEtalent, tivemos a participação brilhante da Daniela Israel – facilitadora em programas de Educação executiva e Consultora DISC – em nosso escritório situado no Rio de Janeiro. O tema desta vez foi o Thinking Environment, uma metodologia desenvolvida pela escritora e palestrante americana Nancy Kline ao longo das últimas três décadas.
Voltado para aprimorar a comunicação entre as pessoas através do pensamento independente, o Thinking Environment se aplica bastante à realidade das organizações.
Quem não lembra de uma reunião onde, enquanto alguém compartilha uma ideia ou argumento, outras pessoas estão mexendo no celular, totalmente dispersas? E naquela situação chata em que, de tantas pessoas presentes na reunião, apenas duas falam?
Há dois mundos de pensamento: o de troca, onde escutamos o outro apenas para responder e ganhar algo em retorno (informação, status, poder), configurando o que chamamos de escuta passiva. O segundo é o totalmente independente, onde praticamos a escuta ativa, capaz de ascender nossa forma de conectar ideias e perspectivas através do pensamento do outro, isento de julgamentos e filtros mentais.
Tais cenários, apesar de perceptíveis e contornáveis, são geralmente ignorados diante de tantos problemas que as organizações atravessam.
Acontece que muitas ideias e soluções são perdidas em falhas de pensamento, comunicação e ação dos colaboradores, tanto dentro quanto fora das reuniões.
O Ciclo do Sucesso, conceito abordado pela Daniela durante a palestra, depende da prática e disciplina dos componentes que formam o Thinking Environment.
Então, quais são esses componentes? Bom, é o que veremos a seguir.
1. Atenção
O primeiro componente diz respeito a capacidade do indivíduo em se libertar de obstáculos (físico e mental) que dispersam seu foco e atenção na fala do outro. É muito comum nos pegarmos “pensando na resposta” que iremos dar enquanto ouvimos a outra pessoa, ou quando projetamos uma fala baseado nas primeiras palavras do outro.
Esse tipo de comportamento prejudica a qualidade do pensamento do outro, já que não há o respeito e atenção devidos ao que ele compartilha. Busque praticar uma escuta genuína e sem julgamentos. Não interrompa até que a pessoa termine de externar seu pensamento.
2. Igualdade
Todos são iguais e têm as mesmas condições de se manifestar num ambiente onde o pensamento independente é valorizado. Deixar que critérios de hierarquia e autoridade definam quem, quando e o quanto irá ser dito no momento da comunicação vai contra a premissa deste componente.
Estabeleça critérios de tempo e ação em comum acordo dos presentes, antes das rodadas de interação iniciarem. É extremamente importante que todos participem na construção do diálogo, mesmo que seja para dizer que não há nada a acrescentar.
3. Leveza/Tranquilidade
Agora que você dedicou sua atenção e tornou o ambiente de pensamento igualitário, o esforço será garantir a leveza de cada indivíduo.
Sabe quando temos aquela tarefa pra ontem palpitando em nossa cabeça? Ou quando há emoções dificultando sua concentração?
Então, é disso que este componente trata. Uma energia interior, de pressão sobre si mesmo, atrapalha o processo do pensar com qualidade. Evite ao máximo urgências fora do contexto. Relaxe e livre-se de desconfortos (calor/frio, fome e sono), tudo o que for possível para se manter tranquilo e positivo.
4. Apreciação
Quando estamos cercados de pessoas e informações, é comum que a nossa primeira reação, mesmo que de forma não-proposital, seja atentar a incoerências e defeitos. Esse é o nosso sistema primitivo de defesa.
O que este componente propõe é fazer justamente o contrário: atentar para as qualidades e estéticas do outro, do espaço de pensamento positivo.
Uma simples e sucinta apreciação ao outro, valorizando o detalhe bem elaborado, aquilo que funciona. Trata-se de um exercício a ser cultivado que fará total diferença na qualidade das reuniões.
5. Encorajamento
Conforme a troca de ideias acontece, a tendência é que uma série de resistências mentais ocorra paralelamente. Pensamentos como “isso que está sendo falado não tem nada a ver”, “nada disso irá funcionar” ou “essa minha ideia está fora de cogitação” desestimulam a abertura para ideias inovadoras e mudanças de comportamento.
Encorajar os envolvidos a esquecer a competição e comparação, apoiando abertamente ideias diferentes, é a chave de sucesso deste componente.
6. Sentimentos
O sexto componente diz respeito a nossa capacidade de dar suporte ao pensamento utilizando os nossos sentimentos mais genuínos na ocasião. Em contextos organizacionais, a intensidade de como transparecemos o sentimento diante de uma outra ideia geralmente é contida – até mesmo evitada – pois pode ser vista como fraqueza e/ou inconveniência.
Ter coragem (item 5) e assumir uma postura de feedback que esteja de acordo com o que sente é crucial para a qualidade do pensamento. Sentimento também é informação, componente que veremos em seguida.
7. Informação
Daniela também citou o poder das informações no ambiente de criatividade e perseverança.
“O ser humano toma decisões baseando-se naquilo que ele sabe, e as evita quando não tem certeza e confiança das informações disponíveis”.
O condutor de uma reunião precisa deixar claro – tanto de forma oral quanto escrita – o objetivo do grupo estar ali, o porquê das suas escolhas (horário, lugar, material). Perguntar se todos estão confortáveis e se há necessidade de pausa irá evitar que a qualidade dos pensamentos se percam.
Não podemos encarar a timidez ou vergonha do outro como culpada no processo de criação. Se temos as informações disponíveis, não há motivo para ocultá-las.
8. Diversidade
Pessoas diferentes carregam histórias e experiência diferentes, que por sua vez geram olhares alternativos do mundo ao redor. O cenário da diversidade permite à organização fundir perspectivas e soluções que se complementam, criando um espaço de acolhimento e abertura de ideias.
Ambientes de pensamento estritos, que sacrificam o diferente em prol de um único viés, abalam a confiança das pessoas e diminuem a capacidade de inovação da organização.
9. Perguntas incisivas
Ok, agora que todos os componentes me ajudaram a pensar e escutar melhor, o que fazer para manter o ciclo de sucesso do Thinking Environment?
Vivemos repletos de crenças limitantes. Imagine uma pessoa que tem horror quando o assunto é “falar em público”: ela fará de tudo para evitar essa necessidade, até mesmo sabotar seus pensamentos e ações.
Portanto, é a nossa chance de perguntar ao outro (e até a nós mesmos): “se soubesse que você é capaz de falar em público, que isto é libertador e possível, mudaria seu pensamento?”.
Às vezes, a nossa capacidade criativa está presa a crenças tão limitantes que atrapalham a qualidade do pensamento e consequentemente das ações e resultados. Realizar perguntas incisivas é um ótimo meio de contorná-las.
10. Local
Por fim, o último componente diz respeito ao carinho e apreciação que devemos ter com nossos espaços – seja o físico (sua sala, escritório, quarto) ou seu corpo, lugar que habita seus piores e melhores pensamentos.
Tudo comunica: a atenção, a informação, o sentimento, os gestos.
Manter um espaço de recepção agradável e coerente, além da imagem que seu corpo apresenta, garante que a troca de pensamentos mantenha a “chama” da comunicação produtiva.
Pratique o Thinking Environment!
Agora que você conheceu melhor a metodologia Thinking Environment, que tal aplicar seus componentes no dia-a-dia? Seja em casa, no trabalho ou naquele curso ao qual você se dedica tanto.
Os benefícios do Ambiente de Pensamento são diversos, desde uma comunicação positiva e efetiva entre os colaboradores até a implementação de uma cultura rica em criatividade e inovação.
As palestras promovidas pelo ClubEtalent visam a integração entre os Consultores DISC e o compartilhamento de ricos conhecimentos, dos mais variados temas atuais.
E se você deseja fazer parte desse grande time de Consultores DISC, veja a nossa agenda de Formação e Certificação DISC ETALENT.
Deixe seus comentários abaixo sobre o que acha do Thinking Environment.
Grande abraço!
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Gabriel Coutinho
Gabriel Coutinho é UX Writer e graduando em Letras pela UNIRIO. Escritor nas horas vagas e leitor assíduo de tudo que envolve cinema e música. É apaixonado por cachorros, pop punk e The Office. Siga o Gabriel no Medium: @gabriel_martins e no Instagram: @coutinhogabriel