Os investimentos em ESG (Enviromental, Social and Governance, do inglês) são apontados há alguns anos como uma das grandes tendências para o futuro do trabalho. O conceito está diretamente relacionado às ações das organizações para ajudar a mitigar os danos ambientais que elas vêm causando ao planeta nas últimas décadas. Entretanto, o ESG ainda prevê pontos como a responsabilidade social, que trata de uma série de práticas adotada por uma organização em benefício da sociedade, seja visando ao seu público interno ou pessoas de fora da empresa.
Esse assunto não vem sendo tão discutido à toa. Vivemos em um momento em que consequências decorrentes de práticas não-sustentáveis são inúmeras, como mudanças climáticas, desigualdades sociais e aumento de poluição. Com o intuito de promover o desenvolvimento sustentável, em 2015, a ONU propôs aos seus países-membros 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), que incluem uma agenda com 169 metas para serem atingidas até 2030. E as empresas mais competitivas do mercado vêm assumindo um papel nessa discussão. Mas, afinal, do que trata o termo e como ele pode ser aplicado no dia a dia das empresas? É o que você vai descobrir no artigo de hoje. Boa leitura!
- O que é ESG nas empresas?
- Como e quando surgiu o ESG?
- Quais são os princípios de ESG?
- Por que a agenda ESG tem crescido tanto?
- Por que investir em ESG?
- Principais práticas de ESG
- Quais são os principais indicadores de ESG?
- O que é necessário para uma empresa ser ESG?
- O papel do RH no ESG
- 5 exemplos de empresas que praticam o ESG
O que é ESG nas empresas?
De forma objetiva, o ESG trata de um conjunto de práticas adotadas por uma empresa visando a consciência social, ambiental e sustentabilidade. O termo vem sendo cada vez mais importante em um momento em que algumas companhias se tornaram tão grandes que chegam a valer o PIB de um país inteiro – e por isso, elas têm impactos diretos em todas essas esferas. Nesse contexto, o ESG é uma forma de entender como a empresa vem lidando com esses fatores. A sigla, inclusive, ilustra os três pilares: environmental, social and governance (ou, em tradução direta, ambiental, social e governança).
Na prática, a ideia do ESG é entender como cada empresa vem se posicionando mediante esses fatores. O conceito avalia, para além de questões financeiras, como está a perspectiva do negócio em cada um desses âmbitos. A ideia é transformar aquela empresa em uma boa opção para atrair investimentos sustentáveis, engajados em gerar impactos positivos tanto em termos sociais, financeiros quanto ambientais. É importante deixar claro, no entanto, que o negócio não abre mão da lucratividade por isso – muito pelo contrário, até. O intuito é gerar um impacto positivo para a sociedade de forma diretamente relacionada à rentabilidade.
Como e quando surgiu o ESG?
Para entender o conceito de ESG, é importante olhar para sua origem, ocorrida nos anos 1970. Esse período marca um momento do cenário mercadológico onde começaram a surgir os primeiros investimentos baseados em estilo de vida, valores e crenças pessoais. Esse movimento esteve diretamente ligado a acontecimentos como a Guerra do Vietnã, que gerou uma forte oposição da população americana ao governo. Nesse contexto, a moral das empresas também passou a ser discutida – o que orientou tanto investidores quanto empresas ao longo das décadas seguintes na criação de uma ideia que, com o passar do tempo, gerou o ESG como conhecemos hoje.
No entanto, é importante deixar claro que foi apenas em 2004 que o termo Environmental, Social and Governance (ESG) ganhou forma definitiva, quando foi mencionado em um relatório do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, intitulado Who Cares Wins (Quem se importa, ganha, em tradução literal). Em 2007, surgiram os green bonds, ou títulos verdes, que chegaram ao mercado com o intuito de captar recursos para financiar projetos ambientais – e atrair investidores por isso. Esse movimento ajudou a consolidar os princípios ESG como uma pauta importante no mundo dos investimentos.
Atualmente, os critérios ambientais, sociais e de governança estão se expandindo globalmente, e essa tendência parece irreversível. Um exemplo disso é que, de acordo com dados da PwC relatados nesta matéria da revista Exame, até o fim deste ano, cerca de 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão alinhados aos princípios ESG – o que representa aproximadamente 7,6 trilhões de euros. Essa mudança reflete uma crescente conscientização e compromisso com práticas sustentáveis no mercado financeiro.
Quais são os princípios de ESG?
O ESG considera três princípios básicos: o ambiental, social e a governança. Veja, a seguir, mais detalhes sobre o que cada um deles avalia.
Environmental (E)
Esse aspecto descreve a parte ambiental. Diz respeito às ações da empresa em relação ao meio ambiente, comprometendo-se a reduzir os impactos negativos causados na natureza, como poluição, geração de resíduos, emissão de gases, desperdício de água, entre outras possibilidades. Também envolve pontos como políticas de desmatamento, uso de fontes de energia e até mesmo ações para melhorar e preservar a biodiversidade da área que ocupa, por exemplo.
Social (S)
Esse aspecto descreve o papel social do negócio. Na prática, diz respeito à maneira como a empresa lida com as pessoas, não só seus colaboradores, mas também seus clientes e a sociedade como um todo. Aqui, entram a reputação da marca, o nível de satisfação e confiança dos seus clientes, o comprometimento com temas como diversidade e inclusão, compromisso com a saúde mental, dentre outros fatores. São práticas que a empresa deve estabelecer para conduzir relação respeitosa com os indivíduos.
Governance (G)
Esse aspecto descreve a governança. Diz respeito a ações que promovem a transparência do negócio, tais como combate à corrupção, divulgação de resultados e manuais de conduta ética da empresa, entre outros. Também pode envolver divulgação de relatórios fiscais, compliance.
Por que a agenda ESG tem crescido tanto?
A principal razão pela qual o investimento em ESG tem sido tão significativo são as mudanças climáticas. Houve, desde a Revolução Industrial, uma série de investimentos na industrialização que aumentaram (e muito) a quantidade de empresas consumindo insumos e poluindo para gerar lucro. Em um panorama mais recente, com a digitalização e a evolução tecnológica, esse processo ficou ainda mais acelerado e hoje, o dano causado ao planeta é bem mais expressivo do que era quando comparado há 50 anos, por exemplo. Não à toa, de acordo com dados da ONU, é necessário que as empresas reduzam 45% da emissão de carbono para mitigar o aumento da temperatura global. Em uma visão mais ampla, o intuito é que, até 2050, esse índice seja zerado completamente.
A preocupação com as mudanças climáticas e com o futuro do planeta vem fazendo com que novas regulações surjam a cada ano. Nesse cenário, quem emite mais gases e polui mais terá que encontrar formas de mitigar os danos causados ao meio-ambiente para que essa balança fique mais equilibrada. Quem não for capaz de fazer isso corre risco não apenas de perder espaço no mercado, como também de sofrer uma série de sanções e multas. E o carbono em si é apenas parte do problema: a mesma lógica vale para recursos naturais, perda da biodiversidade de determinadas regiões e geração de resíduos.
Para além da perspectiva ambiental, há, também, a social. Quando uma empresa se preocupa em investir no desenvolvimento de populações locais, a organização está contribuindo, também, para os objetivos de desenvolvimento social (ODS) previstos pela ONU. Essas ações funcionam como um apelo à ação para o mundo inteiro visando acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, tenham paz e prosperidade – e devem ser cumpridas por todos os países até 2030. Alguns exemplos de ODS são a erradicação da pobreza, investimento em saúde e bem-estar, educação de qualidade e crescimento econômico – e todos eles podem ser impactados por empresas privadas.
Cenário de ESG no Brasil
Embora o ESG no Brasil ainda não tenha a mesma força que tem na Europa, o cenário nacional quanto à tendência é majoritariamente positivo, uma vez que tem sido uma preocupação constante para os gestores. Tanto que há uma demanda nacional por aplicações responsáveis que sejam focadas no desenvolvimento sustentável e nas boas práticas de mercado.
Em um panorama mais recente, também é possível notar que as empresas brasileiras têm feito mais investimento em pontos como diversidade e inclusão, equidade de gênero, mudanças climáticas, governança e ética, para além da qualidade de vida dos colaboradores em si. Alguns desses pontos, inclusive, estão previstos em leis recentes. Uma das maiores iniciativas no contexto nacional visando à equidade salarial, por exemplo, foi uma lei sancionada pelo Governo Federal, em julho de 2023. A medida determina que empresas com mais de 100 funcionários forneçam relatórios semestrais sobre os salários de homens e mulheres. Caso seja encontrada alguma irregularidade, punições administrativas podem ser aplicadas. Nesse caso, a multa pode chegar a R$ 40 mil e, em caso de reincidência, há a possibilidade de que esse valor dobre. A lei também versa sobre o pagamento de indenização por danos morais em situações de discriminação.
A mesma lei também engloba programas de diversidade e inclusão, se estendendo a gestores e líderes. Esse tipo de incentivo se torna especialmente relevante quando dados mostram que o número de mulheres em cargos de liderança ainda é baixíssimo. De acordo com uma pesquisa recente realizada em 400 empresas pela Teva Índices e apresentada no Summit ESG, evento on-line realizado pelo jornal Estadão, apenas 14,7% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres.
Por que investir em ESG?
De forma objetiva, investir em ESG conquista clientes, reduz custos e diversifica matérias-primas, trazendo um compromisso social com a comunidade e com os próprios colaboradores da empresa. Além disso, empresas que praticam ESG são mais propícias a receberem apoios e financiamentos do governo e a atraírem relações com investidores. Para além desses fatores, também é importante destacar benefícios como:
Employer branding
Originada do inglês, a expressão employer branding pode ser traduzida como “marca empregadora”. Em termos práticos, ela se refere a um conjunto de estratégias, ações e práticas direcionadas a aprimorar a imagem da empresa perante seus colaboradores atuais e potenciais. O objetivo é destacar os pontos positivos de trabalhar naquela organização, o que inclui não apenas salários e benefícios, mas também o ambiente de trabalho e as oportunidades de desenvolvimento profissional, como planos de carreira. Em um mercado cada vez mais competitivo, oferecer apenas uma boa remuneração já não é suficiente para atrair e manter os melhores talentos.
Quanto aos colaboradores, as práticas de ESG estão diretamente ligadas ao employer branding. Promover o bem-estar e a satisfação do time é um dos objetivos da área de RH de uma empresa. Investir no employer branding traz uma série de benefícios para a organização, como atrair os melhores talentos, melhorar a imagem frente aos consumidores, ter colaboradores que promovam a marca e aumentar resultados, entre outros.
Employee Value Proposition
O EVP é a proposta de valor que a sua empresa cria para o colaborador. Ou seja, além de receber o salário, o membro do time deve sentir que existe um valor agregado em fazer parte da organização. Isso gerará mais motivação, qualidade de vida e bem-estar ao exercer suas atividades. Quando a empresa adota as estratégias necessárias para promover saúde, satisfação e qualidade de vida aos colaboradores, a tendência é que eles enxerguem mais valor nela, o que impacta pontos como a motivação, satisfação, felicidade ao trabalhar, além do engajamento propriamente dito.
Atração de investimentos
Quando investidores procuram empresas para investimentos, eles buscam saber se elas são transparentes, éticas e agem em prol do ambiente e da sociedade. A cada ano que passa, as práticas de governança são mais relevantes para suprir esse papel. Quando uma empresa se posiciona como uma marca que investe em ESG, responsabilidade social, se mostra transparente e assume um papel no cenário relacionado a esses fatores, a tendência é que ela seja considerada como um bom lugar para fazer investimentos.
Consciência ambiental
Além de a empresa minimizar seus danos ambientais por meio de políticas sustentáveis, ela também é responsável por conscientizar seus colaboradores a respeito dessas práticas. Essas medidas devem envolver o colaborador e conscientizá-lo sobre o seu papel no mundo. Por exemplo: realizar uma campanha para diminuir o uso de descartáveis e o desperdício de água, incentivar a reciclagem, entre outros. Quando o assunto é o meio ambiente, pequenas ações podem ser o primeiro passo para uma enorme mudança.
Benefício às comunidades
Investir em ESG também faz com que a empresa assuma um papel ativo no desenvolvimento não apenas de seus colaboradores, como também de moradores das comunidades onde estão inseridas. Esse tipo de preocupação é muito importante, sobretudo para as de classes sociais mais baixas, quando consideramos que, por vezes, o investimento de uma organização é a melhor oportunidade de se desenvolver profissionalmente. Práticas direcionadas à comunidade onde a empresa está inserida ajudam a mudar a realidade de diversas pessoas, já que são, muitas vezes, a única oportunidade de acesso que elas têm. Dessa forma, toda a comunidade é beneficiada e o mercado local passa a ter mais profissionais disponíveis, o que é positivo para todos.
Reputação da empresa
Juntos, todos esses fatores também contribuem para uma questão específica: a construção de uma reputação positiva da empresa perante ao mercado – e esse cuidado traz benefícios significativos para o negócio. Com isso, a empresa aumenta sua capacidade de atrair talentos e se torna mais procurada durante os processos seletivos, além de ter mais facilidade de manter as pessoas que já estão dentro dela. Afinal, é natural que profissionais prefiram trabalhar em uma organização que seja responsável com o meio ambiente e que valorize seu Capital Humano.
Principais práticas de ESG
Dentre algumas das principais práticas de ESG adotadas pelas empresas, destacamos:
Viabilização de gestão de resíduos e conscientização interna
Um dos primeiros – e mais importantes – pontos a serem considerados na hora de trazer o ESG à prática é a gestão de resíduos. Esse processo garante que os processos de produção da empresa sejam melhorados e, assim, a atuação da organização seja menos nociva ao meio ambiente. Para além deste ponto e de maneira complementar, é importante que os profissionais sejam capacitados para dar conta desses fatores. É importante que consigam usar relatórios para acompanhar essa questão, façam auditorias internas, e estabeleçam boas práticas como parte da cultura organizacional.
Redução de riscos as profissionais
Cuidar da qualidade de vida dos profissionais é importante para criar um ambiente de trabalho seguro e saudável. Para garantir que a empresa esteja seguindo com as regulamentações, é importante contar com um responsável pela segurança do trabalho, que se encarregue de seguir todas as normas vigentes. Além disso, as equipes precisam ser constantemente treinadas para protegerem a si mesmas, e os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) devem ser revisados e utilizados adequadamente, garantindo a segurança de todos no ambiente de trabalho. Vale sempre lembrar que o custo de atender a essas exigências é muito baixo em comparação aos impactos negativos que um acidente de trabalho pode gerar para a empresa, tanto em termos de custos financeiros quanto de imagem e reputação.
Desenvolvimento de programas de benefícios aos colaboradores
O bem-estar no ambiente de trabalho está ligado à segurança financeira oferecida pela empresa, de modo que não é possível dissociar uma questão da outra. Embora muitas organizações tratem esses aspectos de forma separada, nenhum suporte psicológico será eficaz se a causa da ansiedade de um colaborador estiver relacionada à preocupação com as finanças pessoais, como o medo de não conseguir pagar as contas no final do mês. Isso pode levar o profissional a buscar um segundo emprego, o que aumenta o desgaste físico e mental, afetando não apenas seu desempenho no trabalho, mas também sua saúde de maneira geral. Por isso, essa é uma parte importante das políticas de ESG voltadas para o social.
Promoção da diversidade e inclusão
De maneira objetiva, a diversidade corporativa diz respeito à presença de pessoas de diferentes origens e realidades no Capital Humano de uma empresa. A inclusão, por sua vez, vai além disso: trata-se do esforço da organização para garantir que essas pessoas tenham seus pontos de vista reconhecidos e respeitados, o que envolve a valorização de seus valores culturais, experiências de vida e a criação de condições equitativas para o seu desenvolvimento profissional. Essa também é considerada uma prática de benefício para a sociedade e, por isso, é uma ação recorrente em empresas que querem investir em ESG.
Investimento na adequação comportamental
A adequação comportamental é uma aliada indispensável para o bem-estar corporativo. Isso por conta de um motivo simples: é por meio dela que as empresas conseguem tanto melhorar a performance de seus times quanto proporcionar condições de trabalho mais favoráveis. Quando as pessoas ocupam funções que se alinham com seus talentos, o trabalho tende a ser menos desgastante e mais produtivo. Em contrapartida, quando alguém ocupa uma posição que não corresponde às suas competências naturais, o impacto negativo é grande, gerando um esforço excessivo e resultando em desgaste físico e emocional.
Por isso, investir no bem-estar corporativo também significa investir em gestão comportamental. Isso envolve considerar os talentos individuais desde o início do processo seletivo, considerando as habilidades que cada profissional precisa para desempenhar sua função. Dessa forma, é possível assegurar que o colaborador tenha uma rotina de trabalho equilibrada, sem comprometer seu bem-estar.
Para fazer isso da melhor forma possível, é importante usar um bom software de gestão comportamental. O Etalent Pro ajuda na identificação de perfis comportamentais e análises socioemocionais que ajudam as empresas na tomada de decisão sobre as pessoas em todas as áreas da empresa, sendo um aliado poderoso para fortalecer seu ESG. Já o Mapeamento do Clima Comportamental é uma consultoria que oferece uma perspectiva diferenciada sobre o alinhamento entre os perfis comportamentais e os cargos. Ambas são importantes no alinhamento entre perfis e cargos.
Cuidado com o greenwashing!
Também conhecido como “banho verde” ou “lavagem verde”, greenwashing é um termo em inglês utilizado para as ações de empresas que passam uma falsa ideia de práticas sustentáveis, que divulgam a imagem de responsabilidade socioambiental sem que elas, de fato, aconteçam. Por exemplo, uma empresa de produtos cosméticos pode vender um hidratante com a rotulagem sinalizando que é vegano e que o produto não foi testado em animais, mas, na prática, ela agride o meio ambiente e realiza testes em animais.
Além deste tipo de prática ser considerada fraudulenta – o que acarreta uma série de consequências legais –, em termos de reputação, é considerado extremamente negativo. Dificilmente uma empresa onde há greenwashing consegue limpar a imagem uma vez que a prática é descoberta, o que pode acarretar prejuízos para atrair e reter talentos, além de causar manifestações de repúdio por parte do público. Por isso, é importantíssimo ter cuidado.
Quais são os principais indicadores de ESG?
Antes de apontar os principais indicadores de ESG, é importante entender do que eles se tratam. Os indicadores são análises estratégicas focadas em medir o desempenho de um setor em um âmbito específico relacionado ao RH. Essas ferramentas também são conhecidas como KPIs de RH (do inglês key performance indicator, ou indicador-chave de performance) e servem, basicamente, para monitorar e avaliar o desempenho da empresa em aspectos pré-determinados, normalmente relacionados à lucratividade, gestão de pessoas, desenvolvimento do Capital Humano, dentre outras possibilidades. A ideia é observar como cada departamento está se saindo quanto a esses fatores através dos dados coletados – e tomar decisões mais assertivas de posse dessas informações. E esse conceito também pode ser aplicado ao ESG.
Dito isso, os principais indicadores de ESG são:
Indicadores ambientais
Os indicadores ambientais refletem a forma com que a empresa se comporta quanto à conservação do meio ambiente. Alguns dos pilares são:
- Consumo de recursos naturais, como água e energia elétrica;
- Seleção de equipamentos para as operações do negócio;
- Poluição do ar e da água;
- Produção e gestão de resíduos;
- Desmatamento;
- Preservação da biodiversidade;
- Emissões de carbono.
Indicadores sociais
Os indicadores sociais são aqueles relacionados ao impacto social e à garantia dos direitos humanos, envolvendo saúde e preocupação com profissionais e clientes. Eles envolvem:
- Felicidade e lealdade dos clientes;
- Envolvimento e motivação dos colaboradores;
- Programas de capacitação, qualificação e evolução dos funcionários;
- Diversidade na composição da equipe;
- Segurança e privacidade dos dados;
- Conformidade com as leis trabalhistas e respeito aos direitos humanos;
- Relação com a comunidade local;
- Acompanhamento e gestão da cadeia de fornecedores.
Indicadores de governança
Os indicadores de governança se debruçam sobre a política de gestão empresarial da organização, envolvendo pontos como:
- Desempenho da alta liderança;
- Transparência nos relatórios financeiros e contábeis;
- Gestão de riscos empresariais;
- Interação com autoridades políticas e governamentais;
- Práticas de conduta ética corporativa;
- Estrutura e composição dos Conselhos;
- Organização do comitê de auditoria e comitê de ética;
- Disponibilidade de um canal para denúncias;
- Políticas de transparência e prevenção à corrupção;
- Garantia dos direitos dos acionistas.
O que é necessário para uma empresa ser ESG?
Para ser avaliada dentro de índices ESG, é preciso que a empresa esteja, pelo menos, no caminho para ser listada na Bolsa de Valores. A avaliação é realizada por diversas agências, tanto comerciais quanto sem fins lucrativos, que analisam dados gerais e especializados. Sistemas de avaliação como o MSCI ESG Score, que considera categorias que abordam riscos ambientais, sociais e de governança, fazem parte desse processo. Para além disso, as empresas também devem disponibilizar políticas alinhadas às diretrizes do índice e agir em relação aos problemas identificados.
Uma vez entendida a questão burocrática, é importante seguir uma série de orientações internas. Para obter uma boa pontuação no índice ESG, é importante implementar políticas de governança e transparência, com processos claros e objetivos. Nesse sentido, o primeiro passo precisa ser identificar seu propósito e como sua atuação contribui para a sociedade. É importante refletir sobre qual impacto sua ausência causaria e como sua operação pode melhorar o bem-estar coletivo. Depois, é esperado que o negócio seja capaz de mapear as emissões de gases de efeito estufa em todos os níveis (escopo 1, 2 e 3) e estabelecer metas de redução. Investir no relacionamento com clientes, fornecedores e a comunidade também é um fator de grande importância, criando canais de comunicação abertos e identificando as necessidades de cada parte envolvida.
Na prática, a implementação do ESG pode ser feita a partir de três etapas. São elas:
Passo 1: Fazer um planejamento
Antes de iniciar, é necessário que haja entendimento da realidade da sua empresa quanto à maturidade das práticas de ESG. Nesse momento, é importante traçar metas alcançáveis e prazos possíveis de serem cumpridos. Também é válido pesquisar práticas de outras empresas, buscar referências e definir um direcionador para alcançar os objetivos. Isso servirá como um parâmetro para as demais políticas aplicadas.
Passo 2: Implementar o plano
Após o planejamento, é necessário adotar as ações para implementá-lo. Esse é o momento de listar as pessoas envolvidas nesse processo, além de entender o que será realizado. Também é importante considerar os sistemas de gestão necessários, pois eles serão muito importantes para auxiliar na organização e padronização dos processos. Isso tudo deve ser feito utilizando uma comunicação clara e transparente com os colaboradores.
Passo 3: Avaliar os resultados
Esse é o momento de verificar dados, pesquisas qualitativas e quantitativas, métricas e indicadores que mostrem de forma clara quais mudanças positivas ocorreram na organização em relação à implementação dessas práticas. Também deve-se sempre entender se os objetivos foram alcançados satisfatoriamente.
O papel do RH no ESG
O departamento de Recursos Humanos passou por uma transformação significativa ao longo dos anos. Se antes, o setor era focado apenas em tarefas burocráticas, hoje ele desempenha papéis estratégicos, representando uma ponte entre a gestão de pessoas com e as decisões de negócios. Tanto é que, segundo Idalberto Chiavenato, referência na administração brasileira de empresas, o RH moderno se organiza por cinco subsistemas – onde cada um deles é responsável por monitorar diferentes áreas da organização.
Em relação às ações de ESG, a abordagem do RH tem impactos, sobretudo, no âmbito social. O primeiro aspecto fundamental é o cuidado com a saúde física e mental dos colaboradores. É responsabilidade do RH acompanhar indicadores como desgaste, produtividade e felicidade, essenciais para criar ambientes de trabalho positivos e seguros. Uma gestão social mais humanizada exige que o RH tenha acesso a essas informações.
Além disso, promover o bem-estar no ambiente corporativo depende de garantir o alinhamento entre o perfil comportamental do colaborador e as funções que ele exerce. Quando a empresa leva em conta as características naturais de cada profissional, ela evita que eles realizem tarefas desgastantes e potencializa suas competências. Isso resulta em uma performance mais eficiente e satisfatória, além de rotinas de trabalho menos estressantes para todos. Para fazer isso da melhor forma possível, é recomendado utilizar programas de Assessment, que ajudam a avaliar a performance e o grau de adequação entre o perfil e as funções, identificando motivações e âncoras de carreira.
Por fim, o RH tem um papel essencial na implementação de ações estratégicas. No ambiente interno, ele contribui para fortalecer a cultura organizacional, promover a saúde mental e a inclusão. Externamente, o RH pode impulsionar campanhas de ESG, como reciclagem, sustentabilidade e economia colaborativa, tanto dentro da empresa quanto na comunidade. Por cuidar das pessoas, o papel do RH no ESG é articular informações e planejar as mudanças junto às lideranças, além de certificar que o discurso da empresa esteja alinhado às práticas.
5 exemplos de empresas que praticam o ESG
Braskem
A Braskem é a maior produtora de resinas termoplásticas nas Américas e a maior produtora de polipropileno nos Estados Unidos. Compõe um dos portfólios mais completos do mercado, ao incluir também o polietileno verde, produzido a partir da cana-de-açúcar, de origem 100% renovável. A empresa objetiva eliminar 1,5 milhão de toneladas de resíduos plásticos até 2030.
Bradesco
O Bradesco diz empregar a sustentabilidade aos pilares estratégicos e incorporá-los em sua gestão, principalmente por meio de uma governança robusta e um conjunto efetivo de políticas e normas corporativas. Em 2019, revisaram a Estratégia de Sustentabilidade considerando os principais desafios e tendências globais, a percepção dos stakeholders, os objetivos de negócios da Organização, e as principais agendas nacionais e internacionais de desenvolvimento sustentável – especialmente os ODSs da ONU.
Raízen
Raízen é uma empresa integrada de energia que produz e comercializa etanol, açúcar, combustíveis e bioenergia. Eles possuem um plano com 10 temas de ESG que consideram estratégicos. Um deles é a redução da captação de água e da pegada de carbono do etanol e açúcar.
Natura
Segundo a Money Times, a Natura investiu US$1 bilhão em notas vinculadas a metas de sustentabilidade, que incluem a redução da pegada de carbono durante as atividades de produção e o aumento da porcentagem de plástico reciclado nas embalagens.
Vivo
A Vivo também é um destaque em ESG no cenário nacional. A empresa já zerou a emissão de carbono, consome energia 100% renovável, está ampliando o número de usinas de biogás, solar e hídrica. A ideia é conseguir utilizar esses recursos para abastecer mais de 30 mil unidades da operadora, o que equivale a 89% do uso total. Por isso, a Vivo é uma empresa que contribui ativamente para o meio ambiente, minimizando seus impactos.
O ESG é um assunto muito importante para as empresas. Além dessa prática impactar positivamente a qualidade de vida dos colaboradores, ela também é muito relevante para a comunidade onde a empresa está inserida. Investir nessas ações melhora o engajamento, a capacidade de reter talentos e a imagem da organização perante o mercado. Esse tipo de prática extrapola a questão do lucro e traz o propósito para a vida e a rotina dos profissionais. E vale sempre lembrar que as organizações só alcançam resultados extraordinários quando os colaboradores estão felizes, motivados e inspirados a fazer o melhor que podem.
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