A síndrome de burn on surgiu recentemente entre as discussões no mundo corporativo, mas seus efeitos já acometem os profissionais há anos. Caracterizada como uma mistura de burnout e depressão, os sintomas dessa condição incluem apatia, cansaço em demasia e sentimento constante de desesperança.
Segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), atualmente, estima-se que 40% dos trabalhadores brasileiros sofram de burnout – e o burn on não deve estar longe.
As discussões sobre o tema vêm se ampliando em um momento em que a produtividade a qualquer custo se tornou especialmente danosa para o bem-estar dos profissionais. Afinal, hoje em dia, os avanços tecnológicos dão suporte a cenários cada vez mais exaustivos para os colaboradores. O home office, por exemplo, faz com que muitos aumentem a carga horária; já a conectividade a dispositivos mobile faz com que muita gente já dê início à rotina no transporte a caminho do trabalho.
Esse ritmo frenético tem um alto custo: profissionais cada vez mais cansados, estressados e esgotados. Nesse cenário, surgem outras condições psicossomáticas como a síndrome do pensamento acelerado (SPA) e surtos de doenças dessa ordem, como depressão, ansiedade, o burnout propriamente dito e o burn on, que pode ser considerado outra faceta do mesmo problema.
Mas, afinal, como identificar o burn on nas equipes e o que fazer para evitar que essas condições se desenvolvam? É o que você vai descobrir no artigo de hoje. Boa leitura!
- O que é burn on?
- Diferenças entre burn on e burn out
- Quais são os sintomas do burn on?
- Principais causas do burn on
- Como identificar profissionais com burn on?
- Perfis comportamentais e o burn on
- Como evitar que o burn on afete a sua empresa?
O que é burn on?
A síndrome de burn on é uma condição psicossomática associada ao estresse crônico oriundo das rotinas intensas de trabalho. O nome vem da união de duas palavras em inglês, que fazem alusão a uma espécie de queimadura de dentro para fora. O distúrbio, que pode ser considerado um “primo” do burnout, descreve uma condição caracterizada, sobretudo, pela fadiga extrema oriunda da rotina de trabalho – que, mais cedo ou mais tarde, conduz a um estado depressivo.
Entretanto, no burn on, não há um pico de esgotamento; os sintomas são vivenciados de forma constante; quase como algo passivo. Pessoas com burn on podem estar à beira da exaustão e do colapso físico e mental, mas elas continuam trabalhando normalmente e buscam esconder o desgaste dos colegas. Os profissionais continuam sorrindo, se mostram presentes e proativos, mas, por dentro, estão em frangalhos.
Por não se manifestar em “crises”, o burn on se torna especialmente perigoso. Quem desenvolve a doença tende a não se afastar com atestado médico nem fazer pausas para se recuperar da condição. Justamente por isso, o distúrbio acaba ocasionando outros problemas, como pressão alta, enxaquecas constantes, bruxismo e até mesmo crises de ansiedade.
Os autores que cunharam o termo “burn on” o caracterizam como uma “depressão mascarada” e uma “exaustão crônica”. Aqui, a chave para a manifestação do distúrbio está no estresse não gerenciado, em demasia e relacionado à rotina laboral. E, em tempos em que a cultura da agitação é cada vez mais frequente, essa e outras doenças ocupacionais vêm sendo debatidas.
No cenário corporativo atual, muitas empresas estimulam os profissionais a trabalharem ininterruptamente pela maior quantidade de tempo que conseguirem. Isso inclui dedicar a maior parte dos dias ao trabalho, sempre se preocupando em entregar mais em menos tempo. Não importa se o profissional está no escritório, em casa ou em ambientes de coworking; a ideia é estar sempre “em movimento”. Evidentemente, esse é um dos grandes motivos pelos quais o burnout e o burn on têm sido tão frequentes.
Origem do burn on
O termo apareceu pela primeira vez no livro “Burn On: Sempre à beira do Burn Out – O sofrimento não reconhecido e o que ajuda contra ele” (tradução livre do título alemão), escrito pelos psiquiatras Timo Schiele e Bert te Wildt. Por ora, o volume ainda não tem versão em português, mas entrevistas com os autores permitem entender essa condição com mais profundidade.
Em uma delas, os autores afirmam que, com o burn on, “os pacientes estão sempre à beira de um colapso, mas eles seguem em frente e cultivam, por trás de um sorriso, um tipo diferente de exaustão e depressão”.
Diferenças entre burn on e burnout
O burn on pode ser considerado uma “versão” do burnout, uma vez que as condições acontecem de forma bastante similar. Aliás, a doença é entendida como um estado constante de exaustão física, mental e emocional, sendo especialmente propício em situações de trabalho emocionalmente exigentes. Alguns dos sintomas comuns associados ao distúrbio são fadiga constante, desânimo, dificuldade de concentração, enrijecimento muscular e até mesmo dores físicas.
Como o burnout também descreve um processo de degradação mental, é comum que a pessoa acometida por ele tenha dificuldade de processar e reter informações – o que acarreta um quadro de esquecimento. Logo, quem é atingido pela doença precisa gastar ainda mais energia para conseguir realizar suas tarefas, o que leva a um ciclo vicioso em que há maior esforço e, consequentemente, mais esgotamento. O burn on também é caracterizado por todas essas questões.
Na prática, o burnout eleva tanto os níveis de estresse que, eventualmente, a pessoa tem uma crise, em que fica incapacitada de trabalhar. Nesse caso, todos os sintomas se misturam e ela, durante um período, perde a capacidade produtiva. Caso diagnosticado, o burnout pode ser motivo para tirar licença médica.
Já o burn on é mais discreto e silencioso. Dificilmente a pessoa acometida chegará a um extremo, o que torna mais difícil fazer o acompanhamento da condição. Entretanto, ela continua trabalhando, se empenhando, perdendo noites de sono, sofrendo com diferentes sintomas e agindo como se nada estivesse acontecendo.
Quais são os sintomas do burn on?
Princípio depressivo
Quando uma pessoa desenvolve burn on, sua vida fica limitada e confinada às questões do trabalho, deixando todo o resto de lado. Isso faz com que ela desenvolva uma espécie de princípio depressivo e, aos poucos, perca o interesse pelos outros aspectos da vida. Sentimentos como vazio, desespero, falta de energia e até dificuldade de encontrar um propósito estão largamente associados à condição.
Negligência consigo mesmo
Pessoas acometidas pelo burn on tendem a ser negligentes consigo mesmas. Isso vai desde a impossibilidade de fazer algo que gostam até questões de saúde, aparência física e estética. Como não sobra muita energia, essas pessoas abrem mão de fazer o que gostam e podem ter dificuldades para manter rotinas de exercícios e autocuidado, por exemplo.
Workaholismo
O workaholismo é uma condição que caracteriza o profissional viciado e compulsivo em trabalhar. São pessoas que, sem nem mesmo perceber, baseiam toda a vida e a satisfação pessoal nos seus objetivos profissionais. Por isso, elas adotam cargas horárias absurdas, excesso de metas e desenvolvem um tipo de obsessão pelo trabalho – algo que, eventualmente, as leva à ruína em termos de saúde mental, física e emocional. Por isso, o workaholismo é uma característica latente em quem tem burn on.
Isolamento social
Um dos sintomas mais expressivos do burn on é a falta de energia, o que gera outros problemas, como o isolamento social. Afinal, quando essas pessoas se sentem exaustas, é comum que abram mão de atividades que não estejam relacionadas ao trabalho. Sair com os amigos, por exemplo, é difícil quando as pessoas ficam tão esgotadas que, quando não estão trabalhando, pensam apenas em dormir. Aos poucos, os vínculos afetivos vão sendo impactados e, com o tempo, o profissional vai se isolando cada vez mais.
Falta de tempo para hobbies
A mesma lógica se aplica aos hobbies da pessoa acometida pelo burn on. Como ela perde a energia, o interesse em atividades de lazer também diminui. Afinal, quando finalmente tem um tempo livre, ela tende a fazer qualquer coisa onde entenda que não demande esforço, em que não precise “forçar o cérebro”. Assim, progressivamente, ela tende a escolher atividades em que ação e interação sejam mínimas – como passar o tempo no feed das redes sociais, por exemplo.
Irritabilidade, apatia e desinteresse
É comum que pessoas acometidas pelo burn on se sintam irritadiças, uma vez que o desgaste faz com que elas tenham menos controle sobre suas emoções. Além disso, mudanças repentinas de humor também são um sintoma frequentemente associado ao problema. É comum que esses profissionais assumam uma postura de apatia em relação à vida, eventualmente se distanciando das relações e separando pouco (ou nenhum) tempo para o próprio lazer.
Síndrome do impostor
Pessoas com burn on se cobram muito – tanto que elas desenvolvem uma forte tendência à síndrome do impostor. Esse é um distúrbio marcado principalmente por um misto de sentimentos negativos em relação ao seu desempenho, normalmente em contextos que envolvem o trabalho. Entre eles, estão a sensação constante de fraude, de não estar à altura do cargo que ocupa e a incapacidade de reconhecer suas próprias competências e conquistas.
Dificuldade de processar e reter informações
Profissionais acometidos pelo burn on normalmente estão no limite de sua capacidade mental. Por isso, eles podem ter problemas relacionados a foco e aprendizado, além do processamento e retenção de informações. Isso pode fazer, por exemplo, com que o indivíduo precise ler diversas vezes um parágrafo de um texto simples para entender sobre o que está sendo falado. E quando há a necessidade de aprender algo novo, a condição pode ser especialmente desafiadora.
Problemas para dormir
Dificuldade em dormir também é um sintoma muito comum do burn on, uma vez que a síndrome está diretamente relacionada a altos níveis de estresse e ansiedade. Vale mencionar que essa questão pode ficar ainda pior se, em conjunto com o distúrbio, o profissional também desenvolver a síndrome do pensamento acelerado, cujo principal sintoma é a dificuldade para diminuir o ritmo do cérebro. Nestas condições, mesmo exausta, a pessoa não consegue relaxar quando se deita na cama para dormir.
Sentimento de culpa
Todos esses fatores fazem com que a pessoa com burn on comece a nutrir um sentimento de culpa. Afinal, ela se distancia dos amigos e família, não tem tempo para cuidar de si mesma, começa a notar a autoestima caindo, bem como a produtividade e os resultados obtidos no trabalho. Como está em desequilíbrio, tudo vira uma grande bola de neve, o que afeta diretamente a saúde mental e a qualidade de vida do indivíduo.
Principais causas do burn on
Assim como acontece no burnout, a principal causa para o burn on é o excesso de trabalho. De acordo com os autores, pessoas que trabalham em condições em que precisam fazer muitas horas extras, por vezes acompanhadas de um alto nível de responsabilidade, são as mais propensas a desenvolver a condição.
Cabe ressaltar que o burn on aparece em um momento em que existe um estímulo à produtividade a qualquer custo. A já mencionada cultura da agitação, que reflete uma mentalidade cultivada tanto dentro quanto fora das empresas, é a prova disso. Além de as empresas estimularem os profissionais a trabalharem até o esgotamento, também existe uma série de práticas sociais que incentivam que a pessoa praticamente se mate de tanto trabalhar.
Muitas vezes, o workaholismo é visto como algo positivo, aceito socialmente ainda que ele comprometa a saúde física e mental do indivíduo. Esse ponto de vista tem se tornado mais fácil de adotar devido aos avanços tecnológicos, que possibilitam o trabalho remoto e a qualquer momento. E esse “estilo de vida”, que transforma os trabalhadores em verdadeiros dependentes do trabalho, é amplamente celebrado. Nesse cenário, perder noites de sono, comer de forma inadequada e não ter momentos de lazer é visto como algo natural – e, por vezes, até desejável.
Como resultado, muitas pessoas acreditam que precisam se tornar verdadeiras máquinas de produção para alcançar bons resultados. Se isso não ocorre, a culpa recai exclusivamente sobre o profissional, que é visto como alguém que não se esforçou o suficiente, mesmo que tenha sacrificado sua saúde física e mental no processo.
Não à toa, movimentos como o “quiet quitting” e a “Great Resignation” se espalharam globalmente nos últimos anos. Com isso, fica claro como essa filosofia pode impulsionar a epidemia dos “burns” ao redor do mundo. Afinal, por mais que os profissionais se esforcem ao máximo, no fim das contas, ainda são humanos. E, mais cedo ou mais tarde, o preço de sacrificar a própria vida em prol do trabalho acaba sendo cobrado.
Como identificar profissionais com burn on?
O burn on é uma forma crônica de esgotamento mental – e, por isso, não impede os profissionais de continuarem trabalhando, como acontece com o burnout. Como não há crises, pode ser mais difícil identificar os sinais de quem está sofrendo com o burn on.
Entretanto, observando a rotina do profissional, é importante ter atenção a alguns pontos:
- Sinais de fadiga constante, mesmo após períodos de descanso, como finais de semana, feriados ou dias de folga;
- A pessoa costuma abrir mão de atividades de lazer ou eventos em sua vida social para continuar trabalhando;
- Problemas constantes de concentração e perda de memória;
- O profissional apresenta impaciência e irritabilidade;
- Dificuldade considerável em estabelecer limites, fazendo com que essa pessoa aja de forma permissiva, chegando a abdicar da qualidade de vida para trabalhar;
- Os turnos começam a ficar mais longos e o profissional faz muitas horas extras;
- Dedicação em demasia ao trabalho, beirando a obsessão;
A síndrome de burn on afeta especialmente profissionais que se responsabilizam por outras pessoas. Por isso, é importante ter um olhar especialmente atento para líderes, gestores e profissionais da área da saúde.
Perfis comportamentais e o burn on
O comportamento humano se apresenta de maneira distinta em cada pessoa. O modo com que ela age e reage diante de estímulos, situações e emoções é determinado por seu perfil comportamental. É isso que determina, por exemplo, por que algumas pessoas se sentem energizadas na interação social enquanto outras preferem o isolamento para se recuperar de um longo dia. Há quem se sinta confortável em situações de risco e incerteza, enquanto outros têm pavor de imaginar situações em que não haja segurança e estabilidade. Há quem lide com imprevistos até com facilidade, enquanto outras pessoas frustram com qualquer desvio de seus planos. Esses são apenas exemplos de diferentes estilos comportamentais, mas não chegam nem perto de abranger a complexidade do comportamento humano em sua totalidade.
De acordo com a Metodologia DISC, uma das ciências comportamentais mais relevantes do mundo, o comportamento humano pode ser analisado a partir de quatro fatores fundamentais: Dominância, Influência, Estabilidade e Conformidade. Cada um deles possui características próprias que, em conjunto, moldam o perfil de uma pessoa. Vale destacar que todos nós possuímos, em maior ou menor grau, os quatro fatores do DISC. Entretanto, é a maneira como combinamos e utilizamos esses fatores que define nosso perfil comportamental.
Existem pessoas mais e menos propensas a desenvolver o burn on. Em uma perspectiva geral, é importante ficar atento a algumas tendências.
Dentre elas, destacamos:
Dominância
A alta Dominância é marcada pela ambição, assertividade e pelo apreço por desafios. Esses são indivíduos autocentrados e que focam, sobretudo, nos resultados. Por isso, eles têm uma tendência a trabalhar muito e, também, a estabelecer esse como um lugar de prioridade na vida, buscando autoafirmação a partir dos resultados e conquistas. Na busca incansável por resultados, podem ser lidos como pessoas difíceis de lidar e ter dificuldade de formar vínculos, o que pode acabar desencadeando um certo isolamento. Todos esses fatores tornam os dominantes suscetíveis ao burn on.
Influência
A Influência é o fator marcado pela alta sociabilidade, extroversão e dinamismo. São pessoas que gostam de se relacionar e se comunicar. Por isso, eles costumam atribuir às relações e interações sociais um peso importante na vida, sendo uma das maiores prioridades e a principal fonte de energia. Para esse perfil, é mais difícil abrir mão dos relacionamentos para priorizar o trabalho. Por isso, tendem a ser menos suscetíveis ao burn on – ainda que isso não seja uma regra.
eStabilidade
A eStablidade é marcada pela persistência, paciência e por um aspecto introspectivo, mas empático. Essas são pessoas que prezam pela responsabilidade e gostam de construir boas relações, apesar de terem postura mais reservada. Na prática, a empatia e persistência em excesso podem fazer com que eles tolerem condições adversas até quando não deveriam. Por isso, podem estar exaustos, mas dificilmente vão “largar o osso” – sobretudo quando se sentem responsáveis e sabem que os colegas contam com eles. Esse é um perfil com características que o tornam particularmente afeito a “fazer sacrifícios” no trabalho e, consequentemente, pode ser acometido com mais facilidade pelo burn on.
Conformidade
A Conformidade é o fator marcado pela introversão, mas com foco em lógica e análise. Essas são pessoas metódicas, perfeccionistas, estratégicas e que gostam de seguir regras. Pouco voltados para a construção de vínculos, eles podem ter uma tendência ao isolamento que, em tese, pode contribuir para o burn on. Entretanto, são pessoas que gostam de seguir regras, tendo dificuldade para lidar com situações em que elas não são aplicadas. Por isso, pode ser que se recusem a ficar mais horas no trabalho do que vão receber, por exemplo. Logo, a Conformidade tem características que podem funcionar das duas formas – e a propensão ao burn on vai depender de como os profissionais lidam com as tendências.
Para saber mais sobre as especificidades de cada perfil da Metodologia DISC e a propensão ao burn on, o Etalent Pro é fundamental. Nele, há uma série de informações aprofundadas sobre características, motivações e como cada um dos fatores se relaciona com o trabalho.
Como evitar que o burn on afete a sua empresa?
O burn on não afeta apenas os profissionais – como interfere na produtividade, essa condição atinge diretamente os resultados das organizações. Nada mais natural, uma vez que colaboradores doentes precisam, mais cedo ou mais tarde, diminuir o ritmo produtivo. Ainda que essa doença especificamente tenha uma questão de compulsão envolvida – que pode fazer com que alguns gestores acreditem que essa condição é, de alguma forma, benéfica – o resultado é sempre o mesmo: colapso físico e mental.
Para evitar que essa condição atinja os profissionais, é fundamental que as organizações invistam em ações pensadas no bem-estar corporativo e na qualidade de vida.
Avaliar os índices de felicidade e satisfação
O primeiro passo para mitigar a ocorrência de qualquer condição psicossomática nas equipes é analisar constantemente a saúde mental e emocional dos profissionais. E existem diversas maneiras de fazer isso: com conversas formais, informais, acompanhamento conjunto com o RH e com pesquisas internas que mapeiam o clima organizacional e a satisfação dos colaboradores. Essa é a proposta do Mapeamento do Clima Comportamental, que explicita pontos como a felicidade, a motivação e a forma com que os profissionais relacionam seus talentos aos seus cargos.
Estabelecer limites
Ter limites bem definidos é importante para que os profissionais não normalizem jornadas estendidas e trabalhar durante os finais de semana, por exemplo. E parte dessa responsabilidade é da empresa, que deve reforçar essas questões internamente e treinar lideranças que as sustentem.
Líderes mal treinados podem acabar estimulando esse tipo de comportamento imaginando que, quanto mais tempo o profissional trabalha, mais esse produz. No entanto, o próprio Bert te Wildt afirmou, durante entrevista, que cada pessoa “precisa se perguntar o que está preparado para dar, fazer e o que claramente excede suas limitações, e, então, traçar os limites” para evitar o problema.
Investir em tecnologias e automações
Não é novidade que as automações e tecnologias são importantes para manter a alta produtividade em uma empresa. Entretanto, pouco se fala que esse tipo de cuidado também é uma forma de evitar a sobrecarga para os profissionais. Por isso, é importante investir em tecnologias que possam liberar os profissionais de funções burocráticas, repetitivas e maçantes, para que eles possam gerir melhor o próprio tempo e tenham rotinas de trabalho menos exaustivas.
Aderir a modelos de gestão humanizados
A gestão humanizada também é muito importante nesse contexto. Esse é um modelo de gerenciamento de pessoas cujo foco está no bem-estar e na qualidade de vida. Empresas que aderem ao modelo humanizado tratam os profissionais como pessoas, não máquinas. Isso significa que suas necessidades são levadas em consideração e respeitadas pela organização. Logo, as lideranças acompanham os colaboradores para que eles não extrapolem a carga horária (já que entendem a importância do descanso), oferecem acompanhamento psicológico e ficam atentas ao aparecimento dos sintomas do burn on.
Incentivar o diálogo
O incentivo ao diálogo também é importante tanto para prevenir quanto para mitigar a ocorrência de burn on. Afinal, se os colaboradores se sentem seguros de contar às lideranças quando estão exaustos, os gestores podem oferecer o apoio necessário ou, dependendo da situação, até rever processos e responsabilidades. Quando a cultura organizacional estimula o diálogo, o próprio gestor pode notar os sinais de burn on e conversar com o colaborador para entender melhor o que está acontecendo e como contornar o problema, se necessário.
Oferecer salários e benefícios competitivos
A necessidade financeira é um motivo amplamente citado em pesquisas que analisam o vício em trabalhar. Em uma realidade como a brasileira, onde há uma enorme desigualdade social e as oportunidades não são as mesmas para todos, é muito comum ver pessoas aumentando a carga horária na esperança de conseguirem destaque na carreira ou de, simplesmente, aumentar a renda.
A questão é que isso pode levar a um ciclo vicioso que desencadeia problemas como o burn on e burnout. Por isso, é fundamental que as empresas ofereçam salários e benefícios competitivos para seus colaboradores. Assim, elas mitigaram a necessidade de trabalhos extras em momentos em que os profissionais deveriam estar descansando, por exemplo.
Incentivar um estilo de vida saudável e equilibrado
Outro ponto que também deve ser levado em consideração é o estímulo a uma vida saudável. A empresa pode adotar esse como um dos valores da cultura, oferecendo, se possível, espaços para que os colaboradores se exercitem ou realizem atividades ao ar livre. Ambientes para descompressão e atividades específicas para o gerenciamento de estresse também são recomendadas. Além disso, é interessante usar recursos como palestras e workshops para tratar de temas como rotinas de trabalho positivas, saúde mental e qualidade de vida.
Priorizar a qualidade de vida na cultura organizacional
A cultura organizacional de uma empresa expressa sua identidade, valores e a forma com que ela conduz o seu Capital Humano. Como vimos, existem empresas que estimulam a produtividade a qualquer custo como parte de sua cultura, normalizando condutas como jornadas de trabalho extensas e falta de descanso. Da mesma forma, há organizações que estabelecem regras rígidas de controle de horas trabalhadas, incentivando os profissionais a serem mais cuidadosos com a saúde mental e impedindo que eles se desgastem em demasia. Essa mentalidade deve ser considerada como um valor interno – de forma que possa ser defendida e seguida por todos.
Criar programas de saúde mental
Programas de saúde mental são iniciativas e ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida dos profissionais. Isso envolve práticas que corroborem a segurança psicológica dos colaboradores, canais de comunicação abertos, relações transparentes, palestras e workshops para a conscientização da importância de manter a saúde mental em dia, além de, evidentemente, políticas de inclusão e colaboração na cultura organizacional.
Investir no alinhamento entre cargos e funções
A gestão pelo comportamento também tem um papel fundamental na prevenção das doenças psicossomáticas. Isso porque cada profissional tem um perfil comportamental distinto, que pode ser mais ou menos adequado ao cargo que desempenha. Quando as características naturais de um profissional convergem com as atividades da sua função, a relação criada é positiva e segue os princípios da ecologia humana.
Todavia, quando as competências postas em prática no exercício da função contradizem que lhe é natural, o que acontece é o exato oposto: o trabalho se torna desgastante. Lutar continuamente contra a própria natureza é um agravante para o estresse e, portanto, para a exaustão.
A síndrome de burn on é uma condição séria que pode afetar qualquer profissional. Por isso, é fundamental dar atenção ao ambiente de trabalho e ao comportamento da equipe para adotar medidas que ajudem a mitigar o problema. Prevenir essa condição passa por pontos como investir na adequação comportamental entre profissionais e seus cargos, em qualidade de vida e fazer uma gestão focada nas pessoas. Só assim, é possível criar ambientes de trabalho onde os colaboradores sejam saudáveis, engajados e altamente produtivos.
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Guia completo da Metodologia DISC
Fernanda Misailidis
Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.