O burnout é uma doença ocupacional que vem se espalhando no mundo inteiro. A condição é caracterizada pelo estresse e a degradação mental trazidas por rotinas de trabalho intensas, que levam os colaboradores ao seu limite. 

Por mais que muitos profissionais ainda não conheçam a doença pelo nome, no Brasil, de acordo com esse estudo realizado pelo International Stress Management Association do Brasil (ISMA-BR) e publicado na revista Exame, o burnout já atinge cerca de 32% da população.

A explosão dessa condição acontece em um momento em que a produtividade a qualquer custo se tornou especialmente danosa para o bem-estar das pessoas, já que os avanços tecnológicos dão suporte a cenários cada vez mais exaustivos para os colaboradores. 

O ritmo frenético de consumo e produção faz com que os profissionais estejam mais cansados, estressados e esgotados. A partir desse ponto, surgem problemas como a síndrome do pensamento acelerado (SPA) e surtos epidêmicos de doenças de ordem psicossomática, como depressão, ansiedade, além, é claro, do burnout. 

Por outro lado, a preocupação com os altos índices de burnout e outras doenças aparece em um momento em que a saúde mental é um tópico relevante para pessoas e organizações. Desde que conceitos como o RH 5.0, que propunha uma visão mais humanizada sobre profissionais de uma empresa, surgiram, muito vem mudando sobre a forma com que as organizações enxergam seus colaboradores e suas necessidades. 

Se antes, as motivações e estado de saúde física e mental eram deixados de lado em prol de sistemas de produção massivos, hoje, entende-se amplamente que investir na qualidade de vida dos profissionais é a única forma de mantê-los saudáveis e produtivos. 

Daí a importância do RH e das lideranças atuarem para prevenir esse tipo de condição. Para saber mais sobre o burnout, leia o nosso artigo de hoje! 

O que é a síndrome de burnout?

A síndrome de burnout é um distúrbio associado aos altos níveis de cansaço e estresse causados pelas rotinas de trabalho. O nome vem da união de duas palavras em inglês: burn (“queimar”) e out (“fora”). Ou seja, a doença acontece como um “incêndio” de dentro para fora, sendo o psicológico a primeira parte acometida pelo problema. Esta condição é psicossomática, ou seja, ela se origina a partir de um quadro mental, mas seus efeitos são sentidos no corpo. 

A síndrome é descrita como um estado constante de exaustão física, mental e emocional, sendo especialmente propício em situações de trabalho emocionalmente exigentes. Alguns dos sintomas comuns associados ao distúrbio são fadiga constante, desânimo, dificuldade de concentração, enrijecimento muscular e até mesmo dores físicas. 

Como o burnout também descreve um processo de degradação mental, é comum que a pessoa acometida por ele tenha dificuldade de processar e reter informações – o que acarreta, inclusive, um quadro de esquecimento. Logo, quem é atingido pela doença precisa gastar ainda mais energia para conseguir realizar suas tarefas, o que leva a um ciclo vicioso em que há maior esforço e, consequentemente, mais esgotamento. 

O burnout passou a ser visto como um problema recentemente. Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o distúrbio como um fenômeno ocupacional, o que fez com que a síndrome fosse incluída na lista de fatores que influenciam a saúde na 11ª Classificação Internacional de Doenças (CID-11) em 2022.

Esse reconhecimento fez com que o burnout deixasse de ser tratado como uma ramificação de doenças como depressão e ansiedade e se tornasse um transtorno independente, vinculado ao estresse crônico. De acordo com uma pesquisa da OMS, publicada nesta matéria do G1, a queda de produtividade oriunda da doença provoca prejuízos anuais de US$1 trilhão no mundo inteiro. Por isso, atualmente, a condição já é tratada como uma doença ocupacional

O termo “burnout” foi criado na década de 1970 pelo psicólogo estadunidense Herbert Freudenberger. Na época, ele o usou para descrever as consequências do estresse de profissionais que se desgastavam exageradamente em seus respectivos trabalhos que, por conta disso, acabam ficando tão exaustos que se tornavam apáticos. Os principais objetos de estudos para Freudenberger eram médicos e enfermeiros da época.

Entretanto, nos moldes mais modernos, essa condição já não depende de área ou profissão específica. Essa matéria da BBC relata, inclusive, que o transtorno atinge principalmente mulheres porque, em geral, elas são submetidas a jornadas múltiplas de trabalho: além das atividades profissionais, cuidam da casa e da família. É válido reiterar que não existe um fator biológico que torne as mulheres mais suscetíveis ao burnout; o acometimento se dá pelas estruturas sociais sexistas em que estão inseridas.

 

Diferenças entre burnout, estresse e depressão

Apesar de serem questões intimamente ligadas e até confundidas por muitas pessoas, estresse ocupacional, burnout e depressão são condições bem distintas. 

O estresse no trabalho é uma consequência de rotinas de trabalho desequilibradas, cansativas e de ambientes hostis. Nesse cenário, ocorre a diminuição da produtividade por conta do desgaste, além de ser o primeiro passo para doenças mais graves.

Já o burnout se configura como uma condição de estresse extremo, em que a pessoa já se desgastou tanto a ponto de ficar apática. Por isso, os sintomas da síndrome são bem mais nítidos, como dificuldade de assimilação, concentração, dores físicas e irritabilidade. 

A depressão é uma patologia incapacitante caracterizada pela tristeza profunda e pelo sentimento de desesperança. Esta é uma doença perigosa, que pode nunca desaparecer – se não for tratada, pode gerar consequências trágicas. Apesar de se manifestar de formas diferentes em cada pessoa, é comum que indivíduos depressivos apresentem sintomas como distúrbios de sono e de apetite, oscilações de humor, baixa autoestima, apatia, desinteresse e falta de perspectiva. Condições de desequilíbrio psíquico e emocional, como altos níveis de estresse ou até mesmo o burnout podem desencadear esse problema. Contudo, o contrário também acontece: pessoas depressivas são mais suscetíveis ao aparecimento de outras doenças, sobretudo quando não fazem acompanhamento médico e psicológico. 

 

Números do burnout no Brasil

De acordo com um levantamento feito pela Internacional Stress Management Association (ISMA) e publicado nesta matéria do jornal Estado de Minas, o Brasil é o segundo país mais afetado pelo burnout, com 30% da população trabalhadora sofrendo com os sintomas da síndrome – o número estimado indica 30 milhões de pessoas. No estudo, o Brasil perde apenas para o Japão, que tem cerca de 70% dos profissionais acometidos pelo burnout. 

Outro número que chama a atenção é que, em setembro de 2023, o Brasil ocupava a primeira posição entre as nações que mais procuram informações sobre a doença na Internet (recorte dos últimos 12 meses), seguido por Suíça, Áustria, Holanda e Alemanha. De acordo com o Google Trends, ferramenta que monitora as pesquisas feitas no buscador, o Brasil registrou o maior interesse sobre o assunto no primeiro semestre de 2023. Outro fato curioso é que as pesquisas sobre o assunto quadruplicaram em cinco anos

Isso não acontece à toa. Algumas pesquisas apontam o Brasil como um dos países em que os níveis de estresse com trabalho são os mais altos do mundo. De acordo com o estudo do ISMA, o Brasil ocupa o primeiro lugar entre os países ocidentais onde há maior nível de estresse com o trabalho. Outro estudo, realizado pelo Instituto de Psicologia e Controle do Stress (IPCS), aponta que 34% dos brasileiros lidam diariamente com o estresse excessivo – e, para quase 17% deles, o terceiro maior motivador para essa condição é a sobrecarga no trabalho

 

Principais causas do burnout nas empresas

Por mais que sejam grandes motivadores para a síndrome, o estresse e a sobrecarga não são as únicas questões que levam uma pessoa a desenvolver a síndrome de burnout. A experiência de trabalho em si pode ser muito desgastante – desde a definição das atividades exercidas por cada profissional até a cultura da empresa como um todo. Por isso, pontos como a remuneração, relações interpessoais, clima organizacional e até planos de carreira podem ser motivos para desencadear o problema.

De acordo com a pesquisa Employee Burnout: The Biggest Myth, conduzida pela Gallup, são cinco as principais causas da síndrome: injustiças no trabalho, sobrecarga, problemas de comunicação com os líderes, falta de suporte da gestão e pressão. Esses fatores mostram que existem diversos comportamentos tóxicos atrelados à cultura da empresa que podem acabar prejudicando a saúde mental dos colaboradores. 

O sentimento de injustiça pode, por exemplo, fazer com que um colaborador se sinta ludibriado por se esforçar muito sem ter retorno por isso – o que, em longo prazo, faz com que ele se sinta desvalorizado e frustrado. Esse cenário fica ainda pior caso o profissional se sinta desamparado e pressionado a melhorar os resultados, ainda que esteja infeliz.

Também é válido mencionar que o burnout pode surgir por conta do esgotamento em relação aos diferentes âmbitos da vida. Por isso, o colaborador que trabalha em uma empresa saudável também está suscetível a desenvolver o problema caso os outros aspectos de sua vida estejam em desequilíbrio. Não ter tempo para ver a família, não conseguir praticar atividades de lazer e ter que se desdobrar para dar conta das tarefas domésticas, por exemplo, também pode fazer com que o colaborador desenvolva o  burnout.  

É importante mencionar, ainda, que a falta de adequação entre o cargo desempenhado e as competências comportamentais do profissional também tem um papel expressivo em fazer com que essa síndrome atinja números alarmantes. Afinal, profissionais que exercem funções divergentes das características de seu perfil comportamental precisam gastar mais energia para realizar o seu trabalho. 

Nem é preciso muito para entender essa lógica: basta imaginar uma pessoa introspectiva tendo que lidar com pessoas o tempo inteiro. Ou mesmo o contrário: alguém muito sociável tendo que passar o dia isolado em uma sala, sem interação com os colegas. Nada impede que esses profissionais façam um bom trabalho caso se dediquem a isso; contudo, o custo emocional e psíquico, e o esforço vão ser muito mais altos sob essas condições. 

Em suma, é possível atribuir os altos números de burnout a questões como:

  • Cultura organizacional tóxica;
  • Liderança despreparada;
  • Falta de adequação comportamental;
  • Falta de incentivo ao desenvolvimento;
  • Infelicidade e insatisfação com o trabalho;
  • Pressão e cobrança
  • Sobrecarga;
  • Desequilíbrio entre vida pessoal e profissional;
  • Falta de atenção com a qualidade de vida;
  • Ambiente de trabalho tóxico;
  • Culto à produtividade a qualquer custo. 

Cultura da agitação e burnout

A ideia da produtividade a qualquer custo, inclusive, merece um tópico exclusivo. Afinal, hoje em dia, há um fenômeno chamado cultura da agitação (do inglês “hustle culture”), que expressa uma mentalidade, semeada tanto dentro das empresas quanto fora delas, em que é preciso trabalhar ininterruptamente pela maior quantidade de tempo que for capaz. Isso inclui dedicar a maior parte dos dias ao trabalho, sempre se preocupando em entregar mais em menos tempo. Não importa se o profissional está no escritório, em casa ou em ambientes de coworking; a ideia é estar sempre “em movimento”. É daí que vem o nome, inclusive.

Esse tipo de perspetiva acaba sendo facilitada pelos avanços tecnológicos, que permitem trabalhar de praticamente qualquer lugar e a qualquer momento. E o “estilo de vida” que transforma os profissionais em verdadeiros viciados em trabalho é celebrado e incentivado não apenas pelas empresas, como pela sociedade como um todo. Nesse contexto, perder noites de sono, se alimentar mal e não ter momentos de lazer foi completamente normalizado. 

Por isso, diversos profissionais acreditam que precisam se transformar em máquinas de trabalhar para que consigam melhores resultados. Caso isso não aconteça, a culpa é única e exclusiva do colaborador que não se esforçou o suficiente, ainda que tenha aberto mão da saúde física e mental para isso. Não à toa, uma série de movimentos anti-work, como o quiet quitting e a Great Resignation, tomaram o mundo nos últimos anos. 

Assim, fica fácil entender como essa filosofia favorece a epidemia de burnout no mundo inteiro. Afinal, por mais que ajam como máquinas, ao fim do dia, os profissionais ainda são seres humanos. E, mais cedo ou mais tarde, a conta por sacrificar tanto da própria vida em prol do trabalho acaba chegando. 

 

7 sinais da síndrome de burnout

Os sintomas da síndrome de burnout podem variar de pessoa para pessoa. Não é uma regra que todos os afetados pelo problema apresentem os mesmos sinais nem na mesma intensidade. Contudo, alguns sintomas comuns associados ao burnout são: 

Dores no corpo

As dores são um sintoma clássico do burnout. É comum que os afetados pelo distúrbio sintam tensão muscular constante, sobretudo nos ombros e na nuca. Além disso, quadros de enxaqueca, bruxismo e sensibilidade à luz também estão associados ao distúrbio.  

Lapsos de memória

Um dos sintomas mais perceptíveis do burnout são os lapsos de memória. Há diversos relatos de pessoas diagnosticadas com a síndrome que se esquecem das atividades de dias inteiros – para elas, as informações são completamente apagadas da memória como se nunca tivesse acontecido. Contudo, como o cérebro não consegue reter informações da mesma forma, o sintoma mais comum são pequenos esquecimentos cotidianos, como a necessidade fazer determinada tarefa, se falou (ou com quem falou) sobre determinado assunto, aniversários ou datas importantes. 

Fadiga constante

A exaustão do burnout é física, mental e emocional. Por isso, as pessoas nessas condições se sentem desanimadas, desmotivadas e cansadas, ainda que não tenham motivo óbvio para tal.

Dificuldade de processar e reter informações 

Pessoas que desenvolvem o burnout estão com as capacidades mentais no limite. Por isso, elas podem ter problemas específicos relacionados a foco, aprendizado, além das capacidades de processar e reter informações. Isso pode fazer com que o indivíduo, por exemplo, precise ler diversas vezes um parágrafo de um texto simples para entender sobre o que está falando. E quando há a necessidade de aprender algo novo, o burnout pode ser especialmente desafiador. 

Irritabilidade e apatia

É comum que pessoas afetadas pela síndrome também se sintam irritadiças, uma vez que o desgaste faz com que elas tenham menos controle sobre suas emoções. Além disso, mudanças repentinas de humor também são um sintoma frequentemente associado ao problema. É comum que os profissionais assumam uma postura de apatia em relação ao trabalho, se tornando, por vezes, indiferentes e desmotivados. A frustração com o trabalho e os sentimentos de inutilidade e incapacidade também costumam aparecer para quem desenvolve o burnout. 

Problemas para dormir 

Dificuldade em dormir também é um sintoma muito comum do burnout. Vale mencionar que essa questão pode ficar ainda pior se, em conjunto com o distúrbio, o profissional também desenvolver a síndrome do pensamento acelerado, cujo principal sintoma é a dificuldade para diminuir o ritmo do cérebro. Nestas condições, mesmo exausto, o profissional não consegue relaxar quando deita na cama.  

Alterações no apetite 

As alterações no apetite de pessoas com burnout envolvem os dois extremos: há quem perca completamente a vontade de comer e aqueles que tentam compensar o alto nível de estresse descontando na comida. Ambos os casos são considerados sintomas do distúrbio. 

 

Como evitar o burnout nas organizações?

O burnout é um problema que não afeta apenas os profissionais – ele também impacta diretamente as empresas. Afinal, colaboradores doentes produzem menos, ficam desmotivados com mais facilidade e podem até se tornar apáticos em relação ao trabalho, desconectando-se mentalmente de suas obrigações. Por isso, é fundamental que as organizações invistam em ações pensadas no bem-estar corporativo e na qualidade de vida. Algumas opções são:

Avaliar os índices de felicidade e satisfação

O primeiro passo para mitigar a ocorrência de burnout no Capital Humano é analisar constantemente a saúde mental e emocional dos profissionais. E existem diversas maneiras de fazer isso: com conversas formais, informais, acompanhamento conjunto com o RH e com pesquisas internas que mapeiam o clima organizacional e a satisfação dos colaboradores. Essa é a proposta do Mapeamento do Clima Comportamental, que explicita pontos como a felicidade, a motivação e a forma com que os cargos se relacionam com o comportamento de cada profissional. 

Para saber mais sobre o Mapeamento do Clima Comportamental, clique aqui.

Recomenda-se repetir o processo de tempos em tempos, sempre observando  mudanças internas e novos cenários que podem desencadear o distúrbio nos colaboradores.

Aderir a modelos de gestão humanizados 

A gestão humanizada também é muito importante para diminuir a incidência do burnout. Esse é um modelo de gerenciamento do Capital Humano cujo foco está no bem-estar e na qualidade de vida. Empresas que aderem ao modelo humanizado tratam os profissionais como pessoas, não máquinas. Nesse cenário, suas necessidades são levadas em consideração e respeitadas pela organização. Logo, as lideranças acompanham os colaboradores para que eles não extrapolem a carga horária (já que entendem a importância dos momentos de descanso), oferecem acompanhamento psicológico e ficam atentas aos sintomas desse distúrbio.

Oferecer salários e benefícios competitivos

A necessidade financeira é um motivo amplamente citado em pesquisas que analisam problemas como o vício em trabalho e o burnout. Em uma realidade como a brasileira, onde há uma enorme desigualdade social e as oportunidades não são as mesmas para todos, é muito comum ver pessoas aumentando a carga horária na esperança de conseguirem destaque na carreira ou de, simplesmente, aumentar a rentabilidade. A questão é que isso pode levar a um ciclo vicioso que desencadeia o burnout. Por isso, é fundamental que as empresas ofereçam salários e benefícios competitivos para seus colaboradores. Assim, elas mitigaram a necessidade de trabalhos extras em momentos em que os profissionais deveriam estar descansando, por exemplo, o que é fundamental para prevenir o distúrbio. 

Priorizar a qualidade de vida na cultura organizacional

A cultura organizacional de uma empresa expressa sua identidade, valores e a forma com que ela conduz o seu Capital Humano. Como vimos, existem empresas que estimulam a produtividade a qualquer custo como parte de sua cultura, normalizando condutas como jornadas de trabalho extensas e falta de descanso. Da mesma forma, há organizações que estabelecem regras rígidas de controle nesse sentido, incentivando os profissionais a serem mais cuidadosos com a saúde mental e impedindo que eles se desgastem em demasia. Ter esse tipo de preocupação é fundamental para fazer com que os profissionais não ultrapassem o seu limite e se tornem mais suscetíveis ao burnout.

A cultura de uma empresa também é importante para definir a forma com que as suas lideranças vão atuar, já que elas precisam ser aliadas na construção de boas condições de trabalho e na qualidade de vida dos profissionais. De nada adianta tentar implementar uma cultura humanizada tendo líderes tóxicos. 

Criar programas de saúde mental

Programas de saúde mental nada mais são do que iniciativas e ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida dos profissionais. Isso envolve práticas que corroborem a segurança psicológica dos colaboradores, canais de comunicação abertos, claros e transparentes, palestras e workshops para a conscientização da importância de manter a saúde mental em dia, além de, evidentemente, políticas de inclusão e colaboração na cultura organizacional. Também é importante que a empresa adote uma postura de intolerância frente à ocorrência de situações críticas, como preconceito de qualquer tipo, assédio, dentre outras possibilidades. 

Investir no alinhamento entre cargos e funções 

A gestão pelo comportamento também tem um papel fundamental na prevenção do burnout, por mais que algumas organizações ainda rechacem sua importância. Isso porque cada profissional tem um perfil comportamental distinto, que pode ser mais ou menos adequado ao cargo que desempenha. Quando as características naturais de um profissional convergem com as atividades da sua função, a relação criada é positiva e segue os princípios da ecologia humana. Todavia, quando o que ele põe em prática no cargo vai de encontro ao que lhe é natural, o que acontece é o exato oposto: o trabalho se torna desgastante.

Lutar continuamente contra a própria natureza é um agravante para o estresse e, portanto, para o desgaste. Por isso, empresas que desejam diminuir a incidência do burnout devem sempre buscar alocar os colaboradores de acordo com suas competências comportamentais. Para fazer isso da melhor maneira possível, é importante investir em um bom sistema de gestão comportamental, como o Etalent PRO, que consegue criar perfis ideais para os diversos cargos, além de selecionar os colaboradores mais adequados para preenchê-los. 

Para saber mais sobre o sistema Etalent PRO, clique aqui.

 

Como o RH pode ajudar?

Além das medidas já citadas, lidar com o burnout envolve adotar formas de impedir que a síndrome se espalhe pela empresa. O departamento de Recursos Humanos é um grande aliado para isso, já que conta com diversas atribuições que lidam diretamente com pontos associados à saúde mental dos colaboradores. Fazer o monitoramento de índices como felicidade e satisfação com o trabalho, clima organizacional, qualidade de vida, plano de cargos e salários, remuneração e benefícios, comunicação interna, dentre outras possibilidades, são atribuições fundamentais desse setor que impactam diretamente no bem-estar corporativo. Por isso, a atuação do RH é crucial na hora de prevenir a síndrome, identificar os colaboradores com sintomas e definir estratégias para mitigar o problema, caso ele apareça. 

Dentre as medidas que citamos, o RH é um dos grandes responsáveis pela criação de programas de saúde mental, além de outras ações que promovem melhorias na qualidade de vida dos profissionais. A atuação do setor pode ir desde salários e benefícios corporativos até avaliações de desempenho pensadas em analisar se o colaborador está utilizando as competências comportamentais da melhor forma possível. 

Dependendo da situação, o RH também pode ser mais atuante com relação à jornada de trabalho, buscando monitorar as horas trabalhadas e ajudando os profissionais a melhorar a gestão de tempo, evitando que extrapolem a carga horária. Aliás, também é possível realizar treinamentos focados nas soft skills, que podem ser úteis para estimular o autoconhecimento e ajudar os colaboradores a identificar os sinais de exaustão com mais facilidade. 

O papel das lideranças

Os líderes são grandes responsáveis pelo tipo de dinâmica que é construída nos ambientes internos de uma organização. Quando eles gerem o Capital Humano a partir de modelos humanizados, flexíveis e respeitosos, a tendência é que a saúde mental geral seja impactada positivamente. Bons líderes inspiram seus times e estabelecem relações de confiança com suas equipes, o que as ajuda a trabalharem sem que se sintam pressionadas, independente da demanda. Dessa forma, os colaboradores trabalham mais e melhor, o que diminui o risco de desenvolverem síndromes como o burnout. 

Por outro lado, o contrário também acontece. Líderes despreparados e que adotam condutas tóxicas minam de vez a motivação e a produtividade do Capital Humano, podendo ocasionar, inclusive, pedidos de demissão. Prova disso é essa matéria do G1, que explica que 8 em cada 10 pessoas que pedem para sair de seus empregos fazem isso por conta de seus chefes. Já essa pesquisa realizada pela Feedz em parceria com a Reconnect mostra que 22% dos desligamentos voluntários no Brasil ocorrem pela falta de conexão com a liderança. O curioso é que, destes, 13,1% aceitariam continuar na empresa caso houvesse a troca do líder.

Por isso, os líderes são profissionais com alto poder de influenciar – tanto positiva quanto negativamente – a saúde mental e o bem-estar corporativo. Quanto mais capacitados eles forem, maiores são as chances de fazer uma gestão saudável, em que o foco seja a qualidade de vida dos colaboradores. 

 

Como o autoconhecimento pode ajudar a prevenir o burnout?

O burnout é caracterizado, sobretudo, pela degradação do estado mental, o que provoca o sentimento contínuo de cansaço. No entanto, nem todos são atingidos pelo distúrbio da mesma forma. Além disso, muitas pessoas nem mesmo sabem que essas condições são consequência de uma síndrome psicossomática já reconhecida pela OMS. Para conseguir reconhecer os próprios limites e saber o momento de procurar ajuda, é fundamental o desenvolvimento de uma competência muito importante: o autoconhecimento.

O termo corresponde a uma série de processos de desenvolvimento psíquico, amadurecimento emocional, afetivo, cognitivo e comportamental, que permite que um indivíduo conheça profundamente a si mesmo. Através do autoconhecimento, os profissionais se tornam capazes de entender suas subjetividades e passam a ter mais controle sobre suas emoções. 

Quando aprimorando, a pessoa consegue reconhecer os sintomas do colapso mental, o que é importante para que ela consiga tomar uma atitude antes que o quadro se intensifique. Para quem não está familiarizado com o burnout, os sinais podem passar despercebidos, já que são facilmente confundidos com o cansaço natural das rotinas de trabalho. A depender do perfil comportamental, dificuldades de concentração, por exemplo, podem até ser mais comuns. Contudo, é importante estar atento caso esse problema surja como algo associado a outros sintomas, como falta de motivação, apatia, desinteresse e irritabilidade. 

Em um contexto corporativo onde há um incentivo claro às práticas de trabalho tóxicas, como abrir mão da saúde mental para ser mais produtivo, é necessário ter o dobro de cuidado quando esses sintomas surgem. Afinal, há sempre o risco de que tudo seja relativizado ou até mesmo normalizado, mesmo que o burnout seja um distúrbio sério e que pode levar a quadros depressivos mais graves. Isso sem mencionar outros problemas físicos e ocupacionais desencadeados por ele, como gastrite, problemas de coluna e pressão alta. 

É observando a si mesmo, dando voz aos sentimentos e prestando atenção em como reage mediante determinadas situações que uma pessoa consegue manter sua saúde mental e melhorar sua qualidade de vida. E a capacidade de autoconhecimento vai servir para ajudar o profissional a “ligar os pontos” e entender que trata-se de uma condição específica que requer ajuda. 

No entanto, cabe ressaltar que o autoconhecimento não vai, sob hipótese alguma, suprir a necessidade do tratamento psicológico – nem com o burnout, nem com nenhuma outra doença de origem psíquica. Essa competência é, sem dúvida, importantíssima para identificar o problema e fazer com que o profissional entenda os seus limites, mas é fundamental que ele procure ajuda qualificada o quanto antes.

Para promover o autoconhecimento, o Personal Change, programa de coaching on-line focado no autodesenvolvimento, é de extrema ajuda. Imersivo, ele é importante para a pessoa entender como lida com sua rotina de trabalho e identificar caso esteja ultrapassando seus limites.

Para saber mais sobre o programa Personal Change, clique aqui

 

10 dicas para não ter um burnout

Apesar de o burnout ser uma verdadeira epidemia no mundo inteiro, é possível mitigar e prevenir os efeitos do esgotamento físico e mental seguindo algumas dicas voltadas para saúde mental, descanso e lazer. Dentre elas, destacamos:

1. Evite o isolamento

Uma das tendências da degradação mental é que a pessoa se isole, uma vez que a baixa energia faz com que ela não queira nem mesmo socializar. É bom prestar atenção caso isso ocorra e evitar o máximo possível. 

2. Faça pausas esporádicas

Ainda que as rotinas sejam intensas, é importante fazer pausas, mesmo que de alguns minutos, para abstrair e respirar. Isso ajuda a diminuir o ritmo do cérebro e faz com que o profissional não se force tanto. 

3. Mantenha seus espaços organizados

Deixar o espaço de trabalho mais organizado ajuda a gerir melhor o tempo, visto que dificilmente o profissional vai precisar parar para procurar por algo que necessita. Além disso, tudo fica mais agradável aos olhos.

4. Faça atividades físicas

Se exercitar é importante para diminuir os níveis de estresse e ansiedade, além de estimular uma série de hormônios relacionados ao prazer. Por isso, jamais deve ficar de lado. 

5. Tenha uma rotina de lazer

O equilíbrio necessário para ter uma vida profissional saudável depende do colaborador saber repor suas energias quando não está trabalhando. Isso passa, diretamente, por ter momentos de lazer, diversão, descanso e prazer. 

6. Evite o consumo de entorpecentes

De acordo com recomendações do Ministério da Saúde, o uso de álcool e drogas para lidar com esse esgotamento só vai trazer mais confusão mental para o profissional. Por isso, é importante evitar. 

7. Aprenda a dizer “não”

Como vimos, o burnout está associado à sobrecarga e, para evitá-la, é fundamental saber delegar tarefas e negar mais tarefas e/ou responsabilidades quando necessário. 

8. Procure sair da rotina 

É importante que a pessoa que sofre com o burnout diversifique um pouco a sua rotina, trazendo novas experiências e sensações. Isso porque o desânimo para fazer qualquer coisa pode estar associado ao distúrbio. 

9. Converse com pessoas sobre como você se sente

Sempre é importante falar sobre esses sentimentos com pessoas de confiança, até para que o próprio acometido consiga entender melhor o momento que está passando.

10. Faça acompanhamento psicológico

O papel de um psicólogo é imprescindível tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento do burnout e, por isso, jamais deve ser deixado de lado. 

A síndrome de burnout é uma condição séria que pode afetar qualquer profissional engajado nas suas funções e que lida com estresse diariamente. Por isso, é fundamental dar atenção ao ambiente de trabalho e ao comportamento da equipe para adotar medidas que ajudem a mitigar o problema. Prevenir essa condição passa por pontos como investir na adequação comportamental entre profissionais e seus cargos, em qualidade de vida e fazer uma gestão focada em pessoas. Só assim, é possível criar ambientes de trabalho onde os colaboradores sejam saudáveis, engajados e altamente produtivos. 

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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