Desde que a pandemia de coronavírus foi decretada, em março deste ano, o mundo vem passando por mudanças contínuas. Hoje, vivemos o “novo normal”, com alguns profissionais já adaptados ao novo comportamento e outros nem tanto.
Alguns países que foram acometidos pela COVID-19 antes do Brasil já conseguiram controlar o contágio da doença e, recentemente, adotaram medidas de relaxamento da quarentena. Mas, no Brasil, ainda não há uma previsão para o fim do distanciamento social. O que podemos afirmar é que, depois que isso tudo passar, estaremos diante de outra realidade, uma adaptação a um novo “novo normal”.
Apesar das indefinições, no mundo corporativo, uma coisa é certa: desde já, os líderes têm papel fundamental na superação da crise e na retomada dos negócios e da economia como um todo. O momento é sensível, e aqueles que entenderem a importância de potencializar os aspectos comportamentais das equipes estarão melhor preparados para reverter os impactos causados pela pandemia.
Por isso, neste artigo, falaremos sobre esse assunto abordando os seguintes tópicos:
- O novo normal
- O comportamento organizacional no novo “novo normal”
- Novas tendências globais do Capital Humano
- Como se preparar para o novo “novo normal”
O novo normal
O novo normal chegou de repente, sem avisar. A tecnologia social alterou profundamente a forma como as pessoas vivem e se relacionam, assim como o modo no qual as empresas operam. Criou novas relações de trabalho, desafios e oportunidades, demandando dos profissionais novas competências, focadas no autodesenvolvimento e no lifelong learning (aprendizagem contínua).
De um modo geral, observamos três formas de atuação no cenário comercial:
- Empresas que diminuíram sua força de trabalho e se adequaram à nova demanda do mercado;
- Empresas que, com uma estratégia mais conservadora, suspenderam as operações, visando à sua subsistência financeira e acreditando em um retorno a médio prazo;
- Empresas que passaram a ter maior demanda e tiveram que adaptar seus processos de produção e logística.
As empresas que se adequaram ao mercado atual e se prepararam para os novos desafios, seja pelo downsizing ou pelo maior volume de transações, terão menos problemas de adaptação quando o novo “novo normal” se estabelecer. Já aquelas que decidiram pela suspensão das atividades terão que se reinventar rapidamente, para que consigam sobreviver ao que virá.
O comportamento organizacional no novo “novo normal”
Neste cenário de formas de atuação distintas, quando analisamos os aspectos humanos e seus perfis funcionais, podemos afirmar que, em breve, iremos nos deparar com diversos profissionais com comportamentos adaptados à nova realidade. E aqui cabe salientar que processos de mentoria e coaching serão ferramentas eficientes para que esses colaboradores performem com eficiência e eficácia frente aos novos desafios e estrutura de trabalho.
Do mesmo modo, as soft skills serão fator determinante no sucesso dos negócios no novo “novo normal”. Elas ajudarão a compreender os comportamentos e reposicioná-los de acordo com as novas demandas de cada função.
“Vulnerabilidade é sinônimo de coragem. Coragem de enfrentar tudo
e estar vulnerável para melhorar e não desistir.”Brené Brown
Novas tendências globais do Capital Humano
Apesar das incertezas que o novo “novo normal” apresenta, é possível apostar algumas tendências pautadas na observação das diferentes práticas durante a crise:
- Será necessário remodelar a aprendizagem andragógica: o distanciamento físico impulsionou o desenvolvimento e a utilização de inúmeras ferramentas tecnológicas para diferentes propósitos. Neste sentido, é provável que, em breve, cursos online e de educação à distância (EAD) passem a ser a opção mais escolhida por aqueles que desejam ampliar seus conhecimentos.
- Teremos que repensar a experiência do Capital Humano: a tendência pós-COVID é que as relações entre time e liderança fiquem cada vez mais próximas e compreensivas, reforçando os laços de parceria e o sentido de equipe. O perfil de chefe como autoridade formal que controla seus subordinados não terá mais espaço, pois os melhores resultados virão da cooperação e da confiança entre os profissionais.
- O mercado estará mais atento aos profissionais com habilidade para se comunicar e promover o engajamento, tanto quanto a capacidade para se adaptar a ambientes em constante mudanças: o mundo estará mais VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) do que antes, acredite. Por isso, mais do que os conhecimentos técnicos, as soft skills serão decisivas na performance individual e, consequentemente, nos resultados dos negócios.
- As mudanças serão constantes, mas as experiências anteriores e as teorias clássicas continuarão sendo usadas como referência para atingir o sucesso: os desafios organizacionais exigirão dos profissionais uma capacidade de análise mais apurada, considerando os novos modelos comerciais e as ferramentas tecnológicas. Mas os cases de sucesso e os princípios tradicionais do mundo corporativo não devem ser descartados tão cedo.
Como se preparar para o novo “novo normal”
Nesta nova realidade que conheceremos, as informações disponíveis sobre os colaboradores de uma empresa serão ainda mais importantes para uma tomada de decisão mais assertiva, que potencialize a performance individual e os resultados da organização.
Conhecer o perfil comportamental do Capital Humano traz diversas vantagens:
- Identifica as lacunas comportamentais atuais e os atributos funcionais requeridos para os novos desafios.
- Ajuda a entender quais pessoas têm maior chance de performar melhor ao realizar uma atividade ou trabalho.
- Aprimora a jornada do colaborador, o que, por sua vez, economiza recursos nos processos de recrutamento, seleção e desenvolvimento.
- Promove o autoconhecimento e o autodesenvolvimento, estimulando o protagonismo e a autonomia.
- Oferece subsídios para a elaboração de um plano de desenvolvimento comportamental, visando a minimizar as lacunas entre o modelo funcional atual e o que está por vir.
Considerando todo esse contexto de mudanças, as organizações que se adaptarem, liderarem e se conectarem agora para servir às novas necessidades dos consumidores não apenas sairão da crise vivas, como também sairão na frente. Não é sobre falar, é sobre fazer; não é sobre ser oportunista para rentabilizar, é sobre enxergar oportunidades de criar valor!
“Aceite, depois aja. O que quer que o momento atual contenha, aceite-o como uma escolha sua. Trabalhe sempre com ele, não contra. Torne-o um amigo e aliado, não seu inimigo. Isso tornará toda a sua vida melhor.”
Eckhart Tolle
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Mário Braile
Consultor de Relacionamento da ETALENT. Possui graduação em Psicologia com especialização em Análise Transacional e Gestão de Pessoas; Pós graduação - MBA de Gestão de Negócios; e Certificações em Neurolinguística, Coaching, Ouvidoria e Metodologia DISC. Tem 30 anos no mercado corporativo de grandes empresas na área de gestão de serviços e de equipes multidisciplinares.