Por muito tempo, apenas as habilidades técnicas (hard skills) eram valorizadas no mercado de trabalho. Não à toa, muitos profissionais ainda entendem este como o principal atributo na hora de participar de processos de Recrutamento e Seleção, realocação interna ou em uma promoção. Contudo, apesar dessa perspectiva ainda ser endossada por muita gente, atualmente, empresas competitivas também consideram outras questões importantes. Entre elas, a principal é o comportamento.

Com movimentos como o RH 5.0, avanços tecnológicos e o surgimento de modelos de gestão humanizada, os aspectos comportamentais dos colaboradores passaram a ganhar mais espaço na lógica corporativa. Afinal, hoje entende-se amplamente que, quando as pessoas estão felizes, elas se dedicam mais, trabalham melhor e se desgastam menos com a rotina. Isso inclui contratar pessoas para desempenhar funções que dialoguem diretamente com as suas características naturais e selecionar indivíduos capazes de oferecer, em termos de comportamento, o que os cargos necessitam. Alguém que se candidata a uma vaga de liderança, por exemplo, deve ter uma boa habilidade relacional, para que consiga gerir e lidar bem com sua equipe.

Isso porque o comportamento é algo que impacta os resultados de equipes inteiras. Afinal, basta uma pessoa desalinhada, infeliz e que desconte isso nos colegas para que o ambiente de trabalho todo seja comprometido. Dadas essas circunstâncias, pessoas que conhecem a si mesmas, que têm clareza quanto às tendências do seu perfil comportamental, sentimentos e frustrações, também passaram a se destacar aos olhos dos recrutadores. E esta complexa habilidade, conhecida como autoconhecimento, é o assunto deste guia. Boa leitura!

 

O que é autoconhecimento?

De acordo com Carl Jung, fundador da psicologia analítica, “quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta“. Em termos objetivos, a famosa frase conceitua a ideia central de autoconhecimento, que pode ser entendida como uma série de processos de desenvolvimento psíquico, amadurecimento emocional, afetivo, cognitivo e comportamental, que permite que um indivíduo conheça profundamente a si mesmo.

Através dessa habilidade, as pessoas se tornam capazes de entender suas subjetividades, encarar os próprios sentimentos e, consequentemente, têm mais controle sobre suas emoções. Ao desenvolver o autoconhecimento, aprendemos a identificar nossos limites, reconhecer nossas forças e pontos de atenção e perceber sinais de cansaço. Deste modo, nos tornamos mais capazes de adotar um estilo de vida que proporcione melhorias na saúde mental. Por isso, o autoconhecimento é uma competência essencial para o autodesenvolvimento nos mais distintos aspectos da vida.

Além disso, quando um indivíduo se conhece bem, ele tem mais controle sobre o seu desenvolvimento profissional e pessoal, além de conseguir refletir com mais clareza sobre suas escolhas e frustrações. Esse tipo de habilidade também auxilia no autocontrole e impede, por exemplo, que o indivíduo tenha atitudes impulsivas e desconte a raiva de um dia ruim em outras pessoas.

Nesse contexto, a ideia do autoconhecimento é, inclusive, que ele entenda o que engatilha a frustração e a irritação, por que isso acontece e como fazer para lidar melhor com esses sentimentos. Quem sabe, em longo prazo, refletir sobre isso pode até fazer com que, eventualmente, ele não se sinta mais afetado pelo mesmo estímulo.

Outro ponto que vale ressaltar é que, em tempos como os que vivemos, onde agilidade e a celeridade pautam o ritmo de vida, o desgaste mental e físico é uma realidade cada vez mais concreta. Não à toa, as discussões sobre produtividade tóxica e hustle culture (cultura da agitação) são tão evidentes no contexto atual. Mais do que nunca, saber olhar para si mesmo, entender as próprias necessidades e não ignorar os sinais do corpo e da mente se tornou essencial não só em relação à carreira, ao sucesso e à produtividade, mas também para que o indivíduo mantenha sua qualidade de vida.

 

A importância de pensar sobre si mesmo

Para entender a importância do autoconhecimento, basta fazer uma analogia com a saúde física. Da mesma forma que um atleta precisa entender os sinais do próprio corpo para que consiga correr uma maratona, por exemplo, os demais profissionais precisam identificar tanto as suas forças quanto suas necessidades e limitações. No caso do atleta, esse tipo de preocupação previne lesões e evita que o esforço ultrapasse o limite do que seu corpo pode aguentar. Já nos escritórios, estar atento aos sinais da mente, sejam eles fadiga, irritação, desgaste ou aqueles que trazem felicidade, é fundamental para garantir uma rotina de trabalho mais saudável e produtiva.

Apesar de muitas pessoas ignorarem a importância dos seus sentimentos no contexto corporativo, jamais se deve deixá-los de lado – da mesma forma que não se deve ignorar um tornozelo torcido. Afinal, corpo e mente funcionam como uma engrenagem, em que uma peça fora do lugar desregula todo o seu funcionamento.

Dito isso, é válido ressaltar que os benefícios do autoconhecimento abarcam tanto a vida pessoal quanto a profissional de um indivíduo. Afinal, esse processo ajuda a contornar hábitos negativos que poderiam impactar a carreira ou os relacionamentos.

Na vida pessoal

Como o nome indica, o âmbito pessoal engloba tudo que envolve objetivos pessoais. Alguns exemplos são o desejo (ou não) de formar uma família, ter filhos, aprender novos idiomas, aprimorar habilidades, viajar, quais bens deseja adquirir ou quais são as prioridades na vida, dentre muitas outras questões e possibilidades. Nesse contexto, desenvolver o autoconhecimento pode auxiliar de inúmeras formas.

Isso porque, em primeiro lugar, essa habilidade é muito benéfica para as relações interpessoais. Afinal, quando voltamos os olhos para nós mesmos, passamos a entender a forma com que nos relacionamos com o mundo e, evidentemente, com as pessoas ao nosso redor. Aprendemos quais dinâmicas nos agradam e quais costumamos evitar – seja por traumas, inseguranças ou desconfortos.

Nos tornamos conscientes de quem queremos ter perto de nós e das relações que desejamos construir. Além disso, aumentamos nossa capacidade de sentir empatia e desenvolvemos a inteligência emocional, competência que reúne a habilidade de lidar com as próprias emoções e reconhecer as dos demais, muito necessária para lidar com conflitos oriundos de visões de mundo distintas. Nesse contexto, é comum que os bons relacionamentos melhorem e que tenhamos mais facilidade para identificar os que não nos fazem bem. Em suma, essa habilidade tem um grande potencial de trazer melhorias significativas para as relações que construímos.

Conhecendo a nós mesmos, também identificamos os tipos de atividades que nos fazem felizes e nos dão energia. Esse esclarecimento facilita a criação de uma rotina equilibrada, onde seja possível conciliar o desgaste do dia a dia com o que gera prazer e satisfação pessoal. Assim, é possível aumentar a própria qualidade de vida, uma vez que as pessoas aprendem exatamente o que precisam fazer para descansar o corpo e a mente. Para uns, o ganho de energia pode vir de passar o tempo com os amigos, por exemplo. Já para outros, assistir a um filme no silêncio pode ser o suficiente – a preferência vai depender, também, de cada perfil comportamental.

Ainda falando sobre comportamento, é válido ressaltar que autoconhecimento é um pré-requisito para entendê-lo e aprender a usá-lo em nosso favor. Ao observar nossas características e tendências comportamentais, ficamos cientes das nossas forças e do que nos motiva, assim como o que se mostra como empecilho para que conquistemos nossos objetivos.

Na carreira profissional

Quando o assunto é o âmbito profissional, o autoconhecimento também é um aliado importantíssimo. Afinal, desenvolver essa habilidade é o primeiro passo para que alguém escolha uma carreira que esteja alinhada com as suas características comportamentais. E isso, em si, já é bastante expressivo, visto que colaboradores que desempenham funções cujo escopo foge ao que lhes é natural costumam se desgastar e se tornar infelizes rapidamente.

Para entender essa linha de raciocínio, basta imaginar uma pessoa extremamente introvertida tendo que exercer um cargo em que as atribuições incluam falar com desconhecidos o tempo todo – como um vendedor, por exemplo. A falta do match entre comportamento e função não significa, necessariamente, que a pessoa irá exercê-la mal; contudo, o esforço para isso seria bem maior. Muito mais natural e menos cansativo seria desempenhar uma função em que pudesse ficar sozinha e não tivesse que lidar com outras pessoas o tempo inteiro. Para a sua saúde mental, essa é a circunstância ideal.

Além disso, o autoconhecimento aumenta a inteligência emocional e ajuda a criar melhores relações profissionais. No contexto corporativo, pessoas que aprimoram ambas as soft skills conseguem, por exemplo, lidar melhor com os conflitos de trabalho.

Ademais, quando há colaboradores tóxicos nas equipes, essa é uma boa forma de se blindar contra a influência negativa. Vale sempre ressaltar que ambientes de trabalho ruins são uma das principais causas para desmotivação, infelicidade e até para o desenvolvimento de doenças psicossomáticas, como depressão e ansiedade. Nesse cenário, caso não seja possível justificar a conduta dos colegas, o autoconhecimento também se torna importante para entender o próprio limite e, em situações mais extremas, saber quando pedir as contas.

Se conhecer bem também ajuda a tomar decisões mais assertivas. Afinal, quando a pessoa desenvolve uma visão aprofundada sobre suas prioridades e necessidades, fica mais fácil identificar as oportunidades que lhe trarão o que deseja. Caso surja uma oferta para trabalhar fora do país com um bom salário, mas longe da família, como ela encara a situação? Como ficam as prioridades nesse contexto? É esse tipo de resposta que o autoconhecimento dá. Até porque, nesse caso em específico, não estar esclarecido o suficiente e tomar uma decisão equivocada pode ocasionar uma série de consequências ruins que afetam tanto a vida profissional quanto a pessoal.

Em suma, o autoconhecimento traz benefícios como:

  • Melhoria significativa no controle emocional;
  • Ganhos em empatia e inteligência emocional;
  • Construção de relacionamentos interpessoais mais sólidos;
  • Melhorias no clima organizacional;
  • Clareza quanto às tendências emocionais, psicológicas e cognitivas;
  • Maior autonomia e responsabilidade;
  • Desenvolvimento de autoestima;
  • Menor incidência de conflitos pessoais e corporativos;
  • Gestão de tempo mais assertiva;
  • Índices de produtividade mais altos;
  • Ambientes de trabalho mais saudáveis;
  • Ganhos expressivos em bem-estar e qualidade de vida.

 

As consequências da falta de autoconhecimento

Quando as pessoas não desenvolvem a habilidade de conhecerem a si mesmas, elas ficam, sobretudo, sujeitas a afetar a própria saúde mental. Afinal, nessas condições, é natural que um indivíduo acabe abrindo mão dos seus objetivos e necessidades – muitas vezes, sem sequer se dar conta disso. Essas situações podem se estender para diversos aspectos e se manifestar das mais distintas formas. Pode vir como uma “imposição social”, como ir a uma confraternização sem se sentir confortável com as pessoas apenas para fazer média com os colegas, ou até se desenrolar para situações mais complexas, como escolher uma carreira que não quer exercer, apenas por influência de terceiros.

Alguém que tenha gosto pelo teatro e queria ser ator, por exemplo, pode acabar atuando como engenheiro por conta da pressão familiar. Por conta da natureza diametralmente oposta dessas profissões, nesse cenário, é bem possível que essa pessoa se veja frustrada e infeliz por conta da escolha – que, na verdade, nem partiu dela…

Além disso, a falta de autoconhecimento nos incapacita de reconhecer nossos próprios limites, o que pode (e vai!) fazer com que os ultrapassemos. Esse tipo de conduta abre espaço para que os níveis de estresse e ansiedade subam. Sem a clareza do que fazer para relaxar, também é mais difícil encontrar um equilíbrio.

Algumas consequências diretas da falta de autoconhecimento são:

Autossabotagem

De uma forma simples, a autossabotagem pode ser entendida como um boicote que uma pessoa faz consigo mesma. Isso engloba uma série de práticas prejudiciais e repetitivas, que as distanciam de seus desejos, metas ou objetivos. Essa prática se refere a um comportamento involuntário que normalmente nem percebemos que estamos reproduzindo, mas que afeta tanto a vida pessoal quanto a profissional.

É comum que a autossabotagem seja originada por traumas construídos ao longo da vida, principalmente na convivência com pessoas próximas. Para a psicologia, inclusive, esse tipo de comportamento está relacionado aos sentimentos ruins em fases mais precoces, como a infância e a adolescência. Alguns exemplos de sensações que podem engatilhá-la são o abandono, a sensação de fracasso e a rejeição, traumas que podem marcar a psique de um indivíduo para sempre, caso ele não saiba lidar com isso. Nesse ponto, o autoconhecimento atua como uma ferramenta para identificar o trauma e dar a chance de a pessoa em questão trabalhá-lo internamente. Vale mencionar que, a depender do caso e da intensidade com que se manifesta, não se deve dispensar o acompanhamento profissional.

Síndrome do impostor

A síndrome do impostor é uma forma específica de autossabotagem. É um distúrbio marcado por um misto de sentimentos negativos vivenciados por uma pessoa em relação ao seu desempenho, normalmente em contextos profissionais. Entre eles, estão a sensação constante de fraude, de não estar à altura do cargo que ocupa e a incapacidade de reconhecer suas próprias conquistas, esforços e competências. A pessoa que desenvolve essa síndrome tem grandes dificuldades em reconhecer suas conquistas, mas se culpa veementemente pelas falhas. E por mais que pareça algo fora do comum, não é: segundo essa pesquisa realizada na Universidade Dominicana da Califórnia, em torno de 70% das pessoas inseridas em ambientes de trabalho vivenciam os sintomas da síndrome do impostor –  sendo as mulheres as mais afetadas.

Entre os sintomas, estão a falta de autoestima, perfeccionismo, insegurança, complexo de inferioridade e até preocupação excessiva com a ideia de serem descobertas como “fraudes” em seus ambientes de trabalho. O autoconhecimento é uma ferramenta importante para evitar esse tipo de comportamento e, consequentemente, a falta dele pode acabar levando um indivíduo a esse quadro. Contudo, como as origens dessa síndrome podem estar relacionadas a traumas mais profundos, o ideal é também fazer acompanhamento psicológico.

Esgotamento físico e mental

Conforme mencionado, o autoconhecimento nos capacita a entender os limites do corpo e da mente. Por isso, quando uma pessoa não o desenvolve, é comum que determinadas circunstâncias as levem ao esgotamento físico e mental – principalmente em tempos em que as demandas só aumentam, seja no contexto pessoal ou profissional. Afinal, segundo o filósofo coreano Byung-Chul Han, vivemos em tempos de cobranças desmedidas que foram naturalizadas, o que configura o que ele mesmo chama de “sociedade do cansaço”. E isso se aplica aos nossos relacionamentos e até mesmo na forma com que somos cobrados pela sociedade. Para o autor, temos que estar sempre felizes, bonitos e demonstrar nossas conquistas, mesmo que, por dentro, estejamos esgotados.

No contexto profissional, há também a cobrança pelas entregas que, em tempos de automações e transformação digital, ficaram ainda mais numerosas e desafiadoras. Com a adoção de outros modelos de trabalho, como o home office, ficou ainda mais difícil separar os momentos de trabalho dos de lazer. Inclusive, essas condições levam ao aumento dos casos de burnout, distúrbio diretamente ligado aos altos níveis de estresse e cansaço oriundos da rotina de trabalho. A condição é definida como um estado de exaustão física, emocional e mental resultante da exposição prolongada a situações emocionalmente desgastantes no trabalho.

Depressão

A depressão é uma doença caracterizada pelo sentimento profundo de tristeza e desesperança. Apesar dessa patologia se manifestar de maneiras distintas em cada pessoa, é comum que os sintomas envolvam alterações no sono e no apetite, falta de energia, oscilações de humor, baixa autoestima, apatia, desinteresse e falta de perspectivas. Ainda há quem subestime o perigo dessa doença e a entenda só como uma “tristeza pontual”. Mas é muito importante ressaltar que, em casos de depressão, esses sentimentos se manifestam por longos períodos e não necessariamente são deflagrados por um evento específico. Essa é uma doença incapacitante e que não apenas atrapalha a vida profissional de quem a desenvolve, como tende a ser muito perigosa, caso seja deixada de lado. E a falta de autoconhecimento, nesse caso, pode acabar induzindo a pessoa a ignorar os sinais depressivos. Afinal, a depressão ainda é tratada como um tabu social e muita gente subestima os perigos que a envolve.

 

9 dicas para colocar o autoconhecimento em prática

Desenvolver o autoconhecimento exige, sobretudo, fazer análises constantes e reflexões a respeito do comportamento, das atitudes e sentimentos. Para tal, existem diversas estratégias que envolvem tanto ações subjetivas quanto algumas mais práticas. É importante se atentar aos pensamentos e a tudo que pode ser trabalhado na mente, fazer exercícios diários para avaliar a forma que expressamos nossas crenças e valores e colocar em prática atitudes capazes de nos fazer aprimorar o conhecimento sobre nós mesmos.

Algumas dicas para aumentar o autoconhecimento são:

Atenção ao comportamento

O comportamento é algo bastante subjetivo e se manifesta de maneiras diferentes de pessoa para pessoa. Há quem seja mais relacional e quem goste de ficar sozinho. Existem pessoas que gostam de improvisar e aquelas que preferem ter tudo planejado. Há quem saiba lidar bem com o inesperado e quem se sinta profundamente irritado quando algo escapa de seu controle. Esses são traços que apontam para estilos comportamentais distintos, mas que nem começam a definir a complexidade desse assunto.

Segundo a Metodologia DISC, uma das ciências comportamentais mais importantes do mundo, nosso comportamento é formado a partir da incidência de quatro fatores:  Dominância, Influência, eStabilidade e Conformidade, cada qual com características distintas.

Enquanto a Dominância é voltada para a ambição, objetividade e gosto por desafios, a Influência se caracteriza pela enorme capacidade comunicativa, sociabilidade, extroversão e gosto pelo improviso. Já a eStabilidade é marcada pela estruturação, persistência, paciência e responsabilidade. A Conformidade, por sua vez, traz como forças o perfeccionismo, racionalidade, raciocínio lógico e estratégia. Todos nós possuímos os quatro fatores, mas é a relação entre a intensidade de cada um e a forma com que os utilizamos que define o nosso estilo comportamental.

Mapear as próprias preferências comportamentais ajuda a explicitar os motivos pelos quais tomamos certas atitudes ou porque nos sentimos de determinada forma em situações específicas. Uma pessoa que se sente profundamente frustrada e entediada ao fazer as mesmas coisas todos os dias, por exemplo, provavelmente tem um perfil que aponta para a necessidade de dinamismo. E esse conhecimento pode fazer com que ela entenda que o seu trabalho – como contador, digamos – não esteja adequado à sua natureza comportamental. Esse pode ser o primeiro passo para que ela procure um trabalho cujas funções dialoguem com sua essência comportamental.

Para descobrir o perfil comportamental de uma pessoa e suas principais características, é recomendado usar análises detalhadas, como os diferentes relatórios comportamentais disponíveis do Etalent PRO.

Para saber mais sobre o sistema Etalent PRO, clique aqui.

Além disso, é fundamental investir em cursos voltados para o autoconhecimento e autodesenvolvimento, como o curso Personal Change Digital, focado na perspectiva individual, e o workshop Personal Change, muito útil para empresas que desejam aprimorar essa habilidade no seu Capital Humano.

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Descubra o seu propósito

As reflexões sobre o propósito também são muito importantes para desenvolver o autoconhecimento. Aliás, vale ressaltar que motivação e valores, fatores que levam a esse objetivo, também estão diretamente ligados ao comportamento de uma pessoa. Pensar sobre o que te faz feliz, quais atividades geram prazer, com que perfil de pessoa você se sente bem e o que traz brilho aos seus olhos é o primeiro passo para entender o que te traz felicidade. Uma vez que você chega às respostas desses questionamentos, fica mais fácil entender qual é o seu propósito e como viver em harmonia com ele.

Fortaleça os pontos positivos

Outra forma interessante de trabalhar o autoconhecimento é aprender a reconhecer os seus pontos fortes, além dos que precisam de atenção. Para tal, é recomendado, inclusive, fazer uma lista separando as habilidades pelas quais você é elogiado e se destaca e aquelas que você acredita que atrapalham sua performance ou que precisa aprimorar. Aliás, isso também pode ser feito fora do contexto profissional, com qualidades e defeitos na vida pessoal.  Quando a lista estiver pronta, vale elencar as habilidades prioritárias para serem desenvolvidas. É importante notar que, ao contrário do que prega o senso comum, nem sempre as características que mais precisam de desenvolvimento são os pontos fracos. A ideia é investir no que vai causar mais impacto para o que você deseja. Caso você queira se tornar um expert na sua área de atuação, por exemplo, o foco, naquele momento, deve ser aprimorar o que você já faz bem.

Assuma as vulnerabilidades para desenvolvê-las

Seja em termos emocionais ou profissionais, todos nós possuímos vulnerabilidades. No entanto, nem todos temos o esclarecimento necessário para assumir a responsabilidade por elas e tentar melhorá-las. Para muitas pessoas, um erro é sempre acompanhado de uma desculpa ou uma justificativa; mas é importante que estejamos capazes de entender quando falhamos para que, no futuro, essas situações não se repitam. Nesse sentido, o autoconhecimento é fundamental para pavimentar o caminho em direção à evolução. Sem ele, nos sujeitamos a passar a vida apenas apontando erros alheios em vez de observar os nossos.

Questione-se

Os “porquês” são primordiais para quem quer desenvolver o autoconhecimento. Antes de tomar uma decisão, se pergunte por quê. Quando se sentir de determinada forma, faça o mesmo. Caso encontre uma barreira emocional que te impede de fazer algo e você nem mesmo entende o motivo para isso, continue se perguntando. É assim que desenvolvemos o autoconhecimento: pensando sobre nós mesmos, nossas atitudes e sentimentos. Em um mundo pautado na velocidade, esse tipo de questionamento pode acabar ficando de lado. Mas para quem deseja ter mais clareza para si, é importante estar atento para não deixar esse processo de lado. Dessa forma, inclusive, aumentamos a nossa inteligência emocional.

Expanda o vocabulário emocional e nomeie os seus sentimentos

Para quem não tem muita clareza sobre o que sente, desenvolver o autoconhecimento pode ser mais difícil – o que torna esse mergulho em si ainda mais importante. E isso é bem comum, já que, por muito tempo, fomos ensinados a deixar nossas emoções de lado para focar em questões mais práticas, tanto no contexto profissional quanto pessoal. Contudo, entender o que se sente é bem mais complexo do que saber que está feliz ou triste. Existem muitas nuances entre os sentimentos que precisamos aprender a reconhecer. E a melhor forma de fazer isso é expandindo o vocabulário emocional e buscando dar nome ao que sentimos. A irritação, por exemplo, pode ser ocasionada pela frustração, pressão ou mesmo ser o reflexo de traumas passados. Isso tudo precisa ser considerado e, com o auxílio de um profissional, fica bem mais fácil identificar esses sentimentos.

Pratique a autoavaliação

Aprender a se autoavaliar é uma parte importante do autoconhecimento. E para isso, vale tudo: reflexões, acompanhamento de desempenho através de metas ou a utilização de diários para registrar o próprio progresso. Uma boa sugestão para identificar os níveis de autoconsciência é anotar as atitudes tomadas durante o dia e avaliar quais delas precisam ser revistas. Decisões distraídas, ações impulsivas e hábitos ruins são alguns exemplos do que pode entrar nessa lista. Também é interessante definir objetivos macro, dissolvê-los em metas menores e observar quais delas foram cumpridas durante o dia. Além desse tipo de exercício ajudar a explicitar a forma com que tomamos nossas atitudes, ele também é interessante para entender como podemos nos desenvolver.

Expanda sua visão de mundo

A nossa perspectiva não é a única que existe. Nem sempre estamos certos, tampouco nossas opiniões são irrefutáveis. Por isso, é fundamental estar sempre aberto às ideias de outras pessoas, sem adotar uma postura de dono da razão. É preciso aprender a ouvir e ser receptivo a outras visões; caso contrário, dificilmente vamos evoluir como seres humanos autoconscientes. Para muitas pessoas, este pode ser um desafio à parte, contudo, a flexibilidade também é uma habilidade que pode trazer ganhos significativos quando desenvolvida, seja no campo profissional ou pessoal. Saber quando reconsiderar as convicções também ajuda a desenvolver a empatia e faz com que as pessoas se sintam mais confortáveis para compartilhar e até trabalhar em equipe.

Trace uma linha do tempo

Esse é um recurso que explicita os principais acontecimentos da sua vida. O centro dela serve como uma referência para o momento em que você está agora. À esquerda, devem ser detalhados os eventos passados e, à direita, o que você projeta para o futuro. Depois de escrever tudo que você considera relevante para chegar ao ponto em que está, pergunte-se por que você se lembrou e escolheu aqueles momentos. Essa é uma boa forma de entender quais eventos impactaram, de maneira relevante, a sua vida, sejam eles positivos ou negativos. Quanto ao futuro, também é interessante descrever estratégicas para que você alcance o que almeja. Essa é uma maneira interessante, inclusive, de entender quais habilidades você precisa aprimorar para chegar aos seus objetivos.

 

40 perguntas para fazer a você mesmo

Desenvolver o autoconhecimento requer, sobretudo, autorreflexão. Para tal, algumas perguntas são valiosas. Dentre elas, destacamos:

  1. Quais são os meus objetivos de longo prazo? E de curto prazo?
  2. O que eu gosto de fazer?
  3. O que eu gostaria de fazer mais?
  4. O que eu não me sinto bem quando faço?
  5. O que me deixa feliz?
  6. O que me deixa triste?
  7. O que me traz conforto?
  8. O que me traz desagrado?
  9. Como eu reajo sob pressão?
  10. Como eu reajo em situações estressantes ou emocionalmente desgastantes?
  11. Qual é o meu maior medo?
  12. O que me dá orgulho?
  13. O que me traz energia?
  14. O que me drena energia?
  15. Quais são os meus hobbies?
  16. Com que frequência eu os exerço?
  17. Quais lugares eu gosto de frequentar?
  18. O que eu gostaria de aprender?
  19. O que eu sinto que preciso fazer até o final da minha vida?
  20. O que é sucesso para mim?
  21. Quais são as minhas atividades favoritas?
  22. O que eu mais gosto em relação ao meu trabalho?
  23. O que eu não gosto em relação ao meu trabalho?
  24. Quem são as pessoas que eu mais admiro?
  25. Com quem eu me sinto à vontade?
  26. Que tipo de atitudes me deixam desconfortável?
  27. Quais são as minhas maiores qualidades?
  28. Quais são os meus maiores defeitos?
  29. Quais qualidades eu admiro nas pessoas?
  30. Quais defeitos das pessoas eu tenho dificuldade de lidar?
  31. Como as pessoas me enxergam?
  32. Como eu gostaria que elas me vissem?
  33. Como eu enxergo as minhas atitudes?
  34. Quais das minhas falhas podem afetar outras pessoas?
  35. Eu tenho tendências à autossabotagem?
  36. Quais são os meus maiores traumas?
  37. Quais lembranças eu trago da minha infância?
  38. Eu consigo me perdoar quando erro?
  39. Eu me dou o devido valor pelos meus acertos?
  40. A vida que eu levo está alinhada com meus objetivos?

 

3 pontos relevantes nessa jornada

Desenvolver o autoconhecimento não é uma tarefa fácil. Afinal, muito desse processo depende do que acontece internamente, a partir de nossas reflexões e conforme ganhamos maturidade emocional. Contudo, também há maneiras de aprimorar essa competência a partir de estímulos externos, ou seja, com a ajuda e a visão de outras pessoas.

Feedbacks

Nossa avaliação sobre nós mesmos sempre tem pontos cegos. Por vezes, o entendimento que temos sobre nossas atitudes e competências é bastante distorcido, inclusive. Não à toa, existem distúrbios como a Síndrome do Impostor e o efeito Dunning-Kruger, um fenômeno que estabelece que, quanto mais um indivíduo conhece determinado assunto, menos ele se enxerga como um especialista. E o contrário também acontece: quando menos uma pessoa sabe sobre um assunto, mais acredita saber e mais superestima o próprio conhecimento.

Por isso, é muito importante pedir feedbacks regularmente. Essa é uma forma efetiva de saber se o nosso entendimento interno está alinhado com o que as outras pessoas observam de nós. Esse tipo de atitude também é fundamental para aprimorar o autoconhecimento, já que, a partir de outros olhares, conseguimos direcionar a nossa leitura sobre nós mesmos. Quanto aos feedbacks, é importante solicitá-los a pessoas em quem confiamos e que sabemos que não serão complacentes; elas dirão o que precisamos ouvir – não o que queremos.

Aprendizado

Atualmente, há muitos conteúdos sobre autoconhecimento disponíveis gratuitamente a quem procurar. Além de análises voltadas para tendências comportamentais, relatórios de desenvolvimento (focados em ajudar a aprimorar habilidades comportamentais), testes de autoconhecimento e de personalidade, há também uma série de filmes e livros que tratam diretamente sobre o assunto.

No Brasil, alguns dos mais conhecidos são “Mindset: por que algumas pessoas fazem sucesso e outras não” (2008), de Carol Dweck e “O poder do hábito” (2012), de Charles Duhigg, ambos tratando sobre o papel do autoconhecimento para mudar o panorama da vida das pessoas. Para saber mais sobre o seu estilo comportamental, outro livro altamente recomendado é o “Talento para a Vida”, uma obra da ETALENT cujo primeiro capítulo está disponível gratuitamente para download aqui.

Para saber mais sobre o livro Talento para a Vida, clique aqui.

Terapia

O acompanhamento com um psicólogo é indispensável não apenas para quem quer desenvolver o autoconhecimento, mas também para manter a saúde mental em dia. Isso porque a troca com um terapeuta ajuda a transformar atitudes inconscientes em conscientes, o que, por si só, já é muito importante no processo de se conhecer. Esse tipo de dinâmica ajuda não apenas a esclarecer os sentimentos, mas a encarar nossas atitudes e traumas. Além disso, falando e refletindo sobre nós mesmos, nos tornamos capazes de tomar decisões mais assertivas, desenvolvemos empatia e assumimos o controle sobre o aspecto emocional. A terapia é uma aliada muito valiosa nessa jornada!

Vivemos em tempos em que apenas as habilidades técnicas já não são suficientes para progredir no mercado competitivo. Nesse sentido, o autoconhecimento se tornou uma competência muito valorizada e capaz de render bons frutos para pessoas e organizações. Isso porque a consciência sobre si mesmo possibilita mais controle sobre as próprias emoções, melhorias nos relacionamentos e mais clareza sobre as atitudes. No campo pessoal, desenvolver essa habilidade também rende benefícios capazes de melhorar substancialmente a qualidade de vida e o bem-estar. Por isso, investir em formas de desenvolver o autoconhecimento se tornou fundamental tanto para empresas quanto para as pessoas, em uma perspectiva individual. Afinal, é olhando para dentro de nós mesmos que entendemos quem somos e do que precisamos para sermos mais felizes e produtivos.

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Jorge Matos

Presidente da ETALENT, empresa de tecnologia especializada na gestão da mudança pessoal e educação do comportamento. Formado em Administração e Mestre em Gestão de Negócios pelo ISCTE, foi professor da FGV e é autor dos livros Talento para a Vida e Talento Brasileiro.

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