Muito mudou a respeito da forma com que as empresas lidam com o seu Capital Humano. Décadas atrás, antes de conceitos como o RH 5.0 se consolidarem no mercado corporativo, era muito comum que apenas as competências técnicas de um profissional fossem levadas em consideração na hora de avaliá-lo. Seja para processos de Recrutamento e Seleção ou promoções, esse tipo de habilidade era a maior (e muitas vezes, única) referência.
Nos moldes atuais, no entanto, outros fatores se tornaram tão importantes quanto este. As chamadas soft skills, ou competências comportamentais, ganharam espaço e notoriedade, já que, hoje, entende-se que é muito mais fácil ensinar uma habilidade técnica (hard skill) do que mudar o comportamento de uma pessoa. Algumas das habilidades comportamentais mais requisitadas nos ambientes corporativos são inteligência emocional, empatia, liderança e a ética profissional.
Profissionais éticos respeitam os valores da empresa, os colegas, prezam pela moralidade e seguem condutas em que prevalecem a integridade e o respeito. Quando as equipes são formadas por pessoas que entendem a importância de se manter a ética, há ganhos em engajamento e qualidade de vida durante o trabalho. Mas esses não são seus únicos benefícios. Por isso, a ética profissional é o assunto do nosso artigo de hoje. Boa leitura!
- O que é ética profissional?
- As diferenças entre ética e moral no ambiente de trabalho
- Como agir e demonstrar ética na carreira profissional?
- Os códigos de ética profissional
- Qual é a importância da ética profissional?
- Como criar um ambiente de trabalho ético e profissional?
O que é ética profissional?
De forma resumida, a ética profissional está relacionada a uma série de atitudes e culturas sociais que são recomendadas em um ambiente corporativo. Mas, apesar do conceito amplo, no contexto empresarial, a ética envolve honestidade, justiça e, sobretudo, respeito. Este se dá pelas normas de conduta estabelecidas na empresa, pelo trabalho realizado pelas equipes, pela diversidade entre os profissionais e até mesmo pelo ambiente em que as atividades ocorrem.
Cada organização é livre para definir os seus próprios parâmetros de conduta, bem como para estabelecer quais comportamentos são toleráveis e quais não. É comum que, em cada uma delas, haja um documento contendo todas essas informações, o que facilita a disseminação do código na cultura da empresa. Assim, é possível estabelecer que tipo de atitudes e posturas são esperadas por parte do Capital Humano.
Mesmo com a padronização por parte das empresas, a ética profissional é, sobretudo, uma questão individual. Ela está diretamente relacionada à forma com que cada pessoa encara o trabalho, as relações e as responsabilidades trazidas por ele. Há uma infinidade de posturas que podem ser consideradas antiéticas e que se originam de problemas diferentes. Elas podem surgir a partir de questões como a forma com que o profissional enxerga os colegas, a falta de comprometimento, mentalidade ou, em alguns casos, com insatisfação e exaustão.
As diferenças entre ética e moral no ambiente de trabalho
A moralidade é um conceito que orienta a vida em uma sociedade baseado nas concepções de certo e errado. No ambiente de trabalho, ela está relacionada à legislação trabalhista, em normas de convivência no ambiente de trabalho e em regras pré-estabelecidas.
Já a ética, como mencionamos, é uma questão individual e que reflete como um indivíduo lida com os valores morais. Isso envolve caráter, comportamento, atitude, postura e a forma com que cada colaborador entende essas questões na vida pessoal e profissional.
Apesar de tratarem de assuntos semelhantes, ética e moralidade não são necessariamente impactadas juntas. Um profissional desrespeitoso, que faz entregas com qualidade aquém da esperada e destrata os colegas não infringe a lei trabalhista, mas adota posturas que ferem a ética.
Entretanto, há condutas que atingem os dois aspectos simultaneamente. É o caso de situações que envolvem furtos, agressões físicas e verbais, assédio moral e sexual, por exemplo.
Como agir e demonstrar ética na carreira profissional?
Adotar atitudes éticas é fundamental para prevenir a construção de um ambiente de trabalho tóxico e capaz de minar a produtividade de todos. Para os colaboradores, esse fator é especialmente relevante, já que, é através de posturas éticas que eles ganham a confiança dos colegas e da gestão.
Entre as condutas essenciais para que o profissionalismo de uma pessoa se destaque, as principais são:
- Responsabilidade, considerando que um profissional ético precisa respeitar os prazos, ter cuidado com o próprio trabalho e cumprir com o que foi combinado, seja individualmente ou quando faz parte de um grupo;
- Gerenciamento de tempo, já que o profissional, além de garantir que suas tarefas estejam sempre dentro do prazo estabelecido, precisa se mostrar presente nos horários combinados, seja para compromissos ou para iniciar o expediente;
- Honestidade, uma vez que falar a verdade para os colegas e para os gestores previne mal-entendidos, conflitos, desalinhamento e ajuda a solucionar os problemas com mais rapidez;
- Integridade, já que manter o posicionamento de acordo com os próprios princípios, mesmo com pressões externas para fazer o contrário, é fundamental para a ética profissional;
- Altruísmo, porque compaixão, empatia, gentileza e trabalho em equipe são fatores essenciais para desenvolver um ambiente de trabalho acolhedor;
- Respeito, já que o Capital Humano de uma empresa é formado por pessoas de diferentes idades, etnias, classes sociais, gêneros e orientações sexuais, e que devem sempre ser tratadas igualmente, de forma empática e gentil;
- Lealdade, uma vez que essa característica impacta positivamente os índices de turnover e diminui a probabilidade de que os profissionais se voltem contra a empresa e tentem prejudicá-la de alguma forma;
- Disciplina, para gerenciar bem o tempo, as tarefas e conseguir ter foco na hora de realizá-las;
- Trabalho em equipe, para construir boas relações, aumentar o nível de sinergia das equipes e, consequentemente, a produtividade da empresa como um todo.
Os códigos de ética profissional
A ética é um princípio fundamental em qualquer contexto, todavia algumas áreas de atuação possuem códigos específicos para nortear a ação de seus profissionais. Essas regras de conduta são responsáveis por fixar os deveres e os valores no exercício da profissão, bem como informar a sociedade o que esperar e demandar das pessoas que a exercem.
O jornalismo, por exemplo, é uma dessas áreas. Dentro do código de ética jornalística, o compromisso com a verdade e com a imparcialidade é ressaltado constantemente. Já os advogados, que também têm um código de ética específico, devem pautar sua atuação na legislação. O mesmo acontece com os médicos, cuja prática profissional deve ser feita sem nenhum tipo de discriminação, por exemplo.
Como mencionamos, os códigos de ética não funcionam como leis. Mas seguir suas orientações é altamente recomendado para conquistar a confiança, o respeito e a admiração dos demais profissionais e exercer a profissão da melhor maneira possível.
Para ilustrar como esses documentos são, separamos alguns artigos do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, criado pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). Dentre eles, destacamos:
Art. 4º O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração e pela sua correta divulgação. (…)
Art. 6º É dever do jornalista:
I – Opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos; (…)
Art. 7º O jornalista não pode:
(…) V – Usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime.
Qual é a importância da ética profissional?
Para as organizações, estimular a construção de um Capital Humano ético traz uma série de benefícios consideráveis. Os ganhos podem vir em forma de melhoras expressivas na saúde mental dos colaboradores, aprimoramento das relações humanas, comunicação aberta, desenvolvimento de autoconhecimento e muitas outras possibilidades. Dentre as principais delas, destacamos:
Employee experience positiva
Employee experience, ou simplesmente “jornada do colaborador”, é um termo utilizado para descrever o resumo da experiência de uma pessoa enquanto funcionário de uma empresa. Dependendo da forma com que foi tratado e como o colaborador se sentiu enquanto trabalhava, essa vivência, para ele, pode ser boa ou ruim.
No entanto, quando uma organização conta com profissionais éticos, as chances de a experiência ser positiva são muito maiores. Isso porque, sob essas circunstâncias, é natural que as condutas das pessoas prezem pelo bem-estar e pela manutenção de um ambiente de trabalho saudável.
Faz parte dos princípios éticos, por exemplo, ter comprometimento com as tarefas, realizar as entregas com qualidade, ser responsável com horários, tratar os colegas de igual para igual, jamais desrespeitá-los e ser gentil sempre que possível. Quando esses princípios são colocados em prática, fica muito mais fácil construir uma experiência positiva no tempo dedicado à empresa.
Melhora no clima organizacional
Ambientes rodeados por pessoas que seguem as condutas adequadas são mais saudáveis e propícios para o desenvolvimento. Construir e estimular a conduta ética do Capital Humano evita conflitos, facilita as relações, favorece a comunicação interna e promove a sinergia e a harmonia entre as equipes. Nesse contexto, até mesmo quando acontece alguma atitude antiética na empresa, como boatos que se espalham pelos corredores, os próprios profissionais conseguem controlar a situação e ajudar os demais a focar sua energia na produtividade.
Ganhos em produtividade e engajamento
Quando os colaboradores são respeitados e valorizados pela empresa onde atuam, a tendência é que se dediquem mais a alcançar seus objetivos individuais. Afinal, esse é um dos principais critérios para que eles se sintam satisfeitos e felizes nas posições que ocupam. Assim, eles conseguem produzir mais e se cansar menos, o que aumenta o engajamento e reduz indicadores negativos, como absenteísmo e a rotatividade.
Muitas organizações, sobretudo aquelas com lideranças autocráticas, acreditam que aumentar a cobrança faz com que o Capital Humano performe melhor. No entanto, esse tipo de atitude equivocada pode transformar o ambiente de trabalho em um lugar tóxico e pouco atraente. Estimular a ética, nesse caso, é bem mais efetivo para alcançar o sucesso.
Valorização da reputação da empresa
Em tempos de redes sociais, onde a informação é acessível e está disponível para quem procurá-la, pensar na reputação da marca é fundamental. Afinal, quando um colaborador se mostra publicamente satisfeito por trabalhar na organização, isso atrai olhares externos de admiração e impacta positivamente a imagem do negócio.
Mas o contrário também acontece: quando práticas antiéticas, tóxicas ou impopulares vazam para fora das dependências da empresa, ela está sujeita a ser atacada e ter a sua reputação manchada por um longo tempo. Assim, ela pode perder investimentos, parcerias e ter dificuldades para conseguir novos colaboradores quando abrir processos de R&S. Portanto, para prevenir esse tipo de situação, é imprescindível adotar práticas éticas e que respeitem o Capital Humano. Dessa forma, todos saem ganhando.
Aumento na qualidade de vida
Como mencionamos, a ética é um dos pilares essenciais para manter um bom ambiente de trabalho. E uma das questões que mais impactam a qualidade de vida de um colaborador é justamente a forma com que ele se relaciona com o meio onde exerce suas atividades. Ambientes tóxicos têm grande potencial de adoecer os profissionais, enquanto os amistosos e acolhedores trazem estímulo e engajamento. Mas, para construir esses lugares, não há outra saída: é preciso ter os princípios éticos bem definidos e difundidos entre os colaboradores.
Como criar um ambiente de trabalho ético e profissional?
Há uma série de atitudes que corroboram e ajudam a disseminar a ética no ambiente profissional. Para os colaboradores, além dos exemplos que já mencionamos, é sempre importante estar disposto a dar e receber os feedforwards, ou seja, um tipo de feedback voltado para ações futuras e a contribuir para que haja comunicação aberta na empresa.
Além disso, é fundamental que os profissionais mantenham a honestidade, sejam confiáveis, respeitem o sigilo da organização, estejam comprometidos com as responsabilidades e procurem manter a prudência. Atitudes como desrespeitar os colegas, o local de trabalho, jogar lixo em lugares inadequados, gritar desnecessariamente, furar filas, tentar levar vantagem em relação aos demais ou ser grosseiro são ações que devem ser evitadas a todo custo.
No entanto, para que a ética seja permeada na organização, é preciso praticar posicionamentos éticos em relação ao próprio Capital Humano. De nada adianta tentar implementar esses princípios na cultura organizacional se a própria empresa não tratar suas equipes com dignidade e decência.
Por isso, dentre as principais atitudes para construir um ambiente ético, destacamos:
- Garantir que as leis trabalhistas sejam cumpridas;
- Criar códigos de conduta para nortear as ações dos profissionais;
- Estabelecer estratégias de comunicação claras e transparentes;
- Jamais destratar, desrespeitar ou expor funcionários a situações constrangedoras;
- Oferecer equidade salarial e de tratamento para pessoas que desempenham as mesmas funções, independente de etnia, gênero, idade ou outros;
- Ter uma gestão que respeite a diversidade e, preferencialmente, seja formada por pessoas de diferentes raças, gêneros, idades, orientações sexuais e afins.
O papel das lideranças nesse contexto
Os líderes são figuras centrais na estrutura de qualquer empresa e, por isso, eles têm papéis e responsabilidades distintos em relação aos outros profissionais que compõem o Capital Humano. Um desses papéis é servir de exemplo para os demais.
Um bom líder foca no gerenciamento das equipes, de forma a torná-las mais produtivas, engajadas e mentalmente saudáveis. Diferentemente do chefe, termo usado para identificar a pessoa autoritária que só busca a lucratividade, o líder é um profissional humanizado, que inspira e que sabe como extrair o melhor dos colaboradores.
Por isso, em empresas que desejam propagar a ética profissional, os líderes devem ser os primeiros a demonstrar essa postura. Afinal, eles são o parâmetro para os outros colaboradores e sua conduta, sem dúvida alguma, tem impactos diretos nas atitudes de equipes inteiras.
Líderes éticos estimulam os demais profissionais a adotar práticas que seguem a ética. Já os que desdenham desses princípios fazem com que os times também não deem o devido valor à ética.
Todavia, vale ressaltar que a liderança é uma habilidade e não necessariamente um líder nasce sabendo exercê-la. Como qualquer outra competência, ela deve ser aprendida e desenvolvida antes de ser posta em prática. E com o curso de Liderança Comportamental, os profissionais aprendem a exercer essa habilidade de forma otimizada, inteligente e diferenciada. Esse é um workshop voltado para a capacitação através da Metodologia DISC, uma das ciências comportamentais mais utilizadas no mundo.
A ética profissional é um conceito amplo, mas fundamental para criar ambientes de trabalho saudáveis, estimulantes e que forneçam segurança psicológica aos colaboradores. Por isso, as empresas que desejam manter a competitividade no mercado devem investir em princípios éticos e criar códigos de conduta que devem ser respeitados. Afinal, toda e qualquer organização é formada por pessoas. E quando elas se sentem bem ao exercer suas funções, o sucesso é só uma questão de tempo.
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Fernanda Misailidis
Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.