O comportamento workaholic é muito incentivado não apenas por empresas, mas pela sociedade como um todo. Porém, mesmo sendo visto por muitos como algo positivo, o workaholismo compreende um transtorno relativo à incapacidade de parar de trabalhar, mesmo que o profissional já tenha ultrapassado todos os limites de sua saúde emocional, mental ou física. É comum que um trabalhador compulsivo não consiga relaxar e se sinta culpado caso passe algumas horas longe de seu ofício.

Essa doença vem se tornando cada vez mais presente, uma vez que vivemos tempos em que há uma verdadeira fixação pela produtividade, mesmo que ela comprometa a qualidade de vida. Hoje em dia, com os avanços tecnológicos, ficou ainda mais difícil separar os momentos de trabalho dos de lazer, visto que há todo o suporte necessário para que seja possível exercer as atividades profissionais em praticamente qualquer lugar. Não à toa, esse movimento ganhou até um nome: a cultura da agitação, uma filosofia de produtividade a qualquer custo. Nesse cenário de excesso de informações e cheio de recursos tecnológicos, é fácil se tornar um viciado em trabalho.

E para quem ainda têm a visão de que o excesso de trabalho é algo louvável, um aviso:  ser um workaholic não é algo positivo para a carreira. De forma geral, como consequência do ritmo frenético e do exagero nas jornadas de trabalho, essas pessoas ficam cansadas, estressadas e esgotadas rapidamente. Isso sem mencionar que acabam se tornando os principais alvos de doenças psicossomáticas, como a depressão, a ansiedade e a síndrome do burnout. Nesses casos, todo o desempenho é comprometido, o que também pode ocasionar problemas no âmbito profissional, como a queda de rendimento e na motivação.

Mas, afinal, quais são os impactos do vício no trabalho e como proteger o Capital Humano dessa condição? É o que você vai ver no artigo de hoje. Boa leitura!

 

O que é workaholic?

Em tradução localizada, workaholic é o profissional viciado, compulsivo em trabalhar. Essas são pessoas que, sem nem mesmo perceber, baseiam toda a vida e a satisfação pessoal nos seus objetivos profissionais. Por isso, elas adotam cargas horárias absurdas, excesso de metas, objetivos, e desenvolvem um tipo de obsessão pelo trabalho – algo que, eventualmente, as leva à ruína em termos de saúde mental, física e emocional, da mesma forma que o vício em drogas, por exemplo. Inclusive, o termo, que tem origem no inglês, faz uma alusão direta a essa comparação. Afinal, a palavra é formada por work (trabalho) + alcoholic (alcoólatra). Ainda que essa junção não forme uma palavra que carregue o significado literal em português, ela é  suficiente para demonstrar a conotação negativa.

E isso não acontece à toa. De acordo com este estudo publicado pela revista científica norte-americana PubMed, há uma relação direta entre o workaholismo e o abuso de substâncias ilícitas. Segundo o estudo, pessoas que já têm históricos de vícios são até três vezes mais propensas a se tornarem trabalhadoras compulsivas. É comum, inclusive, que esses indivíduos tentem substituir um vício pelo outro, já que essa é uma atitude frequente quando viciados tentam superar sua adicção. E nesse cenário, o workaholismo se torna especialmente perigoso por ser amplamente aceito (e, em alguns casos, até estimulado) pela sociedade.

Diversas empresas defendem a produtividade tóxica em sua cultura organizacional. Nesses ambientes, quanto mais um profissional trabalha, mais celebrado ele é, independente dos desdobramentos que isso provoca em sua saúde emocional e mental. Por conta disso, há a normalização de ideias como os profissionais perderem noites de sono, refeições, momentos de lazer e pausas para descansar.

Além disso, até mesmo fora dos ambientes corporativos, frases como “trabalhe enquanto eles dormem”, “estude enquanto eles se divertem” e “lute enquanto eles descansam” são amplamente repetidas, o que mostra a conivência e a relativização em relação a esse tipo de comportamento.

Em um mercado competitivo e onde essa cobrança é tão forte que tem até nome – cultura da agitação, ou hustle culture – os profissionais entendem que precisam se transformar em máquinas de trabalhar para que consigam resultados mais significativos e, assim, sejam bem-sucedidos. Essa é a ideia de muitos que se tornam workaholics: satisfazer não apenas as demandas da empresa, mas atingir objetivos pessoais.

O problema é quando isso começa a se transformar no único objetivo da vida da pessoa e ela perde o controle do momento de parar. Eventualmente, problemas seríssimos de saúde aparecem, bem como atritos nas relações interpessoais, sentimento de culpa quando não está trabalhando, além do afastamento de amigos e família.

A diferença entre workaholismo e produtividade

Os workaholics são pessoas que trabalham em excesso e que sacrificam os demais aspectos da vida para conseguirem dar conta disso. É comum vê-los grudados em seus computadores horas depois do fim do expediente, além de terem dificuldade em confiar no trabalho dos outros. O exagero os transforma em pessoas compulsivas e sem equilíbrio quando o assunto é a vida profissional.

Esse é um panorama bem diferente do encontrado com os profissionais produtivos. Estes, por sinal, também trabalham duro, são éticos e responsáveis com suas demandas, mas eles otimizam o seu tempo, conseguem fazer as entregas num período razoável, com um ritmo de trabalho adequado, sem negligenciar outros aspectos da sua vida. Os produtivos têm uma relação mais saudável com o trabalho e não o tratam como uma obsessão ou objetivo máximo de vida. Inclusive, a saúde mental dessas pessoas é bem melhor do que a dos workaholics.

Vale mencionar que a produtividade de um profissional mentalmente saudável costuma ser bem maior do que a do workaholic. Afinal, como os viciados trabalham na lógica do excesso, eles se cansam e se desgastam com mais facilidade, o que faz com que precisem de mais tempo para desenvolver uma tarefa. Com descanso e equilíbrio, é comum que o ritmo de produção seja beneficiado.

 

As características de um workaholic

O workaholismo não é uma doença propriamente dita, assim como a síndrome do pensamento acelerado, por exemplo, também não é. Em ambos os casos, os transtornos não são descritos em livros importantes para a psiquiatria como o Manual Diagnóstico Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM). Contudo, como o vício em trabalho descreve uma condição de obsessão e dependência, ele gera características muito específicas em quem sofre desse mal.

Algumas delas são:

O trabalho norteia a vida da pessoa

Um dos primeiros sinais do vício em trabalho é o fato de que este assume um lugar de prioridade máxima na vida da pessoa – de uma forma nada saudável, vale ressaltar. Evidentemente, estabelecer o trabalho como foco não é um problema em si, mas abrir mão de todos os outros aspectos da vida, sim! Nesse caso, a pessoa dorme e acorda pensando em seus afazeres, passa por cima de quaisquer indisposições físicas que tiver, não comparece em compromissos que não sejam corporativos, e por aí vai…

Nesta matéria publicada pelo jornal O Globo, essa característica fica bem evidente a partir do relato de uma entrevistada. Maria Mendez, que trabalha como agente de viagens em Nova York, contou ao jornal que ficou 17 anos sem tirar férias e que, nem mesmo durante sua licença maternidade, ela parou de trabalhar. Mendez relatou que suas quatro filhas foram criadas por sua mãe e pelo marido. O comportamento era incentivado pelo chefe, que a tinha como uma funcionária exemplar.

Não há mais vida social

Uma consequência direta de não conseguir parar de trabalhar é que a pessoa não participa de situações que não sejam profissionais. Isso faz com que ela deixe de passar tempo com a família, amigos e abra mão completamente de seus momentos de lazer. Por vezes, o viciado em trabalho nem nota esse comportamento: é comum que eles não façam questão de sair de casa. Mas é importante estar atento a esses sinais, já que a falta de energia oriunda de rotinas exaustivas também ocasiona a pouca vontade de fazer qualquer coisa que não seja trabalhar.

Os relacionamentos ficam mais difíceis

Nessas condições, é normal que relacionamentos de todos os tipos fiquem comprometidos. Afinal, a pessoa não aparece, se ausenta com frequência e também pode acabar faltando com atenção e afeto aos entes queridos. Como mencionado anteriormente, tudo que importa para ela é o trabalho e, por isso, talvez ela nem seja capaz de entender a falta que faz para os demais. Por conta do estresse, frequentemente essas pessoas tornam-se menos pacientes e podem agir com impulsividade.

A pessoa não tem hobbies

Não são apenas os relacionamentos que são deixados de lado por um workaholic; os cuidados consigo mesmo também ficam negligenciados. Por isso, é comum que essas pessoas não tenham momentos de distração e rechacem completamente qualquer atividade de lazer. Em médio e longo prazos, essa conduta pode ser extremamente nociva, já que é justamente nos momentos de descanso e fazendo o que gostamos que recuperamos a energia gasta nas rotinas de trabalho. Para isso, desenvolver o autoconhecimento e realizar atividades alinhadas ao perfil comportamental é essencial.

Dificuldade de se concentrar e estresse em demasia

A rotina exaustiva de um workaholic faz com que ele tenha mais dificuldade de se concentrar. Além do desgaste mental de trabalhar por longos períodos, o fato de lidar com diversas demandas ao mesmo tempo também contribui para que essas pessoas precisem fazer mais esforços para manter o foco. Outra característica comum nessa situação são altos níveis de estresse por conta da exaustão e até mesmo da dificuldade de trabalhar, já que a tendência é que, quanto mais cansado, mais difícil fica o processo.

Descaso com a alimentação

Outro ponto que acaba sendo negligenciado por essa rotina é a saúde física. É comum que os workaholics esqueçam de comer, pulem refeições voluntariamente e não tirem tempo, por exemplo, para cozinhar algo saudável. A consequência direta é que a alimentação passa a se pautar em praticidade e rapidez, não em qualidade nutricional. Não raro, essas pessoas comem quase que exclusivamente enlatados, ultraprocessados e afins. Isso faz com que a alimentação se torne um grande problema.

Aliás, vale ressaltar que elas também podem acabar abdicando da prática de exercícios físicos, o que torna esse ponto em específico ainda mais preocupante.

Outros sinais de workaholismo

Além desses, alguns “sintomas” comumente associados ao workaholismo são:

  • Conferir e-mails de trabalho a todo momento;
  • Nunca estar satisfeito com os resultados e achar que poderia ter feito mais;
  • Ser o primeiro a chegar no trabalho e o último a sair dele praticamente todos os dias;
  • Só conseguir dialogar sobre trabalho ou assunto relacionados e ele;
  • Irritar-se quando as pessoas não estão no mesmo ritmo de produção;
  • Ter dificuldades para dormir ou sonhar com o trabalho;
  • Sofrer com lapsos de memória;
  • Ter alterações de humor com frequência;
  • Consumir exageradamente café ou outros estimulantes;
  • Ter dificuldade em desacelerar e ficar sem fazer nada, mesmo quando deveria estar descansando;
  • Fazer uso de medicamentos ou entorpecentes para relaxar.

 

Por que as pessoas se tornam workaholics?

De acordo com essa matéria do jornal El País, cerca de 8% dos profissionais do mundo inteiro são viciados em trabalho. E há diversos motivos que levam uma pessoa a desenvolver esse comportamento compulsivo.

O primeiro deles é a tendência a vícios. Como explicamos, o cérebro de um workaholic funciona de forma muito semelhante ao de um viciado. Na matéria do O Globo supracitada, o professor Nestor Braidot, especialista em neurociência aplicada à gestão organizacional, explica que o comportamento pode ser desenvolvido por conta da necessidade de fuga de outras emoções – uma questão que também permeia outros tipos de vício.

Em contextos de alta competitividade, como o brasileiro, onde há desigualdade social e as oportunidades não são as mesmas para todas as pessoas, o workaholismo também pode se desenvolver para suprir uma necessidade financeira. Afinal, entende-se que esse tipo de comportamento pode fazer com que o profissional se destaque em seu segmento e tenha mais oportunidades na sua carreira. No caso de quem tem mais de um trabalho, essa também se torna uma forma direta de aumentar a renda, mesmo que às custas da saúde mental.

Há quem desenvolva essa conduta por estímulo externo e pela necessidade de reconhecimento. Afinal, essas pessoas costumam pensar que quanto mais elas trabalham, maior é a sua contribuição para os lucros da empresa. Isso faz com que elas tenham reconhecimento por parte das lideranças, o que estimula o cérebro de forma positiva, de acordo com Braidot. Cria-se, então, um ciclo de dependência em médio e longo prazos. Logo, essa pessoa começa a dedicar cada vez mais tempo da sua vida ao trabalho e a entender o seu valor pessoal a partir de suas conquistas profissionais. E quando ela chega neste ponto, já se tornou um viciado.

Vale reiterar, mais uma vez, que a cultura da agitação também é uma grande responsável pela profusão de casos de compulsão pelo trabalho. Afinal, essa mentalidade que cultua a produtividade a qualquer custo está entranhada não apenas na cultura das empresas, mas também na sociedade.

De acordo com essa matéria do portal Clockify, que reúne diversas pesquisas sobre o workaholismo feitas ao redor do mundo, as causas para o transtorno podem ser enquadradas em cinco pontos distintos.

São eles:

  • Causas emocionais: essas pessoas se sentem culpadas e ansiosas quando não trabalham;
  • Causas comportamentais: essas pessoas podem se sentir estimuladas a trabalhar em excesso por questões financeiras e de status;
  • Causas motivacionais: o sucesso no trabalho afeta positivamente a autoestima e faz com que se sintam validados;
  • Traumas na infância: algumas pesquisas apontam que esse comportamento pode estar relacionado à criação mais austera e ríspida;
  • Causas genéticas: o workaholismo pode ser uma consequência de traços compulsivos, como o perfeccionismo.

 

Consequências do comportamento workaholic

O comportamento workaholic pode levar a diversas consequências nos mais distintos aspectos da vida. Um dos mais afetados, por mais paradoxal que pareça, é a vida profissional. É recorrente que pessoas que desenvolvem o workaholismo nunca estejam satisfeitas com o próprio desempenho, tampouco com o dos colegas. Esse fator, em conjunto com a irritabilidade que normalmente está associada a esse comportamento, pode desencadear uma série de conflitos organizacionais, o que não é bom para ninguém.

Além disso, essas pessoas ficam mais desgastadas, têm dificuldades de concentração e até mesmo problemas físicos, como dores de cabeça constantes. O networking delas também é muito aquém do ideal, já que elas se privam das relações com os colegas. Tudo isso compromete o seu rendimento profissional.

A vida pessoal também é amplamente afetada sob essas condições. O distúrbio traz problemas como insônia, mau humor, agressividade e pode afastar o viciado de seus amigos e familiares. É comum que haja um quadro de isolamento social autoinduzido, uma vez que a pessoa abre mão de participar de eventos que não sejam relacionados ao trabalho e, por vezes, dispensa a companhia até dos mais próximos.

Tamanha falta de equilíbrio traz consequências diretas na saúde física, mental e emocional. É comum que essas pessoas passem a adotar hábitos pouco saudáveis para o corpo, como o uso de substâncias estimulantes, má alimentação, falta de exercícios físicos, além do fato de passarem a maior parte do dia em frente a uma tela, o que abre espaço para problemas como enxaquecas, dores na coluna, tendinites, entre outros.

Transtornos psicossomáticos como a ansiedade, burnout e a depressão são especialmente recorrentes em quem desenvolve o workaholismo. O primeiro deles pode se desenvolver por conta da preocupação excessiva e constante com o trabalho. O segundo, por conta do estresse e do esgotamento de trabalhar o tempo inteiro, sem descanso. Já a depressão aparece como uma consequência de todos esses fatores, além do isolamento social e do desequilíbrio emocional.

 

8 dicas para evitar ser um workaholic

O workaholismo é um transtorno perigoso, principalmente por ser aceito e, às vezes, até estimulado socialmente. Por isso, esteja atento a algumas dicas para evitar desenvolver esse problemas.

1. Tenha atenção ao horário de trabalho

Um dos primeiros “sintomas” do workaholismo é que a pessoa passa a extrapolar, com bastante recorrência, o seu horário de trabalho. Evidentemente, há dias em que as demandas são mais volumosas e não há tempo de cumprir tudo, mas é importantíssimo estar atento para não fazer disto um hábito. Aliás, também é importante aprender e se educar a deixar as tarefas menos relevantes para o dia seguinte. Desenvolver uma boa gestão de prioridades pode ajudar nessa jornada.

2. Melhore o gerenciamento de tempo

Por definição, a gestão de tempo é um processo de administração e avaliação do tempo dedicado às tarefas, sejam elas referentes à rotina profissional ou pessoal. Desenvolver essa habilidade é importante para criar formas otimizadas de planejar e executar as atividades, de modo que o profissional aproveite bem seu tempo e faça o melhor uso possível dele, aumentando não apenas produtividade no trabalho, como também a qualidade de vida. Logo, ter uma boa gestão de tempo ajuda a diminuir as horas trabalhadas sem afetar o desempenho, o que é fundamental para prevenir o workaholismo.

3. Desenvolva o autoconhecimento

O autoconhecimento corresponde a uma série de processos de desenvolvimento psíquico, amadurecimento emocional, afetivo, cognitivo e comportamental, que permite que um indivíduo conheça profundamente a si mesmo. Essa habilidade é extremamente importante para que uma pessoa perceba o momento em que começa a apresentar sinais de workaholismo. Além disso, essa é uma forma de conhecer os próprios limites, o que serve como um norte para que a pessoa não perca o controle e passe por cima das próprias necessidades.

Uma boa forma de conhecer a si mesmo é utilizando análises comportamentais profundas, como as geradas pelo Etalent PRO. Essa plataforma de gestão de pessoas cria relatórios baseados na Metodologia DISC que explicitam os padrões comportamentais, tendências e motivações de cada pessoa.

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Além disso, investir em cursos voltados para o autoconhecimento e autodesenvolvimento, como o programa Personal Change, é altamente recomendado.

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4. Tenha hobbies e esteja aberto a novas paixões

Hobbies são atividades extremamente importantes, já que ajudam as pessoas a se reenergizar após rotinas cansativas e desgastantes de trabalho. Por isso, é fundamental não apenas ter alguns, como também fazer questão de tirar um tempo para aproveitá-los. Estar aberto a novas paixões e descobrir outras atividades de lazer também são atitudes importantes para quebrar o ritmo frenético de trabalho.

5. Separe o pessoal do profissional

Um dos motivos mais citados para desenvolver o workaholismo é a ideia de que todo o valor de uma pessoa é medido pelo seu sucesso na carreira. Isso é um grande equívoco, evidentemente – porém, ainda há quem se sinta dessa maneira. Por isso, é importante aprender a separar a vida pessoal da vida profissional, entendendo que as duas precisam estar em harmonia. Até porque, se um indivíduo abre mão de cuidar do seu bem-estar pessoal, a chance de que ele desenvolva uma rotina de trabalho tóxica é bem grande.

6. Estabeleça metas realistas

Ter metas e objetivos realistas também é importante para evitar cair numa espiral de trabalho interminável. Quando esses fatores estão muito acima do que é alcançável, é bem provável que eles causem frustração e autocobrança excessiva, o que pode desencadear um comportamento de trabalho compulsivo. Por isso, é fundamental estar atento na hora de fazer o planejamento do que se quer conquistar.

7. Tenha boas influências

Conforme mencionado ao longo deste artigo, o workaholismo é algo aceito socialmente e até incentivado por algumas empresas, líderes e gestores. Por isso, é extremamente importante estar em um círculo social em que haja pessoas de confiança, que se importem com o bem-estar e avisem o profissional caso percebam que ele está extrapolando os próprios limites. Afinal, é importante ressaltar que, nessas circunstâncias, há sempre quem estimule o “sacrifício em nome da empresa”.

8. Faça acompanhamento psicológico

Procurar ajuda profissional também é importante para evitar o transtorno. Fazendo acompanhamento com um psicólogo, a pessoa aumenta seu autoconhecimento, além de ser alertada diretamente caso algum desses sinais se manifeste. Com a ajuda do profissional, também fica mais fácil lidar com problemas que podem ocasionar o workaholismo, como necessidade de reconhecimento e traumas passados.

 

Como as empresas podem ajudar?

Ações do RH

A melhor forma de lidar com o workaholismo é criando formas de prevenir o transtorno nos ambientes de trabalho. Neste sentido, o departamento de Recursos Humanos é um grande aliado, uma vez que diversas atribuições do setor abarcam ações de monitoramento de índices como felicidade e satisfação com o trabalho, clima organizacional, qualidade de vida, dentre outras possibilidades. Por isso, a atuação do RH é extremamente importante na hora de identificar os colaboradores com essas tendências e definir estratégias para mitigar o problema.

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Uma das formas que o RH pode ajudar é criando um programa de saúde mental. Trata-se de um conjunto de iniciativas voltadas para a melhoria da qualidade de vida dos profissionais, envolvendo a adoção de modelos de gestão humanizados, práticas que corroborem a segurança psicológica dos colaboradores, canais abertos de comunicação, além de palestras e workshops para a conscientização da importância de manter a saúde mental em dia.

As avaliações de desempenho realizadas pelo RH também são importantes para esse fim. Afinal, elas demonstram o comportamento do colaborador no trabalho e podem ajudar a identificar os traços de compulsão. Dependendo dos resultados, o RH também pode ser mais atuante em pontos como o controle de jornada de trabalho e até ajudar com a gestão do tempo de um profissional. Aliás, há vários treinamentos, principalmente focados em soft skills, que podem ser úteis para prevenir esse tipo de comportamento compulsivo – e eles também podem ser aplicados pelo RH.

O papel das lideranças

As lideranças também são parte importante desse problema. Afinal, quando elas não são treinadas ou são exercidas por profissionais cujo perfil comportamental não seja adequado para a função, há uma ampla possibilidade de se tornarem tóxicas e acabarem incentivando o comportamento compulsivo.

Por isso, é importante que o RH desenvolva um bom programa de desenvolvimento para líderes, garantindo que eles sejam aliados na luta em prol de um ambiente de trabalho mais saudável.

 

Como saber se você é um workaholic? Faça o teste!

Um dos testes mais populares para descobrir se uma pessoa sofre de workaholismo é a Bergen Work Addiction Scale (em tradução direta, escala Bergen de adicção no trabalho), desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Bergen, na Noruega, em 2014.

Fazer o teste é bastante simples: basta ler com atenção cada uma das frases disponibilizadas e avaliar o quanto você se relaciona com ela, graduando em uma escala de 1 a 5 (onde 1 corresponde ao “nunca” e o 5, ao “sempre”). Se pelo menos quatro respostas forem “sempre” ou “frequentemente”, as chances de ser um workaholic são bem altas.

As frases da escala de Bergen são:

  • Você pensa em como tirar mais tempo de outras atividades para poder trabalhar.
  • Você passa mais tempo trabalhando do que inicialmente previsto.
  • Com o trabalho, você consegue aliviar sentimentos de culpa, ansiedade, impotência ou depressão.
  • Outras pessoas dizem que você trabalha demais, mas você nunca escuta.
  • Você fica estressado e irritado quando é proibido de trabalhar.
  • Você subtrai prioridade de seus hobbies, atividades de lazer ou esportes para o seu trabalho.
  • Trabalhar muito afeta negativamente sua saúde.

O workaholismo é um transtorno perigoso e que precisa de atenção. Até porque, como é amplamente aceito na sociedade, muitas pessoas nem mesmo entendem a sua problemática. Contudo, o trabalho em excesso desgasta, estressa e faz com que doenças de ordem psicossomática sejam desenvolvidas pelo profissional – o que, ironicamente, afeta o seu desempenho. Por isso, é importante estar atento aos sintomas e encontrar maneiras de desacelerar sempre que possível. Afinal, os melhores resultados são alcançados por profissionais felizes, satisfeitos e que conseguem manter o equilíbrio entre o bem-estar e a rotina de trabalho.

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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