Muito se ouve falar a respeito das soft skills, também conhecidas como habilidades comportamentais de profissionais. No mercado atual, onde se entende que a aptidão técnica, isoladamente, não é o suficiente para garantir boa performance e alta produtividade, o investimento e a valorização de competências emocionais se tornam cada vez maiores. Muitas empresas já realizam suas contratações considerando o comportamento dos potenciais profissionais e como este pode ajudar (ou atrapalhar) sua atuação no cargo pretendido. E isso também se tornou um critério importante nas decisões de reter, realocar ou dispensar os colaboradores.
Isso porque o comportamento de uma pessoa influencia não apenas no seu nível de produtividade de maneira individual, mas também no ambiente de trabalho como um todo. Por vezes, optar por um colaborador menos técnico e com mais empatia traz mais benefícios a uma equipe do que manter um profissional especialista, porém incapaz de conviver com os demais. Afinal, produtividade também depende de sinergia, colaboração, conexão e apoio e, quando uma pessoa não desenvolve suas características comportamentais corretamente, existe sempre uma chance de que haja atritos nos relacionamentos ou outros problemas de ordem comportamental.
Entre as soft skills mais solicitadas no mundo corporativo, estão a inteligência emocional e o autoconhecimento. Essas são habilidades complexas e que comumente estão interligadas, o que significa que uma depende da outra para o seu desenvolvimento contínuo. Os esforços para aprimorá-las são grandes, já que elas fazem a diferença em um ambiente corporativo e são aliadas inquestionáveis da manutenção de um bom clima organizacional. E, por isso, elas são, também, assunto do nosso artigo de hoje!
- Os diferentes tipos de inteligência
- O que é inteligência emocional?
- Os 5 pilares da inteligência emocional
- A importância da inteligência emocional
- A relação entre autoconhecimento e inteligência emocional
Os diferentes tipos de inteligência
Antes de chegar à inteligência emocional em si, vale ressaltar que o conceito de inteligência é bem amplo. De acordo com o neuropsicólogo Howard Gardner, existem, pelo menos, 8 dimensões distintas de inteligência.
Diferentemente do que é semeado na sociedade, que valoriza, acima de tudo, a lógica, todos nós possuímos inteligências múltiplas, que dizem respeito a diferentes aspectos e não se limitam a apenas um ou outro. Uma pessoa pode ser excelente com números, por exemplo, e não saber lidar com sentimentos ou emoções. Outra pode ter uma dificuldade enorme para processar informações, mas ter uma sensibilidade apurada que a permite criar obras de arte. Já outra pessoa pode ser uma comunicadora fantástica e carismática, mas ser incapaz de bater palmas no mesmo ritmo por algum tempo. Todos esses exemplos estão relacionados a diferentes tipos de inteligência.
Assim como o perfil comportamental, a inteligência é algo que varia de pessoa para pessoa e não se determina apenas por um aspecto isolado. Há diferentes tipos de aptidões e habilidades naturais que configuram a inteligência de uma pessoa, o que significa que ela pode ser mais ou menos desenvolvida em uma determinada dimensão. Os tipos de inteligência definidos por Gardner são:
- Inteligência lógica – Capacidade de realizar operações numéricas e de fazer deduções.
- Inteligência linguística – Capacidade de aprender idiomas e de usar a fala e a escrita corretamente para atingir objetivos.
- Inteligência corporal (também chamada inteligência físico-cinestésica) – Potencial para usar o corpo como forma de expressão, com o fim de resolver problemas ou fabricar produtos.
- Inteligência musical – Sensibilidade para perceber padrões sonoros e para compor, transformar e tocar músicas.
- Inteligência espacial – Capacidade de reconhecer situações que envolvam percepções visuais e dimensionais.
- Inteligência interpessoal – Capacidade de perceber expressões faciais, gestos e posturas e de entender as intenções, os desejos dos outros e, consequentemente, de se relacionar bem em sociedade.
- Inteligência intrapessoal – Inclinação de uma pessoa para olhar para dentro de si, refletindo sobre a própria vida, controlando suas emoções e mantendo sua autoestima em equilíbrio.
- Inteligência naturalista – Tendência à observação e sensibilidade para reconhecer e identificar espécies da natureza (meio-ambiente, animais e plantas).
O que é inteligência emocional?
Considerando as definições dadas por Gardner, a inteligência emocional pode ser explicada como a junção das inteligências intrapessoal e interpessoal. Ou seja, esse conceito está diretamente relacionado à ideia de reconhecer, avaliar, controlar e direcionar as próprias emoções, além de ser capaz de identificar as emoções de outras pessoas. Por isso, essa é uma soft skill tão valorizada no mercado de trabalho – é fundamental desenvolvê-la para lidar com pessoas de personalidades distintas, manter o ambiente corporativo saudável e agregar valor à cultura organizacional de uma empresa.
Uma pessoa que desenvolve a inteligência emocional se torna capaz de perceber seus sentimentos, nomeá-los, entender seus gatilhos, suas forças, pontos fracos e como ela deve agir e reagir em determinadas circunstâncias. A inteligência emocional proporciona equilíbrio, previne conflitos, desgastes e ajuda as pessoas a se manterem mentalmente saudáveis.
Os 5 pilares da inteligência emocional
De acordo com Daniel Goleman, autor do best-seller Emotional Intelligence (1995) e um dos principais responsáveis pela popularização desse conceito, são 5 os pilares que sustentam a inteligência emocional:
- Autorresponsabilidade – Capacidade de uma pessoa assumir a responsabilidade por todas as coisas que acontecem em sua vida.
- Percepção das emoções – Aptidão em reconhecer as emoções humanas, sobre si ou o outro, ler os comportamentos nas entrelinhas e agir de maneira empática.
- Gerenciamento das emoções – Conscientização sobre as próprias reações diante das emoções.
- Foco – Disposição para manter as atenções voltadas aos aspectos positivos e às qualidades.
- Ação – Forma como alguém se porta e escolhe agir diante de sentimentos negativos e a capacidade de transformá-los em positivos.
Os pilares da inteligência emocional no ambiente corporativo
No ambiente de trabalho, ter esses pilares solidificados traz diferenças significativas tanto para a produtividade dos colaboradores quanto para a manutenção de um ambiente saudável.
A autorresponsabilidade é essencial para que um profissional se mantenha motivado, adote uma postura atuante e jamais deixe de assumir o papel de protagonista de sua própria vida. Pessoas autorresponsáveis se sentem capazes de mudar paradigmas, não se acomodam em seus lugares e sempre buscam entregar o melhor de si.
A percepção de emoções está diretamente relacionada à ideia de empatia e de ser capaz de se colocar no lugar dos outros. Profissionais com essas características são sensíveis às emoções alheias, lidam bem com pessoas e as respeitam, o que faz com que criem laços com facilidade e evitem conflitos internos. Tão importante quanto isso é saber como gerir as próprias emoções para não afetar os demais. Afinal, como mencionamos, só é preciso um profissional em um dia ruim para abalar a estrutura de uma equipe inteira.
Além disso, saber como focar nos aspectos bons é fundamental para manter a motivação e, principalmente, para superar os momentos ruins. Nem todos os profissionais lidam bem com pressão e, caso não consigam abstrair as dificuldades, podem acabar ficando ansiosos e tendo quedas em termos de desempenho e saúde mental. Nesse tipo de situação, a forma com que uma pessoa age diante de sentimentos negativos também é importante para determinar sua capacidade de lidar com as intempéries da rotina de trabalho.
A importância da inteligência emocional
Quando desenvolvida, a inteligência emocional se torna uma grande aliada, seja no âmbito pessoal ou profissional. Isso porque a maestria nessa competência faz com que as pessoas sejam capazes de exercer mais controle sobre as suas próprias emoções, o que contribui imensamente para que elas não se desestabilizem mesmo em circunstâncias desafiadoras. Em tempos de pandemia, por exemplo, onde os índices de estresse, depressão e ansiedade disparam no mundo inteiro, ter a inteligência emocional desenvolvida pode representar a diferença entre entrar em pânico ou, mesmo aflito, conseguir manter a cabeça no lugar.
Além disso, o autocontrole ajuda a construir relacionamentos mais saudáveis, aumenta a empatia, facilita a conquista de objetivos, melhora a tomada de decisões, ajuda a otimizar o tempo e estimula a autoconfiança, dentre muitos outros benefícios. Pessoas cientes das próprias necessidades, sentimentos, reações e como os estímulos externos as afetam se tornam mais fáceis de lidar por serem menos impulsivas e reativas, o que é fundamental tanto para suas relações pessoais quanto profissionais.
No meio corporativo, essas qualidades colaboram para a construção de um ambiente de trabalho acolhedor e que seja capaz de motivar. Afinal, um colaborador em desequilíbrio com suas emoções pode ser o responsável por propagar um clima de tensão por todo Capital Humano de uma empresa, principalmente se ele passa a descontar as frustrações nos demais. Os resultados, neste caso, comumente são ruins: alto índice de turnover, falta de engajamento, baixa produtividade e até, em casos mais extremos, o surgimento de doenças psicossomáticas, como a síndrome de burnout. Por isso, o ambiente de trabalho deve, sempre, oferecer conforto e tranquilidade para os colaboradores, e não funcionar como um gatilho para o seu desestímulo.
Para prevenir esse tipo de cenário, é interessante considerar as soft skills dos colaboradores desde o momento de sua contratação. Afinal, o primeiro passo para construir um ambiente corporativo saudável é garantir que apenas pessoas com o comportamento adequado trabalhem na empresa – até porque as habilidades técnicas podem ser aprendidas, mas o comportamento é mais difícil de mudar. A utilização de uma boa análise de perfil comportamental é essencial para que esses aspectos sejam observados o quanto antes e que para o RH possa, de fato, compreender como utilizar as características comportamentais dos colaboradores da melhor forma possível.
Além disso, é interessante que o departamento de Recursos Humanos faça a utilização de softwares de gestão de pessoas, como o Etalent PRO, que permite avaliar o perfil comportamental dos candidatos e compará-lo com o do cargo pretendido, formar equipes com base em suas características comportamentais e realocar colaboradores de maneira otimizada, dentre muitas outras possibilidades. Desse modo, fica mais fácil realizar processos seletivos inteligentes e, também, ajudar o Capital Humano a desenvolver suas competências.
A relação entre autoconhecimento e inteligência emocional
Não há como falar de desenvolvimento da inteligência emocional sem passar pelo conceito de autoconhecimento. Como o próprio nome indica, na psicologia, esse termo corresponde a uma série de processos de desenvolvimento e amadurecimento emocional, afetivo, cognitivo, relacional e corporal. É através do autoconhecimento que uma pessoa se torna capaz de compreender suas questões com maior facilidade, o que é essencial para que ela entenda a forma com que se comporta, sente e manifesta suas emoções. Desenvolver essa habilidade ajuda a identificar limites, reconhecer forças, fraquezas, traumas, sinais de desgaste e, evidentemente, a se tornar mais inteligente emocionalmente.
Isso porque pessoas que se conhecem bem têm mais controle sobre as próprias emoções, uma vez que elas entendem seus gatilhos e sabem como determinados estímulos, sejam externos ou internos, as afetam. Isso permite que elas potencializem o controle sobre si mesmas e que lidem melhor com imprevistos ou situações desconfortáveis. Com o tempo, o autoconhecimento diminui a impulsividade e ajuda as pessoas a se tornarem mais analíticas, o que faz com que pensem antes de agir em determinadas situações. E, assim, elas desenvolvem a inteligência emocional. Como podemos notar, estes são conceitos que andam juntos e dependem um do outro para o desenvolvimento.
Quanto mais uma pessoa se conhece, melhores são suas condições para o autogerenciamento. Por isso, é interessante investir em ferramentas capazes de ajudar a mergulhar nessa jornada interna. Com o MyEtalent, programa de coaching on-line voltado para transformação pessoal, autoconhecimento e autodesenvolvimento, desenvolver a inteligência emocional é uma questão de tempo. Em conjunto com as devolutivas comportamentais, que oferecem feedbacks profundos sobre o comportamento de uma pessoa a partir de análises, fica mais fácil entender os próprios limites, questões e as particularidades para, assim, se tornar consciente de si.
Vivemos em tempos em que o conhecimento técnico já não basta para o mercado competitivo – é preciso que os profissionais foquem, também, em suas aptidões comportamentais e que as empresas saibam como utilizá-las em seu favor.
A inteligência emocional e o autoconhecimento são duas habilidades complexas, mas que, quando desenvolvidas, fazem a diferença no dia a dia do ambiente corporativo e, por isso, jamais devem ser subestimadas. Afinal, sinergia, motivação e engajamento são fatores capazes de alavancar a produção de uma empresa e prezar por ambientes de trabalho saudáveis é fundamental para que essas condições se estabeleçam!
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Fernanda Misailidis
Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.