O pensamento crítico é uma soft skill, ou competência comportamental, que vem sendo cada vez mais mencionada nos ambientes corporativos. De acordo com a pesquisa Future of Jobs 2023, relatório realizado pelo Fórum Econômico Mundial que descreve as competências mais requisitadas para o futuro, diferentes tipos de pensamento (analítico e criativo), encabeçam a lista de habilidades mais importantes a serem desenvolvidas pelos profissionais. Entretanto, ainda que essa pesquisa em específico se refira a momentos vindouros do cenário corporativo, a busca das empresas por profissionais com o pensamento crítico desenvolvido é observada em estudos que avaliam o momento atual.

Esse processo não acontece à toa. Afinal, essa é uma competência que envolve pontos como a capacidade de analisar cenários, propor soluções, fazer questionamentos e sempre buscar tomar decisões da forma mais assertiva possível. Além disso, desenvolver o pensamento crítico é importante para a proatividade e a autonomia no trabalho, uma vez que profissionais com esse tipo de competência não costumam se conformar com cenários onde apenas tenham que seguir regras sem nem mesmo entender por que elas são aplicadas.

É comum que os profissionais com essa competência sejam pessoas naturalmente curiosas, característica que pode ficar ainda mais acentuada dependendo do perfil comportamental do colaborador.

Mas, afinal, quais são os impactos do pensamento crítico no ambiente de trabalho? O que fazer para que os profissionais desenvolvam essa soft skill? Esse é o assunto do nosso artigo de hoje. Boa leitura!

 

O que é pensamento crítico?

De forma objetiva, o pensamento crítico diz respeito à habilidade de reunir e analisar informações antes de chegar a uma conclusão. Logo, essa competência envolve pontos como bagagem intelectual, clareza, precisão e profundidade na hora de estabelecer uma linha de raciocínio. O resultado é que, para fundamentar um pensamento, o indivíduo com pensamento crítico observa uma determinada situação e faz um julgamento interno baseado em referências, motivos e argumentos.

Contudo, é válido ressaltar: julgar, nesse caso, não quer dizer atribuir valor ou pensar se algo é bom ou ruim. É simplesmente analisar criticamente cada situação, entendendo por que ela está acontecendo, se deveria estar acontecendo e formando uma opinião sobre esse acontecimento.

O pensamento crítico funciona como uma oposição ao automático, que acarreta um gasto energético menor. Afinal, pensar criticamente requer análises mais aprofundadas, linhas de raciocínio mais densas, comparações e avaliações, o que, por si só, é bem mais trabalhoso do que simplesmente aceitar informações e seguir orientações sem pensar a respeito delas. Por isso, o pensamento crítico também é considerado uma habilidade cognitiva que precisa ser exercitada e estimulada – e a reflexão é o primeiro passo para que seja possível desenvolvê-lo.

Essa competência é composta por dois pilares:

  • Cognição, que diz respeito ao que nos permite formular, justificar e avaliar atitudes de maneira empática; e
  • Espírito crítico, que compreende a aplicação desse tipo de pensamento sempre que necessário.

É a partir dessa competência que avaliamos determinadas situações, ainda que elas vão de encontro com o que nós acreditamos. Esse tipo de questão é, inclusive, fundamental para que consigamos evoluir em nossas condutas e até mesmo mudar nossas opiniões. Logo, um indivíduo que pensa criticamente avalia com a cognição e julga com o espírito crítico para, só depois, responder aos estímulos aos quais foi exposto.

O que é pensamento crítico reflexivo?

De acordo com Paulo Freire, um dos nomes mais importantes da área da educação, a reflexão é algo fundamental para que seja possível formar o pensamento crítico. Afinal, esse é um caminho para que uma pessoa saia do estado de alienação e entenda que pode mudar a si mesmo e a sociedade em que vive por meio da reflexão. Não à toa, o autor diz que “a transformação é possível porque a consciência não é um espelho da realidade; um simples reflexo. Ela é reflexiva e refletora da realidade”.

Segundo o autor, é a conscientização através da reflexão que faz com que as pessoas consigam agir e, posteriormente, transformar. E esse é um processo intimamente ligado ao pensamento crítico, visto que é fundamental refletir para que consigamos analisar cenários e criar opiniões mais esclarecidas sobre eles.

 

Diferença de pensamento crítico e pensamento analítico

Embora o pensamento crítico esteja intimamente relacionado ao pensamento analítico – e até fazem parte um do outro -, é válido ressaltar que eles tratam de conceitos distintos. Pensar de forma analítica envolve analisar dados e encontrar soluções para problemas. Quando a questão é solucionada, a linha de raciocínio tem um fim. Contudo, depois disso, o que acontece é o pensamento crítico. Esse nível de raciocínio permite que o indivíduo adicione interpretações às conclusões. Logo, a partir de análises, o indivíduo compara com teorias, autores e experiências para criar um julgamento sobre a situação.

 

Principais características do pensamento crítico

Desenvolver o pensamento crítico faz com que o indivíduo crie uma mentalidade questionadora, ou seja, dificilmente, ele vai agir de forma “automática” e simplesmente aceitar as informações às quais é exposto sem pensar, pelo menos um pouco, sobre elas. E esse tipo de comportamento pode abranger desde questões simples e rotineiras, como a escolha de um filme em uma plataforma de streaming, por exemplo, até pontos mais complexos, como afinidades políticas, religiosas e tendências a (des)obedecer ordens.

Além disso, é comum que, por conta dessa forma de pensar, essas pessoas sempre tenham muitas perguntas. Afinal, como eles entendem o mundo como algo em constante mudança e evolução, sempre há algo novo a aprender – característica esta, inclusive, que demonstra a afinidade com conceitos como lifelong learning.

Também vale mencionar o fato de que essas pessoas estão sempre inconformadas com determinados aspectos e, por isso, nutrem um desejo de mudança. Nesse sentido, o trabalho de um jornalista serve de exemplo para demonstrar como o pensamento crítico funciona: esses profissionais precisam observar determinada situação acontecendo, construir uma opinião sobre ela, se veem inconformados com ela e vão até lá fazer reportagens para denunciar – e, eventualmente, tentar mudar o cenário.

Esse exemplo também coloca em evidência outra característica do pensamento crítico: a proatividade. O pensamento crítico torna as pessoas mais propensas a agirem em vez de ficarem esperando que alguém as peça para fazer algo.

Além disso, elas costumam tomar decisões baseadas na racionalidade, tentando entender cada situação e processá-la a partir da razão. A empatia também é uma competência comportamental que essas pessoas costumam desenvolver em paralelo, uma vez que compreender a realidade alheia é algo fundamental para chegar a conclusões a respeito de determinadas situações.

Além dessas características, também há outras habilidades comumente associadas ao pensamento crítico. Dentre elas, destacamos:

  • Observação: as pessoas aprimoram essa competência a fim de avaliar situações e formar opiniões sobre elas;
  • Foco: a racionalidade permite controlar os sentimentos com mais assertividade e isso faz com que as pessoas tenham mais facilidade para se concentrar;
  • Raciocínio bem estruturado: utilizar a razão ajuda a elaborar o raciocínio lógico, aumentando a capacidade de solucionar problemas, pensar estratégias e argumentar;
  • Curiosidade: essas pessoas buscam sempre construir mais conhecimento e esse anseio faz com que sejam mais curiosas;
  • Autoconhecimento: conhecer as próprias tendências é fundamental para entender situações de forma imparcial e a partir da lógica;
  • Habilidade analítica: essas pessoas costumam decompor problemas maiores em pequenas partes para serem analisadas separadamente, o que permite fazer isso com mais cuidado;
  • Discernimento: esses indivíduos são bons em distinguir o certo do errado usando o bom senso, sem deixar que a perspectiva individual comprometa a leitura de cada situação.

 

Benefícios de desenvolver o pensamento crítico

Desenvolver o pensamento crítico traz diversas vantagens para os profissionais e, evidentemente, para as empresas. Dentre as principais delas, destacamos:

Resolução de problemas

Desenvolver o pensamento crítico é importante para aumentar a capacidade de um profissional solucionar problemas. A partir da habilidade analítica, que permite avaliar pequenas partes de um todo a fim de entender o panorama geral, é possível tomar decisões mais assertivas e que consigam mitigar os problemas da organização em menos tempo. Além  disso, o pensamento crítico ajuda a pensar com mais criatividade e até de forma disruptiva, o que é fundamental em um mercado que exige inovação a todo momento.

Incentivo à curiosidade

A curiosidade e o pensamento crítico são duas questões que caminham de forma concomitante. Afinal, esse tipo de perspectiva permite desenvolver uma compreensão de mundo mais profunda, considerando aspectos racionais e subjetivos. Logo, não é incomum que quem pense criticamente queira saber mais sobre questões gerais como culturas, pessoas, países ou mesmo sobre assuntos que permeiam a própria área de atuação.

Aumento da criatividade

Quem pensa criticamente também acaba desenvolvendo a criatividade. Afinal, aprender a reconhecer padrões, entender como eles funcionam e responder analiticamente a eles faz com que esses profissionais também aprendam a subvertê-los em prol da inovação. Com questionamentos e análises constantes, eles conseguem criar novas tendências e essa capacidade se torna um diferencial.

Mais independência

Competências como a autonomia e a proatividade são estimuladas quando um profissional desenvolve o pensamento crítico. Pessoas que desenvolvem essa habilidade aprendem a entender o mundo a partir de sua experiência, referências e da observação pessoal. Por isso, elas estão sempre abertas ao aprendizado e ganham confiança conforme vão vendo seus objetivos serem atingidos desta maneira. Nas empresas, esse é um processo muito importante para que o colaborador se sinta confortável de exercer sua função sem precisar, necessariamente, do amparo ou de ordens constantes dos gestores. Aliás, a tendência, nesse caso, é que ele se torne cada vez menos dependente e aumente sua capacidade de tomar decisões estratégicas.

Melhorias de habilidades multidisciplinares

O pensamento crítico ajuda a desenvolver diversas habilidades cognitivas, como raciocínio lógico, pensamento analítico, habilidade de avaliação, gestão de tempo, linguagem, comunicação, autorreflexão, observação, dentre várias outras capacidades. Logo, essa competência não representa apenas um ganho isolado, mas, sim, todo um “pacote” de skills multidisciplinares que são positivas para qualquer profissional e para a empresa onde ele trabalha.

 

5 etapas para estabelecer o pensamento crítico

Como qualquer outra habilidade, o pensamento crítico é algo que pode ser desenvolvido. Os principais exercícios para o aprimoramento desta competência estão relacionados à visão de mundo, perspectiva, lógica e inteligência emocional. Afinal, parte desse processo envolve aprender a considerar alternativas possíveis e atingir conclusões imparciais. Além disso, por vezes, também é necessário aprender a se distanciar, em termos emocionais, de cada situação para avaliá-la a partir da lógica e da análise.

Alguns passos efetivos para estabelecer o pensamento crítico são:

1. Identificar o problema

Antes de formular qualquer linha de raciocínio, é preciso identificar o problema que precisa de uma resolução. Para isso, é fundamental exercitar a capacidade de enxergar a situação a partir de diferentes pontos de vista. Só assim, será possível entender o que está acontecendo, por que acontece, o que é possível supor a partir disso e o que fazer para solucionar a questão. Desmembrar o raciocínio nestes pontos é importante para avaliar cada aspecto com imparcialidade, além de se distanciar do problema em si. Ademais, esse tipo de raciocínio “por partes” ajuda a exercitar o pensamento analítico.

2. Buscar mais informações

Depois de identificado o problema, é hora de partir para a pesquisa. Afinal, para encontrar uma solução eficiente, é preciso saber mais sobre o assunto – e é por isso, inclusive, que a curiosidade e o pensamento crítico são questões que andam lado a lado. Aliás, nessa hora, vale tudo: avaliar dados, estatísticas, fazer pesquisas de campo, analisar o histórico do projeto, perguntar a outros colaboradores, buscar referências em outras empresas, dentre diversas outras possibilidades voltadas para aumentar o conhecimento sobre o problema detectado. Outro ponto interessante para aprimorar a capacidade crítica é buscar por perspectivas contrárias, uma vez que isso obriga o indivíduo a sair de sua “caixa” e pensar sobre outras questões.

3. Filtrar informações

Depois de reunir as informações, outro passo importante é aprender a selecioná-las – até porque nem todos os dados serão, de fato, relevantes para formar uma opinião crítica sobre algo. Por isso, esse é o momento de examinar o que foi levantado, identificar o que é importante e o que não é. Sintetizar essas informações é essencial para chegar a uma conclusão definitiva sobre a questão. Além disso, é fundamental que a pessoa também cheque a veracidade das informações que consome; caso contrário, ela pode ter toda a sua avaliação comprometida.

4. Perguntar a si mesmo

Toda e qualquer pessoa tem perspectivas sobre qualquer assunto. Entretanto, para formar uma opinião imparcial, é necessário tentar, na medida do possível, se afastar de vieses individuais – ainda que isso não seja completamente possível, vale ressaltar. Contudo, uma boa forma de fazer isso é fazendo perguntas a si mesmo. A todo momento, é importante parar e avaliar o cenário, buscando entender se há alguma suposição que foi feita de forma inconsciente, se todos os contextos foram realmente avaliados e as variáveis, consideradas.

5. Identificar a solução

Depois de percorrer todos esses caminhos, é hora de esboçar uma conclusão. Para isso, é preciso analisar as informações levantadas. Contudo, vale sempre frisar que o processo de desenvolver o pensamento crítico nem sempre leva a conclusões definitivas – por vezes, ainda que pareça contraditório, desenvolver esse tipo de pensamento vai provocar mais dúvidas ao invés de trazer certezas contundentes. Nem sempre é preto no branco; os cenários identificados podem, sim, ser subjetivos e mais complexos do que parecem.

Todavia, isso não quer dizer que, caso as dúvidas apareçam, a pessoa não está desenvolvendo a capacidade de crítica. Na verdade, a situação pode até mesmo ser inversa: justamente por expandir a visão e o conhecimento, a pessoa tem ainda mais dúvidas do que respostas. E nem é preciso ir muito longe para entender como esse processo funciona. Uma pessoa que nunca teve contato com física quântica, por exemplo, dificilmente vai ter alguma dúvida sobre a área – afinal, ela não tem conhecimento o suficiente nem mesmo para pensar em uma pergunta sobre o assunto.

 

7 dicas para desenvolver o pensamento crítico

Desenvolver o pensamento crítico requer investimento em habilidades distintas, que vão desde o controle das características socioemocionais até a ampliação de repertórios de conhecimento, cultura, área de atuação e outras questões. Apesar deste ser um processo trabalhoso, é perfeitamente possível aprimorar a visão crítica a partir de algumas iniciativas específicas. Dentre elas, destacamos:

Pratique o pensamento equilibrado

De forma objetiva, desenvolver o pensamento equilibrado significa controlar a impulsividade e pensar antes de tomar determinadas atitudes. Por mais que essa possa ser uma tarefa difícil, sobretudo quando consideramos alguns perfis comportamentais mais impetuosos, ela é de extrema importância para desenvolver o pensamento crítico. Afinal, antes de tomar qualquer decisão, é preciso avaliar não apenas as abordagens necessárias para lidar com cada situação, como também entender possíveis problemáticas, consequências, dentre outras possibilidades.

Desenvolva a inteligência emocional

A inteligência emocional está diretamente relacionada à ideia de reconhecer, avaliar, controlar e direcionar as próprias emoções, além de ser capaz de identificar as emoções de outras pessoas. Quem desenvolve essa competência se torna capaz de perceber seus sentimentos, nomeá-los, entender seus gatilhos, suas forças, vulnerabilidades e como ela deve agir e reagir em determinadas circunstâncias. Por isso, esse é um fator fundamental para o pensamento crítico – usando essa habilidade, além de autocontrole, é possível desenvolver a empatia, autoconhecimento e facilidade para lidar com situações cada vez mais complexas.

Mantenha a disciplina

O pensamento crítico exige análise e ponderação, mas é válido ressaltar que isso não é sinônimo de procrastinação ou falta de foco – nem deve ser tratado dessa forma. É preciso estabelecer prazos para que as considerações sejam feitas, bem como limites de tempo para que os problemas sejam resolvidos. Ter esse tipo de clareza e disciplina é extremamente importante para que não haja dispersão ou perda de tempo desnecessária.

Amplie o repertório

Ampliar o repertório é uma estratégia extremamente relevante para desenvolver o pensamento crítico. Afinal, é acumulando referências, entrando em contato com pessoas de realidades distintas, variando as fontes de informação e saindo da zona de conforto que os indivíduos conseguem construir perspectivas mais abrangentes e capazes de enxergar além do que lhes é familiar. E isso é fundamental na hora de fazer análises complexas e o mais imparciais possíveis. Quanto a esse ponto, a educação é importantíssima, mas ampliar os conhecimentos vai além do estudo formal, incluindo experiências, vivências e exercícios constantes de alteridade.

Distribua a atenção com sabedoria

Por mais que a rotina corporativa exija velocidade, sobretudo em tempos acelerados como os atuais, é importante ter ciência de que a celeridade e o pensamento crítico não costumam andar juntos. Para analisar, é preciso ter calma, frieza e prestar atenção na situação em que se está inserido. Caso tente avaliar sem esses critérios, a tendência é que o indivíduo não seja preciso em suas considerações. Dividir a atenção e ser multitarefa nesses momentos também não é uma boa ideia. É importante parar para refletir com assertividade.

Debata ideias

Falar sobre ideias e considerações com outras pessoas também é uma forma interessante de exercitar o pensamento crítico. Além disso, ao contar como você chegou a uma conclusão, fica mais fácil evitar linhas de raciocínio completamente parciais – e isso acontece com alguma frequência, ainda que não seja de maneira consciente. Por vezes, é conversando que descobrimos novas perspectivas, informações e tornamos nossas ideias ainda mais complexas.

Não tenha medo de experimentar

O pensamento crítico permite desafiar o status quo e propor novas abordagens. Nas organizações exponenciais, existe sempre um princípio disruptivo que busca inverter padrões que já são considerados “tradicionais” no mercado. Não à toa, algumas das empresas mais bem sucedidas atualmente têm modelos de negócio que envolvem, por exemplo, alugar casas e quartos de hotéis sem ser uma rede hoteleira. Ou mesmo veículos, ainda que a empresa em si não seja uma locadora. E para que isso fosse possível, muitas pessoas tiveram que analisar o cenário mercadológico e colocar novas ideias (inusitadas) em prática. Por isso, experimentar é essencial, bem como desafiar o que já está estabelecido, quando necessário.

Desenvolva a escrita

De acordo com o escritor e filósofo britânico Tom Chatfield, autor de uma série de livros sobre o pensamento crítico e formas de desenvolvê-lo, uma das formas mais eficientes de fazer isso é aprimorando a habilidade escrita. Isso porque, segundo o autor, o pensamento e a escrita são pontos intimamente ligados. Para ele, escrever ajuda a esclarecer pensamentos, formar linhas de raciocínio mais efetivas e refletir de forma mais eficiente. Além disso, aprender a analisar informações também é fundamental para quem quer escrever bem, já que pesquisar e estruturar ideias faz parte desse processo. E tudo isso impacta a capacidade de pensar de forma crítica.

 

Pensamento crítico e os diferentes perfis comportamentais

O comportamento é algo subjetivo, complexo e que varia de pessoa para pessoa. É o perfil comportamental de um indivíduo que determina como ele reage a certos estímulos, incluindo a forma com que responde e o tipo de sentimento que desenvolve em relação a eles. Há, por exemplo, quem se sinta energizado na companhia de outras pessoas. Por outro lado, algumas pessoas precisam ficar sozinhas para recuperar as energias. Há quem goste de assumir riscos e quem prefira condições mais estáveis. Há quem saiba lidar bem com imprevistos, enquanto outros indivíduos se irritam profundamente quando algo sai de seus planos. Esses exemplos são baseados em perfis comportamentais distintos, mas sequer começam a definir a complexidade do comportamento humano.

De acordo com a Metodologia DISC, uma das ciências comportamentais mais importantes do mundo, existem quatro fatores responsáveis por determinar o comportamento de uma pessoa: Dominância, Influência, eStabilidade e Conformidade. Cada um deles tem suas próprias características e todo mundo tem os quatro em algum nível. Contudo, a forma com que os usamos determina quais são mais ou menos presentes em nossos comportamentos – e, portanto, o nosso estilo comportamental. E como é de se esperar, os fatores impactam diretamente a tendência a desenvolver (ou não) o pensamento crítico.

Dominância

A Dominância é um fator marcado pela objetividade, ambição e pelo gosto por desafios. Esse grupo é formado por pessoas que prezam pela praticidade e que estão sempre em busca de alcançar seus objetivos, ainda que tenham que tomar decisões impopulares para isso. Outra característica marcante do grupo é a tendência a serem enérgicos e, dependendo da situação, explosivos. Por isso, pessoas com esse fator alto podem ter mais dificuldade para desenvolver o pensamento crítico.

Influência

A Influência é marcada pelo dinamismo, sociabilidade e extroversão. Essas são pessoas comunicativas e que gostam de se relacionar. Além disso, são bons em improvisar e têm dificuldades em lidar com situações em que precisem ser mais organizados e metódicos. Dadas essas características, essas pessoas também podem ser impulsivas e, por isso, ter mais dificuldade de desenvolver o pensamento pautado em análise e crítica. Entretanto, como são empáticos, buscam sempre considerar os demais em suas perspectivas.

Estabilidade

A eStabilidade é um fator marcado pela paciência, persistência e empatia. Essas pessoas costumam ser relacionais, embora tenham um aspecto introvertido que pode fazer com que sejam menos abertas. Por conta dessas características, é comum que tenham um perfil mais ponderado e busquem, naturalmente, avaliar e analisar as situações em que estão inseridas. Por isso, o pensamento crítico é uma habilidade que pode ser desenvolvida com mais facilidade por indivíduos estáveis.

Conformidade

A Conformidade é um fator marcado pela lógica e análise de cenários. Pouco relacionais, essas são pessoas metódicas, perfeccionistas, estratégicas e que gostam de seguir regras. É comum que, naturalmente, a linha de raciocínio desses indivíduos considere cenários e avalie possibilidades. Por conta dessa característica, desenvolver o pensamento crítico pode ser uma tarefa mais fácil para quem tem alta conformidade.

 

Como as empresas podem estimular o pensamento crítico?

Investindo na adequação comportamental

Investir na adequação comportamental dos indivíduos nada mais é do que alocar as pessoas mais alinhadas aos cargos, em termos de competências comportamentais. Afinal, toda e qualquer função exige, além de habilidades técnicas, competências comportamentais específicas para que possam ser bem desempenhadas. Um vendedor, por exemplo, precisa saber lidar com softwares de vendas para manter tudo organizado, mas são pontos como a persuasão e a capacidade de negociação que vão definir, de fato, como será o seu desempenho na função.

Quando o assunto é estimular o pensamento crítico em determinadas funções, essa lógica se mantém – é preciso contratar pensando em colaboradores que tenham tendências mais claras a desenvolver essa habilidade. Um bom software de gestão de pessoas, como o ETALENT Pro, é fundamental nessa análise, uma vez que identifica não apenas as características comportamentais dos candidatos, como também as necessárias para cada cargo da organização.

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Estimulando o autoconhecimento

O autoconhecimento é uma habilidade que compreende uma série de processos de desenvolvimento psíquico, amadurecimento emocional, afetivo, cognitivo e comportamental, que permite que um indivíduo conheça profundamente a si mesmo. Por meio dessa competência, as pessoas se tornam capazes de entender suas subjetividades, encarar os próprios sentimentos e, consequentemente, têm mais controle sobre suas emoções.

Quando as empresas investem no desenvolvimento dessa habilidade, os colaboradores ficam mais cientes sobre suas tendências, vulnerabilidades e limites. Além disso, eles desenvolvem empatia, o que é fundamental na hora de realizar análises mais aprofundadas de diversos cenários. O autoconhecimento também permite que os profissionais entendam quando estão projetando questões subjetivas nas análises, processo que também ajuda a tornar as avaliações cada vez mais assertivas e imparciais.

Adotando uma cultura de aprendizagem

A cultura de aprendizagem corresponde a uma série de práticas adotadas pela organização a fim de desenvolver todo o potencial do Capital Humano. O intuito é mudar a mentalidade das equipes para mantê-las em estado de aprendizado constante e, assim, aprimorar suas competências – independentemente das mudanças propostas pelo mercado. Além disso, esse tipo de ação é importante para estimular os profissionais a compartilharem o conhecimento entre si, formando times mais colaborativos, adaptados e capazes de atingir resultados excelentes. A cultura de aprendizagem é indispensável para amplificar o repertório dos profissionais e fazer com que eles desenvolvam a capacidade de pensar criticamente.

O pensamento crítico já é uma das competências mais requisitadas pelas empresas, mas a tendência é que, no futuro, ela seja ainda mais importante. Por isso, formar um Capital Humano em que as pessoas tenham essa habilidade é um grande diferencial competitivo, tanto em termos de estratégia do negócio quanto na construção de ambientes de trabalho mais saudáveis. E quando isso acontece, o sucesso é apenas uma questão de tempo.

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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