A inteligência artificial (IA ou AI, em inglês) é uma forte tendência da tecnologia moderna. Com cada vez mais investimentos das megacorporações, como o Google e a Microsoft, esse tipo de recurso vem se tornando mais assertivo – e útil – na rotina de diversas empresas e profissionais. O ChatGPT, chatbot da OpenAI, por exemplo, está em evidência desde o seu lançamento em novembro de 2022. Isso se deve à sua grande capacidade de entender e interpretar comandos.
A plataforma de IA oferece suporte a atividades como organizar rotinas de estudos, criar apresentações, resolver algumas equações básicas e criar textos de diversos tipos, tudo isso a partir de informações fornecidas pelo usuário. E esse é apenas um breve exemplo do tipo de inovação e agilidade que o uso dessas ferramentas pode trazer.
Dentro das empresas, existem diversos departamentos que podem se beneficiar com esses recursos. Um dos principais é o setor de Recursos Humanos, que tem uma longa história de desenvolvimento concomitante com a tecnologia. Quando surgiu, o RH, que atendia pelo nome de departamento pessoal, era voltado majoritariamente para processos burocráticos e operacionais, como folhas de pagamento e controle dos colaboradores.
Hoje em dia, seguindo tendências como o RH 5.0 e o People Analytics, esse setor se tornou muito mais estratégico e automatizado. De acordo com Idalberto Chiavenato, um dos nomes mais importantes da administração de empresas, nos moldes modernos, o setor é responsável por cinco subsistemas, cada um com funções e demandas específicas, incluindo recrutamento e seleção, ambientação e gestão de pessoas.
Dada essa característica, é de se esperar que, agora que essas ferramentas estão atingindo melhores níveis de qualidade, elas sejam incorporadas ao RH para criar fluxos ainda mais assertivos e elevar a possibilidade de desenvolvimento profissional. De acordo com essa pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.Br), 22% das empresas pequenas e 37% das grandes já utilizam IA em suas rotinas.
Mas, afinal, como os avanços da tecnologia vão impactar as empresas, como chegamos às ferramentas atuais e quais são os riscos de aplicá-la? É o que você vai descobrir neste artigo, que trata do uso de Inteligência Artificial no RH. Boa leitura!
- O que é inteligência artificial?
- A evolução das IAs ao longo do tempo
- Uso da Inteligência Artificial no dia a dia das pessoas
- Principais usos da Inteligência Artificial nas empresas
- A inteligência artificial no RH: onde aplicar?
- Os impactos da inteligência artificial na gestão de pessoas
- O futuro da Inteligência Artificial
O que é inteligência artificial?
De forma objetiva, a inteligência artificial é um tipo de tecnologia que faz com que máquinas e softwares simulem o raciocínio dos seres humanos. Isso significa desempenhar funções cognitivas, ter capacidade para interagir e resolver problemas, além de ser capaz de aprender, identificar padrões, usar raciocínio lógico e processar linguagens, dentre outras possibilidades. De acordo com Nathalia Castelo Branco, especialista em BI do time de Soluções da ETALENT, “os sistemas com que interagimos todos os dias foram programados para cumprir ordens específicas – e nada mais do que isso. Com as IAs, há uma revolução tecnológica em curso, e ela simula a mente das pessoas“.
Por mais que a sociedade já convivesse com esse tipo de ferramenta há algum tempo (em versões mais embrionárias, vale ressaltar), nos últimos anos, com o boom da tecnologia, as IAs vêm recebendo robustos investimentos de megacorporações, como Google, Apple, Amazon, Tesla e Microsoft. A concorrência entre elas tem feito com que essas ferramentas se tornem mais e mais inteligentes, causando verdadeiras revoluções na forma com que as informações são produzidas, processadas e consumidas pelas pessoas.
O já mencionado ChatGPT é um exemplo dessa tecnologia direcionada para a produção de textos; o Midjourney e o DALL-E são IAs voltadas para a criação de imagens. O Fireflies grava e transcreve o conteúdo de reuniões e meetings. O Adobe Podcast melhora a qualidade de gravações de áudio. A D-ID cria vídeos a partir de texto. Por fim, mas não menos interessante, o Tome.app cria apresentações completas em slides. Além destas, existem diversas outras ferramentas menos conhecidas.
Em entrevista, Nathalia detalhou como esse complexo processo acontece. Ela explicou que, na prática, os programas estão sendo “educados” a partir dos dados disponíveis na Internet, fundamentais para que as IAs entendam comandos e consigam interagir satisfatoriamente com as pessoas. Para tornar didático, ela usou uma analogia: ensinar uma criança a entender as diferenças entre cães e gatos usando fotos. Nathália explicou que “ao mostrar dezenas de fotos desses animais para a criança, eventualmente, ela entende as diferenças e vai reconhecê-los quando vê-los pessoalmente. Quando ela vê uma foto de um desses animais pela primeira vez, ela consegue reconhecê-los fazendo associações com as fotos que ela já viu. Mas se ela vê um cavalo, por exemplo, fica confusa, já que ‘esse conjunto de características’ isso não faz parte dos conhecimentos dela. Essa é uma explicação superficial de como um computador aprende, mas serve como ilustração de como o processo das IAs acontece“.
A ideia é que os robôs auxiliem tanto em tarefas embasadas por dados, quando a IA pode ajudar a tomar decisões mais assertivas, quanto nas atividades mais subjetivas, como organização pessoal, por exemplo. Por conta dessa característica, os softwares que usam esse recurso vêm caindo nas graças dos profissionais e, consequentemente, também passam a ser parte das rotinas em empresas.
A evolução das IAs ao longo do tempo
O primeiro passo em direção à evolução das IAs para o que conhecemos hoje foi dado pelo cientista de dados Alan Turing, mundialmente conhecido como o pai da computação. Em 1950, ele desenvolveu o chamado Teste de Turing, em que o intuito era identificar, a partir de um questionário, se um computador conseguiria se passar por um ser humano. A premissa era bem básica: se a máquina conseguisse dialogar com uma pessoa por cinco minutos sem que ela percebesse que se tratava de um computador, passava no teste. O questionário surgiu a partir das dúvidas de Turing sobre o quão bem um computador poderia imitar o pensamento humano.
Cinco anos depois, um novo passo foi dado. O conceito de inteligência artificial propriamente dito surgiu em 1955, a partir dos estudos de John McCarthy, pesquisador norte-americano e professor da Universidade de Dartmouth. Na época, McCarthy reuniu um grupo de cientistas para tentar “educar” os computadores, o que envolvia encontrar uma forma de fazer com que eles aprendessem gradativamente.
A inteligência artificial voltou a ser pauta em 1997, quando o computador Deep Blue, da IBM, venceu o russo Garry Kasparov, melhor jogador de xadrez do mundo. O Deep Blue analisou cenários, possibilidades e probabilidades de jogadas. Isso fez com que a máquina previsse o desenrolar da partida, o que lhe rendeu a vitória. Em 2011, outro computador da IBM, o Watson, também impressionou por vencer um jogo de perguntas e respostas contra Ken Jennings e Brad Rutter, campeões da competição naquele momento.
Com o tempo, as tecnologias foram se aprimorando e se desenvolvendo de acordo com os avanços tecnológicos. Surgiram, então, os chamados algoritmos, que compreendem um conjunto de instruções e regras seguidos por determinado computador para executar suas funções. A utilização desse recurso possibilita que softwares entendam dados fornecidos, os processem e tomem decisões a partir deles. É o algoritmo, por exemplo, que permite mapear o comportamento de um usuário a partir de suas buscas na Internet e oferecer a ele mais conteúdo diretamente relacionado aos seus interesses. Esse princípio é replicado à exaustão em redes sociais como o Instagram e o Facebook, por exemplo.
Nesse cenário, a utilização dos dados de Big Data torna possível o desenvolvimento de programas como o ChatGPT e o Midjourney. Ambos funcionam como IAs generativas, ou seja, aquelas que têm capacidade de criação. E como a criança da alegoria criada pela Nathalia, esses programas foram treinados para reconhecer comandos e conseguir atendê-los ao compará-los com informações dispostas em uma enorme base de dados. Evidentemente, os processos dessas ferramentas são bem mais completos e complexos do que simplesmente saber diferenciar um cachorro de um gato.
As ondas da inteligência artificial
Apesar da grande evolução das IAs ao longo do tempo, para alguns pesquisadores, a tendência é que elas consigam realizar feitos ainda mais impressionantes em um momento futuro. De acordo com Kai-Fu Lee, autor do livro “AI Superpowers: China, Silicion Valley and the New Order” (2018), que se debruça na corrida entre China e Estados Unidos para desenvolver a melhor inteligência artificial, existem quatro ondas distintas que permeiam esse assunto. Algumas delas, no entanto, já podem ser identificadas hoje, apenas cinco anos depois do lançamento do livro.
Segundo Lee, a primeira onda trata da aplicação da IA na Internet – algo que, como vimos, já é cotidiano. Isso envolve a utilização de algoritmos para melhorar vendas, recomendar conteúdo e aumentar o tempo de permanência do usuário em determinada plataforma. Outro ponto interessante comentado pelo autor é a possibilidade de enviar pagamentos online usando aplicativos como o Wallet, que pode ser instalado em celulares e relógios, e dispensa completamente o uso de cartões.
Já a segunda onda, de acordo com Lee, envolve as IA no contexto empresarial. Ele descreve uma realidade em que algoritmos conseguem tomar decisões sobre investimentos financeiros, empréstimos bancários e até na bolsa de valores. Em algum nível, também já é possível ver isso nos dias de hoje, em aplicativos como o Smart Finance, por exemplo.
A terceira onda da inteligência artificial envolve reconhecimento facial e de voz para facilitar o acesso a produtos e serviços. A ideia é que, ao entrar numa loja, por exemplo, o indivíduo possa ser identificado por seu rosto e o sistema consiga orientá-lo a partir do seu histórico e perfil de compras.
Imagine, por exemplo, que você tem uma conta em um aplicativo de um mercado e vai fazer compras em uma de suas lojas físicas. Quando você chega, o sistema te reconhece, abre a sua conta, importa sua lista de compras e te guia para que encontre tudo que está nela. No final, você nem precisa ir para a fila: ele debita o valor da compra direto do seu cartão de crédito, previamente cadastrado. Por mais que pareça cena de filme de ficção científica, esse tipo de automação já acontece, em algum nível, nas lojas Amazon Go, nos Estados Unidos, que fazem parte da megacorporação. Esse tipo de IA, descrita como IA perceptiva, também está presente em assistentes virtuais como Alexa (Amazon) e Siri (Apple), além de diversos produtos que têm suporte por comandos de voz.
A quarta onda, última descrita por Lee, é a IA autônoma. Ao contrário das outras, esta parece mais distante; ela descreve uma condição em que as inteligências artificiais têm autonomia, por exemplo, para reconhecer quando um carro precisa ser reabastecido e elas podem levá-lo até o posto. Em suma, quando este momento chegar, o esperado é que as IAs consigam reconhecer necessidades e agir sobre elas, sem nenhum tipo de comando humano.
Uso da Inteligência Artificial no dia a dia das pessoas
As inteligências artificiais fazem parte da rotina de muitas pessoas que, por vezes, nem mesmo se dão conta de que elas estão lá. Afinal, nem toda IA interage explicitamente com o seu usuário.
Alguns usos corriqueiros da IA são:
Redes sociais
Redes sociais como o Instagram, Twitter, TikTok e Facebook utilizam algoritmos para oferecer uma experiência personalizada para cada usuário. Como conta essa matéria do TechTudo, quando o Instagram foi lançado, o seu feed era organizado por data de publicação, mas o critério caiu por terra quando o número de usuários na rede começou a crescer muito e o acompanhamento cronológico ficou impraticável. A solução foi desenvolver algoritmos para mapear os interesses de cada usuário e oferecer a eles conteúdos que estejam diretamente alinhados com o que as IAs identificaram, a partir do seu histórico de uso.
A ideia é sempre a mesma: aumentar o tempo que o usuário passa em cada plataforma através de uma curadoria individualizada de interesses. Se a pessoa gosta de assistir a treinos de academia, por exemplo, a rede social consegue identificar essa procura e passa a oferecer mais conteúdo sobre o assunto. Logo, mais contas de personal trainers passam a ser sugeridas para aquele usuário. E esse princípio acontece com praticamente tudo: gostos, interesses, pretensão de compras e até mesmo ideologia. Vale ressaltar o perigo, inclusive, das bolhas sociais que são criadas com esses algoritmos – afinal, as pessoas deixam de ter contato com quem tem opiniões diferentes e podem até se radicalizar.
Assistentes virtuais
Assistentes virtuais como a Alexa, da Amazon, a Siri, da Apple, e o Google Assistente também são exemplos de IAs usadas no dia a dia de milhares de pessoas. Quando um usuário dá um comando, o programa precisa reconhecer sua voz, processá-la para, depois, respondê-lo de acordo com o que cada usuário demanda.
A Alexa é conhecida por estar inclusa em eletrônicos smart como TVs e caixinhas de som, podendo reproduzir músicas, mudar de canal e até ligar e desligar produtos integrados, apenas a partir do comando de voz do usuário. Já a Siri funciona nos produtos da Apple, facilitando comandos como pesquisa, navegação, ligações e envio de mensagens. O Google Assistente segue a mesma premissa, mas faz parte do ecossistema do Google.
Recomendações de streaming e e-commerce
Plataformas de streaming de filmes e músicas também contam com inteligência artificial. A ideia é a mesma das redes sociais: fazer o usuário passar mais tempo dentro do aplicativo ou site. No caso de uma plataforma como a Netflix, as recomendações são feitas a partir do que o usuário assiste. O software entende as preferências de cada pessoa entre os gêneros, duração e tempo de filmes, séries e novelas, e os recomenda, baseando-se nessas considerações. O mesmo acontece com músicas em plataformas como o Spotify.
Quando o assunto é publicidade, isso fica ainda mais evidente. Afinal, basta a simples busca de um item para que uma série de anúncios sejam exibidos por dias, com o intuito de estimular a compra do produto procurado. As recomendações também acontecem dentro de cada plataforma de e-commerce, seguindo a mesma premissa de entender o comportamento de compra de cada usuário e sugerir outros produtos que também podem ser do interesse dele.
Casas inteligentes
Dispositivos que tornam a casa inteligente vem se tornando bastante populares entre os brasileiros. Luzes, tomadas, aquecedores, trancas e janelas são exemplos de produtos que já podem ser operados à distância através de aplicativos ou a partir de comandos de voz. A praticidade tem feito muitas pessoas substituírem os sistemas mais tradicionais por estes, que também precisam de IA para funcionar.
Principais usos da Inteligência Artificial nas empresas
Por conta do desenvolvimento dessa tecnologia, a utilização das IAs nas empresas se tornou praticamente infinita. Hoje, é possível ver a inteligência artificial impactando todos os departamentos. Aqueles que demandam tarefas operacionais repetitivas, as IAs são capazes de automatizar o trabalho.
Departamentos que trabalham a partir de análises profundas e precisam de uma base de dados consolidada também são particularmente suscetíveis ao uso dessa tecnologia. Vale mencionar, ainda, a utilização de Machine Learning, tecnologia que vem se popularizando nas empresas, cujo foco é o treinamento e aprendizado de máquinas para que elas se tornem autônomas e executem tarefas com a menor interação humana possível. Isso depende, diretamente, das IAs.
Na saúde, as aplicações são bem interessantes. Sobretudo quando o trabalho exercido envolve risco à integridade física, algumas organizações usam dados e monitoramento em tempo real para acompanhar a saúde do colaborador. Várias empresas vêm desenvolvendo soluções para otimizar o monitoramento a partir do uso de inteligência artificial. É o caso da Binah.ai, um dos grandes destaques do segmento, que analisa imagens e aplica o reconhecimento facial para esse fim. A IA consegue monitorar a frequência cardíaca de uma pessoa através da coloração em suas bochechas, por exemplo.
Entre as finanças, existem IAs que fazem avaliação de risco de empréstimos, fraudes e limites para cartões de créditos, por exemplo. Já quando o assunto é indústria, o monitoramento do uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), a identificação de falhas em processos de fabricação de máquinas, equipamentos e outros materiais são alguns exemplos de atribuições que podem ser automatizadas com inteligência artificial.
Na segurança, as demandas envolvem identificar e conter ataques de invasores aos sistemas da empresa, além de questões mais “físicas”, como a utilização de câmeras inteligentes capazes de fazer o reconhecimento facial.
Na comunicação, o uso de chatbots é um excelente exemplo de como a IA pode contribuir para a relação entre uma empresa e o seu público. Antigamente, essas ferramentas não contavam com nenhum tipo de inteligência; eram apenas orientadas por regras e esperavam respostas específicas para que prosseguissem. Com modelos de IA baseados em linguagem, no entanto, as conversas são fluidas e não passam a impressão de serem com robôs, o que é positivo para a experiência do cliente.
Além disso, vale mencionar assistentes virtuais próprios da empresa e a utilização de softwares para apoiar a criação de conteúdo institucional. O Midjourney é muito interessante para montar referências visuais de identidade de marca, enquanto o ChatGPT ajuda com diversas atribuições envolvendo texto.
A inteligência artificial no RH: onde aplicar?
Como vimos, as IAs oferecem opções de aplicação para diversas atividades distintas. Quando o foco são os Recursos Humanos, isso não é diferente. Os usos perpassam diversos âmbitos da gestão de pessoas, como recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, construção de ambientes de trabalho saudáveis e ajudam os profissionais a atingirem altas performances por meio do uso de dados.
Além disso, como ocorre em outros departamentos, as IAs são especialmente eficientes para transformar trabalhos operacionais em atividades mais simples, como realizar a triagem de centenas de currículos a partir de palavras-chave. Alguns usos da inteligência artificial no RH são:
Recrutamento e Seleção
Nos processos de R&S, as aplicações da inteligência artificial são bastante diversificadas. Como mencionado, as ferramentas podem ser utilizadas para fazer triagens de currículos mais assertivas, selecionando apenas os candidatos que realmente se encaixam no perfil da vaga, tanto em termos de habilidades técnicas quanto comportamentais.
Além disso, outro fator que também é bastante impactado pelo uso da IA é o People Analytics. Afinal, com a evolução constante desse tipo de tecnologia e do Machine Learning, a expectativa é que, em um momento futuro, os processos de análise de pessoas consigam puxar dados de Big Data para prever padrões de comportamento, possibilidades de atrito e até mesmo pedidos de demissão. Logo, os perfis traçados vão ficar cada vez mais complexos.
Treinamento e Desenvolvimento
Em processos de T&D, a inteligência artificial ajuda a aprofundar as análises de desempenho, identificando, com mais facilidade, os pontos fortes de um colaborador e os que ele ainda precisa aprimorar. Além disso possibilitar o monitoramento de desempenho, é possível criar treinamentos personalizados e focados nas necessidades do profissional e da empresa. Com a IA, é possível escolher metodologias de treinamento que funcionem melhor, de acordo com o comportamento e motivação de cada profissional. Empresas como a IBM, por exemplo, utilizam a tecnologia para fazer sugestões de treinamentos a partir do perfil e do histórico dos colaboradores. De acordo com a organização, a precisão é de até 90% das indicações.
Controle de jornada
As inteligências artificiais também são bem interessantes para fazer o controle de jornada dos profissionais. Isso inclui o registro de ponto, atrasos, faltas, além de questões como horas extras e benefícios. Assim, todo o processo operacional comumente associado ao Departamento Pessoal fica automatizado e as possibilidades de erro são reduzidas.
Análise comportamental
As análises comportamentais avaliam as tendências e preferências do perfil comportamental de um indivíduo, explicitando questões como gostos, relacionamento interpessoal, soft skills, dentre outras informações. O intuito é entender se ele está adequado ou não, em termos de comportamento, para exercer determinada função. Elas são geradas por softwares de gestão de pessoas, como o Etalent PRO, que possui diversos tipos de análises, cada uma baseada em uma situação distinta. Com o implemento das IAs, esse processo vai ficar ainda mais assertivo, uma vez que elas vão usar dados mais aprofundados de cada pessoa, levando em conta sua atuação em redes sociais, por exemplo.
Para saber mais sobre o Etalent PRO, clique aqui.
Clima organizacional
Realizando pesquisas de clima comportamental e fazendo análises de dados mais assertivas, é possível criar ações específicas voltadas para melhorias no ambiente organizacional. Nesse caso, o software de IA ajuda a fazer a leitura dos dados, identificando padrões e deixando mais claro para a empresa em que âmbito ela deve investir. Se houver insatisfação, por exemplo, com os planos de carreira, a inteligência artificial consegue identificar os gaps e dar sugestões para o RH sobre o que pode ser feito para melhorar a satisfação dos colaboradores.
Os benefícios da inteligência artificial no RH
A inteligência artificial facilita o fluxo de trabalho, tornando-o mais assertivo. Alguns benefícios do seu uso são:
Redução de custos
A IA dispensa a necessidade de horas extras, dá conta de tarefas operacionais repetitivas e diminui os erros em termos de contratações equivocadas. Isso tudo faz com que a empresa gaste menos em médio e longo prazos, ainda que ela precise fazer um aporte financeiro para implementar os softwares.
Mais agilidade nos processos
O cruzamento de dados feito pelo sistema da IA dispensa o tempo que seria gasto fazendo análises manualmente.
Mais produtividade
Com as IAs assumindo os processos burocráticos e operacionais, os profissionais ficam livres para assumir funções estratégicas.
Tomadas de decisão mais assertivas
Os dados analisados pelas inteligências artificiais ajudam a evitar atitudes precipitadas, equívocos e possibilitam insights mais precisos. Afinal, os dados já chegam aos analistas de forma organizada, o que torna a interpretação mais fácil e eficiente.
Mais criatividade
As IAs generativas conseguem apoiar o processo de criação e desenvolvimento de diversas atividades, como design, conteúdo e apresentações.
Inovação
As IAs podem se tornar parte do diferencial competitivo das empresas.
Alinhamento entre função e talento
As IAs permitem análises comportamentais mais profundas, além de cruzarem dados como os perfis dos profissionais e dos cargos.
Mapeamento de tendências mercadológicas
As IAs utilizam dados de Big Data para fazer análises, o que inclui o que os concorrentes estão fazendo no mercado.
Gestão de resultados
As IAs facilitam o acompanhamento de métricas e indicadores de desempenho.
Os impactos da inteligência artificial na gestão de pessoas
Quanto à gestão de pessoas, vale ressaltar um ponto muito importante: a inteligência artificial ajuda a tornar esse setor data-driven, ou seja, orientado por dados. Com esse tipo de tecnologia, é possível otimizar todas as etapas da gestão do Capital Humano, transformando o fluxo dentro das empresas mais assertivo e próximo do que as lideranças realmente desejam.
Isso começa já no processo de Recrutamento e Seleção, quando triagens mais eficazes e rápidas podem ser feitas, sempre considerando o comportamento do colaborador e seu fit cultural com a empresa. Isso reduz a possibilidade de erros e até de demissões futuras (sobretudo por incompatibilidade), o que ajuda a diminuir problemas como altas taxas de turnover.
Além disso, os dados são importantes para criar uma gestão de pessoas humanizada, que monitore os índices de felicidade e satisfação dos colaboradores. Isso perpassa a adequação de um profissional ao cargo que ele exerce, suas possibilidades de desenvolvimento dentro da empresa, desempenho na função, a forma com que ele se relaciona com os colegas e se ele percebe que a organização tem uma infraestrutura adequada.
A comunicação interna da empresa também melhora significativamente nessas condições. Afinal, chatbots inteligentes podem ser programados para realizar funções de autoatendimento, tirando dúvidas de cliente ou facilitando o acesso de colaboradores a documentos e arquivos.
Também é importante ressaltar a assistência que as inteligências artificiais podem oferecer, principalmente quando o assunto são as tarefas operacionais. A utilização de softwares especializados e assistentes virtuais permite que as tarefas mais burocráticas e maçantes sejam feitas por computadores, liberando, assim, os profissionais para assumirem funções mais estratégicas e menos desgastantes.
O futuro da Inteligência Artificial e seus perigos
Em seu livro, Kai-Fu Lee se refere ao futuro das IAs como o momento em que elas irão alcançar novos níveis de autonomia e conseguir realizar funções que, por ora, parecem inimagináveis. Com a tecnologia que temos, ainda deve levar algumas décadas para que cheguemos à realidade descrita na quarta onda.
Já Nathalia tem uma visão mais imediata do futuro das IAs, entendendo que a chave para o seu desenvolvimento, sobretudo nas empresas, está em aprender e executar tarefas repetitivas. Esse ponto, como ela explica, é fundamental para a economia de tempo, principalmente quando o foco são os processos burocráticos.
No entanto, ela alerta para os perigos de tanta autonomia, principalmente em um cenário futuro, onde as tecnologias estarão ainda mais desenvolvidas. Em entrevista, Nathalia reiterou que “devemos ter cuidado com dados pessoais e sensíveis. Os ataques cibernéticos vão exigir mais cuidado com a segurança de dados, e devemos sempre ter em mente que há informações que não devem ser expostas às IAs. Principalmente as que não desejamos que venham a público, porque há o risco“.
Além do vazamento de dados, também é importante estar atento a pontos como criação de imagens falsas. Recentemente, uma foto do Papa Francisco usando uma jaqueta “puffer”, criada pelo Midjourney, fez com que dezenas de internautas pensassem que o pontífice havia contratado um estilista. Há outros casos semelhantes acontecendo, o que mostra o potencial desse tipo de tecnologia para confundir – e por isso, deve ser tratada com extremo cuidado.
As inteligências artificiais chegaram trazendo um enorme potencial de inovação, assertividade e agilidade. Nas empresas, elas podem ser utilizadas para melhorar a atuação de diversos setores, apoiando tarefas operacionais e trazendo refinação com análises e dados complexos. Contudo, vale sempre ressaltar que esse tipo de tecnologia está sujeito a falhas e oferece perigos, como o risco de vazamento de dados e a possibilidade de causar confusão nas pessoas. No entanto, quando bem utilizadas, elas podem ajudar a tornar as organizações mais competitivas e seu Capital Humano mais satisfeito com os resultados.
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Fernanda Misailidis
Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.