Hoje em dia, entende-se que, para atingir a alta performance nas organizações, é preciso considerar tanto as habilidades técnicas quanto as competências comportamentais dos profissionais. Considerar aspectos subjetivos, como o perfil comportamental, preferências, âncoras de carreira e motivações individuais dos profissionais, é fundamental para que eles desempenhem bem suas funções.
A performance depende diretamente de pontos como o Quociente de Atitudes (QA), que define, por exemplo, porque um profissional se resigna mediante desafios enquanto outro os sente estimulado por eles. Quando consideramos as lideranças, por exemplo, essa pode ser a diferença entre saber como conduzir uma equipe em meio a situações desfavoráveis ou acabar perdendo amplificado o caos.
Mas, afinal, como isso acontece na prática? É o que você vai descobrir no artigo de hoje. Boa leitura!
- Essential skills e quociente de atitudes
- A relação entre essential skills e quociente de atitudes
- Skills que impulsionam um QA alto
- Como desenvolver as essential skills nas empresas?
Essential skills e quociente de atitudes
O que são essential skills?
As essential skills são um conjunto de habilidades que define os conhecimentos técnicos, práticos e competências comportamentais para o bom desempenho em uma função. Exemplos incluem liderança, visão sistêmica, pensamento crítico, comunicação eficaz e resiliência. Essas habilidades são cada vez mais valorizadas no mercado, conforme mostrado pelo relatório Future of Jobs (2023).
Quando há o alinhamento entre as competências do profissional e as essential skills de um cargo, o resultado é uma performance efetiva e adaptável em contextos de constante mudança.
O que é quociente de atitudes?
O Quociente de Atitudes (QA) mede a conduta e o comportamento de uma pessoa diante de situações diversas, incluindo desafios no trabalho, relacionamentos e oportunidades de aprendizado. Ele avalia como um indivíduo reage aos estímulos e pode ser positivo ou negativo, dependendo de fatores como motivação, habilidades e objetivos.
O QA explica por que, no mesmo ambiente de trabalho ou função, alguns profissionais respondem de maneira proativa, enquanto outros se sentem desmotivados, o que afeta diretamente o clima organizacional e o desempenho coletivo.
Em um mundo volátil, incerto e complexo, o QA funciona como um indicador estratégico da gestão de pessoas, possibilitando o desenvolvimento de skills essenciais para enfrentar desafios
A relação entre essential skills e quociente de atitudes
Essential skills e QA são dois termos que andam juntos quando o assunto é desenvolvimento profissional. Para começar essa discussão, é preciso entender que o quociente de atitudes de uma pessoa considera todas as suas skills.
Existe, inclusive, uma fórmula que expressa a relação entre o QA e as diferentes habilidades:
Em que:
- QI = Quociente de inteligência: trata da capacidade de raciocínio lógico;
- QE = Quociente emocional: envolve a capacidade de gerenciar as próprias emoções e, também, as alheias; e
- QH = Quociente de habilidades: diz respeito à execução e a prática de determinada tarefa.
Fica fácil entender que as competências que os profissionais desenvolvem no ambiente de trabalho estão diretamente relacionadas às atitudes que eles apresentam frente às mais diversas situações.
Quando um colaborador pratica a inteligência emocional, por exemplo, ele consegue controlar a ansiedade para passar por momentos ruins. Em longo prazo, isso pode ajudá-lo a se tornar mais resiliente, o que muda sua abordagem em situações diversificadas – e acelera o seu desenvolvimento profissional.
Em um ambiente de trabalho onde mudanças frequentes são comuns, por exemplo, o alto QA permite que um colaborador mantenha uma atitude positiva e adaptável. Por outro lado, essential skills como a comunicação ajudam interagir com os colegas, compartilhar experiências e buscar por apoio, o que faz com que a faz que as equipes sejam mais colaborativas.
A importância de um alto QA que esteja alinhado com as essential skills aparece, sobretudo, em tempos de crise. Quando as organizações enfrentam desafios, como crises econômicas ou transformações digitais, profissionais que combinam essas características tendem a se destacar. Afinal, eles conseguem ajudam a criar estratégias para enfrentar a adversidade, ao mesmo tempo que mantêm a moral elevada, inspirando seus colegas a permanecerem motivados e focados nos objetivos comuns.
A partir desses pontos, fica fácil entender como essa combinação é importante para um grupo específico de profissionais: as lideranças. Isso porque os bons líderes são, sobretudo, aqueles que inspiram os profissionais independente das circunstâncias. Para isso, eles usam as essential skills, buscando reconhecer, avaliar, controlar e direcionar suas próprias ações e emoções, além lidar com as reações dos liderados. Essa capacidade é muito importante para criar um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
Skills que impulsionam um QA alto
Desenvolver um QA alto influencia diversas skills – sejam elas soft, hard ou essential – que fazem toda a diferença para conduzir equipes de forma estratégica e humana. Dentre elas, destacamos:
Liderança adaptativa
A liderança adaptativa consiste em um modelo de gestão de pessoas baseado na adaptabilidade dos líderes frente às mudanças e desafios do mercado. A ideia aqui é não apenas reagir às circunstâncias impostas, como também estar sempre tentando se antecipar às tendências e criar estratégias para lidar melhor com elas. Por isso, esse estilo de liderança depende de pontos como incentivo ao aprendizado contínuo, flexibilidade, criatividade e resolução de problemas.
Em um mercado cada vez mais impactado pelas evoluções da tecnologia, esse modelo de liderança vem ganhando adeptos em diversas empresas. Entretanto, é importante ressaltar que, para que seja realmente efetivo, os gestores precisam construir ambientes com comunicação aberta, criando um espaço seguro para experimentação e inovação. E tudo isso depende, diretamente, do líder conseguir ter uma atitude positiva e resiliente quanto às mudanças mercadológicas. Ou seja, somente um profissional com o QA alto vai conseguir liderar equipes neste modelo.
Tomada de decisões ágeis
Profissionais com um alto QA lidam melhor com a pressão e os desafios, tendo mais facilidade para manter a calma em situações de estresse e, também, a clareza mental. Esse tipo de conduta ajuda a analisar situações complexas com mais facilidade. Essa questão também é favorecida pela capacidade de adaptação, que é comum à atitude positiva. Afinal, profissionais que buscam se adaptar conseguem aplicar a flexibilidade de conhecimentos e abordagens em rotinas dinâmicas. Logo, fica fácil entender por que o alto QA ajuda a tomar decisões de forma mais rápida e assertiva.
Capacidade de inovação
A capacidade de inovação dos profissionais também é influenciada pelo alto QA. Afinal, como enfrentam desafios sem perder a motivação, esses talentos conseguem buscar por soluções criativas ainda que estejam em situações adversas. Aliás, como eles enxergam erros como oportunidades de aprendizado, a frustração quando eles acontecem é bem menor. O resultado é que empresas cujos talentos têm um alto quociente de atitudes conseguem explorar ideias inovadoras e até mesmo romper com alguns modelos estabelecidos nos mercados. É essa capacidade, inclusive, que torna uma empresa exponencial.
Adaptabilidade
A adaptabilidade no trabalho trata da habilidade de um profissional de responder positivamente a diversos estímulos e mudanças nos ambientes de trabalho e no mundo dos negócios. Na prática, isso envolve dominar processos de forma ágil, mesmo quando incluem tendências como inteligência artificial, Big Data, automação e o uso de softwares especializados. Aqueles que possuem essa skill conseguem se ajustar a diferentes demandas, realizando tarefas mesmo diante de dificuldades iniciais. Como diz o ditado popular, um profissional adaptável é aquele que consegue “dançar conforme a música”. Por isso, essa característica depende, diretamente, de ser receptivo às mudanças.
Comunicação assertiva
A comunicação assertiva trata da habilidade de se comunicar de forma clara, objetiva e abordando todas as informações necessárias. Logo, isso corresponde a se fazer bem entendido, coerente e não deixar espaço para dúvidas ou desentendimentos. Além disso, esse tipo de abordagem leva em conta a empatia, as relações e faz o necessário para se adequar a quem recebe a mensagem.
Empatia
A empatia é uma habilidade que facilita o relacionamento com os demais, e permite compreender os sentimentos, dores e apelos de outras pessoas sem precisar passar pelas mesmas circunstâncias. A palavra está diretamente relacionada ao conceito de alteridade, termo oriundo da filosofia que consiste na capacidade de uma pessoa de se colocar no lugar da outra, não apenas com o intuito de entendê-la, mas como também para vivenciar uma realidade alheia à própria. Desenvolvendo um QA alto, fica mais fácil colocar essa habilidade em prática.
Estímulo à proatividade
A proatividade é uma competência comportamental diretamente associada à iniciativa e, por consequência, à capacidade de se antecipar aos problemas e desafios diários. Essa definição, por si só, já explica por que essa é uma habilidade tão demandada no mercado corporativo. Profissionais com esse perfil não têm medo de assumir a responsabilidade das situações e, comumente, tomam a iniciativa antes mesmo que alguém os peça para executar determinada tarefa. É comum que esse seja um efeito direto de quem tem alto QA.
Gerenciamento de estresse
O gerenciamento de estresse trata de uma série de técnicas utilizadas para lidar com a pressão e as tensões da rotina, com o objetivo de manter a saúde física e mental. Esse processo envolve identificar fontes de estresse, como prazos, conflitos ou responsabilidades excessivas, e implementar métodos para minimizá-las. É comum que isso inclua práticas como exercícios físicos, meditação, técnicas de respiração, organização do tempo e desenvolvimento de habilidades de comunicação. Entretanto, dificilmente uma pessoa sem um alto QA consegue desenvolver essa habilidade, visto que a tendência é que se desestabilize em situações estressantes.
Pensamento crítico
O pensamento crítico trata da habilidade de reunir e analisar informações antes de chegar a uma conclusão. Logo, essa competência envolve pontos como bagagem intelectual, clareza, precisão e profundidade na hora de estabelecer uma linha de raciocínio. O resultado é que, para fundamentar um pensamento, o indivíduo com pensamento crítico observa uma determinada situação e a avalia baseado em referências, motivos e argumentos – pontos que se relacionam com o quociente de atitudes.
Como desenvolver as essential skills nas empresas?
Uma das formas mais eficientes de desenvolver o QA de líderes e colaboradores é estimular o autoconhecimento dos profissionais. Essa habilidade compreende uma série de processos de desenvolvimento psíquico, amadurecimento emocional, afetivo, cognitivo e comportamental, que permite que um indivíduo conheça profundamente a si mesmo. Com o desenvolvimento do autoconhecimento, as pessoas se tornam capazes de entender suas subjetividades, encarar os próprios sentimentos e, consequentemente, têm mais controle sobre suas emoções.
O autoconhecimento é importante para que os colaboradores consigam reconhecer momentos em que agem com resignação frente a mudanças e situações desafiadoras. Como colaboradores autoconscientes são mais atentos às próprias tendências, vulnerabilidades e limites, essa é uma competência valiosa para quem deseja desenvolver o QA. Afinal, refletindo sobre as próprias atitudes, o indivíduo entende mais sobre sua relação com o trabalho e como mudar a mentalidade. E a ETALENT oferece um workshop específico para o autoconhecimento e o autodesenvolvimento, o Personal Change.
Também é extremamente importante que os profissionais fiquem atentos ao tipo de mindset que têm. Essa “configuração da mente”, em tradução literal, se refere à forma de pensar de uma pessoa. Quando o assunto é o quociente de atitudes, é importante levar em conta que existem dois tipos de mindset distinto: o fixo e o de crescimento.
De acordo com a psicóloga Carol Dweck, as pessoas com mindset fixo são aquelas que se comportam como se as capacidades, habilidades e inteligências fossem fatores imutáveis. Esse grupo é mais resistente às mudanças, uma vez que acredita que as qualidades e fraquezas dos indivíduos são questões natas e não podem ser alteradas com o tempo ou esforço.
Por outro lado, pessoas com mindset de crescimento são mais receptivas às mudanças e acreditam que o potencial pode (e deve) ser desenvolvimento com tempo, estudo, dedicação, erros e acertos.
Para ter uma atitude positiva, é importantíssimo evitar aderir ao mindset fixo – afinal, isso vai fazer com que o profissional se feche para oportunidades futuras.
Por fim, para desenvolver o QA, também é importante levar em conta a adequação comportamental. O termo se refere à garantia de que os profissionais contratados tenham características comportamentais que façam sentido para aquela função. Alguém extrovertido, por exemplo, deve trabalhar em atividades que possa entrar em contato com outras pessoas, uma vez que isso a energiza e torna seu trabalho revigorante; em contrapartida, alguém introspectivo se sente melhor em cargos onde possa ficar sozinho – e isso também deve ser levado em conta para que ele tenha um bom desempenho. Vale lembrar que desenvolver uma atitude positiva depende, diretamente, do quão bem os profissionais se sentem quanto desempenham suas funções.
Embora o quociente de atitudes ainda não seja amplamente adotado pelas empresas, esse indicador é muito importante para compreender como atitudes e comportamentos influenciam na performance dos profissionais. Desenvolvendo o QA e as essential skills, as empresas conseguem tornar os colaboradores mais resilientes e capacitados. Para as lideranças, essa é uma métrica interessante para garantir que o trabalho está sendo executado de acordo com os próprios talentos e com uma atitude positiva frente às imprevisibilidades do mercado. Por isso, a conjugação de essential skills e um quociente de atitudes positivo reforça a importância dos aspectos comportamentais para o sucesso de organizações e das pessoas nelas envolvidas.
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Fernanda Misailidis
Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.