Toda e qualquer empresa é formada por pessoas. Hoje, entende-se que elas são as maiores responsáveis pelo sucesso de uma organização e que devem ser tratadas como o seu bem mais valioso.

Nem sempre foi assim, no entanto. Em tempos passados, os colaboradores eram vistos como meras peças de uma engrenagem sistemática de produção. Foi a partir da evolução nas tecnologias, nas estratégias de mercado e com a chegada de conceitos como o RH 5.0 que esse panorama mudou.

Desde então, o investimento em ações e estratégias que aumentem a felicidade e a satisfação dos colaboradores aumentou e se tornou fundamental para manter a competitividade nas empresas. Isso porque, quando elas se preocupam em oferecer uma employee experience positiva, as organizações diminuem as taxas de turnover e melhoram processos como o Recrutamento e Seleção, além de construir um Capital Humano mentalmente saudável, satisfeito e altamente produtivo.

Se por um lado as empresas colhem os frutos de investir em processos de gestão humanizada, por outro, os colaboradores têm ganhos expressivos em termos de bem-estar e qualidade de vida. Afinal, o processo de humanização garante que eles se sintam respeitados, valorizados, acolhidos, desfrutem de uma sensação de pertencimento e, evidentemente, tenham apoio para desenvolver suas carreiras.

Nesse contexto, surge o chamado Chief Happiness Officer (CHO), uma profissão do “futuro” cuja principal atribuição é garantir a felicidade dos colaboradores da empresa. Apesar de ainda ser novidade no Brasil, o espaço para esse profissional vem crescendo no mercado global. Por isso, é o assunto do nosso artigo de hoje. Boa leitura!

 

O que é Chief Happiness Officer?

Por definição, Chief Happiness Officer (ou CHO) pode ser entendido como “diretor da felicidade” ou mesmo variantes, como chefe e gestor executivo da felicidade, já que ainda não há um consenso sobre a tradução do termo.

Como o nome sugere, este é um cargo cuja principal atribuição é elaborar ações e estratégias para promover o bem-estar dos colaboradores de uma empresa, melhorando, assim, a sua experiência. A função pode ser exercida por um profissional especificamente dedicado ou ser de responsabilidade de setores como a Gestão de Pessoas, RH ou administrativo.

A felicidade, evidentemente, é um conceito abstrato e que varia de pessoa para pessoa. No entanto, quando o contexto é o ambiente de trabalho, a ideia vai além dos momentos de descontração e pausas para o cafezinho… Investir em medidas que aumentem a felicidade dos colaboradores significa encontrar formas de fazer com que se sintam valorizados e respeitados e, assim, torná-los mais satisfeitos com o próprio trabalho e prevenir doenças psicossomáticas, como a depressão, a ansiedade e a síndrome de burnout.

A lógica por trás da criação do cargo é bastante simples: investir em felicidade no trabalho aumenta o rendimento dos colaboradores, o que traz benefícios expressivos para as próprias empresas.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Harvard Business Review, profissionais felizes são 31% mais produtivos e 300% mais inovadores. Segundo o mesmo estudo, constatou-se que o burnout é 125% menos frequente e as demissões são 55% menores em empresas que investem na felicidade de seus colaboradores.

Quando há um profissional ou setor dedicado a isso, é possível criar ambientes mais acolhedores, melhorar o clima organizacional, manter o alto engajamento e até mesmo melhorar a reputação da empresa como marca empregadora. Isso sem falar na alta produtividade, uma vez que pessoas felizes se sentem energizadas ao exercerem suas funções e, por isso, realizam as tarefas de forma otimizada.

 

Onde e quando o cargo surgiu?

A pandemia de covid-19 impactou o mundo em vários aspectos, todavia uma das principais marcas do período foi o aumento de casos de doenças de ordem psicológica devido às condições adversas. De acordo com um estudo realizado em 2020 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), os casos de depressão praticamente dobraram entre os 1.460 entrevistados durante o período. Já os de ansiedade, aumentaram em 80%. Nesse cenário, os brasileiros foram especialmente afetados: o país se tornou o maior do mundo em número de pessoas com transtorno de ansiedade (9,3% da população).

Por conta disso, a demanda por felicidade nas empresas começou a crescer exponencialmente. Muitas organizações viram as taxas de demissões voluntárias subirem, principalmente com a consolidação de movimentos como o Great Resignation.

As empresas tiveram que lidar com taxas altas de rotatividade e com as quedas de produtividade. Afinal, mesmo quando não chegavam a pedir as contas, muitos colaboradores ainda tinham o seu desempenho afetado pelas condições impostas pela pandemia.

Por conta disso, o cargo de CHO – que já existia em empresas europeias – passou a ser requisitado também no mercado brasileiro. Para muitos, a função é vista como uma profissão do futuro, todavia há pesquisas que mostram que o investimento em felicidade já é uma questão obrigatória, principalmente para gerações mais novas, como os millennials.

De acordo com um estudo realizado pelo Employment and Employability Institute, 53,1% dos profissionais dessa faixa etária querem atuar em empresas onde os valores sejam compatíveis com os próprios e 43,8% desejam fazer parte de um ambiente de trabalho amigável.

 

Quais são as atribuições de um CHO?

O trabalho de um Chief Happiness Officer é baseado, sobretudo, em análises e pesquisas sobre a empresa onde trabalha. Afinal, é fundamental que ele entenda como funciona a cultura organizacional e seus impactos nos colaboradores para, então, formular ações e implementar medidas que ajudem a desenvolver a felicidade do Capital Humano.

Mas, para isso, entender conceitos como os valores, a missão e o propósito da empresa também é fundamental.

Dito isso, o trabalho de um Chief Happiness Office engloba pontos como:

Realizar pesquisas sobre o clima organizacional

O primeiro passo para formular ações com foco na melhoria dos índices de satisfação e felicidade é, evidentemente, entender como os colaboradores de uma empresa se sentem. Para isso, é necessário realizar diagnósticos organizacionais assertivos e que possam trazer o maior nível de informações possível. Com o Mapeamento do Clima Organizacional, é possível monitorar os índices de satisfação e engajamento, entender se há colaboradores infelizes para, então, pensar nas medidas realmente eficazes para mudar o panorama.

Aplicar ações para o desenvolvimento dos colaboradores

Uma vez que os pontos que geram insatisfação são levantados, o trabalho do CHO é ajudar no desenvolvimento dos colaboradores, tanto em termos de trabalho quanto nos emocionais. Em médio e longo prazos, as medidas adotadas ajudam a aumentar a produtividade, uma vez que a ideia é que elas deixem os profissionais mais satisfeitos.

Comumente, os motivos para a infelicidade no trabalho estão relacionados à falta de plano de carreira, remuneração e benefícios pouco competitivos, ou mesmo problemas com outros colaboradores e lideranças. Todos esses tópicos podem ser trabalhados pelo CHO.

Apoiar processos de Recrutamento e Seleção

O processo de construção de um Capital Humano satisfeito começa na hora de contratar os profissionais. De nada adianta investir em felicidade se a empresa realiza processos de Recrutamento e Seleção baseados em critérios subjetivos, como a simpatia por um candidato, e que não englobam o fator comportamento como pré-requisito. Quando isso acontece, as organizações correm grandes riscos de empregar pessoas para desempenhar cargos que não estejam aliados com o seu perfil comportamental, o que gera insatisfação independentemente de salários, benefícios e do clima organizacional.

Neste ponto, o trabalho do CHO em conjunto com o RH é muito útil, especialmente quando os métodos envolvem a análise comportamental dos candidatos. Com um bom sistema de gestão comportamental, como o Etalent PRO, os resultados são ainda mais satisfatórios. Com a plataforma, é possível realizar não apenas as análises, como também realocar colaboradores de acordo com suas características comportamentais, criar cargos baseados em um comportamento desejado e até mesmo formar times complementares.

Fortalecer as relações profissionais

Um dos fatores mais importantes para manter a saúde mental no trabalho é construir um ambiente em que as equipes tenham sinergia e desenvolvam boas relações. Promover circunstâncias propícias para isso também faz parte do escopo de trabalho de um CHO. Atividades como o Team Building, uma filosofia corporativa que busca a capacitação de equipes por meio de treinamentos enquanto investe no desenvolvimento de suas relações pessoais, e a construção de equipes de alta performance são alguns exemplos de ações que podem ser estimuladas por um CHO. E através do workshop Team Building da ETALENT, criar equipes felizes, entrosadas, capacitadas, altamente produtivas e capazes de se alavancar e complementar fica ainda mais fácil.

Aumentar a produtividade

O aumento de produtividade é, na verdade, um reflexo de todas essas medidas. Afinal, como mencionamos, pessoas felizes e satisfeitas trabalham mais e melhor, o que otimiza o desempenho e melhora a qualidade nas entregas. Além disso, com taxas de rotatividade menores e menos abstenções por doenças físicas e emocionais, a produtividade também sofre impactos positivos.

 

Qual é o perfil ideal para profissional que quer atuar como Chief Happiness Officer?

Para realizar a função de um CHO, um profissional deve, sobretudo, gostar de lidar com pessoas. Afinal, como mencionamos, as atribuições desse cargo estão voltadas especificamente para o Capital Humano. Por isso, é fundamental que o profissional que aspira se tornar um diretor da felicidade desenvolva soft skills como boa comunicação, inteligência emocional e empatia, além da capacidade de analisar as situações e criar soluções para resolver os problemas.

Outra habilidade importante para um CHO é a liderança. Afinal, esse é um fator fundamental para que seja possível ajudar os colaboradores a reforçarem os laços e construir equipes entrosadas. Além disso, o diretor da felicidade é um gestor e também cabe a ele saber como tomar as melhores decisões em benefício de cada equipe. Para tal, estar ciente das características comportamentais e usá-las em prol dos resultados é um grande diferencial. Com um curso de Liderança Comportamental, o CHO consegue desenvolver a sua habilidade para exercê-la de forma mais inteligente e otimizada a partir do comportamento.

 

A importância do CHO para o Capital Humano e o negócio

Se mesmo antes da pandemia já havia desgaste e preocupação com a saúde mental dos colaboradores, com o isolamento, a crise e o luto, a necessidade de estabelecer uma cultura focada em pessoas (people centric) nas empresas se tornou mais urgente do que nunca. Afinal, sob essas circunstâncias, muito sobre a forma com que as pessoas encaram o trabalho mudou e, por esse motivo, as prioridades também se modificaram.

Depois da pandemia, as demandas por qualidade de vida se tornaram muito maiores. A falta de flexibilidade e a necessidade de trabalhar presencialmente todos os dias, por exemplo, se tornaram alguns dos motivos para uma onda de pedidos de demissão que tomaram o mundo inteiro.

A tendência é que os profissionais, principalmente os das gerações mais jovens, busquem empresas que ofereçam boas condições de trabalho. E isso não se restringe a salários e benefícios competitivos – apesar de eles serem essenciais, isoladamente, esses fatores não são capazes de reter um talento por muito tempo. A prioridade dos colaboradores é trabalhar em empresas que se preocupem e valorizem o seu bem-estar, onde haja empatia, apoio, respeito e o trabalho não seja mais um fator para comprometer a saúde mental.

É nesse ponto que entra a importância de ter um Chief Happiness Officer. Com o apoio desse profissional ou do setor que desempenha a função, fica mais fácil criar um ambiente corporativo em que a felicidade não seja apenas uma aliada, como também uma catalisadora de resultados. Com mapeamentos, análises, pesquisas organizacionais e ações, a empresa pode otimizar a forma com que lida com o Capital Humano e se tornar um lugar onde as pessoas se sintam, de fato, realizadas. Isso é fundamental tanto para a qualidade de vida dos colaboradores quanto para alavancar os resultados.

Além disso, outro fator que sofre impactos positivos é a reputação da organização, bem como sua capacidade de atrair novos talentos. Isso porque, em tempos de internet e redes sociais, os candidatos têm enorme facilidade de acessar informações e avaliações sobre as empresas, tanto para o bem quanto para o mal. Quando os colaboradores de uma organização estão satisfeitos, eles a divulgam espontaneamente, seja em seus perfis ou em conversas com outras pessoas. Esse processo, que é chamado employer branding, é um dos mais eficazes para atrair olhares de admiração e fazer com que pessoas de fora criem o desejo de trabalhar pela empresa.

Todavia, o contrário também acontece. Quando os colaboradores avaliam a experiência de trabalhar na empresa como algo ruim, acontece uma divulgação negativa que pode fazer com que, futuramente, a organização tenha dificuldades de atrair novos talentos. Afinal, como mencionamos, os profissionais estão cada vez menos dispostos a aceitar trabalhar em empresas onde não se sintam respeitados e valorizados.

O Chief Happiness Officer é considerado por muitos como uma profissão do futuro. Todavia, as demandas e as prioridades do momento pós-pandemia mostram que, na verdade, esse é um cargo que precisa ser implementado no agora. Afinal, a felicidade no ambiente corporativo já é fundamental para muitos profissionais, que vêm mostrando, em ondas de demissões voluntárias no mundo inteiro, que a qualidade de vida no ambiente de trabalho é imprescindível. Por isso, o trabalho do CHO é essencial para qualquer empresa que deseje manter a competitividade. Com a atuação desse profissional, tanto as empresas quanto os colaboradores saem ganhando.

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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