Atingir a alta performance nas empresas requer investimento tanto em habilidades técnicas quanto nas competências comportamentais. É bem verdade que, por muito tempo, os fatores subjetivos foram deixados de lado na hora de contratar, promover e reter os colaboradores.

Hoje, entende-se amplamente que as soft skills são imprescindíveis para garantir o sucesso num mercado tão competitivo. Afinal, independentemente do cargo almejado pelo profissional, ele precisa desenvolver as competências necessárias para desempenhar bem a função.

As atitudes dos colaboradores também estão ligadas ao tipo de cultura organizacional estabelecido na empresa. Resiliência, proatividade, colaboração, liderança, assim como despreparo e rigidez afetam diretamente a forma como a empresa se apresenta e lida com o seu Capital Humano. Mas, afinal, como essa relação acontece na prática?  É o que você vai descobrir no artigo de hoje. Boa leitura!

O que é cultura organizacional?

A cultura organizacional de uma empresa representa uma união entre os hábitos, valores e comportamentos dessa organização. Esses elementos determinam a forma com que a empresa gerencia seu Capital Humano, além da maneira com que se mostra no mercado. O conceito abrange a identidade da marca e inclui aspectos subjetivos, como a percepção das lideranças e dos membros das equipes, que influenciam a “forma de pensar” da organização.

Em resumo, a cultura funciona como um conjunto de princípios que refletem a mentalidade promovida dentro da empresa, bem como o comportamento que se espera dos colaboradores que nela trabalham. É importante que a cultura organizacional esteja alinhada com as ações, tomadas de decisão, planejamentos internos, metas e objetivos da empresa.

Cabe ressaltar que a cultura organizacional serve também como um guia para direcionar as atitudes dos colaboradores. Quando a cultura está explícita e bem consolidada, os profissionais têm sempre uma referência em relação à forma com que devem agir.

A cultura varia de organização para organização. Culturas fortes são aquelas bem definidas, enquanto as fracas são confusas e até contraditórias.

Quando é adaptativa, por exemplo, é comum que as dinâmicas sejam marcadas pela flexibilidade. Caso seja uma cultura mais conservadora, busca manter as tradições e os valores, mesmo quando há necessidades de mudanças.

A relação entre atitudes e a cultura organizacional

A cultura organizacional de uma empresa é formada, sobretudo, pelas pessoas que nela trabalham – e isso, isoladamente, já atesta a importância das atitudes dos profissionais para construir um ambiente positivo.

Para começar essa discussão, é preciso entender que o conjunto de atitudes de uma pessoa, ao qual chamamos de quociente de atitudes, considera todas as skills dela – sejam técnicas, comportamentais ou socioemocionais.

Existe, inclusive, uma fórmula que expressa a relação entre o QA e as diferentes competências:

fórmula matemática do quociente de atitudes

Em que:

  • QI = Quociente de inteligência: trata da capacidade de raciocínio lógico;
  • QE = Quociente emocional: envolve a capacidade de gerenciar as próprias emoções e, também, as alheias; e
  • QH = Quociente de habilidades: diz respeito à execução e a prática de determinada tarefa.

Logo, profissionais com QA alto e alinhado com a missão, a visão e os valores da empresa tendem a reforçar continuamente a cultura organizacional, tornando-a forte e consolidada, expressa nas ações desses profissionais.

A importância do QA alto para uma cultura organizacional positiva

Profissionais com alto QA tendem a ser mais adaptáveis e manter uma atitude positiva frente às mudanças do cenário. Quando um QA alto se torna um valor organizacional, o objetivo é que todo o Capital Humano entenda que desenvolver as próprias atitudes faz parte da rotina de trabalho.

Aprimorando as skills, a tendência é que a empresa se torne mais produtiva, assertiva e resiliente. No longo prazo, esse tipo de cuidado se torna parte da cultura, que reflete em diversos pontos positivos para a organização.

Aliás, cabe destacar a importância da cultura de uma empresa. Existem várias áreas e setores diretamente afetados pela presença (ou ausência) de uma cultura organizacional bem definida. Um dos principais aspectos é a identidade da organização – um fator que, se não for devidamente estabelecido e alinhado aos valores, pode acabar se perdendo e afetando negativamente a reputação do negócio no mercado. E quando não há um bom desenvolvimento da imagem da organização, tanto interna quanto externamente, pontos como a atração e a retenção de talentos ficam prejudicados.

O Google é a primeira empresa que muitas pessoas pensam quando o assunto é cultura organizacional. Afinal, não é necessário trabalhar lá para conhecer alguns dos valores defendidos por eles, como flexibilidade, informalidade e valorização do bem-estar dos colaboradores. A cultura forte da Big Tech influencia a marca empregadora e a percepção que o mercado e o público têm dela. Como consequência, o Google recebe cerca de 2,5 milhões de candidaturas anualmente, o que permite à empresa escolher apenas os melhores profissionais para fazer parte de seu Capital Humano.

Uma cultura forte também é importante para aprimorar a tomada de decisões e o autogestão do Capital Humano. Afinal, quando os valores são claros, não há espaço para incertezas quanto à forma de agir. Nesse contexto, os colaboradores têm ciência do que a empresa espera deles, e essa clareza orienta a realização de suas tarefas, resultando em processos mais eficientes e produtividade mais alta.

Em relação ao ambiente organizacional, os benefícios também são significativos. A começar pelo fato de que uma empresa com valores bem definidos pode contratar apenas profissionais que se alinhem a eles, ou seja, que tenham um fit cultural.

Essa abordagem leva a contratações mais eficazes, pois profissionais que compartilham a mesma visão tendem a ser mais produtivos e engajados. Vale lembrar que, para tornar o processo de atração de talentos ainda mais eficiente, a utilização de um software de análise comportamental, como o Etalent Pro, é importantíssima.

Por fim, outra consequência positiva de uma cultura organizacional robusta é a melhoria na qualidade dos produtos e serviços oferecidos pela empresa. Os colaboradores se sentem mais satisfeitos ao trabalhar em ambientes que compartilham valores e propósitos, e essa felicidade reflete-se em maior cuidado e empenho ao desempenhar suas funções, elevando significativamente os padrões de qualidade.

Todos esses fatores são impactados positivamente quando os profissionais têm um alto QA, uma vez que esse quociente influencia não apenas no desenvolvimento enquanto profissional, como também no tipo de dinâmica que é construída naquele ambiente de trabalho.

Benefícios de um QA alto para uma cultura forte

Profissionais com um alto QA tendem a ser mais produtivos. Além disso, eles aumentam a capacidade de inovação da empresa e a se adaptam melhor às mudanças, mesmo quando trazem desafios inesperados.

É importante notar que, segundo a pesquisa Future of Jobs 2023, do Fórum Econômico Mundial, uma das habilidades mais relevantes para o futuro será a adaptabilidade. O estudo indica que, nas próximas décadas, 50% das funções atuais poderão ser substituídas por robôs ou softwares. Em contrapartida, 65% das crianças de hoje poderão ocupar empregos que ainda não existem – o que atesta a importância de características como a adaptabilidade.

Quando os profissionais mantêm uma atitude otimista, ou seja, possuem um QA elevado, eles se tornam mais proativos e engajados, o que é benéfico tanto para seu desenvolvimento profissional quanto para sua empregabilidade. O alto QA também influencia no desenvolvimento de soft skills específicas, que, juntas, resultam em uma cultura organizacional forte.

Dentre elas, destacamos:

Tomada de decisões ágeis

Profissionais com um alto QA lidam melhor com a pressão e os desafios, tendo mais facilidade para manter a calma em situações de estresse e, também, a clareza mental. Esse tipo de conduta ajuda a analisar situações complexas com mais facilidade. Essa questão também é favorecida pela capacidade de adaptação. Afinal, profissionais que buscam se ajustar às mudanças conseguem aplicar a variedade de conhecimentos e abordagens em rotinas dinâmicas. Logo, fica fácil entender por que o alto QA ajuda a tomar decisões de forma mais rápida e assertiva.

Capacidade de inovação

A capacidade de inovação também aumenta quando os profissionais têm um alto QA. Afinal, como enfrentam desafios sem perder a motivação, esses talentos conseguem buscar por soluções criativas ainda que estejam em situações adversas. Aliás, como eles enxergam erros como oportunidades de aprendizado, a frustração quando acontecem é bem menor. O resultado é que empresas cujos talentos têm um alto quociente de atitudes conseguem explorar ideias inovadoras e até mesmo romper com modelos amplamente estabelecidos. É essa capacidade, inclusive, que torna uma empresa exponencial.

Empatia

A empatia é uma habilidade que facilita o relacionamento com os demais, e permite compreender os sentimentos, dores e apelos de outras pessoas sem precisar passar pelas mesmas circunstâncias. A palavra está diretamente relacionada ao conceito de alteridade, termo oriundo da filosofia que consiste na capacidade de uma pessoa de se colocar no lugar da outra, não apenas com o intuito de entendê-la, mas como também para vivenciar uma realidade alheia à própria. Desenvolvendo um QA alto, fica mais fácil colocar essa habilidade em prática.

Pensamento crítico

O pensamento crítico trata da habilidade de reunir e analisar informações antes de chegar a uma conclusão. Logo, essa competência envolve pontos como bagagem intelectual, clareza, precisão e profundidade na hora de estabelecer uma linha de raciocínio. O resultado é que, para fundamentar um pensamento, o indivíduo com pensamento crítico observa uma determinada situação e a avalia baseado em referências, motivos e argumentos – pontos que se relacionam com o quociente de atitudes.

Comunicação assertiva

A comunicação assertiva trata da habilidade de se comunicar de forma clara, objetiva e abordando todas as informações necessárias. Logo, isso corresponde a se fazer bem entendido, coerente e não deixar espaço para dúvidas ou desentendimentos. Além disso, esse tipo de abordagem leva em conta a empatia, as relações e faz o necessário para adequar a mensagem para quem a recebe.

Lideranças, cultura e atitudes

As lideranças desempenham um papel muito importante na estrutura de qualquer empresa – tanto é que a atuação desses profissionais reflete, diretamente, no sucesso ou fracasso de uma organização em um mercado competitivo. E quando o assunto é assumir o desenvolvimento do QA como um valor da cultura organizacional, o panorama não é diferente. Entretanto, cabe ressaltar que o primeiro passo para fazer isso da melhor forma possível é que os próprios líderes desenvolvam seus respectivos quocientes de atitudes.

A lógica por trás dessa ideia é simples: o QA engloba conhecimento técnico, prático e emocional, que abrange a satisfação em desempenhar a função. E para que o líder consiga semear a atitude positiva na cultura da empresa, ele precisa dominar todos esses aspectos. Afinal, as habilidades que todos os profissionais, independentemente de hierarquia, desenvolvem no ambiente de trabalho estão intimamente ligadas às atitudes que demonstram diante de situações diversas. Além disso, as lideranças servem de exemplo para os demais colaboradores e é importante que eles espelhem os valores da cultura organizacional que desejam ver no Capital Humano.

Quando os profissionais veem o líder agindo com resiliência e adaptabilidade, eles entendem que esse comportamento é esperado deles – e se sentem estimulados a reproduzi-lo. O mesmo vale para otimismo e atitude positiva, mesmo diante momentos de incertezas e instabilidade. Um líder com alto QA também demonstra uma postura de aprendizagem contínua e que busca constantemente novas soluções. Afinal, esses profissionais nunca aceitam as condições negativas que lhes são impostas – eles procuram formas de contorná-las. E essa é uma lição valiosa para o Capital Humano!

Os líderes de alto QA conseguem inspirar suas equipes, independentemente das circunstâncias. Para isso, utilizam tanto habilidades interpessoais quanto técnicas, reconhecendo, avaliando, controlando e direcionando suas próprias emoções, além de identificarem as emoções dos outros. Isso sem abrir mão de analisar e criar estratégias para uma atuação assertiva no mercado. Um líder com um alto QA consegue alinhar o pensamento estratégico e a visão sistêmica com as nuances subjetivas do cotidiano organizacional.

Como cada empresa é composta por indivíduos com características, comportamentos, motivações e sentimentos distintos, o líder tem a responsabilidade de equilibrar essas variáveis, descobrindo formas de estimular cada colaborador e auxiliá-lo a desenvolver todo o seu potencial. Todos esses fatores são incorporados à cultura da empresa quando partem de um líder. Afinal, é por meio do exemplo e do estímulo que a manutenção dos valores começa.

O QA é um indicador importante para a cultura organizacional de uma empresa. Afinal, reconhecê-lo torna possível desenvolver o Capital Humano na direção certa, além de oferecer melhores condições em termos de ecologia humana. Essa é mais uma prova de que o entendimento do comportamento humano é o pilar para o sucesso de toda e qualquer organização.

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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