A Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA) é uma condição de ordem psicossomática recentemente associada aos contextos organizacionais. Seu crescimento se dá em um contexto em que, com o avanço das tecnologias modernas, as demandas das empresas aumentaram significativamente. Por isso, mesmo antes da pandemia, o ritmo de trabalho de boa parte do Capital Humano vinha aumentando. Isso porque, com tantas automações, a tendência é que os fluxos de trabalhos sejam mais eficientes e se abra mais espaço na rotina dos profissionais. A questão é que esse tempo, no entanto, vem sendo preenchido com mais demandas, não com momentos de descanso ou lazer.

Há, além disso, um estímulo à produtividade a qualquer custo, oriundo de uma mentalidade conhecida como hustle culture (ou cultura da agitação). Nela, os profissionais são incentivados a trabalhar ininterruptamente, abrindo mão de sua saúde mental, felicidade e até mesmo de necessidades básicas, como manter o sono em dia. Essa cultura também faz com que os colaboradores se sintam culpados caso não consigam alcançar os cargos que desejam, uma vez que eles entendem que, se isso não aconteceu, foi única e exclusivamente porque não se esforçaram o suficiente para tal. Logo, são responsabilizados por quaisquer situações que considerem um fracasso na carreira.

Além desses problemas ocupacionais, também é válido mencionar que, atualmente, vivemos rodeados por estímulos. Com a popularização das redes sociais, por exemplo, é mais fácil entrar em contato com um excesso de informações que deixam as pessoas ainda mais desgastadas – ainda que, curiosamente, elas se tornem cada vez mais dependentes dessas plataformas digitais. Mesmo quando há tempo para tentar desacelerar, as pessoas continuam em alta rotação, o que aumenta significativamente o sentimento de exaustão e cria um looping que afeta tanto a vida pessoal quanto a profissional. Essa ideia, inclusive, foi tema do livro A Sociedade do Cansaço (2015), escrito pelo filósofo sul-coreano Byung-Chul Han.

Toda essa conjuntura leva a uma série de problemas, como a ansiedade, depressão, a síndrome de burnout e a Síndrome do Pensamento Acelerado, que é o foco deste artigo. Mas, afinal, como evitar que esse tipo de mal afete o colaborador e impacte a saúde mental no ambiente corporativo? É o que você vai descobrir. Boa leitura!

 

O que é Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA)?

A síndrome do pensamento acelerado (SPA) é um transtorno psicossomático associado a um quadro de ansiedade. Apesar de não ser uma doença clinicamente reconhecida, ela foi identificada pelo psiquiatra Augusto Cury e amplamente descrita no livro “Ansiedade: Como enfrentar o mal do século” (2013). Cury usou o termo para se referir a uma condição em que há dificuldade extrema em relaxar, acalmar e organizar a mente. Por isso, pessoas que têm a SPA precisam de estímulos mentais constantes, o que causa um fluxo de pensamentos acelerado que acabam ocasionando problemas de saúde emocional e mental.

A SPA é caracterizada não apenas pela quantidade de pensamentos que uma pessoa tem ao longo do dia, mas também pela velocidade com que eles são processados no cérebro. Alguns estudos sobre a síndrome apontam, inclusive, para o fato de que ela se tornou mais popular conforme os estímulos do mundo globalizado foram se ampliando. Como estamos expostos o tempo inteiro a informações em televisões, celulares, revistas, placas de publicidade e computadores, dentre infinitos meios de comunicação, a incidência desse tipo de condição vem aumentando sistematicamente. Não à toa, de acordo com esta matéria da revista IstoÉ, no Brasil, são vendidas diariamente 123 mil caixas de remédios controlados, usados para tratar a ansiedade.

Como explicado por Cury no livro, tamanha exposição causa um tipo de “curto-circuito” no cérebro, que tem dificuldade de processar tantos estímulos distintos. Isso faz com que as pessoas tenham dificuldade de raciocinar e até mesmo de compreender a fundo algumas informações simples. Dependendo do nível de SPA, até mesmo a compreensão dos próprios sentimentos pode ser afetada.

Quando consideramos o contexto profissional, também é comum ver esse tipo de problema atrelado a rotinas exaustivas, com atividades que extrapolam o horário do expediente. É comum que as pessoas afetadas por essa condição tenham dificuldades de parar de pensar no trabalho, mesmo que estejam em momentos em que deveriam estar relaxando. Por isso, a sensação de achar que as 24 horas de um dia não são o suficiente para lidar com todas as demandas é bastante relatada por pessoas nestas condições.

 

Quais são os principais sintomas da SPA?

Os sintomas da Síndrome do Pensamento Acelerado são marcados pela angústia de não conseguir lidar com todos os estímulos ao mesmo tempo. Isso envolve desde a dificuldade em desacelerar os pensamentos até sinais físicos, como fadiga, queda de cabelo e falta de disposição.

Alguns dos sintomas mais notáveis da SPA são:

  • Preocupação excessiva e descontrolada;
  • Instabilidade emocional;
  • Cansaço excessivo, mesmo sem realizar atividades físicas;
  • Lapsos de memória;
  • Dificuldades de concentração;
  • Coração acelerado, mesmo que a pessoa esteja em repouso;
  • Sensação de agitação contínua;
  • Descontrole dos pensamentos;
  • Dificuldade para pegar no sono;
  • Sintomas físicos, como queda de cabelo, dor de cabeça e gastrite;
  • Dificuldade em lidar com a frustração ou adversidade;
  • Insatisfação constante, mudança de humor repentina e irritabilidade;
  • Esgotamento mental.

 

Diferenças entre SPA e doenças ocupacionais

A SPA está associada a um grupo de doenças ocupacionais, ou seja, aquelas que podem ser adquiridas ou intensificadas por conta das atividades realizadas em um ambiente de trabalho com condições ruins. É válido ressaltar que este termo se refere tanto aos problemas físicos quanto aos emocionais. Logo, a doença ocupacional pode se manifestar como uma doença na garganta no caso de um professor, na coluna para pedreiros ou transtornos de ordem psicossomática, como a depressão, a ansiedade e o burnout, que podem acontecer independente da natureza das profissões.

Contudo, há uma diferença notável entre a síndrome e os demais transtornos. Ela consiste no fato de que a SPA não é uma doença reconhecida pela medicina, como as descritas em livros como o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), uma das obras que norteiam a psiquiatria. Esse é um termo criado e estudado por Augusto Cury e corresponde a um aspecto específico da ansiedade – essa, sim, uma doença reconhecida globalmente.

O transtorno de ansiedade é uma condição marcada pelo excesso de preocupação e pela incapacidade de relaxar. Uma pessoa ansiosa sente grande tensão e, por vezes, isso pode acontecer sem um motivo palpável ou racional. E um dos principais sintomas de ansiedade é justamente a sensação de não conseguir controlar a velocidade nem a intensidade dos próprios pensamentos. É esse ponto em específico que Cury define como a síndrome do pensamento acelerado.

É interessante mencionar que a SPA não é o único transtorno que se desdobra a partir dos sintomas de ansiedade. No livro “Sociedade do Cansaço”, Byung-Chul Han também descreve outros comportamentos oriundos das circunstâncias modernas, onde há excesso de informações. Os acrônimos FOMO (fear of missing out) e FOBO (fear of better options) servem para definir fobias específicas de situações proporcionadas pelo contato em demasia com o mundo digital. Enquanto o primeiro trata do medo de perder algo que a pessoa considera importante, o segundo trata do receio de perder oportunidades melhores. Assim como a SPA, FOMO e FOBO não são doenças propriamente ditas – mas consequências de quadros de ansiedade.

 

O que causa a Síndrome do Pensamento Acelerado?

Nesta entrevista cedida ao jornal Estado de Minas, a psicóloga Cristiane Duez Verzaro dos Santos, do Núcleo de Apoio Psicológico e Psicopedagógico (NAPP) da Faculdade Santa Marcelina, contou mais sobre o transtorno, incluindo suas causas e sintomas. De acordo com a especialista, a agitação dos grandes centros e o número excessivo de informações têm criado condições psíquicas hiperpensantes. Além disso, os profissionais têm que lidar com rotinas de trabalho aceleradas, onde as demandas são cada vez maiores e há menos tempo para cumpri-las. Por conta disso, muitos começam a manifestar sintomas como a dificuldade de relaxar – fator atrelado à necessidade de manter sempre uma performance alta.

Quanto a esse ponto, vale mencionar a adesão a uma filosofia laboral que vem sendo uma grande aliada na popularização da SPA: a cultura da agitação. Apesar do termo ser relativamente recente, ele serve para descrever uma mentalidade que já permeia cenário corporativo há um bom tempo: trabalhar até a exaustão, pensando sempre em entregar mais em menos tempo – mesmo que isso signifique minar a saúde física e mental, abrir mão do lazer e das próprias necessidades. Nesse contexto, há uma normalização de ideias como perder noites de sono, refeições e não fazer pausas para descansar.

Apesar do termo ser desconhecido por muitas pessoas, é certo que todo profissional já ouviu frases como “trabalhe enquanto eles dormem” e “estude enquanto eles se divertem”, que expressam com clareza o tipo de pensamento defendido pela hustle culture. A questão é que, evidentemente, esse tipo de conduta é extremamente nocivo para os profissionais e ela se torna especialmente perigosa em um contexto em que a tecnologia evoluiu de tal forma que se tornou, de fato, possível trabalhar o tempo inteiro. Hoje em dia, com a adesão ao modelo de trabalho remoto, por exemplo, ficou ainda mais difícil separar os momentos laborais dos de descanso. Se antes, os colaboradores podiam fazer isso levando em conta o fato de estarem (ou não) em seus escritórios, atualmente, essas linhas estão mais tênues. E essas condições acabam contribuindo para a profusão de informações e demandas para os profissionais, que entram em loopings desgastantes.

Além disso, a psicóloga explicou que a SPA também pode estar atrelada a quadros de doenças como ansiedade, bipolaridade, transtorno de déficit de atenção e borderline. Ela contou que, normalmente, os sintomas da síndrome vão se desenvolvendo ao longo do tempo, se tornando cada vez mais intensos. O acúmulo de informações também leva as pessoas a criarem tendências ao consumo excessivo de informações. Por isso, é comum ver indivíduos afetados olhando os celulares o tempo inteiro, sobretudo quando o assunto são as redes sociais.

Fatores de risco associados à SPA

A Síndrome do Pensamento Acelerado atinge principalmente pessoas cujas rotinas são intensas, como estudantes com alta carga horária ou profissionais que estão constantemente tendo que fazer horas extras. A síndrome também pode afetar quem precisa se dividir entre tarefas desgastantes, como cuidar da casa, dos filhos e ainda dar conta de uma rotina de trabalho, por exemplo. Nesses casos, mesmo quando não há outros sinais de ansiedade, as pessoas se tornam mais suscetíveis à SPA. Vale mencionar, ainda, que para quem já tem histórico da doença ou de outras correlacionadas, como depressão, burnout, bipolaridade ou TDAH, os riscos de desenvolver a Síndrome do Pensamento Acelerado são maiores.

De acordo com Cristiane, pessoas que sofrem com SPA têm um ritmo de pensamentos tão acelerado que acabam por desgastar o cérebro. Por isso, esse grupo tem dificuldade extrema de se “desligar”. Isso leva a uma situação em que os níveis de cansaço físico e mental são altíssimos, o que impacta a felicidade, satisfação e o ânimo para realizar quaisquer tarefas. É comum, inclusive, que eles percam a vontade de fazer o que gostam por conta da falta de energia e, mesmo que consigam algo que querem muito, desanimam logo após a conquista.

 

Como é feito o diagnóstico? E o tratamento?

Apesar de não ser uma doença, a Síndrome do Pensamento Acelerado precisa ser identificada por um profissional especializado na área, como um psicólogo ou psiquiatra. Deve-se sempre procurar o auxílio dessas pessoas assim que os sintomas surgirem. Afinal, a manifestação deles pode apontar para um quadro mais complexo em relação aos transtornos psicossomáticos – como mencionamos, este é um aspecto específico da ansiedade. Além disso, a SPA pode estar relacionada a outras condições neuroatípicas, como o déficit de atenção.

O tratamento, por sua vez, vai depender do histórico de cada paciente. Isso pode envolver mudanças no estilo de vida, em hábitos cotidianos ou até mesmo remédios, em casos mais extremos. Contudo, recomendações como desacelerar o ritmo da rotina de trabalho, fazer exercícios e optar por uma alimentação mais saudável normalmente fazem parte do tratamento de quem desenvolve essa síndrome.

 

Impactos da SPA na carreira profissional

A Síndrome do Pensamento Acelerado tem impactos diretos na carreira dos profissionais e costuma dificultar seu desenvolvimento. Dada a natureza dos sintomas, é comum que a SPA tenha efeitos negativos na produtividade e na qualidade de vida dos profissionais. Afinal, uma vez desenvolvida a condição, as pessoas sofrem com cansaço excessivo, desgaste, têm dificuldade de focar no que devem, além de não conseguirem reter muitas informações por causa dos lapsos de memória. Tudo isso pode afetar (e muito!) o rendimento no trabalho e causar frustração nos colaboradores, que precisam gastar ainda mais energia para driblar essas questões. Isso também faz com que os profissionais percam muito tempo em tarefas básicas.

Sob essas condições, a capacidade de inovação fica comprometida, bem como a criatividade. Também é importante ressaltar que a motivação sofre uma queda drástica, visto que os indivíduos perdem o prazer de realizar quaisquer tipos de tarefas. Na entrevista cedida ao jornal, a psicóloga Cristiane explicou que esse ponto, em específico, acontece porque, por pensarem demais, os portadores da síndrome acabam perdendo energia no córtex cerebral – energia que deveria ser destinada aos demais órgãos do corpo. Por isso, o organismo responde com a fadiga intensa e a falta de vontade de fazer praticamente qualquer coisa. Isso os impede, inclusive, de investir no próprio desenvolvimento profissional, o que é danoso para a carreira como um todo.

Por fim, outro ponto que pode dificultar a rotina de trabalho é a instabilidade emocional. É comum que pessoas que desenvolvem SPA fiquem irritadas com mais facilidade, uma vez que tamanho desgaste mental afeta sua capacidade de autocontrole. Por isso, essas pessoas têm problemas em ser contrariadas, podem agir com impulsividade e, dependendo do caso, até mesmo serem irredutíveis em suas colocações. Esse tipo de conduta impacta negativamente as relações interpessoais, o que pode vir a desequilibrar o clima organizacional de toda a empresa.

 

Como as organizações podem ajudar seus colaboradores?

A Síndrome do Pensamento Acelerado também acarreta prejuízos consideráveis para as organizações. Isso porque, quando essa condição atinge ainda que parte do Capital Humano, as quedas na produtividade, rentabilidade e lucratividade são apenas uma questão de tempo. Além disso, outro problema é que, conforme as pessoas começam a adoecer, a jornada do colaborador pode ser avaliada negativamente, o que impacta a reputação da empresa. Esse efeito, por si só, interfere na imagem da organização no mercado, afastando possíveis candidatos, já que as pessoas tendem a evitar empresas que não valorizam a saúde mental dos seus colaboradores.

Por isso, é muito importante que as organizações adotem práticas internas para avaliar as condições de saúde emocional, física e psíquica do Capital Humano, oferecendo ajuda sempre que necessário.

Algumas medidas importantes que podem ser tomadas são:

Mapear os níveis de felicidade do Capital Humano

O primeiro passo para prevenir a profusão de problemas de ordem psicossomática como a SPA é entender como anda a saúde mental dos profissionais da organização. Isso pode ser feito de diversas formas: conversas formais ou informais, questionários, reuniões de feedback ou utilizando pesquisas organizacionais voltadas para este fim, como o Mapeamento do Clima Comportamental.

Com essa ferramenta, é possível monitorar os índices de satisfação do Capital Humano e observar quais medidas a empresa pode tomar para assegurar melhorias em seu ambiente de trabalho.

Para saber mais sobre o Mapeamento do Cima Comportamental, clique aqui.

Criar um programa de saúde mental

Um programa de saúde mental consiste em uma série de medidas, por parte da empresa, para melhorar a saúde mental e emocional de seus colaboradores. Existem diversos âmbitos que podem ser impactados por esse tipo de conduta. A organização pode, por exemplo, oferecer palestras e workshops voltados para a importância de manter a saúde mental em dia, adotar medidas como a flexibilidade de horário, oferecer salários e benefícios competitivos, disponibilizar um psicólogo para lidar com os profissionais, além de estabelecer canais abertos de comunicação que estimulem os profissionais a falarem, caso tenham problemas de natureza psicoemocional.

Prezar pela adequação comportamental

O comportamento também assume um papel importante na prevenção da SPA, por mais que algumas organizações ainda o menosprezem. Isso porque todos nós possuímos perfil comportamentais distintos, que podem ser mais ou menos adequados aos cargos que exercemos nas empresas. A questão é que quando as características naturais de uma pessoa dialogam com as que ela utiliza em sua função, a relação criada é positiva e segue os princípios da ecologia humana. Por outro lado, quando o que ela põe em prática no cargo vai de encontro ao que lhe é natural, o que acontece é o exato oposto e o trabalho se torna mais desgastante.

Exercer uma função oposta ao que se é traz problemas em termos de motivação, felicidade e produtividade. Afinal, a pessoa precisa lutar continuamente contra a própria natureza para conseguir desempenhar suas atividades. É comum que esse tipo de situação aumente os níveis de estresse e ansiedade, o que é ruim para quem já sofre com pensamento acelerado.

Implementar um modelo de gestão humanizado

A gestão humanizada também é muito importante para garantir que os colaboradores não tenham sua saúde mental prejudicada. Esse é um modelo de gerenciamento do Capital Humano cujo foco está no bem-estar e na qualidade de vida. Por isso, empresas com gestão humanizada tratam os profissionais como pessoas, não máquinas – e suas necessidades são levadas em consideração. Logo, elas respeitam os momentos de descanso, as horas trabalhadas, oferecem acompanhamento psicológico e ficam atentas caso haja algum sinal de colapso mental.

Adotar a qualidade de vida como parte da cultura organizacional

A cultura organizacional de uma empresa expressa sua identidade, valores e a forma com que ela conduz o seu Capital Humano. Existem empresas que estimulam a produtividade a qualquer custo em sua cultura, normalizando condutas como jornadas de trabalho extensas e falta de descanso. Da mesma forma, há organizações que estabelecem regras rígidas de controle nesse sentido, o que é importante para fazer com que seus funcionários não ultrapassem o seu limite e se desgastem em demasia.

A cultura de uma empresa também é importante para definir a forma com que as suas lideranças vão atuar, já que elas precisam ser aliadas na construção de boas condições de trabalho e na qualidade de vida dos profissionais. Por isso, é fundamental que a empresa adote uma cultura que priorize essas questões.

 

O autoconhecimento e a SPA

Conforme mencionado ao longo deste artigo, a Síndrome do Pensamento Acelerado é caracterizada, sobretudo, pela dificuldade de controlar a velocidade e a quantidade de pensamentos. Contudo, é válido ressaltar que nem sempre as pessoas atingidas pela condição reagem da mesma forma. Por isso, é fundamental desenvolver uma habilidade que ajuda a entender as nuances da mente e identificar reações inesperadas: o autoconhecimento.

O termo corresponde a uma série de processos de desenvolvimento psíquico, amadurecimento emocional, afetivo, cognitivo e comportamental, que permite que um indivíduo conheça profundamente a si mesmo. Através dessa habilidade, os profissionais se tornam capazes de entender suas subjetividades e passam a ter mais controle sobre suas emoções. Em um contexto de aceleração e excesso de informações, identificar as próprias necessidades e limites se tornou fundamental. Afinal, é observando a si mesmo, dando voz aos sentimentos e prestando atenção em como reage mediante determinadas situações que uma pessoa consegue manter sua saúde mental e melhorar sua qualidade de vida.

Aprimorando essa habilidade, um indivíduo consegue, por exemplo, identificar sua dificuldade em controlar o fluxo de pensamentos. Para muitas pessoas, o sintoma pode passar despercebido, já que é algo extremamente subjetivo e que varia de acordo com os processos internos de cada um – dependendo do perfil comportamental, por exemplo, pode acontecer do ritmo de uma pessoa ser naturalmente mais acelerado.

Contudo, quando esse fator começa a causar ansiedade, perda de sono, fadiga excessiva e até mesmo dores pelo corpo, o panorama muda. E a pessoa acometida por esse mal deve desenvolver sua capacidade de autoconhecimento para conseguir “ligar os pontos” e entender que trata-se de uma condição específica.

É válido ressaltar, no entanto, que o autoconhecimento não deve, sob hipótese alguma, suprir a necessidade de fazer tratamento psicológico para lidar com a Síndrome do Pensamento Acelerado. É importante utilizar a habilidade para identificar o problema e ir até um profissional qualificado o quanto antes. Depois de diagnosticada, a síndrome deve ser tratada e acompanhada, bem como os demais sintomas de ansiedade, caso haja.

Para promover o autoconhecimento, a utilização de análises como o Relatório de Desenvolvimento é muito bem-vinda. Este é um estudo pautado na Metodologia DISC, uma das ciências comportamentais mais importantes do mundo, e permite identificar as peculiaridades de cada pessoa, como seus pontos fortes e os que precisam de atenção.

Para saber mais sobre o Relatório de Desenvolvimento, clique aqui.

Outra ferramenta poderosa para o autodesenvolvimento é o Personal Change, um programa de coaching on-line focado no autodesenvolvimento. Com sua característica imersiva, ele é importante para entender como uma pessoa lida com tantas informações e identificar seus próprios limites.

Para saber mais sobre o programa Personal Change, clique aqui.

 

15 dicas para combater a SPA na vida pessoal e profissional

Apesar das dificuldades, adotando hábitos saudáveis, controlando a exposição às informações e entendendo os próprios limites, é possível amenizar os sintomas da Síndrome do Pensamento Acelerado.

Algumas estratégias para fazer isso, tanto na vida pessoal quanto profissional, são:

1. Diminuir o tempo gasto no celular, sobretudo em redes sociais

Quanto a esse ponto, vale ressaltar que os smartphones contam com recursos que delimitam um tempo de uso diário. É interessante utilizá-los, caso o uso esteja fora de controle.

2. Evitar o uso do celular à noite

O excesso de informações pode acelerar o ritmo do pensamento nesse período, o que causa problemas como a insônia.

3. Praticar atividades físicas

Essa é uma boa forma de gastar energia e diminuir os níveis de estresse e ansiedade.

4. Diminuir o ritmo de produção

Dê preferência a atividades de lazer e a passar mais tempo com pessoas queridas.

5. Evitar comparações com outras pessoas

Além de este ser um hábito de autossabotagem, é preciso internalizar que cada profissional tem seu próprio tempo e limite.

6. Investir no mindfulness

A técnica do mindfulness propõe retomar o controle da própria mente e desacelerar os pensamentos fora de controle.

7. Praticar meditação

Esse é um recurso interessante para silenciar a mente e estabelecer o foco em uma atividade específica, seja a trabalho ou lazer.

8. Controlar o acesso à tecnologia

Para além do uso de celulares, o excesso de informações também pode acontecer através de outros meios, como TVs, tablets e computadores.

9. Saber o momento de relaxar e não abrir mão dele

A Síndrome do Pensamento Acelerado cria dificuldades em fazer essa distinção.

10. Adotar práticas “analógicas”

Por exemplo, a leitura de livros físicos, que não depende de nenhum tipo de tecnologia.

11. Controlar o tempo diante das telas

O brilho das telas acesas também cria dificuldades na hora de diminuir o ritmo.

12. Adotar hábitos alimentares saudáveis

Preferencialmente, diminuindo a ingestão de açúcares e cafeína, que são estimulantes mentais.

13. Realizar planejamentos diários para as tarefas

Para determinar as prioridades de cada dia e diminuir a sobrecarga mental.

14. Evitar o acúmulo de funções

Isso gera fadiga e ansiedade.

15. Fazer acompanhamento com um psicólogo

No caso do aparecimento de qualquer sintoma do SPA, procure a ajuda de um profissional qualificado para tratá-lo.

A Síndrome do Pensamento Acelerado é uma condição atrelada à ansiedade, que compromete a rotina de muitos profissionais e os resultados das empresas. Esse transtorno surge em um momento marcado pela profusão das doenças ocupacionais – um fato causado, sobretudo, pelas jornadas de trabalho cada vez mais desgastantes. Nesse cenário, urge a necessidade de as organizações adotarem práticas voltadas para a saúde mental e a qualidade de vida de seus colaboradores. Afinal, é garantindo sua felicidade, satisfação pessoal e bem-estar que os melhores resultados aparecem.

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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