O planejamento estratégico é um recurso importante para definir os objetivos de uma organização no futuro de médio e longo prazos. Com ele, as empresas conseguem traçar metas para os próximos meses, para que alcancem os resultados que desejam e consigam se destacar no mercado competitivo. Logo, o planejamento estratégico direciona o desempenho do negócio, além de ser especialmente relevante quando o assunto é a saúde financeira da empresa, já que considera pontos como rentabilidade, rendimentos, custos e gastos. Mas, para ser realmente eficiente, o planejamento precisa englobar aspectos diversos, que vão desde a gestão de pessoas até as estratégias de negócio propriamente ditas.

De acordo com dados divulgados pelo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019, no Brasil, 60% das organizações fecham as portas depois de apenas cinco anos de existência. E uma das principais razões para um número tão alto de fins precoces é justamente a falta de um planejamento estratégico bem definido. Esses números, aliás, não são à toa: sem um objetivo claro e alinhamento entre pessoas e metas, dificilmente uma empresa se mantém rentável em um mercado competitivo como o atual.

A estratégia de um negócio é o que permite a uma empresa manter sua identidade, se preparar para mudanças e reagir conforme as novas demandas surgem. Quando uma organização não tem clareza sobre o que fazer ou como, a tendência é que ela seja deixada para trás por seus concorrentes. Por isso, é fundamental saber, de antemão, como lidar com adversidades e imprevistos. Isso envolve ter as pessoas certas nos lugares certos, saber usar novas tecnologias, adaptar mentalidades corporativas e, sobretudo, investir no crescimento e no desenvolvimento do Capital Humano – o que deve ser feito com amplo apoio de um RH estratégico. É nesse ponto que entra o planejamento estratégico, assunto do artigo de hoje. Boa leitura!

 

O que é planejamento estratégico?

O planejamento estratégico consiste em um processo sistêmico focado em identificar a melhor rota a ser seguida por uma empresa em prol de atingir os seus objetivos. Esse processo envolve definições de metas, construção de um plano de ações para alcançá-las e previsão de tempo e custos para que isso aconteça em médio e longo prazos.

Contudo, para que seja viável, é preciso analisar os cenários previamente e identificar as necessidades da organização. Só assim, o planejamento irá, de fato, orientar a distribuição de recursos e a tomada de decisão. Quando bem desenvolvido, esse documento funciona como a base do desenvolvimento do negócio, indicando o ponto de partida, as etapas a serem percorridas e o local de chegada.

Como o próprio nome indica, a ideia desse tipo de ferramenta é unir a estratégia (a definição do que será feito para alcançar os objetivos) com o planejamento (as etapas que serão cumpridas para alcançar uma determinada meta).

É importante ressaltar que o planejamento deve englobar a missão, os valores, a visão e o propósito da empresa, uma vez que ele também deve estar diretamente relacionado à sua identidade. De nada adianta, por exemplo, ser um negócio que adota uma cultura organizacional conservadora e propor, no planejamento estratégico, abrir a empresa completamente para inovações e tendências do mercado. Nesse caso, provavelmente nem a empresa nem o seu Capital Humano estariam preparados para mudanças tão radicais em tão pouco tempo.

O planejamento estratégico pode (e deve) ser elaborado por qualquer empresa, independentemente de seu porte ou segmento. Com um direcionamento estabelecido, as chances de ver o negócio caminhando para os resultados desejados são gigantescas. Também é importante que o planejamento seja pensado e aplicado de modo a envolver todos os colaboradores, nos seus diversos níveis e áreas de atuação. Deve ser executado em conjunto e de forma harmônica, como uma sinfonia. Para isso, é imprescindível conhecer profundamente seu time e os profissionais que colaboram para o ecossistema da empresa, tanto em termos de hard skills quanto de perfil comportamental. Só assim, cada processo do planejamento será bem alocado, de acordo com cada colaborador e suas competências.

 

A importância do planejamento estratégico

De acordo com o escritor Alvin Toffler, autor de livros como “Choque do Futuro“ (1970) e “A Terceira Onda” (1980):

Uma empresa sem estratégia é como um avião voando sem rumo em plena tempestade, subindo e descendo entre os raios. Se um raio ou vento não o destruir, ele simplesmente ficará sem combustível”.

Essa analogia, por si só, já evidencia a importância da estratégia e do planejamento para o sucesso dos negócios no cenário corporativo. Em tempos cada vez mais competitivos, não à toa, os dados do IBGE citados anteriormente reforçam o porquê de tantos negócios fecharem as portas precocemente.

Quando não há análises internas e externas, avaliações de mercado, rotas, metas ou objetivos definidos, tudo se torna um enorme “achismo”, em que é praticamente impossível se orientar de forma eficiente para conseguir bons resultados. A falta de planejamento deixa as organizações perdidas e sem saber qual rumo tomar – e muito menos como atingir seus objetivos. Apesar de parecer improvável, é bastante comum que as empresas não se planejem, principalmente quando não têm sua cultura e seu propósito bem definidos.

O planejamento estratégico é extremamente importante por diversas razões. Através dele, é possível realizar análises minuciosas dos resultados passados da empresa, observando o desenvolvimento do Capital Humano e das estratégias ao longo dos anos. Também é possível realizar avaliações constantes do mercado para identificar tendências e orientar a tomada de decisão da empresa, o que é muito importante para que o negócio consiga se adaptar às demandas mais recentes, tornando-se mais competitivo. O planejamento permite definir os objetivos da empresa e os recursos necessários para alcançá-los, o que é essencial para que a empresa não perca o foco e mantenha sua produtividade.

Além disso, o planejamento estratégico reforça (ou até mesmo atualiza, dependendo da situação) a visão, a missão e os valores da empresa, que podem cair no esquecimento com o passar dos anos. Dessa forma, os colaboradores, sejam eles antigos na casa ou recém-chegados, ficam cientes e alinhados à cultura organizacional. Em longo prazo, os benefícios são inúmeros: melhoras em motivação, sinergia e engajamento, uma vez que as equipes que trabalham em prol de um objetivo em comum, desenvolvimento de um clima organizacional positivo e da construção de uma jornada do colaborador que impacte positivamente a empregabilidade da marca.

O planejamento estratégico de uma empresa vai muito além de uma burocracia empresarial; é ele que possibilita que o negócio caminhe em direção ao sucesso sem perder sua essência.

Por isso, adotar esse recurso para nortear a atuação da empresa ao longo dos anos impacta positivamente pontos como:

  • Lançamento de novos produtos ou serviços;
  • Posicionamento da marca no mercado;
  • Expansão da empresa para novos locais;
  • Defesa em relação às ameaças no mercado;
  • Rentabilidade e lucratividade acima do esperado;
  • Construção de diferenciais competitivos;
  • Atração e fidelização de clientes;
  • Construção de uma imagem positiva para a empresa.

Para quais empresas o planejamento é útil?

Existe uma ideia de que o planejamento estratégico deve ser uma preocupação somente de empresas de grande porte. Contudo, esse é um equívoco enorme. Toda e qualquer empresa pode e deve investir em um planejamento estratégico não apenas para o ano seguinte, mas com metas e objetivos de longo prazo que deseja alcançar. Afinal, mesmo que tenham situações financeiras distintas, todas as organizações precisam de uma gestão bem definida, seja dos negócios ou dos recursos humanos. O planejamento estratégico é fundamental para garantir que isso aconteça e, consequentemente, para que a organização tenha uma chance mais expressiva de sucesso no cenário competitivo.

 

Os 3 tipos de Planejamento Estratégico

O planejamento de uma empresa pode ser dividido em três níveis distintos: estratégico, tático e operacional. Cada uma dessas categorias refere-se a âmbitos e setores distintos de uma organização.

Confira as características de cada tipo a seguir:

Planejamento estratégico

Este planejamento corresponde ao modelo de negócios adotado por uma organização. Pode ser feito visando a um produto ou serviço específico da empresa ou mesmo tratar da estratégia geral do negócio. Para entender como isso funciona, basta pensar em uma empresa que vende carros e motos, por exemplo. Nesse caso, ela precisa de um planejamento específico para cada uma dessas categorias e, também, de um modelo geral que norteie os seus objetivos de mercado. São esses os dois tipos de planejamentos estratégicos distintos.

Na hora de fazer o plano, é preciso considerar fatores internos e externos que influenciam a área da empresa, como nicho de mercado e tendências. Levando em conta o cenário, a missão, valores e visão da empresa, nessa etapa, é preciso estipular metas ou objetivos estratégicos em longo prazo.

Planejamento tático

Este nível é responsável por criar ações e metas que sustentem o planejamento estratégico. Em uma analogia simples, é como se estes fossem os degraus construídos pensando em levar a empresa até o seu sucesso corporativo. O foco são as ações em médio prazo e os setores em que elas serão aplicadas, incluindo os profissionais que terão uma atuação direta para este fim. Em suma, essa parte demonstra como a estratégia será aplicada para que a empresa alcance seus objetivos.

Planejamento operacional

Este nível de planejamento fica responsável pela parte operacional do planejamento estratégico. O foco aqui é transformar as metas do planejamento em ações com cronogramas já estipulados. É comum que essa seja uma etapa mais voltada para o curto prazo, em que há a delegação de tarefas, divisão de funções, escolha de equipamentos e definição do orçamento destinado a essas ações.

É válido mencionar que alguns autores consideram esses três tipos de planejamento como subtipos de uma classificação específica: o nível organizacional, que diz respeito às decisões hierárquicas e o modelo de negócio da empresa. Há quem considere, ainda, pontos como capacidade de renovação e metodologias utilizadas pela empresa para chegar aonde deseja como outros níveis do planejamento, que também contam com subtipos. Contudo, a divisão entre estratégico, tático e operacional é a mais popular.

 

Benefícios do planejamento estratégico

Como vimos, investir em um planejamento estratégico é vantajoso por uma série de motivos, como lucratividade, redução de custos e posicionamento da marca frente ao mercado. Isso acontece porque o planejamento estratégico traz benefícios como:

Metas bem definidas

Um dos grandes benefícios trazidos pelo planejamento estratégico é que, com ele, a empresa passa a ter um objetivo claro em médio e longo prazos. Logo, seus colaboradores sabem o que deve ser feito, quais tipos de demanda devem ser priorizadas e quais caminhos devem ser seguidos em prol dessa meta. Aliás, dessa forma, fica mais fácil mobilizar as equipes para que trabalhem em sinergia, na direção de um objetivo em comum, além de criar um senso de responsabilidade coletiva. Afinal, todos passam a se sentir parte da empresa e responsáveis pelo seu sucesso (ou não). Ter objetivos bem definidos também ajuda a criar uma gestão mais transparente, o que é muito positivo para que os colaboradores criem uma visão sistêmica em relação ao negócio.

Maior produtividade e alinhamento entre equipes

O planejamento também ajuda a aumentar a produtividade do Capital Humano, uma vez que ele permite que todos já saibam, de antemão, o que devem fazer. Assim, os colaboradores desenvolvem novas soft skills, tais como autonomia e proatividade, além de  melhorar o alinhamento de tarefas. Ademais, bons planejamentos preveem o desenvolvimento das competências técnicas e comportamentais do Capital Humano, o que ajuda a aumentar a motivação e, consequentemente, a capacidade produtiva dos profissionais. Em longo prazo, a utilização desse tipo de recurso também ajuda a criar uma cultura de estratégia, em que os profissionais tomam decisões baseadas em dados e análises.

Ajuda na tomada de decisão

Tomar decisões também fica mais fácil quando gestores e equipes já conhecem a mentalidade e os objetivos da empresa. Até porque, nessas circunstâncias, quando as dúvidas aparecem, basta pensar nas metas definidas para entender qual será o melhor caminho a seguir. Isso também ajuda a gerenciar o tempo de forma mais eficiente, uma vez que os profissionais não precisam debater sobre as decisões – quando já há um modo de agir pré-estabelecido.

Atuação mais assertiva

Estabelecer uma estratégia também permite que a empresa seja mais assertiva em sua atuação. Afinal, dessa forma, não há espaços para achismos ou decisões subjetivas – é preciso fazer tudo de acordo com o objetivo definido – de preferência, com uma abordagem data-driven, pautada em dados. É importante que o negócio faça análises internas e externas, identifique suas possibilidades de mercado, avalie a concorrência, dentre diversos outros levantamentos que contribuam para uma um plano de ação certeiro. O planejamento estratégico ajuda a tornar esse cenário mais palpável e organizado, diminuindo drasticamente as chances de erro.

Além disso, vale mencionar que, com o planejamento estratégico, a empresa pode fazer o acompanhamento de resultados usando indicadores e KPIs, o que é muito importante para entender se a estratégia adotada está cumprindo com o esperado. Caso não esteja, é necessário recalcular a rota e corrigir erros eventuais, aumentando sua assertividade.

 

Quando fazer o planejamento estratégico?

O momento de fazer um planejamento estratégico depende de diversos fatores. A maior parte das empresas desenvolve o planejamento estratégico pensando no próximo ano contábil. Por conta disso, é comum que, alguns meses antes do final do ano, os esforços para a criação do documento já tenham início – normalmente, entre setembro e outubro. A ideia é que, em janeiro do ano seguinte, o negócio já comece a colocar as ações em prática. Um dos motivos da popularidade desse “timing” é a possibilidade de planejar levando em conta as finanças para o próximo ano, uma vez que os períodos coincidem.

Contudo, essa lógica não engloba todas as empresas. Novembro e dezembro, por exemplo, são meses importantíssimos para as varejistas, já que períodos como Black Friday e Natal representam aumentos significativos nas vendas. Para essas empresas, nesse último trimestre, é praticamente impossível planejar algo que não esteja relacionado às vendas nestas datas comemorativas. Por isso, seguir a lógica do planejamento estratégico começando no final do ano pode ser mais difícil para organizações que atuam neste setor.

Por isso, a data ideal para começar o planejamento estratégico vai variar conforme área de atuação, porte da empresa, cenário mercadológico, faturamento e até mesmo dos objetivos definidos por ela. O mais importante em relação ao momento de dar início ao planejamento estratégico é que isso seja feito em um período em que a empresa possa dar a devida atenção ao processo.

Preciso revisar o planejamento estratégico?

O planejamento estratégico é um documento que precisa de revisões constantes. De nada adianta criar um e depois deixá-lo dentro de uma gaveta pelo resto do ano inteiro. Afinal, o sucesso depende também da capacidade da empresa avaliar como a estratégia está sendo aplicada e fazer os ajustes necessários, em tempo real, para que ela performe cada vez melhor. Por isso, o plano deve ser revisto ao longo do ano.

É interessante, inclusive, que a empresa faça reuniões para revisar, otimizar e alinhar as ações de tempos em tempos. Afinal, para garantir o sucesso, também é importante estar atento às oportunidades de mercado e ter a flexibilidade necessária para se readaptar, caso alguma eventualidade surja. Por isso, o planejamento não pode ficar “engessado”; o ideal é que, desde o início, ele seja desenvolvido pensando nas mudanças que podem acontecer ao longo do ano.

 

Os 8 Cs do Planejamento Estratégico

Colocar um planejamento estratégico em prática depende da participação conjunta dos colaboradores de uma empresa. E, para que isso dê certo e os resultados sejam os melhores possíveis, há uma série de valores que devem ser disseminados durante a execução desse trabalho.

Entre eles, os mais conhecidos são os chamados 8 Cs do planejamento estratégico, que são:

  • Conhecimento: diz respeito à ciência sobre o que é um planejamento estratégico e dos métodos e ferramentas que auxiliam sua implementação;
  • Confiança: relacionada a acreditar na capacidade de transformação do planejamento traçado;
  • Controle: se aplica aos mecanismos de análise sobre o andamento da estratégica na prática, além de seus prazos e metas;
  • Colaboração: diz respeito à confiança no trabalho em equipe e à superação de conflitos e dificuldades;
  • Coragem: se relaciona com a superação de resistências para introduzir novas perspectivas trazidas pelo planejamento estratégico;
  • Competência: foca na capacidade de colocar os planos em prática, respeitando seus prazos e padrões qualitativos;
  • Comunicação: trata da capacidade de se comunicar de forma efetiva e manter todos atualizados em relação ao acompanhamento do planejamento;
  • Comprometimento: diz respeito ao engajamento dos colaboradores e equipes, fator essencial para o sucesso das estratégias.

 

Quem participa do planejamento estratégico?

A definição do planejamento estratégico, até pouco tempo, ficava muito restrito à alta gestão da empresa, já que precisa ser elaborado por pessoas com autonomia, poder de decisão e entendimento das estratégias do negócio.

Contudo, com modelos de gestão humanizados, inclusivos e horizontais cada vez mais populares no mundo corporativo, já é comum ver empresas trazendo as lideranças dos setores e até mesmo os colaboradores para participarem desse processo de troca de ideias e tomada de decisões. Esse tipo de medida é interessante para agregar mais perspectivas e insights ao plano, uma vez que esses profissionais estão inseridos diretamente nas rotinas de trabalho. Além disso, faz com que os colaboradores se sintam ouvidos, considerados, valorizados e pertencentes à organização, o que é interessante para mantê-los motivados, engajados e produtivos.

 

5 etapas para fazer um planejamento estratégico eficaz

Para desenvolver um planejamento estratégico eficiente, é preciso estruturar suas etapas e seguir alguns passos. Confira:

Etapa 1: Diagnóstico

Para a fase de diagnóstico do planejamento estratégico, é essencial observar o que acontece dentro da empresa e no mercado em geral. Para isso, é interessante utilizar a análise SWOT (ou FOFA, como é representada na língua portuguesa), que consiste em elencar as forças, oportunidades, fraquezas e ameaças de uma organização. Para tal, é preciso contar com diversos colaboradores de setores distintos, que sejam capazes de citar os diferenciais, ameaças, pontos fortes e os que precisam de melhorias. Assim, é possível realizar um diagnóstico da situação atual – o que é imprescindível para o desenvolvimento do planejamento estratégico.

Etapa 2: Identidade

Missão, visão e valores. Para esta etapa, é essencial que esses conceitos estejam bem definidos, visto que serão responsáveis por nortear as decisões e as diretrizes estratégicas. Ter uma identidade bem delineada não apenas pelo público interno, como também pelo externo, é um diferencial que serve como um guia para realizar contratações, fechar contratos com fornecedores e até mesmo para lançar produtos e serviços novos no mercado. Por isso, esses conceitos devem sempre ser respeitados e reforçados, para que permeiem todas as etapas do planejamento estratégico.

Etapa 3: Indicadores

Esta é a fase em que as novas metas são definidas. É a partir delas que a gestão determina o patamar aonde a organização deseja chegar e quais indicadores serão utilizados para avaliar o progresso dessa jornada. Esses indicadores variam de acordo com a natureza da meta estabelecida – se for, por exemplo, aumento da receita da empresa, o faturamento mensal deve ser um indicador a ser acompanhado.

Como mencionamos, esse é um processo que precisa ter toda a organização e seus departamentos envolvidos e, por isso, é interessante estabelecer uma meta geral que se desdobre para metas individuais menores de cada setor. Vale ressaltar que é importante que esses objetivos sejam realistas – desafiadores sim, mas jamais inalcançáveis.

Etapa 4: Plano de Ações

Depois do diagnóstico e da definição do objetivo da empresa, é a hora de colocar as ideias em prática. E o primeiro passo para isso é definir um plano de ação, que nada mais é do que uma série de medidas que serão tomadas a fim de viabilizar a conquista das metas e os objetivos previamente definidos.

É na fase do plano de ações que as atitudes são arquitetadas e delegadas para os seus respectivos executores. É importante saber identificar aquelas que são mais urgentes para o negócio, visto que, caso não haja uma priorização clara de tarefas, o plano acaba perdendo sua eficiência.

Uma sugestão de ferramenta eficiente para planos de ação (que ganhou destaque pela sua praticidade) é a técnica conhecida como 5W2H – e ela pode ser bem interessante na hora de criar um planejamento mais organizado e eficiente.

O método consiste em fazer uma lista com perguntas e respostas relativas ao projeto em questão e suas metas específicas. O nome, inclusive, vem desta característica – afinal, as perguntas vêm do inglês, sendo cinco delas iniciadas com a letra W e as outras duas, com H.

No modelo 5W2H, o plano de ações é pautado pelas seguintes questões:

  • What (o quê): meta da empresa, o que é preciso melhorar, o que se deseja alcançar;
  • Why (por quê): motivação pela qual a empresa quer atingir esse objetivo;
  • Where (onde): locais em que as ações serão realizadas;
  • When (quando): tempo esperado para atingir o objetivo, além de cronogramas e gerenciamento de ações;
  • Who (quem): os profissionais responsáveis pelas ações;
  • How (como): ações que serão realizadas, além de estratégias e métodos para concretizá-las;
  • How much (quanto custa): investimento financeiro necessário para que o objetivo seja atingido.

Etapa 5: Acompanhamento e análise

A última etapa do planejamento estratégico é o acompanhamento e a análise dos resultados obtidos. Para isso, é recomendável estabelecer KPIs de referência e realizar reuniões periódicas, para que os colaboradores possam compartilhar seus pontos de vista e debater sobre os resultados.

Em alguns casos, podem ser implementados ajustes durante essa fase. Como o mercado está em constante transformação, essa também é uma boa forma de buscar a adequação constante às demandas que surgem.

Para realizar o acompanhamento e a avaliação dos resultados das ações do planejamento estratégico, é interessante adotar os ciclos PDCA:

  • Plan (planejar): é a elaboração do planejamento estratégico propriamente dito. Inclui análises e identificação de objetivos, problemas, estabelecimento de metas e elaboração do plano de ação;
  • Do (fazer): execução do plano de ação conforme as especificações definidas;
  • Check (checar): coleta de informações e avaliação contínua dos resultados obtidos, identificando o que precisa de ajustes;
  • Act (agir): a partir dos resultados da checagem, implementam-se os ajustes na rotina da empresa.

 

Modelo de planejamento estratégico

Existem diversos modelos de planejamento estratégico que podem ser adotados pelas empresas. As informações podem ser disponibilizadas usando tabelas, listas ou em qualquer tipo de organização que a empresa julgar mais acessível para o seu Capital Humano. Neste artigo, vamos dar o exemplo de um planejamento simples, ressaltando os pontos mais importantes a se levar em conta antes de aplicar as informações em uma tabela.

1. Análise SWOT

Na análise SWOT, ponto de partida para um bom planejamento, você deve descrever os seguintes fatores internos e externos sobre a sua empresa:

1.1. Forças: destaques competitivos da empresa; razões pelas quais os clientes optam pela marca em detrimento dos concorrentes; pontos em que a empresa já faz um bom trabalho;

1.2. Fraquezas: questões internas que podem ser negativas para os negócios da empresa; pontos que precisam de melhoria em relação aos negócios da empresa;

1.3. Oportunidades: mudanças no mercado que são positivas para a empresa; tendências que podem ser aproveitadas;

1.4. Ameaças: fatores externos que podem impactar negativamente a empresa; condições desfavoráveis para o negócio.

2. Missão, visão e valores

Levando em consideração os pontos levantados na análise SWOT, é importante ter clareza da missão, visão e valores da empresa, para determinar os objetivos e estratégias. São eles:

  • A missão corresponde ao que define a empresa; o que a organização tem de especial e a diferencia das concorrentes;
  • A visão determina o que a empresa enxerga em relação ao seu futuro; descreve a forma com que ela se vê dali alguns anos;
  • Os valores ditam a forma com que a empresa deve se comportar no mercado e como ela vai alcançar seus objetivos em médio e longo prazos.

3. Definição de objetivos e estratégias

Nessa parte, é importante começar a descrever os objetivos e as estratégias do planejamento estratégico. Atenção: isso deve caminhar de forma concomitante ao que foi observado na análise SWOT e com a missão, visão e valores da empresa.

4. Descrição de ações

Como vimos, as ações correspondem às medidas que a empresa vai tomar para que seja possível atingir os objetivos. Nessa etapa, é importante escrever tudo detalhadamente.

5. Modelo pronto

Passados todos esses pontos, é possível criar uma tabela com essas informações organizadas de forma prática e visual. Como exemplo, pensamos em como seria o planejamento estratégico para uma pousada. Evidentemente, isso pode variar conforme o plano e as necessidades da empresa.

Neste exemplo, o planejamento estratégico da pousada ficou da seguinte maneira:

Exemplo análise swot

 

Erros comuns de um planejamento estratégico

Não delimitar ações

Como vimos, o planejamento estratégico é importante para que a empresa consiga alcançar seus objetivos. No entanto, para que isso seja viável, apenas elencar as metas não é o bastante – também é preciso definir ações para chegar até elas. Pode parecer óbvio, mas é um erro comum em muitas empresas. Afinal, de nada adianta querer aumentar a lucratividade do negócio sem saber como fazer isso. Senão, todo o processo de desenvolvimento em prol do objetivo se torna apenas um desejo lançado ao universo, que pode ou não acontecer.

Não definir os responsáveis pelas ações

Tão importante quanto descrever as ações é definir os responsáveis por elas. Sejam profissionais específicos ou setores, é importante que todos conheçam bem os seus papéis e responsabilidades no plano de ação. Só assim, será possível contornar possíveis problemas, como o sobrecarga de trabalho para alguns profissionais ou grupos específicos ou mesmo a não execução de determinada tarefa. Como ambos os casos são prejudiciais para a empresa, é sempre bom estar atento e deixar tudo alinhado.

Não monitorar os resultados

O sucesso de um planejamento estratégico depende diretamente da capacidade de a empresa avaliar os resultados em tempo real e fazer ajustes conforme o necessário. Isso envolve o monitoramento de indicadores e KPIs, análises constantes e a realização de reuniões periódicas, para reavaliar a efetividade das ações e estratégias. Como vimos, se engana quem pensa que o trabalho com o planejamento estratégico acaba quando o documento está fechado; o plano é algo vivo e que vai precisar de revisões e alterações. Por isso, quando uma empresa deixa de ter esse cuidado, abre-se um precedente para que ela não consiga concretizar o que está descrito no planejamento estratégico.

 

Como usar o planejamento estratégico na gestão de pessoas?

O planejamento estratégico envolve diversas áreas da empresa, desde estratégias de negócios até fatores mais subjetivos, como felicidade e satisfação do Capital Humano. Por isso, para além do planejamento estratégico geral da organização, existe também o planejamento estratégico de RH, que diz respeito às ações estratégicas relacionadas à gestão de pessoas da organização. O planejamento estratégico de RH funciona como um plano à parte; uma ramificação do processo tradicional. Nesse caso, o plano engloba fatores como  contratações, remunerações, níveis de prontidão, performance e desempenho, adequação comportamental, desenvolvimento de habilidades, além da satisfação pessoal e felicidade no trabalho. Tudo isso pode (e deve!) ser feito com o apoio de um RH estratégico.

O planejamento estratégico para a gestão de pessoas já tem início na fase de atração de talentos, quando o RH precisa estabelecer estratégias para encontrar candidatos que apresentem fit cultural e comportamental com a empresa. Afinal, para montar equipes capazes de atingir a alta performance e atuar dentro do escopo de trabalho definido no planejamento estratégico sem se desmotivar, é preciso que haja, antes de qualquer coisa, aderência por parte dos profissionais.

Para conseguir fazer isso de forma eficiente, é importante contar com a ajuda de softwares como o Etalent PRO. Essa poderosa ferramenta ajuda a realizar processos de Recrutamento e Seleção baseados no comportamento, mapeia as equipes, delega cargos de acordo com o talento dos colaboradores, indica os talentos com perfis que se complementam e se alavancam, dentre muitas outras possibilidades essenciais para a implementação de uma gestão comportamental eficiente.

Para saber mais sobre o sistema Etalent PRO, clique aqui.

Em conjunto com um processo de Assessment, que monitora a forma com que o Capital Humano utiliza suas características comportamentais enquanto exerce o cargo, fica mais fácil de criar um planejamento de RH mais eficiente.

Para saber mais sobre o Assessment Center, clique aqui.

Ter um planejamento voltado para a gestão de pessoas também permite identificar problemas para tentar mitigá-los o quanto antes. Análises detalhadas colocam em evidência pontos sensíveis, como a performance dos colaboradores, adequação comportamental e níveis de satisfação com a função desempenhada, além de possibilitarem entender a relação da empresa com o seu Capital Humano. Se for detectado algum problema de desempenho, por exemplo, é possível se organizar para descobrir a causa e mitigar os seus efeitos no próximo ano. Já problemas com o clima organizacional podem exigir maior integração entre os times, e assim por diante.

Vale lembrar sempre que, hoje em dia, realizar um processo específico para a gestão de pessoas se tornou especialmente relevante porque pautas como a saúde mental e a qualidade de vida são discutidas constantemente no mundo corporativo. Atualmente, entende-se que, quando os profissionais se sentem satisfeitos, eles conquistam resultados mais significativos, além de contribuírem para a construção de climas organizacionais mais saudáveis e ambientes de trabalho mais produtivos.

Por isso, para fazer um planejamento estratégico específico para o RH, é preciso levar em conta pontos como:

  • Salários;
  • Encargos trabalhistas;
  • Benefícios;
  • Treinamento e Desenvolvimento;
  • Gastos com recursos e tecnologias.

 

Exemplos de planejamentos estratégicos bem-sucedidos

Toyota

Logo após a Segunda Guerra Mundial, a montadora japonesa de automóveis Toyota entrou em uma crise que, por pouco, não levou a marca à falência. O que salvou a montadora de fechar as portas foi a reinvenção de seu processo produtivo, que passou a focar em reduzir o desperdício e investir em estoques mínimos e sob demanda, algo bastante diferente do modelo fordista de produção de carros, que era comum à época. A novidade, que ficou conhecida como Sistema Toyota de Produção, teve sucesso em um planejamento de longo prazo, que fez com que a empresa conseguisse aumentar a qualidade de seus veículos e reduzir o preço de mercado. Não à toa, a empresa é uma das mais relevantes do setor até hoje.

Gol

O caso da companhia aérea brasileira também é bem emblemático em termos de planejamento estratégico. A Gol foi fundada em 2001 com um patrimônio de cerca de R$20 milhões. Em 2006, apenas cinco anos depois, a empresa foi avaliada em R$12 bilhões, 17x o seu valor inicial. E muito disso aconteceu por conta do sucesso da companhia em fazer análises de mercado e identificar as oportunidades para o seu setor.

Em vez de oferecer os mesmos serviços que as companhias concorrentes, a Gol focou em pontos que eram deixados de lado pelas rivais, relacionados, sobretudo, ao barateamento de custos para o consumidor. A empresa foi uma das primeiras a vender passagens aéreas via Internet, o que possibilitou que ela reduzisse seus custos operacionais por não ter necessidade de intermediários para tal. Além disso, a empresa oferecia voos exclusivamente de classe econômica, fazendo com que o atendimento a bordo fosse mais modesto do que o das outras empresas aéreas. Por fim, a empresa passou a oferecer voos noturnos com descontos agressivos, aumentando, assim, a venda desse tipo de passagem.

Essas estratégias fizeram com que a procura por passagens aéreas nessas condições aumentasse extraordinariamente, o que elevou exponencialmente a lucratividade da empresa. Tudo isso foi feito em conjunto com a implementação de uma cultura organizacional forte, que reforçava a missão, os valores e a visão da empresa.

Dudalina

Atualmente, a Dudalina é a maior camisaria da América Latina, mas quando a empresa começou, o cenário era bem diferente. No início, o planejamento estratégico da empresa tinha o objetivo de crescer 20% ao ano, uma meta bastante ousada. Esse objetivo foi cumprido, sobretudo, por conta dos altos investimentos no marketing do negócio, que se utilizou dos diversos tipos de mídia, como jornais, revistas e televisão. Além disso, a empresa apostou em oferecer uma experiência diferenciada para seus consumidores, que tiveram a exibição e as embalagens aperfeiçoadas.

O planejamento estratégico é fundamental para garantir a manutenção de uma empresa no mercado competitivo. Com um RH estratégico, colaboradores motivados, identidade bem definida, análises constantes e foco no desenvolvimento humano, uma empresa consolida seus diferenciais e se torna capaz de lidar com cenários distintos e imprevisíveis. Em contrapartida, a falta de cuidado com o futuro pode levar um negócio a fechar suas portas de forma definitiva. Contudo, quando tudo é feito a partir de um processo estruturado, o sucesso se torna uma questão de tempo.

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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