Manter a motivação e o engajamento interno são desafios comuns nas rotinas corporativas. Diferentemente do que acontecia nas décadas passadas, quando as empresas acreditavam que aumentar a carga de trabalho fazia com que os profissionais fossem mais produtivos, hoje em dia, entende-se amplamente que, na verdade, esse tipo de pensamento só causa esgotamento físico e mental. Empresas de sucesso no mercado sabem que é preciso investir em felicidade, reconhecimento, desenvolvimento e construção de ambientes positivos, entre outros pontos, para que os colaboradores consigam desempenhar melhor suas funções e, consequentemente, atinjam resultados mais significativos.

Por isso, motivação e engajamento funcionam como indicadores de bem-estar e qualidade de vida nos ambientes corporativos. Ter esses índices positivos “atesta” que a empresa é um lugar saudável para trabalhar, prazeroso para os colaboradores e que os estimula a serem mais produtivos. Evidentemente, eles não são sinônimos de felicidade, mas expressam a conexão que o profissional desenvolve com a empresa e as atividades que desempenha.

Apesar da importância dessas questões, se engana quem pensa que manter a motivação e o engajamento altos é uma tarefa fácil. De acordo com essa pesquisa, produzida pelo ADP Research Institute, apenas 18% dos profissionais brasileiros estão engajados com seus empregos. Nesse cenário desafiador, entender a motivação dos colaboradores é fundamental para reter talentos, aprimorar o desempenho e, consequentemente, melhorar o engajamento interno. Mas não se preocupe, continue a leitura do artigo de hoje que você vai entender tudo sobre motivação e o engajamento no trabalho.

 

O que é motivação?

A motivação corresponde ao impulso que motiva as ações de uma pessoa. Isso vai desde questões fisiológicas, como a sede que faz com que um indivíduo se levante da cama para pegar um copo d’água, até fatores psicológicos e socioemocionais, que alteram, inclusive, seu comportamento. O termo vem do latim “movere” e pode ser descrito como um conjunto de fatores pessoais e externos que criam um sentimento de inquietação capaz de mover a criatividade, fazer com que uma pessoa tome decisões e tenha o impulso de realizar determinadas tarefas.

No livro “Introdução à Teoria Geral da Administração” (2003), Idalberto Chiavenato, um dos maiores nomes da área, diz que “a motivação é a tensão persistente que leva o indivíduo a alguma forma de comportamento visando à satisfação de uma ou mais necessidades“.

Outro autor que fala sobre motivação pessoal é Abraham Maslow, criador da Pirâmide de Maslow. Conhecida como Teoria das Necessidades Humanas, a famosa pirâmide tem como objetivo elencar as necessidades humanas de forma hierárquica, partindo das mais básicas, como as de ordem fisiológica, até sentimentos complexos, como a autorrealização. De acordo com os estudos de Maslow, as pessoas dedicam suas vidas a satisfazer suas necessidades, que são divididas em: fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de autorrealização. E isso está diretamente relacionado com a motivação de cada uma delas.

Por isso, o termo trata de algo individual e não necessariamente funciona da mesma forma para todas as pessoas. Esse ponto, inclusive, é essencial para as empresas, que devem conhecer seus colaboradores para saber o que realmente os motiva. Ao contrário do que prega o senso comum, nem sempre remunerações altas e bons benefícios aplacam a desmotivação dos colaboradores. Há quem prefira ganhar menos, desde que tenha uma rotina mais flexível, por exemplo. Da mesma forma, colaboradores infelizes com suas lideranças estão sempre sujeitos a pedidos de demissão, independentemente do quanto eles ganhem. Assim, entende-se que, além de ser algo complexo, a motivação é também específica para cada indivíduo.

 

E engajamento, o que é?

O engajamento diz respeito ao apego e envolvimento emocional do colaborador para com os afazeres do cargo e a empresa em si. Esse é um fator que representa, por exemplo, o quando o colaborador se sente conectado aos seus deveres, à posição que ocupa, à cultura da empresa e, evidentemente, aos demais colegas. Refere-se a um vínculo psicológico, afetivo e emocional com o trabalho; uma ligação estabelecida com tudo que envolve o negócio.

Incentivar a criação de laços assim é importante para que os colaboradores criem posturas cooperativas e para que desempenhem melhor suas funções. Quando estão engajados, os profissionais se sentem mais dispostos, buscam o autodesenvolvimento e se sentem motivados a aprimorar as habilidades. Todo esse cenário faz com que eles se tornem mais produtivos, o que impacta positivamente os resultados da empresa de maneira geral. Não à toa, muitos profissionais de psicologia organizacional entendem o engajamento interno como um dos segredos para o sucesso de qualquer organização.

Profissionais engajados são comprometidos com os valores, missão e objetivos da empresa, o que é importante para que a cultura interna seja disseminada da melhor forma possível. Além de tudo, essas pessoas acreditam no propósito da empresa, se sentem encorajadas e inspiradas a trilhar carreiras cada vez mais longas no negócio, aumentando, assim, a retenção de talentos.

 

Diferenças entre motivação e engajamento no trabalho

Como vimos, motivação e engajamento são conceitos diretamente relacionados, mas que tratam de questões distintas. Enquanto a motivação se define como um impulso que move uma pessoa, o engajamento no trabalho diz respeito aos relacionamentos e conexões que são formados nos ambientes corporativos.

A motivação de um colaborador pode envolver, por exemplo, ter uma vida financeiramente confortável, ter tempo para passar com a família, conseguir viajar duas vezes por ano e manter o equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal. Esses pontos servem como força motriz para o trabalho deste indivíduo. Caso os pontos se tornem inviáveis, a pessoa pode, inclusive, passar a se sentir desmotivada e sem propósito, o que eventualmente vai comprometer o seu desempenho.

Já o engajamento avalia o quanto ele se sente conectado com o seu trabalho, as relações interpessoais que estabelece com os colegas e o quanto se envolve para que a empresa se destaque no cenário competitivo.

Fica claro que o engajamento perpassa pela motivação. Para alguns autores, inclusive, o engajamento funciona como uma motivação interna, ou seja, quando os colaboradores agem proativamente e se estimulam por acreditarem no trabalho que desempenham. Já os fatores citados previamente, como viagens e tempo com a família, fazem parte das motivações externas.

 

Importância de manter equipes motivadas e engajadas

Manter os profissionais engajados e motivados é uma forma de torná-los mais produtivos – e existem diversas pesquisas que apontam para esse tipo de questão. De acordo com esse estudo feito pela Gallup com dados de mais de 196 mil profissionais de 100 empresas estadunidenses, profissionais com altos níveis de motivação e engajamento são 17% mais produtivos e 21% mais lucrativos para as empresas.

Esse tipo de constatação não é nenhuma surpresa. Afinal, a motivação funciona como um combustível para que o colaborador alcance os seus objetivos particulares. E quando isso acontece, ele se torna mais engajado e conseguem entregar resultados mais significativos para o negócio. Aliás, nesse caso, é natural que haja reflexos em questões que vão além da lucratividade em si, como a diminuição do turnover e melhorias no clima organizacional.

Nesse cenário, a reputação da empresa também melhora, uma vez que os profissionais se tornam mais satisfeitos e passam a fazer propaganda espontânea para amigos e familiares – processo conhecido como employer branding. Dessa forma, a admiração pela marca aumenta, o que também faz com que outros profissionais estejam atentos às vagas em aberto para que possam se candidatar.

Outro fator impulsionado por altos níveis de motivação e engajamento é a qualidade de vida dos colaboradores. Quando estão envolvidos e motivados a trabalhar, é natural que eles consigam exercer suas funções com mais facilidade e satisfação, desgastando-se menos, o que gera melhorias em termos de saúde mental e bem-estar. Dessa forma, os colaboradores sofrem menos com doenças de ordem psicossomática, como o burnout e a ansiedade, e conseguem criar uma rotina mais equilibrada.

Motivação e engajamento também são pontos importantes para que os colaboradores se desenvolvam e aumentem os seus níveis de prontidão. Quando estão desconectados do propósito do negócio, a tendência é que eles se acomodem, podendo, inclusive, chegar a uma situação em que cumprem apenas o que foram contratados para fazer, sem nenhum tipo de ambição para ir além de suas demandas, colocando em risco o próprio emprego – fenômeno conhecido como quiet quitting. Por isso, saber motivá-los e engajá-los é fundamental para manter a competitividade e o crescimento no mercado competitivo.

 

Benefícios de motivar e engajar equipes

Manter os colaboradores motivados e engajados é fundamental para que a empresa consiga trilhar um caminho de sucesso no cenário competitivo.

Alguns dos principais benefícios são:

Melhorias na produtividade

Pessoas engajadas e motivadas com seus trabalhos tendem a criar uma relação positiva com a rotina laboral e, por isso, conseguem atingir níveis de produtividade mais altos. Ao se sentirem conectadas ao propósito da empresa, os profissionais se tornam mais colaborativos, dedicados e diligentes com o próprio trabalho, uma vez que colocam afeto nele. Quando esse tipo de questão é unida à adequação comportamental, é possível criar uma rotina baseada na ecologia humana, em que as pessoas seguem a trilha verde – ou seja, um caminho de harmonia entre o que lhes é intrínseco e as atividades demandadas. Esse é o cenário ideal para que um profissional atinja a alta performance.

Aliás, para aplicar esse tipo de análise detalhada desde os processos seletivos, é fundamental utilizar um bom software de gestão de pessoas, como o Etalent PRO. Com a plataforma, é possível entender mais profundamente os aspectos comportamentais que tangem cada pessoa, incluindo o que lhes motiva.

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Relações interpessoais desenvolvidas

O relacionamento interpessoal diz respeito à relação entre duas ou mais pessoas, considerando vínculos, emoções, afinidades, interações e o contexto social em que estão inseridas. No ambiente de trabalho, esse tipo de questão é extremamente importante para criar equipes sinérgicas, com competências que se completam e alavancam. Contudo, é válido ressaltar que esse tipo de conexão acontece com muito mais facilidade quando há motivação e engajamento, uma vez que as pessoas trabalham em prol de um objetivo em comum, deixando a competitividade em segundo plano.

Equipes com autonomia e proatividade

Autonomia e proatividade são dois aspectos importantes para criar equipes capazes de identificar problemas e se antepor a eles. Estimular essas competências faz com que os times tenham níveis de prontidão mais altos, uma vez que se acostumam a tomar decisões e não precisam, necessariamente, esperar por ordens de seus superiores. Dessa forma, todo o fluxo de trabalho melhora e a empresa consegue criar uma rotina mais ágil em seus processos.

Melhora do clima organizacional

Pessoas felizes e satisfeitas com suas atividades ficam mais abertas a formar relações e conseguem evitar conflitos oriundos de ambientes de trabalho estressantes. Logo, o clima organizacional, que expressa a percepção dos colaboradores em relação ao ambiente e sua avaliação da empresa enquanto marca empregadora, melhora nessas condições. Dessa forma, há mais sinergia e produtividade para as equipes – o que é, portanto, positivo tanto para os colaboradores quanto para a empresa.

Fortalecimento da cultura organizacional

A cultura organizacional é a soma dos hábitos, valores e comportamentos de uma empresa, o que define a forma com que ela conduz seu Capital Humano e lida com os negócios. O termo também diz respeito à sua identidade enquanto marca, servindo como um conjunto de diretrizes que expressam a mentalidade da organização. Colaboradores e lideranças engajadas e motivadas são fundamentais na consolidação da cultura organizacional. Afinal, é a forma com que eles agem que vai pautar o comportamento dos demais – e isso funciona tanto para fortalecer quanto para minar de vez a cultura da empresa.

Reputação positiva

Ter colaboradores engajados e motivados é um sinal de que os índices de bem-estar e qualidade de vida são positivos naquela organização. Isso faz com que os profissionais, satisfeitos com a empresa, façam uma espécie de propaganda espontânea do negócio, que pode variar desde conversas informais com amigos e familiares até avaliações positivas em redes sociais voltadas para isso. Esse tipo de reconhecimento faz com que a empresa crie uma boa reputação como marca empregadora. E quando a fama é positiva, a tendência é que ela melhore sua capacidade de atrair e reter os talentos que já fazem parte da empresa. Aliás, vale sempre ressaltar que o contrário também funciona: se a reputação da marca for negativa, a tendência é que ela tenha dificuldades nestes processos.

Redução de turnover

O turnover, ou taxa de rotatividade de profissionais, diz respeito à relação entre a quantidade de pessoas saindo e o número de colaboradores chegando a uma empresa em um determinado período. Esse é um indicador importante para as organizações, uma vez que índices de turnover acima da média implicam em custos mais altos.

Além de haver gastos diretos, como as multas rescisórias, realizar um novo processo seletivo também é custoso. E quando um novo profissional assume o cargo, ele ainda precisa de tempo para que atinja todo o seu potencial produtivo – ou seja, a empresa também deixa de lucrar com isso. Felizmente, investir em formas de engajar e motivar os colaboradores afeta diretamente essa questão. Nada mais natural; afinal, pessoas felizes em seus respectivos cargos dificilmente vão optar por uma demissão.

 

Como avaliar os níveis de motivação e engajamento da organização

Apesar de motivação e engajamento tratarem de conceitos subjetivos, é possível entender como andam os níveis na empresa, tendo atenção a alguns pontos específicos. A produtividade diária é o primeiro deles, uma vez que ela tem uma relação direta com a forma com que os colaboradores se sentem sobre seus trabalhos e quanto à empresa. De acordo com essa pesquisa realizada pela Gallup, empresas com altos níveis de engajamento conseguem sentir resultados até 22% mais altos do que organizações onde essa taxa é mais baixa. O mesmo estudo mostra que, quando os colaboradores são motivados e engajados, as chances de se tornarem embaixadores da marca crescem até 81%.

Outro ponto que explicita bem os níveis de engajamento e motivação é a já mencionada taxa de rotatividade. Como vimos, esse é um indicador importante para entender como anda a qualidade de vida do Capital Humano. Índices altos de turnover podem indicar problemas como lideranças tóxicas, falta de oportunidades de desenvolvimento profissional, ambientes de trabalho hostis ou mesmo falta de perspectiva. E todos esses fatores impactam diretamente a forma com que os colaboradores se motivam e engajam em suas funções.

Um clima organizacional negativo, aliás, também é algo que pode deixar as pessoas desmotivadas. Ambientes de trabalho tóxicos são grandes responsáveis por experiências ruins e frequentemente causam a degradação da saúde mental de um colaborador. Não à toa, de acordo com este estudo publicado no Journal of Occupational Health Psychology, a toxicidade no trabalho está aumentando, o que acarreta doenças psicológicas por conta do estresse em diversos profissionais. O ponto também é reiterado nesta outra pesquisa, da revista Work & Stress, que indicou que os ambientes de trabalho hostis estão diretamente relacionados ao aumento da depressão, uso de substâncias ilícitas e problemas generalizados de saúde. Logo, utilizar ferramentas como um bom mapeamento de clima organizacional é fundamental para entender mais sobre a possibilidade de algo assim acontecer.

Para saber mais sobre o Mapeamento do Clima Organizacional, clique aqui.

 

O que motiva os colaboradores?

A motivação é algo que varia de pessoa para pessoa, ou seja, não funciona da mesma forma para todos. Por isso, para entender o que motiva um profissional, é preciso ter em mente pontos-chave, como o perfil comportamental e as âncoras de carreira. Para ter clareza sobre essas questões, é importante utilizar a análise do comportamento de maneira estruturada e consistente, desde o momento de atração de talentos. Além disso, recomenda-se a realização periódica de programas de Assessment do Capital Humano. Essa é uma forma de entender os motivadores individuais e específicos de cada profissional a partir de suas características comportamentais.

Para saber mais sobre o Assessment Center, clique aqui.

Apesar da subjetividade, existem alguns pontos em comum que ajudam a deixar os profissionais mais motivados com seus respectivos trabalhos. Dentre eles, citamos:

Estrutura adequada

Quando, para conseguirem trabalhar, os funcionários precisam gastar energia para “driblar” a falta de infraestrutura da empresa, a tendência é que se sintam desmotivados e desprestigiados. Isso inclui a qualidade dos equipamentos, comunicação, móveis, instalações, gerenciamento e administração de pessoas, dentre diversos outros fatores que fazem parte da estrutura da organização. Por isso, é fundamental que a empresa invista nesse ponto para manter as equipes motivadas.

Equipes sinérgicas

Como ressaltamos ao longo desse artigo, é praticamente impossível se manter motivado em ambientes hostis onde os colaboradores sejam estimulados a competir e estejam sempre em conflito. Logo, ter equipes sinérgicas, empáticas e colaborativas é parte fundamental de ter uma rotina de trabalho saudável – e, portanto, mais motivadora para os profissionais.

Programas de incentivo

Sem incentivo, dificilmente os profissionais se sentem motivados a dar o melhor de si. E existem diversas formas de fazer isso. Oferecendo benefícios como folgas, viagens ou mesmo prêmios em dinheiro, por exemplo, é natural que as pessoas tenham um ânimo a mais para trabalhar. Contudo, mesmo que a organização adote esse tipo de conduta, é fundamental que ela ofereça salários e benefícios competitivos.

Treinamentos e oportunidades de crescimento

Investir em programas de treinamento e desenvolvimento também é fundamental para manter o Capital Humano motivado. Dessa forma, os colaboradores entendem que a empresa investe em seu desenvolvimento profissional, o que traz à tona sentimentos como prestígio e gratidão. Além disso, é essencial que a organização seja cuidadosa com o gerenciamento de seus profissionais e ofereça planos de carreira  detalhados, mostrando ao colaborador todos os caminhos que ele pode traçar enquanto funcionário da empresa. Afinal, um dos principais motivos pelos quais um colaborador pede demissão é entender que ele não tem mais para onde crescer ou se desenvolver naquele lugar.

Feedbacks

Receber feedbacks também é importante para que os colaboradores sintam que estão aprendendo e se desenvolvendo em suas funções. Quando a empresa não os oferece, há sempre a possibilidade de que um sentimento de descaso tome conta do Capital Humano. Além disso, esses retornos são importantes para que os colaboradores entendam onde eles estão errando e o que podem fazer para aprimorar suas competências, o que também traz motivação.

Autonomia

O poder de decisão é um fator importante para manter a motivação do Capital Humano – nem é preciso ir muito longe para entender o porquê. Quando a organização conta com lideranças que microgerenciam e alteram radicalmente o trabalho feito, o profissional pode sentir que gastou tempo à toa, além de começar a pensar que, não importa o que ele faça, sempre haverá uma intervenção. Logo, ele entende que não tem voz ativa para tomar decisões sobre o seu próprio trabalho, o que o faz questionar os motivos que tem para se manter naquela função. Esse pensamento, por si só, já é o suficiente para minar o seu potencial e, evidentemente, a sua capacidade produtiva. Por isso, é extremamente importante que os colaboradores tenham autonomia e espaço para exercer suas atividades.

 

O que prejudica a motivação?

Da mesma forma, por mais que a motivação seja algo subjetivo – e desmotivação também, evidentemente –, há uma série de comportamentos que costumam prejudicar o empenho dos profissionais.

Alguns deles são:

  • Lideranças tóxicas e centralizadoras;
  • Remunerações incompatíveis com o mercado;
  • Benefícios pouco competitivos ou inexistentes;
  • Falhas de comunicação constantes;
  • Sobrecarga e acúmulo de funções;
  • Falta de segurança psicológica;
  • Ambientes de trabalho hostis, competitivos ou pouco acolhedores;
  • Processos mal planejados e estruturados;
  • Metas fora da realidade das equipes – e cobranças para que elas sejam alcançadas;
  • Falta de reconhecimento;
  • Discriminação de qualquer tipo – seja de raça, gênero, orientação sexual, idade, orientação política ou religião.

 

Como engajar os colaboradores?

Para manter altos níveis de engajamento, é preciso, sobretudo, investir em medidas que fortaleçam o vínculo do profissional com a empresa. Isso significa pensar para além de ações isoladas e desenvolver formas de fazer com que essa conexão seja favorecida pelas atitudes adotadas na cultura organizacional. O engajamento está, por exemplo, no tipo de relação que é desenvolvida entre os colaboradores, na qualidade de vida, no investimento que é feito em prol do desenvolvimento, para além do clima em si. As iniciativas, portanto, devem ser pensadas de acordo com a realidade – e a necessidade – de cada empresa.

Algumas formas eficazes de engajar os colaboradores são:

Treinar lideranças

De acordo com este relatório publicado pela Gallup, realizado com mais de dois milhões de gestores de 195 países diferentes, 70% dos profissionais que exercem funções de liderança não foram preparados para isso. Isso acontece porque, no mundo inteiro, há uma tendência corporativa que implica em reconhecer o bom desempenho de um profissional promovendo-o para um cargo gerencial.

A questão é que, nem sempre, o profissional em questão tem as competências necessárias para tal, uma vez que isso envolve lidar com pessoas o tempo inteiro, além de inspirar e apoiar. Neste contexto, ele acaba desestimulando equipes inteiras, sobretudo na posição de gestor.

Não à toa, de acordo com essa matéria publicada no G1, 8 em cada 10 profissionais que pedem demissão o fazem por conta de seus chefes.  Por isso, o desenvolvimento efetivo de lideranças é tão importante para engajar os colaboradores. Treinando profissionais que atuam de forma empática, respeitosa e inspiradora, fica muito mais fácil manter as equipes engajadas.

Oferecer oportunidades

É fundamental que a empresa ofereça planos de carreira e de desenvolvimento individual detalhados para seus profissionais. Dessa forma, eles entendem que podem progredir em sua jornada profissional sem a necessidade de procurar oportunidades no mercado. Cabe ressaltar que feedbacks e avaliações de desempenho também são ferramentas fundamentais quanto a esse ponto.

Unir propósito, trabalho e reconhecimento

Profissionais engajados sabem que seu trabalho impacta diretamente os resultados obtidos pela empresa. Por isso, eles devem ser estimulados a pensar que as tarefas desenvolvidas por eles são importantes e têm valor para a organização. Quando um profissional acredita que qualquer um poderia exercer sua função, a tendência é que ele se desmotive. Nesse momento, a gestão de pessoas deve valorizar o esforço de cada um dos colaboradores, os reconhecendo para que criem um senso de propósito no trabalho.

Criar uma cultura centrada em pessoas

A cultura focada em pessoas, ou people centric, é um modelo de gestão em que a prioridade da empresa é o seu Capital Humano, que deve ser colocado no centro de ações, decisões e estratégias. Ou seja, a organização desenvolve um conjunto de práticas pensadas para melhorar a employee experience de seus colaboradores, uma vez que entende que, quanto melhor eles se sentirem durante a jornada, mais expressivos são os resultados atingidos. Como esse modelo privilegia pontos como o bem-estar corporativo e a saúde mental, ele também é um aliado importante para o engajamento interno.

 

Exemplos de empresas que investem em motivação e engajamento

Google

O Google é, talvez, o maior exemplo de reputação positiva e employer branding que existe no universo corporativo. A empresa é conhecida no mundo inteiro pelos valores da cultura organizacional, como o foco em pessoas, a adoção de medidas que estimulem o bem-estar e a qualidade de vida para os profissionais. Nem é preciso trabalhar lá para saber que flexibilidade e informalidade fazem parte do dia a dia da empresa – e isso inclui até salas de descompressão com videogames e mesas de sinuca para aliviar o estresse. Defender esses valores faz com que os profissionais que estão lá se sintam mais engajados e motivados, além de aumentar o poder de atração de talentos em processos seletivos. Não à toa, a BigTech recebe cerca de dois milhões de currículos todos os anos e pode escolher a dedo os melhores profissionais do mercado para integrar o seu Capital Humano.

Netflix

Organização exponencial consolidada no mercado, a Netflix é outra empresa conhecida pelas práticas humanizadas frente ao seu Capital Humano. Além de ser adepta à informalidade – incluindo o seu dress code -, a empresa adota um modelo de trabalho flexível e que facilita que os seus funcionários tirem folgas quando precisam. Para a organização, o mais importante é que o trabalho seja feito no prazo e com qualidade. E esse tipo de valor certamente faz com que seus colaboradores se sintam mais motivados.

Grupo Boticário

O Boticário é conhecido por ser um grupo que investe em diversas medidas de saúde mental, qualidade de vida e diversidade e inclusão. Não à toa, de acordo com dados da empresa, cerca de 70% dos funcionários da marca são mulheres – e os benefícios oferecidos pela organização também são pensados para atender essas pessoas. O grupo oferece um programa voltado para gestantes desde 1999, com cursos, palestras e aulas práticas, além de visitas de enfermeiras em domicílio no período pós-parto. As sedes das marcas do grupo também têm sala de amamentação e as colaboradoras contam com benefícios como auxílio para babá e educação infantil. Esse tipo de cuidado é fundamental não apenas para manter o engajamento interno, como também para facilitar a jornada das profissionais que são mães.

Unilever

A Unilever também é uma empresa que faz um bom trabalho quanto à motivação e ao engajamento interno. A multinacional oferece programas de mentoria, aconselhamento e desenvolvimento que ajudam os colaboradores a amadurecerem em seus respectivos cargos e aprimorar suas habilidades a fim de assumirem novas funções. Além disso, a empresa é flexível, oferecendo possibilidade de home office e short friday (meio expediente às sextas-feiras).

 

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Para aumentar a motivação

  • Implementar uma cultura de feedback: quando feito de forma contínua, o colaborador consegue acelerar o seu desenvolvimento e entregar resultados ainda mais significativos;
  • Investir no bem-estar dos profissionais: espaço físico ergonômico, incentivo às atividades colaborativas, implementação de uma cultura de diálogo e respeito e criação de um espaço seguro para a saúde mental;
  • Utilizar um sistema de metas coletivas e individuais – desde que ele seja alcançável e estimulante para os colaboradores;
  • Reconhecer o esforço e recompensá-lo, seja com bônus salariais, promoções, viagens ou simplesmente dias de folga a mais;
  • Realizar avaliações de desempenho regularmente: são ferramentas importantes para que o colaborador consiga atingir a melhor performance;
  • Contratar de forma assertiva, sempre levando em conta fatores como o fit cultural e a adequação comportamental. Afinal, é bem mais difícil manter a pessoa motivada quando essas questões estão desalinhadas;
  • Medir os níveis de satisfação internos: eles impactam diretamente na motivação dos colaboradores.
  • Investir em um modelo de comunicação assertiva para prevenir erros e mal-entendidos;
  • Oferecer uma gestão transparente e que deixe os funcionários sempre a par da situação da empresa e das condições enfrentadas;
  • Conhecer as motivações específicas de cada colaborador, já que variam de pessoa para pessoa e podem ser utilizadas como catalisador para o desenvolvimento.

Para aumentar o engajamento

  • Ter as pessoas certas nos lugares certos: um profissional exercendo uma função para qual não está adequado – sobretudo as de liderança – pode comprometer o desempenho de equipes inteiras;
  • Oferecer capacitação profissional: os colaboradores precisam desenvolver suas competências para progredirem em suas carreiras; paralelo a isso, a empresa precisa de profissionais com níveis altos de prontidão;
  • Ter um propósito para além de salário e benefícios: isso facilita a criação de vínculos emocionais e afetivos com os cargos;
  • Construir uma cultura organizacional forte com a qual os funcionários se identificam, partilhando de missão, visão e valores;
  • Praticar a escuta ativa: ouvir os colaboradores é fundamental para criar um ambiente organizacional favorável para o engajamento interno.

A motivação e o engajamento são primordiais para empresas que desejam manter a competitividade no mercado. Afinal, esses fatores estão diretamente relacionados a pontos como índice de satisfação interna e felicidade corporativa, questões que reverberam diretamente no potencial de produtividade e rentabilidade da empresa. Hoje em dia, as empresas de maior destaque no cenário sabem que transformar a jornada de trabalho em algo positivo e estimulante melhora a experiência de seus profissionais como um todo. E quando isso acontece, os ganhos são significativos para ambos os lados: os profissionais criam rotinas saudáveis e as empresas potencializam seus lucros. Quando a empresa consegue entender o impacto positivo da qualidade de vida e do bem-estar do Capital Humano, o sucesso é apenas uma questão de tempo.

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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