As essential skills, ou “habilidades essenciais”, são o que há de mais moderno quando o assunto é a gestão de pessoas. O termo descreve as habilidades que são desenvolvidas a partir da união entre prática, comportamento, conhecimento e felicidade do profissional ao exercer uma função. Originalmente, o conceito surgiu como um derivado das hard skills e soft skills, que descrevem, respectivamente, habilidades técnicas e comportamentais do profissional. Mas esses termos são apenas o início da discussão de uma jornada em que empresas e colaboradores caminham de mãos dadas em prol de sucesso corporativo.

Investir na identificação e desenvolvimento das competências comportamentais permite fazer uma gestão de pessoas mais estratégica e humana, que leva em conta as características naturais dos profissionais desde a atração de talentos. Esse cuidado traz inúmeros benefícios, dado o fato de que, quando há adequação entre cargo e comportamento, os profissionais conseguem trabalhar por mais tempo e com menos desgaste. Esse cenário possibilita o desenvolvimento das essential skills, assunto do artigo de hoje. Boa leitura!

O que são essential skills?

As essential skills, que também são conhecidas como “habilidades essenciais”, representam a combinação entre conhecimentos técnicos, habilidades práticas e comportamentos adequados para exercer determinada função, misturando pontos específicos de todos esses campos. A visão sistêmica, por exemplo, pode ser considerada uma essential skill, uma vez que une o conhecimento técnico de um setor específico, habilidades práticas relativas a ele, bem como a capacidade de fazer análises criteriosas a respeito do cenário observado. O mesmo pode ser dito de skills como comunicação eficaz, trabalho em equipe, resolução de conflitos, pensamento crítico e analítico, proatividade, criatividade, resiliência e antifragilidade.

Esse tipo de habilidade “coringa” vem sendo cada vez mais valorizada no mercado de trabalho. Estudos como a pesquisa Future of Jobs (2023), realizada pelo World Economic Forum e que analisa as principais tendências para o futuro do trabalho, vêm apontando, cada vez mais, o desejo do mercado por colaboradores que dominem essas habilidades, que reúnem hard skills, soft skills e satisfação pessoal. No relatório, habilidades como comunicação assertiva, flexibilidade e liderança são alguns exemplos de skills que se destacam na lista de habilidades desejadas para o futuro.

As essential skills emergem em um momento do mercado em que há uma proposta de ruptura com diversos padrões estabelecidos no decorrer das décadas. Se antes, as empresas contratavam profissionais pensando exclusivamente nas suas habilidades técnicas, hoje em dia, sabe-se que isso não é o suficiente para garantir que aquela pessoa vá exercer bem sua função. Também é importante levar em conta subjetividades como felicidade, motivação e, evidentemente, as características de perfil comportamental daquele colaborador.

Se uma empresa contrata um expert para exercer uma função de gestão de pessoas, por exemplo, e ele não tem habilidades de liderança em seu perfil comportamental, a habilidade técnica, isoladamente, não vai fazer com que ele conquiste bons resultados. Afinal, o conhecimento pode sempre ser ensinado, mas o comportamento é mais difícil de mudar. Nesse cenário, o mais provável é que ele fique frustrado e até mesmo cause frustração em quem é gerido por ele. Também vale lembrar que tão importante quanto a adequação entre esses fatores é que ele esteja feliz exercendo a função. Mesmo quando estão adequados, colaboradores mentalmente doentes ou sobrecarregados, por exemplo, têm suas performances impactadas negativamente.

Além disso, vale sempre ressaltar: colaboradores felizes e satisfeitos nos cargos impulsionam a lucratividade e a rentabilidade da empresa. Por isso, os maiores players do mercado entendem que a melhor forma de aumentar a produtividade do Capital Humano é garantindo que habilidades, comportamentos e conhecimentos estejam alinhados. Só assim, os profissionais conseguem trabalhar mais e melhor e se sentir menos desgastados com isso.

Origem do termo “essential skills”

As essential skills são derivadas de conceitos como soft e hard skills, sendo entendidas por alguns autores da administração como competências essenciais para que um profissional se destaque no mercado de trabalho, considerando tanto o presente quanto o futuro.

Entretanto, a ETALENT fez uma releitura do conceito original aplicando a Matemática do Talento, da qual falaremos com mais detalhes nos próximos tópicos deste artigo. Para nós, as essential skills são fundamentais não apenas para atividades profissionais, como também para a vida pessoal, uma vez que afetam pontos como a satisfação e motivação. Em suma, para a ETALENT, o conceito engloba a parte técnica, comportamental e a felicidade.

Os tipos de skills

A palavra skill, que corresponde a “habilidade” em inglês, vem sendo utilizada no mercado de trabalho para se referir a competências distintas. Algumas delas, como hard skills e soft skills, já foram mencionadas previamente neste artigo. Entretanto, também existem as mad skills e power skills, além das essential skills.

Veja, a seguir, a definição e as diferenças entre cada uma delas.

Hard skills

Também conhecidas como habilidades técnicas, as hard skills estão relacionadas à capacitação técnica de um profissional. Por isso, elas podem ser medidas por meio de testes e avaliações, sendo essenciais para que os profissionais consigam exercer sua função. Um fotógrafo, por exemplo, precisa dominar as técnicas de fotografia, além de saber como operar a câmera. Cabe a ele, por exemplo, avaliar as condições para entender como quer que a luz do ambiente esteja, definir qual vai ser o foco da foto, compor o quadro a ser fotografado, além de aplicar conceitos de linguagem fotográfica para passar a mensagem que deseja. Esse tipo de conhecimento é adquirido com formações acadêmicas, cursos técnicos e qualificações.

Alguns exemplos comuns de hard skills são:

  • Cursos técnicos, especializações, mestrados e doutorados;
  • Fluência em idiomas estrangeiros;
  • Domínio do uso de softwares;
  • Gestão de projetos;
  • Edição de imagens e vídeos;
  • Habilidades de programação;
  • Conhecimentos relacionados à operação de maquinário;
  • Proficiência na escrita;
  • Perícia em contabilidade ou matemática.

Soft skills

As soft skills são as habilidades comportamentais, ou seja, as competências que estão relacionadas às atitudes e ao comportamento. Dada a natureza dessas competências, elas não podem ser medidas da mesma maneira que as hard skills, sendo expressas no convívio e em situações cotidianas. O fotógrafo, por exemplo, precisa ter uma boa capacidade de comunicação para dirigir um modelo de forma a fazer com que ele se sinta confortável. Além disso, esse profissional precisa ser criativo e um bom gestor do próprio tempo.

Alguns exemplos de soft skills são:

  • Inteligência emocional;
  • Comunicação interpessoal;
  • Persuasão e argumentação;
  • Proatividade;
  • Capacidade de trabalhar sob pressão;
  • Liderança;
  • Criatividade;
  • Colaboração e trabalho em equipe;
  • Pensamento crítico.

Mad skills

Também conhecidas como “habilidades incríveis”, as mad skills são as habilidades que uma pessoa adquire por meio de atividades e experiências pessoais, que acabam contribuindo, ainda que de forma indireta, para o desenvolvimento profissional. É comum, inclusive, que essas habilidades sejam aprendidas por meio de hobbies ou de outros tipos de atividade que não necessariamente têm a ver com o trabalho. Se o fotógrafo é um apaixonado por pintura, por exemplo, ele tem mais referências de obras clássicas, poses, composições de cenário e pode, inclusive, pautar o trabalho a partir desse tipo de produção. Nesse caso, o profissional torna-se mais criativo e versátil por causa de um interesse pessoal que interfere positivamente na qualidade do trabalho que exerce.

Power skills

As power skills são conhecidas como as “habilidades poderosas”. O termo descreve a combinação entre competências técnicas e comportamentais que potencializam a performance de um profissional. A resolução de problemas é considerada uma power skill, uma vez que contempla dois aspectos distintos: conhecimento técnico para identificar o problema e saber como resolvê-lo; e autonomia para colocar a solução em prática.

Diferenças em relação às essential skills

As essential skills funcionam, de certa forma, como uma junção de todos esses conceitos – uma vez que, em nossa visão, é essa fusão que vai resultar em atitudes de alta performance, termo que explicaremos com mais detalhes nos tópicos seguintes deste artigo.

É preciso alinhar as competências comportamentais de uma pessoa com o conhecimento técnico dela. Além disso, também é necessário considerar a experiência prática naquela habilidade, bem como o grau de satisfação em exercê-la. O resultado de tudo isso define as essential skills do colaborador.

Importância de desenvolver as essential skills

De acordo com esta pesquisa, divulgada pelo LinkedIn, feita a partir de dados de 2019 a 2021, houve um aumento em 36% dos trabalhos que não  exigem formação acadêmica. Já este estudo, realizado pela mesma plataforma, afirma que, para 73% dos recrutadores, as competências sociocomportamentais são uma prioridade em processos seletivos. Isoladamente, esses dois dados já mostram a importância de desenvolver as essential skills.

Criar ambientes organizacionais que estimulem o uso e o desenvolvimento dessas habilidades é importante tanto para as empresas quanto para os colaboradores. Afinal, quando o Capital Humano trabalha suas habilidades essenciais, pontos como a produtividade e a capacidade de inovação têm impactos positivos. Além disso, como envolvem paixão e gosto pessoal, além da competência em si, os colaboradores tendem a ficar mais felizes e satisfeitos em suas funções quando colocam essas skills em prática.

Alguns benefícios importantes das essential skills são:

Para empresas

As essential skills são especialmente importantes nas empresas por dois motivos: alta produtividade e clima organizacional. Quando os colaboradores trabalham de acordo com suas características comportamentais, eles exercem suas funções melhor e por mais tempo, o que garante que se tornem mais produtivos. Para as empresas, isso se traduz em altas taxas de lucratividade e rentabilidade.

Com os profissionais mais felizes, a tendência é que o clima organizacional melhore e a experiência dos colaboradores se torne positiva. Afinal, habilidades essenciais focadas em aspectos interpessoais, como a comunicação assertiva, também são importantes para manter relacionamentos saudáveis, o que dita a dinâmica dos ambientes de trabalho.

A resolução de conflitos, por exemplo, ajuda a manter os colaboradores mais próximos, além de ajudar a manter a harmonia. Isso se reflete, inclusive, na reputação que a empresa constrói como um lugar para trabalhar – o que, por si só, traz impactos positivos na capacidade de atração da empresa toda vez que ela abre novos processos seletivos.

O pensamento criativo ajuda a manter a empresa inovadora, uma vez que colaboradores com essa habilidade sempre buscam por novas abordagens e testam opções diferentes. É por esse motivo, inclusive, que empresas que valorizam essa característica têm mais chances de se transformarem em organizações exponenciais.

Quanto às lideranças, as essential skills também fazem toda a diferença. Afinal, para que exerça a gestão da melhor forma, o líder deve não apenas ter o domínio técnico, mas agir de acordo com suas características comportamentais e se sentir bem enquanto faz isso. Até por esse motivo, a liderança em si também pode ser considerada uma essential skill – que se intensifica ainda mais quando aliada a competências complementares, como pensamento estratégico e analítico, visão sistêmica e “jogo de cintura” (versatilidade e flexibilidade) para lidar com pessoas de comportamentos e ambições distintas.

Para os profissionais

Para os profissionais, os benefícios também são amplos. O primeiro ponto de destaque é que atuar em um ambiente de trabalho positivo faz bem para a saúde mental e para a qualidade de vida. Não à toa, segundo essa pesquisa da revista Work & Stress, a incidência de lugares hostis para trabalhar está diretamente relacionada ao aumento da depressão, uso de substâncias ilícitas e problemas generalizados de saúde. Quando os colaboradores usam suas essential skills, eles constroem laços com mais facilidade e há uma harmonia que torna toda a rotina de trabalho menos desgastante.

Essas habilidades também são importantes quando o assunto é o desenvolvimento pessoal do colaborador. Além de procuradas em processos de R&S, elas ajudam o profissional a se tornar mais capacitado para resolver problemas e a manter a empregabilidade alta. Quando trabalham as essential skills, as pessoas conseguem tomar decisões mais assertivas, estratégicas e atuar de acordo com o que o mercado deseja. Dessa forma, também fica mais fácil desenvolver outras competências comportamentais importantes, como a  adaptabilidade e a antifragilidade.

Benefícios de investir em essential skills

Os benefícios de investir nas habilidades essenciais perpassam diversos âmbitos da organização. São eles:

Recrutamento e Seleção

Identificar essential skills em processos de R&S viabiliza que a empresa faça contratações alinhadas com o que é esperado do profissional que assume a vaga. Afinal, apenas as habilidades técnicas não bastam – o desempenho da função também demanda questões mais subjetivas, como proatividade, inteligência emocional e pensamento crítico, a depender da atividade. Isso sem mencionar a felicidade sentida ao exercer determinada atividade – o que se transforma em motivação extra. Por isso, cada cargo precisa de um perfil comportamental específico para que seja bem executado.

Para realizar um processo seletivo focado nas essential skills, é importante ter acesso a um bom software de gestão de pessoas e que seja capaz tanto de esmiuçar os perfis comportamentais tanto dos profissionais quanto dos cargos. Com o Etalent Pro, é possível atacar as duas frentes e reduzir a margem para erros.

Avaliação de desempenho

Entender as competências técnicas, comportamentais e afinidades emocionais de profissionais também permite fazer avaliações de desempenho mais precisas. Considerando todos os aspectos, as empresas entendem em qual tipo de competência devem investir para que o desenvolvimento do colaborador seja completo e esteja alinhado com os objetivos organizacionais.

Uma situação hipotética para isso seria a de um profissional que almeja um cargo de liderança, mas que demonstra dificuldade em lidar com pessoas, ainda que ele tenha o conhecimento técnico e se sinta satisfeito ao realizar as operações que envolvem o cargo. Uma vez identificado o gap, a empresa consegue atuar ativamente na progressão dessa competência para o futuro.

Treinamento e Desenvolvimento

Os processos de treinamento e desenvolvimento (T&D) são, possivelmente, os que acabam sendo mais beneficiados quando a empresa investe nas essential skills dos colaboradores. A empresa pode criar planos de desenvolvimento para os colaboradores, considerando tanto competências técnicas que precisam aprender para progredir na carreira quanto as comportamentais, que são necessárias para chegar a cargos mais altos. Além disso, ao fazer essa análise de forma mais próxima, a empresa também consegue entender mais sobre a afeição do profissional ao realizar as tarefas relacionadas ao cargo, o que é fundamental para que ele atinja a alta performance.

Vale ressaltar que as análises de desenvolvimento são fundamentais nessa jornada, bem como devolutivas individuais. Essas são formas de promover o autoconhecimento ao mesmo tempo em que a empresa pontua as competências que precisam ser desenvolvidas.

Cultura organizacional

A cultura organizacional também é impactada positivamente nesse contexto. Afinal, colaboradores com essential skills alinhadas aos valores defendidos pela empresa conseguem fazer com que essa mentalidade seja semeada natural e constantemente nos ambientes organizacionais. Além disso, por se identificarem com os valores da empresa, os colaboradores podem até se tornar embaixadores da marca em um momento futuro, o que é bom para o branding e para a atração de novos talentos.

A ecologia humana e as essential skills

O investimento nas habilidades essenciais anda de mãos dadas com outro conceito original da ETALENT: a ecologia humana. O termo diz respeito à relação que as pessoas constroem com os seus próprios corpos e o impacto que isso causa no ambiente em que elas estão inseridas. Por mais que soe como uma definição de difícil compreensão, a ideia fica mais palatável quando alguns pontos-chave são explicados.

O primeiro deles é que, na ETALENT, entendemos o corpo não como algo físico e, sim, como o habitat natural de cada indivíduo – é algo que serve para que ele interaja nos ambientes, sendo externo a si mesmo. Logo, para nós, a ecologia humana descreve as tendências comportamentais e psíquicas dos seres (pessoas), como elas se desdobram no habitat natural (corpos) e a maneira com que esses fatores impactam no externo (sociedade). De forma resumida, é sobre comportamento, o que gera energia, o que drena energia, como uma pessoa segue (ou deixa de seguir) suas necessidades intrínsecas e como isso afeta o meio em que está inserida.

De acordo com os princípios da ecologia humana, as pessoas precisam realizar atividades que gerem energia a elas. Isso significa que, até mesmo quando estão nos ambientes de trabalho, elas precisam seguir um caminho alinhado com o que lhes faz bem. Aliás, vale ressaltar que, no trabalho, isso se torna ainda mais importante, visto que um indivíduo passa mais tempo trabalhando do que realizando qualquer outro tipo de atividade. Mas quando ele faz isso de forma alinhada às preferências e gostos pessoais, isso gera energia, tudo flui melhor – o que faz bem, em termos de qualidade de vida e saúde mental, tanto para ele quanto para a empresa, uma vez que, profissionalmente, ele também se torna mais produtivo.

Por outro lado, quando esse tipo de questão é deixado de lado, a tendência é o exato contrário: as pessoas se sentem desgastadas, fatigadas, desanimadas e, com o tempo, até mesmo correm o risco de desenvolver doenças de ordem psicossomática, como a ansiedade e o burnout.

Essas possibilidades levam a dois caminhos distintos. São eles:

A trilha verde, o caminho saudável

Quando um colaborador segue sua trilha verde, isso quer dizer que ele trabalha de acordo com suas características comportamentais. É o caso de uma pessoa extrovertida e relacional, por exemplo, que trabalha com atendimento ao público. Na prática, o desempenho dela é otimizado por conta do alinhamento entre as características naturais, como carisma e boa comunicação, com o escopo do cargo. O resultado disso é que, nessas circunstâncias, há mais harmonia, fluidez, prazer e, consequentemente, mais produtividade.

A trilha vermelha, o caminho tóxico

Quando um profissional segue a trilha vermelha, é o exato contrário: ele exerce uma função cujo escopo foge do que lhe é natural. No caso da pessoa extrovertida, isso seria, por exemplo, exercer tarefas que precisasse ficar sozinha e com contato quase nulo com os demais, como a programação. A tendência, nesse caso, é que o desempenho seja afetado criticamente, uma vez que qualquer ação demanda mais esforço e desgaste. A trilha vermelha representa um caminho tóxico para o indivíduo, que impede a potencialização de sua performance. Para as empresas, os resultados também não são bons: uma pessoa desmotivada e infeliz tende a produzir menos e com menor qualidade. Nessa equação desequilibrada, os custos são altos para ambas as partes.

Essential skills e a Matemática do Talento

Em nosso entendimento, as essential skills unem três pontos específicos: comportamentos, conhecimentos e habilidades. Elas são o resultado de um conceito chamado Matemática do Talento, que a ETALENT criou com base na teoria do CHA do psicólogo americano David McClelland. Para explicar a relação entre esses fatores da melhor forma possível, é importante que abordemos cada um dos conceitos de forma separada.

Para McClelland, o desempenho de um profissional em seu cargo dependia, diretamente, de três fatores:

  • Conhecimentos, que corresponde ao saber teórico do indivíduo;
  • Habilidades, equivalentes ao “saber fazer” dos profissionais; e
  • Atitudes, que estão relacionadas às ações daquela pessoa em seu ambiente de trabalho – o que chamamos de “querer agir”.

De acordo com a teoria do psicólogo, para que um profissional execute bem sua função, era importante que ele tivesse esses três pontos bem equilibrados. Um piloto de avião, por exemplo, precisa construir um saber teórico sobre a atividade para depois começar a trabalhar a parte prática em simuladores para, só depois, pilotar a aeronave. Na ETALENT, no entanto, partimos do pressuposto de que há outras questões nessa equação que vão fazer a diferença para determinar se o piloto vai executar bem esse papel. A felicidade dele ao pilotar o avião, por exemplo, é uma delas.

Por isso, na ETALENT, o conceito de McClelland sofreu algumas ressignificações, o que deu origem ao que chamamos de Matemática do Talento. Para nós, se o piloto de avião não sentir prazer ao guiar a aeronave, ter o comportamento, as habilidades e as atitudes adequadas não vai fazer com que ele desempenhe bem a função.

Por isso, a modelagem da ETALENT considera outro fator: as atitudes de alta performance, que mencionamos previamente neste artigo. Elas aparecem como uma consequência do equilíbrio dos outros três elementos – conhecimentos, habilidades e comportamentos, os verdadeiros responsáveis por gerar resultados.

Em comparação com a definição de McClelland, o que muda para nós é que, dessa forma, os fatores emocionais, sociais e as necessidades individuais do profissional estão contemplados na equação. Por isso, a Matemática do Talento também contempla a ecologia humana – também engloba as essential skills de um profissional.

O comportamento de uma pessoa está diretamente ligado também ao desejo, prazer, vontade. É esse fator que define porque algumas pessoas se sentem energizadas por determinados tipos de atividades enquanto outras, não. Logo, em nossa definição, Comportamentos, Conhecimentos e Habilidades em equilíbrio geram Atitudes de Alta Performance e possibilitam Resultados exponenciais.

Portanto, a equação da Matemática do Talento é definida por C¹ x C¹ x H = APP = R.

matemática do talento ETALENT

Na Matemática do Talento, temos as seguintes definições:

  • O comportamento adequado reflete a maneira como os indivíduos reagem a estímulos e interagem com suas tarefas. Preferências pessoais e modos de agir, pensar e sentir influenciam significativamente a adequação a um determinado cargo;
  • As habilidades adequadas se referem à técnica e ao domínio de determinada atividade. Elas são importantes para desenvolver aptidões e experiências acumuladas, o que são a base de uma boa performance;
  • Os conhecimentos adequados são aprendizados que podem vir de estudos formais, treinamentos ou leituras, garantindo que o colaborador possua uma base teórica e prática para exercer suas funções;
  • As atitudes de alta performance são a combinação dos conceitos anteriores e envolvem tudo que o indivíduo faz no dia a dia do cargo. Elas se referem ao estágio em que o profissional compreende os processos de sua função, sentindo-se capacitado e motivado, o que resulta diretamente em uma performance de alto nível;
  • Os resultados são consequência direta das atitudes de alta performance – ou seja, quando o indivíduo apresenta o comportamento, as habilidades e os conhecimentos adequados para exercer sua função. Isso torna as pessoas mais produtivas e, consequentemente, aumentam os resultados obtidos pela empresa.

Em outras palavras: dentro dessa lógica, trabalhar com as habilidades essenciais é o que possibilita que os profissionais tenham os melhores resultados possíveis.

O Cubo de Competências

É possível representar graficamente a Matemática do Talento em uma perspectiva tridimensional, a qual a ETALENT se refere como Cubo de Competências. Nesse modelo, consideramos a mesma ideia de analisar o desempenho de um profissional a partir de Conhecimentos, Comportamento e Habilidades. Entretanto, aqui, também se considera os níveis esperados de cada um desses fatores como referência (seja um cargo, um talento ou outro profissional) e os que o profissional apresenta naquele momento.

O Cubo é dividido em três eixos distintos. São eles:

  • Conhecimentos: se relacionam ao fator cognitivo, ao saber, à quantidade de conhecimento teórico de um profissional. É avaliado de um nível insuficiente até suficiente;
  • Comportamento: está relacionado ao perfil comportamental, a “como” o profissional realiza suas atividades. É avaliado de inadequado a adequado;
  • Habilidades: diz respeito ao nível de prática do profissional, ou seja, o quão hábil ele é ao exercer um conhecimento, podendo variar de pouca a muita.

Uma vez definidos os níveis desejados para cada um desses eixos, é possível montar uma representação como a da figura abaixo, indicando o patamar necessário que o profissional deverá alcançar para chegar às atitudes de alta performance (cubo cinza externo). Depois, será possível preencher o cubo com os níveis de conhecimentos, comportamentos e habilidades que o profissional já apresenta (cubo vermelho interno). A lacuna entre o cubo interno e o externo representa os gaps que o profissional ainda precisa desenvolver para exercer o cargo da melhor forma possível e ter atitudes de alta performance.

Cubo de competências ETALENT

A ideia do conceito é representar visualmente os níveis de habilidade, conhecimento e comportamento dos profissionais. Caso ele tenha muito saber teórico e pouca prática, por exemplo, um retângulo se forma. Se o colaborador não tiver nenhum dos fatores, forma-se um ponto no centro do cubo e, assim, sucessivamente.

Cabe à empresa identificar onde estão as lacunas e ajudar o profissional a desenvolvê-las. O objetivo é fazer com que a pessoa se aprimore a ponto de seu know how se tornar um cubo simétrico e que preencha toda a figura. E vale sempre manter em mente que, isoladamente, esses fatores não são responsáveis por fazer o colaborador chegar às atitudes de alta performance. É preciso desenvolver todos eles de forma equilibrada e concomitante.

5 dicas para aprimorar as essential skills

O aprimoramento das essential skills é um processo que requer continuidade e esforço, mas que pode ser feito de formas distintas. Algumas delas são:

Palestras e workshops

As habilidades essenciais unem competências técnicas e comportamentais. Por isso, um dos métodos mais eficazes de desenvolvê-las é trabalhando cada tipo de habilidade separadamente, para que o profissional faça a conexão entre os dois pontos. Nesse sentido, utilizar treinamentos, palestras, cursos e outros recursos voltados para o conhecimento técnico é bastante importante. É preciso, no entanto, ter cuidado para desenvolver habilidades alinhadas às necessidades do cargo e da empresa.

Programas de mentoria e aconselhamento profissional

Muito importante para o apoio e a orientação, o apadrinhamento de um profissional mais experiente também é uma forma efetiva de desenvolver essas habilidades. Afinal, com um mentor ou conselheiro, o colaborador tem mais clareza das habilidades que precisa desenvolver – o que pode, inclusive, fazer com que o estabelecimento de um plano de desenvolvimento individual adequado a ele seja otimizado. Além disso, os mais experientes podem compartilhar suas vivências e expertises e dar feedbacks para ajudar o mentorado a se desenvolver.

Autoconhecimento

O autoconhecimento pode ser considerado o primeiro passo para desenvolver as essential skills, já que é uma habilidade comportamental que afeta diretamente as relações humanas. Além disso, quem se conhece profundamente sabe o que o faz se sentir bem e o que não faz – e, também, o que precisa desenvolver.

Apesar da sua complexidade, é possível trabalhar o autoconhecimento por meio de ferramentas específicas. Uma delas é o Personal Change, um programa imersivo focado no autodesenvolvimento, fundamental para o desenvolvimento de power skills alinhadas aos objetivos individuais e do negócio.

Experiência prática

A prática é importantíssima para que o profissional desenvolva essas habilidades. Por isso, esses colaboradores devem buscar oportunidades para que possam testar as habilidades e aprimorá-las. Quem precisa se comunicar melhor, por exemplo, pode se colocar em situações em que seja obrigado a fazer isso, como apresentações de projetos. Já quem precisa exercitar o trabalho em equipe pode assumir responsabilidades e tarefas em grupo e, assim, sucessivamente.

Feedback contínuo

Os feedbacks também fazem parte do desenvolvimento das essential skills. Afinal, por meio das orientações dos líderes e gestores, os profissionais ficam a par dos pontos que precisam de melhorias e dos que já estão executando bem. Esse tipo de monitoramento constante também permite fazer ajustes, caso o colaborador não corresponda às expectativas.

O papel do RH no desenvolvimento das essential skills

Aprimorar as habilidades essenciais também depende do comprometimento da empresa com a missão de oferecer as condições ideais para que isso aconteça. Logo, para que isso seja viável, é importante que o RH e as lideranças adotem medidas que auxiliem o Capital Humano no aperfeiçoamento e no fortalecimento dessas competências.

As essential skills podem ser trabalhadas de forma separada, ou seja, com investimentos específicos pensados nas partes técnica e comportamental. Nesse sentido, cabe à empresa oferecer treinamentos corporativos, programas de capacitação, palestras, workshops e até mesmo fazer o financiamento de cursos e especializações para que os profissionais possam se desenvolver nessas frentes. Uma boa sugestão nesse caso é utilizar elementos lúdicos, como a gamificação, para tornar o processo mais atrativo e alavancar o desenvolvimento.

Já a parte comportamental está atrelada a um processo de aprimoramento pessoal e autoconhecimento. É interessante investir em programas de acompanhamento individual, buscando sempre identificar as características que precisam de atenção e, também, as em que os colaboradores têm mais facilidade. Além disso, é preciso sempre considerar as atividades que os colaboradores amam realizar – afinal, como vimos, isso também faz parte da equação da alta performance.

Dessa forma, cabe ao RH oferecer planos de carreira e de desenvolvimento (PDI) para os profissionais, visando orientar e investir no aprimoramento das competências necessárias para que o colaborador esteja preparado para assumir novas funções em um momento futuro. Fazer o uso de ambos os recursos também permite um controle mais amplo em relação às competências, visto que cada um deles foca em aspectos distintos da atuação profissional.

Mesmo com as mudanças de paradigma no cenário atual, ainda é comum que as soft skills sejam subestimadas quando postas lado a lado das hard skills.

No artigo de hoje, vimos como isso é um grande equívoco, já que as principais competências visadas no cenário competitivo representam o equilíbrio entre hard e soft skills e propósito ao fazer o que se ama. Por isso, reiteramos: o comportamento é essencial para construir carreiras sólidas e que tragam felicidade, realização e bem-estar e investir no desenvolvimento de essential skills é a chave para trilhar um caminho bem-sucedido e saudável para profissionais e organizações.

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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