Os cuidados com a saúde mental vêm ganhando cada vez mais espaço nas discussões no meio corporativo. Desde o surgimento de conceitos como o RH 5.0, que propunha uma visão mais humanizada a respeito dos profissionais de uma empresa, muito vem mudando sobre a forma com que as organizações enxergam seus colaboradores e, também, suas necessidades. Se antes, as motivações e estado de saúde física e mental eram deixados de lado em prol de sistemas de produção em massa, hoje, entende-se amplamente que investir na qualidade de vida de um profissional é, também, dar a oportunidade de que ele trabalhe mais e melhor sem acometer seu psicológico. 

Isso por conta de uma lógica simples: quando as pessoas desempenham suas funções felizes, todo o processo fica menos cansativo. E se propor a criar culturas organizacionais onde esse ideal seja disseminado faz grande diferença, principalmente quando consideramos a carga horária que um indivíduo dedica ao trabalho durante toda a sua vida. Por isso, investir em práticas que dêem suporte aos colaboradores, os façam sentir valorizados e estimulados traz resultados significativos e que beneficiam tanto as empresas quanto o Capital Humano em si. Para os colaboradores, o cuidado com esse aspecto traz rotinas menos desgastantes e melhorias na qualidade de vida, tanto durante o trabalho quanto fora dele. Já para as organizações, as práticas garantem equipes mais produtivas, com alta capacidade de colaboração e mais resistentes a doenças como a depressão, a ansiedade e o burnout

Oferecer salários e benefícios competitivos, investir na capacitação profissional, estabelecer modelos de gestão horizontalizados, criar ambientes psicologicamente seguros, colaborativos e diversificados são alguns exemplos de atitudes que contribuem para que uma jornada do colaborador positiva seja construída. Mas essas não são as únicas práticas que uma empresa deve adotar para manter o Capital Humano mentalmente saudável – alinhar o comportamento das pessoas com os cargos também é muito importante nesse contexto. Ficou curioso? Então continue a leitura, porque esse é o assunto do nosso artigo!


O que é saúde mental?

Apesar de não haver um consenso científico específico sobre a definição do termo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aspecto mental está englobado na definição geral de saúde. Segundo a organização, saúde significa “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença”. Para a maior autoridade mundial no assunto, tratar do campo mental separadamente é uma redundância, uma vez que, para que uma pessoa seja saudável, é preciso que o corpo e a mente estejam equilibrados. Não à toa, existe uma série de doenças psicossomáticas cujos sintomas começam no campo psíquico, mas as consequências também são sentidas no corpo –  depressão e ansiedade são os exemplos mais populares. Isso sem mencionar o fato de que condições psicológicas de estresse ou mesmo o cansaço também têm efeitos diretos na parte física. 

Quando restringimos o assunto para o ambiente corporativo, a saúde mental ganha novos contornos. Nessas circunstâncias, o termo também está relacionado ao impacto do ambiente de trabalho no psicológico de cada profissional e, evidentemente, como isso afeta o seu bem-estar antes, durante e pós-expediente. Considerando que indivíduos adultos normalmente passam mais tempo trabalhando do que em atividades de lazer, fica evidente a necessidade de que os meios corporativos adotem medidas para dar suporte aos seus colaboradores. Afinal, muitas empresas investem em programas de cuidado com a saúde física, oferecendo benefícios como o Gympass ou mesmo organizando eventos como caminhadas ao ar livre. Contudo, isoladamente, isso não é o suficiente – também é preciso ter estrutura para lidar com a saúde mental, principalmente no contexto pós-pandemia.

Isso porque, em termos de saúde psicológica, o período foi devastador para muitas pessoas. Além da necessidade de isolamento nos primeiros meses, o luto e o convívio diário com a tensão – seja pelo medo de contrair a Covid-19 ou pelos desdobramentos econômicos, como os cortes nas empresas – trouxeram impactos negativos para muitos profissionais. De acordo com esse estudo realizado em 2020 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), os casos de depressão praticamente dobraram durante o período e os de ansiedade, aumentaram em 80%. Nesse momento, por mais que a pior parte do período já tenha passado, ainda há muitas consequências para lidar, incluindo a degradação da saúde mental de muitos profissionais. 


Qual é a importância de investir na saúde mental no ambiente corporativo?

A saúde mental é um assunto sério e que precisa ser uma prioridade não apenas para as empresas e pelos próprios profissionais. Isso porque, quando é  deixada de lado, as consequências podem ser bem piores do que simplesmente insatisfação e resultados abaixo do esperado. Um exemplo chocante de como esse tópico pode escalonar e adquirir contornos drásticos aconteceu em São Paulo, em agosto de 2022. Um estagiário se jogou do 7º andar de um escritório de advocacia conhecido, depois de ter se sentido humilhado pelos colegas. De acordo com as descrições de outros colaboradores, o ambiente de trabalho era de muita demanda e pressão constante, o que levou o rapaz ao esgotamento. Felizmente, ele foi encaminhado para o hospital com vida e passa bem, mas o cenário poderia ter sido bem diferente dadas as circunstâncias. 

Para as pessoas, a saúde emocional deve ser um aspecto fundamental da jornada de trabalho. Caso contrário, há chances de desenvolverem doenças psicossomáticas – ou seja, aquelas que afetam a mente e o corpo –  que podem não apenas comprometer seu desempenho profissional como, também, a vida inteira. Vale ressaltar que algumas pesquisas, inclusive, já apontam para o fato de que os números de indivíduos que sofrem desses distúrbios é bem maior do que imaginamos. De acordo com esse estudo de 2018 conduzido pela Royal Australian and New Zealand College of Obstetricians and Gynaecologists, cerca de 6% da população norte-americana sofria com doenças dessa ordem. Considerando que, nesse ano, ainda não havia pandemia, há boas chances de que o número tenha se tornado ainda mais expressivo. 

Evidentemente, nem todas as pessoas que apresentam esses distúrbios os desenvolvem por conta de seus trabalhos – há muitos fatores genéticos, sociológicos e econômicos envolvidos nessa questão. Contudo, no meio corporativo, há muitos profissionais que são acometidos pelas doenças por conta da exposição ao estresse e às condições nocivas no ambiente de trabalho. Aliás, o contato recorrente com as lideranças tóxicas, situações de assédio moral e sexual, pressão, hostilidade, competitividade, dentre outras características comuns em locais com culturas hostis são especialmente degradantes às condições mentais dos colaboradores. 

Para as empresas,  investir na saúde mental do Capital Humano traz benefícios. Isso porque, como mencionamos, ao criar culturas saudáveis e estimular um clima organizacional positivo entre os colaboradores, muitos desses problemas podem ser evitados. Além de construir ambientes sadios, humanizados e que sejam efetivos para manter o engajamento e a motivação, dessa forma, os distúrbios são prevenidos, o que também significa menos abstenções. Assim, é possível criar equipes com níveis mais altos de produtividade, reter talentos com mais facilidade, diminuir as taxas de turnover e fazer uma gestão de RH estratégica. 


Quais são os principais problemas de saúde mental?

Conhecer alguns dos distúrbios que mais acometem os profissionais é um primeiro passo para identificá-los e dar início à jornada para superá-los. Vale ressaltar, no entanto, que isso pode ser particularmente difícil, uma vez que muitas empresas ainda são impactadas por culturas corporativas onde os problemas são tratados como questões individuais e não há espaço para pedir ajuda. Por vezes, isso acontece até mesmo com organizações que estão, de fato, dispostas a ajudar seus profissionais, porém, essa é uma sombra difícil de superar, já que deriva de décadas de modelos de trabalhos onde a saúde física e mental das pessoas não era uma prioridade. 

Além disso, há sempre o fato de que ainda muitas pessoas não desenvolvem o autoconhecimento e nem a inteligência emocional e, por isso, não sabem interpretar bem os próprios sentimentos e têm dificuldade de pedir ajuda. Por isso, é importante estar atento aos sinais de algumas doenças, como: 

Síndrome de burnout

A síndrome de burnout é um distúrbio recente e diretamente ligado aos altos níveis de estresse e cansaço oriundos da rotina de trabalho. A condição é definida como um estado de exaustão física, emocional e mental resultante do investimento prolongado em situações de trabalho emocionalmente exigentes. É comum que a síndrome se manifeste devido a períodos longos de estresse corporativo, trazendo fadiga, desânimo, tensão muscular e até mesmo dores físicas. Além disso, o colaborador com burnout tende a ter mais dificuldade de processar e reter informações, condição resultante do colapso mental. Por isso, para realizar suas atividades rotineiras, ele precisa fazer ainda mais esforço, o que pode virar um ciclo vicioso com potencial para piorar ainda mais sua condição. 

Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o burnout como um fenômeno ocupacional. A síndrome foi introduzida na lista de fatores que influenciam o estado de saúde na 11ª Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Com isso,  o burnout passou a ser identificado não como uma condição médica, a exemplo da depressão e da ansiedade, por exemplo,  mas como um fenômeno vinculado ao estresse crônico oriundo do contexto corporativo. No Brasil, de acordo com esse estudo realizado pelo International Stress Management Association do Brasil (ISMA-BR) e publicado na revista Exame, a condição já atinge cerca de 32% da população. 

Depressão

A depressão é uma patologia caracterizada pela tristeza profunda e pelo sentimento de desesperança que, infelizmente, acomete cada vez mais pessoas no mundo e com alto potencial de nunca desaparecer completamente. De acordo com essa pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, entre os brasileiros, o distúrbio prevalece em cerca de 15% das pessoas que o desenvolvem em algum momento da vida.  Apesar de se manifestar de formas diferentes em cada pessoa, é comum que indivíduos depressivos apresentem sintomas como distúrbios de sono e de apetite, oscilações de humor, baixa autoestima, apatia, desinteresse e falta de perspectiva. Vale ressaltar que, em casos de depressão, esses sentimentos se manifestam por longos períodos, diferentemente de momentos pontuais que podem ocorrer na vida de uma pessoa mentalmente saudável. Essa é uma doença incapacitante e que, não apenas atrapalha a vida profissional de quem a desenvolve, como também tende a ser muito perigosa, caso não seja tratada. 

Ansiedade

A ansiedade é uma doença marcada pelo excesso de preocupação, estado permanente de tensão e pela incapacidade de relaxar. Uma pessoa ansiosa sofre com episódios de inquietude  que, por vezes, podem acontecer sem um motivo palpável ou racional. As crises mais graves são o primeiro estágio para desencadear as chamadas crises de pânico, onde todos os sintomas ficam ainda mais evidentes e difíceis de controlar. Além disso, pessoas com esse distúrbio podem sofrer com problemas graves de autoestima e desenvolver quadros de fobia social, o que pode impactar diretamente as carreiras. 

Síndrome do pânico 

Como mencionamos, a síndrome do pânico é definida como um quadro de ansiedade mais extremo, onde as pessoas sofrem com episódios de medo repentino e intenso que afetam diretamente o corpo. Nesses momentos, as pessoas que sofrem com esse mal costumam ter uma sensação de morte iminente em conjunto com sintomas como dificuldade para respirar, taquicardia, tremedeiras, náuseas, vômitos e dores no peito. O transtorno comumente está associado a outros distúrbios psicossomáticos, como a depressão. 

Transtorno de estresse pós-traumático (PTSD) 

Conhecido como PTSD (do inglês Post Traumatic Stress Disorder), esse transtorno também está diretamente relacionado a quadros graves de ansiedade e pânico. Contudo, nesse caso, os episódios são desencadeados após um evento traumático de forte impacto emocional. Vítimas de crimes como sequestros e violência sexual, acidentes, pessoas que presenciam a morte de um ente querido, veteranos de guerra ou quaisquer outras situações extremas e que podem causar um trauma profundo têm a possibilidade de desenvolver a doença. Uma característica da condição, inclusive, é que o indivíduo tem flashes vívidos do evento em questão, quase como estivesse presenciando tudo mais uma vez. 

Quem são os mais afetados pelas doenças?

De acordo com a pesquisa realizada pela Royal Australian College que mencionamos, as mulheres são o grupo mais afetado pelas doenças psicossomáticas. Os dados são corroborados por estudos conduzidos pela Our World in Data, que apontam para o fato de que quase 12% da população feminina sofre com essas condições, enquanto, na população masculina, o percentual é de 9,3%.  Além disso, a pesquisa apontou o fato de que o grupo mais jovem, entre 15 e 49 anos, é mais suscetível a essas enfermidades. Outro fator apontado pela pesquisa é um crescimento no número de casos no período de 1990 até 2019. 


Como o ambiente de trabalho impacta na saúde mental

Quando são saudáveis, os ambientes de trabalho podem ser grandes catalisadores da produtividade do Capital Humano. Afinal, sob essas circunstâncias, as pessoas ficam mais felizes, engajadas, têm mais facilidade com as relações interpessoais, além de criar uma sensação de pertencimento e responsabilidade com os objetivos da empresa. Contudo, o inverso também acontece: ambientes de trabalho tóxicos são altamente nocivos para a saúde mental dos colaboradores. O mesmo potencial que esse fator carrega para o bem, infelizmente, também funciona para o mal. E, nesse caso, os impactos negativos podem ir desde a desmotivação até o desenvolvimento de doenças como as que citamos. 

Esse fato já é apontado em diversas pesquisas sobre o assunto. Nesse estudo publicado no Journal of Occupational Health Psychology, fica claro que, além da toxicidade no trabalho estar aumentando, ela também conduz muitos profissionais a condições de deterioramento mental por conta dos altos níveis de estresse. O mesmo ponto é reiterado nesta outra pesquisa, da revista Work & Stress, que aponta  que os ambientes corporativos hostis estão diretamente relacionados ao aumento da depressão, uso de substâncias ilícitas e problemas generalizados de saúde física e mental.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, no contexto corporativo, existe uma série de fatores de risco para a degradação das condições mentais que devem ser evitados pelas empresas a qualquer custo. Alguns desses são a tolerância a qualquer tipo de assédio (moral, psicológico, sexual, perseguição e afins) bullying, altos níveis de estresse, excesso de trabalho, falta de flexibilidade e ameaças constantes envolvendo demissões. E é bom ficar preciso ficar atento, caso alguma dessas questões apareçam. É comum que elas indiquem problemas graves como políticas de gestão inadequadas, condições de trabalho longe do ideal, clima organizacional ruim, má distribuição de tarefas, lideranças compassivas e pouca preocupação, por parte da empresa, com o psicológico de seus colaboradores. 

Mas o Capital Humano não é o único afetado por ambientes de trabalho hostis – as empresas também encaram as consequências. Além de quedas bruscas em termos de qualidade, produtividade e até mesmo no compromisso das equipes,  com as pessoas mais tensas e ansiosas, é comum registrar até mesmo aumentos no número de acidentes de trabalho. Isso sem mencionar problemas como a alta rotatividade, uma vez que é muito difícil reter talentos nessas condições, níveis de abstenção e afastamentos acima da média e até mesmo problemas envolvendo a reputação da empresa. Afinal, se as condições de trabalho são ruins e a jornada do colaborador é negativa, é de se esperar que o próprio Capital Humano avalie mal a empresa e tente afastar prováveis candidatos em processos futuros de Recrutamento e Seleção

Além do trabalho: os hábitos que afetam a saúde emocional 

Cuidar da saúde mental dos profissionais não deve ser apenas uma preocupação da empresa – é preciso que, individualmente, eles também estejam cientes que há uma série de hábitos nocivos que podem prejudicá-los, independentemente do que acontece no ambiente corporativo. De nada adianta oferecer todo o suporte para o Capital Humano se os profissionais deixam essa preocupação de lado em suas vidas particulares. Entre algumas questões que podem trazer problemas para a saúde mental dentro e fora das organizações, destacamos:

  • Vícios, que podem se manifestar das mais diversas formas. Existem pessoas viciadas, além de substâncias lícitas e ilícitas, como drogas e medicamentos, em jogos de apostas, Internet e redes sociais, compras, compulsão alimentar e até mesmo em trabalho. Por isso, é extremamente importante estar atento e procurar acompanhamento profissional caso algum desses vícios sejam identificados. 
  • Relações tóxicas, que podem surgir em qualquer âmbito da vida, e não apenas no contexto corporativo. Relacionamentos românticos abusivos, por exemplo, podem comprometer diversos aspectos da saúde mental e criar traumas profundos nas pessoas. Isso sem falar no fato de que, muitas vezes, eles podem tomar contornos que envolvem violência física e verbal. É importante aprender a identificar os sinais e saber a hora de pedir ajuda, nesse caso. 
  • Autossabotagem, que está comumente atrelada a quadros de depressão e ansiedade. Nesse caso, as pessoas têm tendências autodestrutivas que as impedem de se desenvolver, tanto em aspectos pessoais quanto profissionais. A síndrome do impostor, por exemplo, pode surgir nesse contexto, caso ele não seja tratado o quanto antes. 
  • Sedentarismo, já que corpo e mente operam juntos e o equilíbrio entre os fatores é importante para garantir uma boa saúde. Isso sem mencionar o fato de que o sedentarismo pode levar a doenças físicas, como obesidade, diabete, e colesterol alto. 
  • Procrastinação, que também pode ser causado por um estado depressivo ou de ansiedade. Nesse caso, a pessoa tende a evitar realizar as tarefas o máximo que puder, até chegar a um ponto crítico onde ela perde o controle do tempo. Evidentemente, todos já postergaram alguma entrega, mas é preciso se atentar, caso isso se torne algo frequente. Vale ressaltar que nem sempre a procrastinação é consciente e não significa preguiça, necessariamente. 


8 dicas para cuidar da saúde mental nas empresas 

Como mencionamos, cuidar do psicológico das pessoas é extremamente importante para que não adoeçam e para que consigam desempenhar suas funções em altos níveis de produtividade. Dentre algumas dicas para promover a saúde mental na organização, destacamos: 

Mapeie os níveis de saúde do Capital Humano

O primeiro passo, evidentemente, é entender como está a saúde emocional dos profissionais da empresa. E para isso, vale tudo: conversas formais, informais, acompanhamento por parte do RH e, também, o uso de pesquisas corporativas voltadas para o clima organizacional e a satisfação dos colaboradores. Esse é o caso do Mapeamento do Clima Comportamental, que evidencia pontos a felicidade, a motivação e a forma com que os cargos se relacionam com o comportamento de cada profissional. 

Assim, é possível fazer uma análise mais aprofundada, capaz de fornecer informações importantes quanto às necessidades das pessoas e sobre como a empresa deve agir para atendê-las. Vale ressaltar, inclusive, que é recomendado repetir o processo de tempos em tempos. Caso haja um colaborador com condutas tóxicas e que esteja comprometendo a saúde dos demais em algum setor, por exemplo, essa é uma forma de descobrir o problema. 

Implemente um programa de saúde mental

O programa de saúde mental nada mais é do que um conjunto de iniciativas voltadas para a melhoria da qualidade de vida dos profissionais. Isso envolve a adoção de modelos de gestão humanizados, práticas que corroborem a segurança psicológica dos colaboradores, canais abertos de comunicação para que os profissionais peçam ajuda, palestras e workshops para a conscientização da importância de uma saúde mental em dia, além de, evidentemente, políticas de inclusão e colaboração na cultura organizacional. É importante, também, que a empresa adote uma postura de intolerância em casos de situações críticas como preconceitos de qualquer tipo, racismo, capacitismo, abusos e bullying corporativo. 

Ofereça salários e benefícios competitivos

Não existe saúde mental sem segurança financeira. Por mais que algumas empresas tratem esses conceitos de forma desvencilhada, é seguro dizer que não há acompanhamento psicológico que ajude caso o motivo da ansiedade de uma colaborador seja o medo de não conseguir pagar as contas no final do mês, por exemplo. Isso faz com que alguns profissionais enxerguem a ideia de trabalhar em dois ou mais empregos como a solução,  o que passa a ser uma exigência física e mental que compromete não apenas o rendimento, mas a saúde como um todo. Por isso, oferecer salários e benefícios competitivos, como vale-refeição, alimentação, transporte e plano de saúde, por exemplo, é fundamental. Isso é importante para garantir que os colaboradores se sintam financeiramente seguros e não precisem recorrer a formas alternativas de gerar renda. Como consequência, eles aproveitam mais os momentos de lazer e cuidam melhor da saúde mental. 

Treine as lideranças

Assim como os ambientes corporativos, as lideranças também têm grande peso na saúde emocional dos profissionais de uma empresa. Como indica essa matéria do G1, 8 em cada 10 profissionais que se demitem o fazem por conta de seus chefes. Por isso, é muito importante treinar os gestores para que eles exerçam a competência da melhor forma possível e sem fazer com que os demais colaboradores se sintam pressionados ou mesmo desrespeitados. É importante que esses profissionais desenvolvam habilidades como a inteligência emocional para que consigam gerir equipes de forma humanizada, sem deixar de ser assertivos. Uma boa forma de fazer isso é através de treinamentos como um bom workshop de Liderança Comportamental

Incentive culturas inclusivas e colaborativas

O fato de que a  diversidade e a inclusão são fatores primordiais para conseguir resultados acima da média é amplamente conhecido. Contudo, é válido ressaltar que, em termos de saúde mental, é extremamente importante fazer com que colaboradores que fazem parte minorias sociais se sintam confortáveis na empresa. Para isso, é preciso criar uma cultura inclusiva e respeitosa que não permite, de jeito algum, que preconceitos de quaisquer tipos sejam deferidos. Além disso, é fundamental investir em formas de integrar o Capital Humano e fazer com que todos adquiram uma mentalidade colaborativa, onde o apoio é algo mútuo e os colaboradores saibam que possam confiar uns nos outros. 

Flexibilize 

Principalmente por conta da popularização de modelos remoto de trabalho, a flexibilidade se tornou uma prioridade para muitos colaboradores. Afinal, uma estrutura de trabalho tradicional, com horário pré-definido e com pouca abertura para novas ideias nem sempre contempla a rotina pessoal de todo mundo. Apostando na autonomia dos profissionais e oferecendo a possibilidade de trabalhar em horários mais flexíveis e adaptados às próprias necessidades, as empresas dão a oportunidade de que o Capital Humano crie rotinas que favorecem seu rendimento e a própria saúde. A flexibilidade pode, por exemplo, permitir que os pais levem os filhos à escola, ou até mesmo dar a oportunidade do indivíduo trocar o tempo gasto no trânsito por uma atividade física. Ou até que durma até mais tarde, caso esteja muito cansado. Seja qual for o uso, favorece (e muito) a saúde mental. 

Garanta o acompanhamento psicológico

Oferecer o acompanhamento psicológico como um benefício corporativo é uma atitude muito bem-vinda para quem deseja investir na saúde mental. Essa é uma boa forma de garantir que o profissional consiga lidar com os problemas – até mesmo os que vão além do escritório. Além disso, em termos de reputação da marca, isso também é bastante atrativo, já que a empresa constrói uma imagem de que preza pelo bem-estar das equipes. Assim, mais gente fica interessada quando surge uma oportunidade de se juntar ao Capital Humano. 

Alinhe cargos e comportamento 

O comportamento também é um fator de destaque quando o assunto é saúde mental. Afinal, quando as pessoas desempenham funções para as quais estão adequadas em termos de perfil comportamental, todo o processo de trabalho se torna menos desgastante. Em contrapartida, o contrário também acontece: atuar em um cargo que fuja radicalmente das características intrínsecas do próprio comportamento é nocivo para o colaborador, além de exigir um gasto energético muito maior. 

Por isso, investir em saúde mental deve ser, também, investir em gestão comportamental; não há forma de desassociar essas duas coisas. É preciso contratar sabendo quais características uma pessoa precisa ter para exercer um cargo e se, de fato, ela tem. Só assim, é possível garantir que ela irá desenvolver uma rotina saudável onde consiga aproveitar o melhor do seu potencial sem minar a saúde mental. É importante, inclusive, fazer avaliações constantes do Capital Humano em processos profundos de Assessment para entender se estes fatores estão equilibrados ou se há problemas relacionados a colaboradores exercendo funções para as quais não são adequados. 

A saúde mental deve ser uma prioridade para empresas que desejam se manter competitivas e produtivas. Contudo, para que isso seja possível, é importante entender, primeiro, que as pessoas são o maior bem de uma organização, e que mantê-las felizes, satisfeitas e saudáveis é o que possibilita a conquista de resultados expressivos. Por mais que ainda existam organizações que acreditam que a pressão, a cobrança e os prazos curtos são importantes para gerir a produção, vale ressaltar que, nesse contexto, é mais comum que os profissionais se sintam desmotivados. Para se destacar, é preciso investir em práticas de humanização que possibilitem às pessoas de assumir o lugar que lhes é de direito: o de principais responsáveis pelo sucesso de suas empresas.

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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