Os colaboradores são o bem mais precioso de uma organização. Essa é uma máxima cada vez mais comum no mundo corporativo. Dadas as evoluções na tecnologia, nos meios de comunicação e nas estratégias de mercado, aliadas ao estabelecimento de conceitos como o RH 5.0, muito mudou quanto à forma com que as empresas lidam com os seus profissionais.

Antes vistos como meras peças de um sistema de produção, hoje em dia, eles são encarados como os principais responsáveis pelo sucesso de uma organização. Por conta disso, os processos de humanização têm ganhado popularidade. Mas o que isso significa, afinal?

A humanização nas empresas consiste em uma série de medidas voltadas a aumentar a satisfação e a felicidade dos profissionais no ambiente de trabalho. Modelos de trabalho flexíveis, ambientes organizacionais saudáveis, incentivo aos cuidados com a saúde mental e pausas para relaxar são alguns exemplos de ações que são adotadas por empresas a fim de garantir o bem-estar dos colaboradores e de alavancar sua produtividade.

Investir em humanização tornou-se essencial para qualquer empresa que deseja manter a competitividade. Afinal, essas atitudes também são positivas para a organização, visto que elas têm impactos diretos nos níveis de desempenho, engajamento e até em processos como a Atração e a Retenção de talentos.

É nesse contexto que surge a gestão humanizada, essencial para a manutenção dessa proposta e assunto do nosso artigo de hoje. Boa leitura!

 

O que é uma gestão humanizada?

Uma das principais funções do departamento de RH, por conta de seu papel estratégico, é encontrar formas de engajar, motivar e aumentar os níveis de produtividade do seu Capital Humano. Para conseguir alcançar esse objetivo, o setor pode recorrer a uma série de práticas distintas, inclusive a adoção de diferentes modelos de gestão de pessoas, de acordo com a necessidade de cada área do negócio.

A gestão humanizada é um desses modelos. O seu diferencial é considerar as individualidades, particularidades e subjetividades de cada colaborador. O foco é melhorar a employee experience enquanto promove o desenvolvimento de um ambiente organizacional saudável.

Através da gestão humanizada, é possível melhorar consideravelmente o clima organizacional,  o que impacta positivamente a qualidade de vida dos colaboradores e cria ambientes mais propícios para a sinergia, inovação, colaboração e interação. O modelo aposta em estratégias como a aproximação entre líderes e liderados, apoio emocional e o estabelecimento de relações de confiança como parte da cultura organizacional da empresa, visto que essas ações ajudam a promover a humanização no ambiente de trabalho.

Vale ressaltar: mesmo tendo foco direto nos colaboradores, o principal objetivo da gestão humanizada continua sendo alcançar os resultados desejados pela empresa. A questão é que, com a gestão humanizada, isso acontece a partir da valorização dos profissionais. Dentre alguns exemplos de empresas brasileiras que utilizam o modelo de gestão humanizada, podemos destacar O Boticário, Hospital Israelita Albert Einstein, Cacau Show, Cielo, Natura, e Unilever.

Nossa Diretora de Capital Humano, Flávia Queiroz, participou do programa Gestão Empreendedora com o Prof. Randes Enes, onde falaram amplamente sobre gestão humanizada. Confira o bate-papo no vídeo a seguir:

 

Os benefícios da gestão humanizada

A adoção de um modelo humanizado de gestão traz benefícios consideráveis tanto para as empresas quanto para os colaboradores. Entre eles, citamos:

Aumento da produtividade

Pressão, cobranças e altos níveis de demandas não garantem a produtividade dos colaboradores de uma empresa. Para alguns, inclusive, esses elementos podem impactar negativamente o fluxo de trabalho. No entanto, com a gestão humanizada, é possível oferecer suporte e tranquilidade, uma vez que esse modelo se adapta de acordo com as subjetividades de cada pessoa. A ideia é considerar a forma com que cada um trabalha, bem como os fatores que alavancam sua produtividade e os que a minam. Assim, fica mais fácil entender como um colaborador performa melhor e, consequentemente, investir em estratégias que beneficiem a sua produtividade.

Crescimento do engajamento

A satisfação de um profissional é muito valiosa para a organização onde ele trabalha. Isso porque a felicidade ao exercer uma função ajuda o colaborador a manter sua mente saudável, a motivação em dia e, por consequência, a alta performance. Implementar um modelo de gestão que valorize e respeite o profissional faz com que ele se sinta reconhecido e grato, o que aumenta o seu engajamento e contribui para que ele alcance resultados ainda melhores.

Employer branding

Consolidar uma boa reputação é essencial para uma empresa. Afinal, organizações que são bem-vistas tendem a atrair mais olhares de admiração e, por consequência, mais pessoas interessadas em fazer parte do Capital Humano. Como mencionamos, empresas que adotam modelos de gestão humanizada fazem com que seus colaboradores se sintam valorizados, o que, em tempos de internet e redes sociais, pode ser especialmente proveitoso também no âmbito da propaganda. A partir do engajamento natural de seus próprios colaboradores, a empresa amplifica o seu processo de Atração de talentos.

Queda do índice de rotatividade

A rotatividade (ou turnover) é um problema para muitas organizações. Há uma série de fatores que podem ser responsáveis pela alta deste índice: a falta de investimento em políticas que beneficiem os profissionais, os ambientes organizacionais tóxicos, falta de planos de carreira e lideranças autoritárias são alguns exemplos. A adoção de um modelo de gestão humanizada, no entanto, é essencial para melhorar alguns desses aspectos, já que preza pela construção de um clima organizacional agradável e pela valorização dos profissionais. Isoladamente, a humanização pode não resolver todos esses problemas, mas garante a qualidade de vida, o que pesa muito na decisão de deixar uma empresa.

Rotinas equilibradas

Em uma gestão humanizada, o bem-estar dos colaboradores é primordial. Por isso, a empresa deve sempre incentivar as práticas saudáveis e as rotinas equilibradas. Isso vai desde respeitar o horário de cada profissional até campanhas de endomarketing voltadas para o estímulo a atividades físicas, alimentação e hábitos saudáveis. Ao incentivar a vida equilibrada, o lazer aos finais de semana e o descanso, a empresa torna seu Capital Humano mais saudável e motivado.

Melhora no clima organizacional

Profissionais insatisfeitos produzem menos, tendem a ser pessimistas e podem até estar mais propícios a gerar conflitos. Nesse cenário, o desempenho da empresa pode acabar ficando estremecido. Por isso, investir em comunicação interna e na sinergia entre as equipes, aspectos privilegiados na gestão humanizada, é estratégico. Dessa forma, é possível construir times mais entrosados e deixar os profissionais mais satisfeitos.

 

5 pilares da gestão humanizada

A gestão humanizada considera, antes de tudo, que os profissionais da empresa são pessoas, não máquinas de produtividade. O grande trunfo desse modelo é entender e tratar cada indivíduo como um ser único e com suas próprias características. No entanto, para que isso aconteça, é preciso ter pilares bem definidos e estruturados. São eles:

1. Lideranças democráticas e acessíveis

O líder precisa estar alinhado ao modelo de gestão. Para contribuir para a humanização, é preciso que esse profissional esteja disposto a mostrar-se presente, seja se reunindo com os liderados e ouvindo suas demandas ou provendo suporte quando necessário. É preciso que ele preste auxílio, tire dúvidas, compartilhe os conhecimentos e saiba como distribuir as tarefas de acordo com o perfil de cada um dos seus liderados. Em um modelo humanizado, não cabem líderes autoritários e focados em cobranças.

2. Oferecimento de oportunidades

Oportunidades fazem parte do processo de valorização do colaborador. Além de oferecer feedbacks para que os profissionais tenham chance de melhorar continuamente, é importante que a empresa também reconheça o bom desempenho e ofereça, sempre que possível, desafios mais estimulantes para profissionais prósperos. Eles podem vir em forma de promoções, projetos audaciosos e compensações financeiras, dentre outras possibilidades.

3. Valorização das particularidades

O respeito ao indivíduo é a base da gestão humanizada. Para isso, é essencial que as lideranças não apenas atribuam tarefas baseadas nas competências de cada um, como também se interessem pelo colaborador como um ser humano – não apenas como trabalhador. Perguntar como vai a família, ser flexível quando o colaborador precisar e até mesmo se mostrar disponível para ajudar com problemas pessoais são algumas atitudes que líderes podem tomar a fim de valorizar a condição humana no ambiente corporativo.

4. Incentivo à integração e à comunicação

Na gestão humanizada, não faz sentido que colaboradores se sintam excluídos nem desorientados. Por isso, toda e qualquer decisão tomada deve ser comunicada de forma clara e transparente. Para tal, ferramentas de comunicação interna são fundamentais. Além disso, o modelo humanizado deve promover ações de integração para entrosar as equipes.

5. Ações de bem-estar

A gestão humanizada acredita que o principal fator para melhorar o clima organizacional e a produtividade é o bem-estar. Fornecer boa estrutura, ambiente de trabalho acolhedor, remunerações justas, bons benefícios, respeitar os horários e estabelecer momentos para a descontração são fatores fundamentais para que um colaborador se sinta bem enquanto exerce sua função.

 

Qual é o papel da Gestão de Pessoas nesse contexto?

De acordo com Idalberto Chiavenato, autor de diversos livros na área de Administração e Recursos Humanos, a gestão de pessoas é “a função na organização que está relacionada com a provisão, treinamento, desenvolvimento, motivação e manutenção dos empregados”. A partir dessa definição, é possível perceber o quanto esse processo é importante para garantir os princípios da humanização. Afinal, a gestão de pessoas é a principal responsável por determinar quais estratégias serão utilizadas para conduzir o Capital Humano de uma empresa.

Diferentemente do que se pensa, as ações da gestão de pessoas não se restringem às atividades do RH. Elas tratam de um amplo campo de procedimentos voltados para a coordenação do Capital Humano. Por isso, para implementar a humanização, a gestão de pessoas é o pilar central.

Cabe à gestão de pessoas definir as melhores práticas para que os colaboradores tenham as suas individualidades reconhecidas e respeitadas. E o primeiro passo para fazer isso é reconhecer os seus aspectos comportamentais. Mas o que isso quer dizer, afinal?

O comportamento é algo individual e que varia bastante de pessoa para pessoa. É ele que determina a forma com que alguém responde a estímulos, ações, emoções e, também, sua capacidade de lidar com esses fatores. Ao todo, existem 36 perfis comportamentais distintos, definidos a partir da forma com que cada pessoa utiliza os fatores da Metodologia DISC. E cada um desses perfis se adequa melhor a determinados tipos de atividades – e, evidentemente, não se adequa a outros.

Quando essas informações são conhecidas, é possível aplicar a gestão comportamental. Como o próprio nome indica, essa é uma metodologia de gerenciamento que foca no comportamento dos colaboradores. A partir dela, é possível alinhar o escopo dos cargos às características comportamentais de cada profissional, a fim de alcançar números mais expressivos, melhorar o desempenho e criar relações que sejam benéficas tanto para a empresa quanto para o colaborador. Afinal, é muito mais saudável demandar das pessoas atividades em que elas sejam naturalmente boas e se sintam bem fazendo.

Considerar o comportamento na hora de designar cargos é o primeiro passo para manter a motivação, o engajamento e a saúde mental dos colaboradores em longo prazo, o que é extremamente importante para a humanização no ambiente corporativo. Essa é uma forma de garantir rotinas de trabalho menos exaustivas e desgastantes, visto que, ao exercer funções adequadas ao comportamento, o profissional se sente naturalmente energizado.

É como contratar um peixe para nadar – pode parecer algo óbvio, mas quando não há preocupação com a adequação comportamental, as empresas podem passar anos contratando peixes para subir em árvores, o que não é bom para ninguém.

Para que isso seja viável, no entanto, é preciso contar com ferramentas capazes de proporcionar esses resultados. Com o Etalent PRO, nosso software de gestão comportamental, é possível gerar análises comportamentais profundas não apenas sobre os profissionais de uma empresa, mas também para definir os perfis dos cargos. Essas informações são essenciais para realizar processos otimizados de Recrutamento e Seleção, realocação, construção de equipes, dentre muitas outras possibilidades. Assim, fica mais fácil gerir um Capital Humano onde o comportamento e os cargos estejam alinhados e, consequentemente, exercer um modelo de gestão humanizado.

O Mapeamento do Clima Comportamental também é fundamental para esse propósito. Através dele, é possível traçar tendências e implementar ações alinhadas às estratégias organizacionais a fim de melhorar a performance e gerar um ambiente de trabalho mais feliz e saudável. Esse recurso permite observar os níveis de satisfação e engajamento dos colaboradores, o que é primordial para empresas que desejam implementar a humanização em seus processos.

 

A liderança humanizada

Com as mudanças e evoluções no meio corporativo das últimas décadas, a figura do chefe foi, aos poucos, substituída pela do líder. Enquanto “chefe”, hoje em dia, é um termo comumente associado a uma pessoa autoritária, autocentrada, que visa a lucratividade a qualquer custo e pouco se importa com os seus subordinados,  “líder”, por outro lado, é utilizado para se referir a um profissional democrático, participativo e que assume as responsabilidades em conjunto com a sua equipe.

O líder deve ser uma figura inspiradora e que estimule os liderados a melhorarem constantemente. Todavia, é praticamente impossível fazer isso de forma distante e sem estar aberto a criar laços com os demais colaboradores. Um bom líder é, por definição, um profissional humanizado.

Em uma liderança humanizada, a influência é exercida de forma empática, solidária e democrática. Para isso, é fundamental que o líder desenvolva, além de competências técnicas, soft skills como sensibilidade, maturidade, inteligência emocional além da empatia em si. Esse estilo de liderança tem efeitos diretos no engajamento dos colaboradores, uma vez que eles se sentem mais acolhidos, valorizados e passam a confiar em seu líder. Em longo prazo, o ambiente corporativo se torna mais saudável, a sinergia melhora, a produtividade aumenta, assim como a lucratividade da empresa.

Vale ressaltar, no entanto, que o líder humanizado não é um “chefe bonzinho”. É um profissional hábil e estratégico que sabe exercer a liderança de forma que estimule suas equipes. Este líder deve saber observar as necessidades de seus colaboradores e atendê-las o quanto antes. Deve estabelecer medidas e realizar ações que promovam o bem-estar de suas equipes. Deve prezar por uma comunicação clara e efetiva e incentivar a integração entre os times.

Para um líder humanizado, saber como liderar a partir do comportamento dos colaboradores é um grande trunfo. Esse é um dos assuntos do workshop de Liderança Comportamental, onde os líderes aprendem a exercer essa competência de forma otimizada ao utilizar o comportamento como aliado.

 

Dicas para implementar uma gestão mais humanizada na sua organização

Para humanizar os processos de uma empresa, é preciso, antes de tudo, que ela tenha sua missão, visão e valores bem definidos e estruturados. É importante que esses fatores estejam presentes na cultura organizacional e que sirvam como um norte para as tomadas de decisão e estabelecimento de estratégias organizacionais.

Dito isso, é imprescindível que a empresa conheça o seu Capital Humano e esteja ciente de seus desejos e necessidades. Quanto mais informações sobre o assunto a empresa conseguir levantar, melhor. E, para isso, vale de tudo: pesquisas organizacionais, mapeamentos, entrevistas, monitoramento do engajamento, feedbacks por parte dos colaboradores, dentre outras possibilidades. Dessa forma, fica mais fácil definir que tipos de ações serão implementadas para dar início ao processo de humanização.

Outro fator muito importante para a gestão humanizada é a comunicação. Investir nela garante que os colaboradores possam ter suas ideias ouvidas e participem ativamente da tomada de decisão da empresa, o que é fundamental para a valorização e a humanização. Além disso, processos comunicacionais claros ajudam a minimizar os erros, os conflitos e estimulam os profissionais a se aproximarem e desenvolverem suas relações.

Mas nada disso funciona se não houver conscientização por parte da liderança. Não existe gestão humanizada sem que os líderes colaborem com o modelo. Por isso, é essencial treiná-los para que consigam exercer a competência de forma empática, gentil, flexível e solícita.

Além destes pontos, também é importante destacar ações como:

  • Inserir atividades lúdicas e estabelecer momentos para descontração;
  • Adotar políticas de valorização dos profissionais, como programas de recompensa, bons benefícios e salários competitivos;
  • Estar disposto a fazer adaptações de acordo com a necessidade dos colaboradores;
  • Estabelecer uma cultura de feedbacks;
  • Envolver as equipes na tomada de decisões;
  • Oferecer oportunidades de crescimento e desenvolvimento;
  • Prezar por um ambiente organizacional saudável;
  • Conhecer as individualidades de cada colaborador e tratá-lo como uma pessoa.

A gestão humanizada é um modelo que estabelece o foco em pessoas, para impactar positivamente os resultados da empresa. Esse formato é a prova que, quando o bem-estar dos colaboradores está no centro das ações de uma empresa, o sucesso é apenas uma questão de tempo. Afinal, toda e qualquer organização é formada por pessoas e garantir a sua felicidade é a melhor forma de alavancar a sua produtividade!

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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