O upskilling é um assunto em voga no mercado corporativo, especialmente quando consideramos as mudanças cada vez mais rápidas e a escassez de talentos com altos níveis de prontidão. De acordo com este estudo conduzido pelo Boston Consulting Group em 2020, só no Brasil, havia uma carência de 8,5 milhões de profissionais qualificados. Já segundo essa matéria publicada pelo G1 feita a partir de uma pesquisa do final de 2022, 84% das organizações têm dificuldades para contratar profissionais adequados, sendo a falta de capacitação e prontidão os principais responsáveis por esse panorama. Esse impacto fica ainda mais latente quando consideramos que o mercado de trabalho se transforma cada vez mais rápido, conforme a tecnologia se desenvolve.
Outro fator relacionado a esse assunto que vem sendo muito mencionado é o futuro do trabalho. De acordo com a pesquisa Future of Jobs 2025, publicada pelo Fórum Econômico Mundial, competências como adaptabilidade, agilidade, curiosidade e resiliência estão entre as mais visadas para o futuro. O relatório também destaca que 77% dos líderes têm a intenção de investir no desenvolvimento das habilidades dos colaboradores, sendo essa a principal estratégia da força de trabalho diante dessas transformações. A pesquisa também aponta uma deficiência de habilidades como um desafio importante até 2030, afirmando que aproximadamente 59% dos profissionais precisarão passar por um processo de requalificação. Por isso, muitas empresas vêm estudando formas de investir em processos como o upskilling, que está diretamente relacionado ao aprimoramento das habilidades profissionais.
Quer saber mais sobre ele e descobrir como empregá-los na sua empresa? Então, confira este artigo! Boa leitura!
- O que é upskilling?
- Diferenças entre upskilling e reskilling
- Benefícios do upskilling
- Importância do upskilling
- Tipos de programas de upskilling
- Upskilling e o futuro do trabalho
- Como organizações podem aplicar o upskilling na prática?
- Desafios do upskilling
- Como os profissionais podem fazer o upskilling?
- O papel do RH no upskilling
O que é upskilling?
O upskilling está relacionado ao aprimoramento de habilidades, ou seja, refere-se ao desenvolvimento em um campo de conhecimento já dominado pelo profissional visando a aumentar sua capacidade e competência. O termo tem origem na palavra skill – “habilidade”, em inglês – e da derivação skilling que, apesar de não ser oficial no idioma, tem sido utilizada para se referir ao ato de tornar-se hábil em algo ou desenvolver a própria competência. E é exatamente nisso em que ele consiste.
O upskilling é aplicado, por exemplo, ao caso de um arquiteto que aprende a usar novos programas e ferramentas que o ajudem a aprimorar o seu desenho técnico. O intuito não é aprender a construir uma planta de projeto – afinal, isso, ele já sabe fazer. A ideia é tornar o processo otimizado para que tenha mais facilidade ao utilizar os softwares ou mesmo para conquistar resultados finais ainda mais significativos. Logo, o upskilling requer, também, uma mentalidade de aprendizado contínuo.
Diferenças entre upskilling e reskilling
Diferente do upskilling, em que o profissional aprimora habilidades de um campo que já conhece, o reskilling equivale a uma “requalificação”, em que os profissionais aprendem habilidades e competências novas, visando amplificar a versatilidade, já que, muitas vezes, estas são competências diferentes das exigidas originalmente pelo cargo. Isso permite que a empresa consiga alocar esses colaboradores para exercerem funções distintas em processos como o job rotation.
No caso do arquiteto previamente mencionado, um processo de reskilling poderia ser, por exemplo, aprender a editar vídeos. Assim, ele teria que desenvolver uma habilidade nova e fora de sua área de atuação original para se tornar um profissional mais versátil – afinal, nunca se sabe quando ele vai precisar; em um momento futuro, inclusive, ele pode se tornar um editor. E para um gestor de uma empresa, a situação não é diferente: colaboradores versáteis podem atuar em diferentes setores, o que ajuda a organização a se adaptar às novas demandas e evita gastos com novas contratações.
Portanto, o upskilling é interessante para profissionais que desejam aumentar a qualificação na área de atuação, enquanto o reskilling é especialmente efetivo para quem planeja uma mudança de área ou deseja aproveitar transferências internas. É importante ressaltar, no entanto, que ambos os processos são relevantes no contexto do futuro do trabalho e desenvolvimento da carreira profissional. Afinal, eles impactam pontos como níveis de prontidão, no primeiro caso, e versatilidade, no segundo. E em um momento em que estudos, como o Fórum Econômico Mundial, apontam para o encerramento de profissionais, surgimento de outras e necessidades de aprimoramento, os dois conceitos se tornaram ainda mais relevantes.
Benefícios do upskilling
Dentre os principais benefícios do upskilling, destacamos:
Melhoria da atração de talentos
A capacidade de atrair novos talentos de uma empresa está diretamente ligada à reputação que ela constrói no mercado enquanto marca empregadora. Se os profissionais que nela trabalham têm uma experiência positiva, se sentem respeitados e incentivados a se desenvolverem, a tendência é que eles façam propaganda espontânea sobre o lugar para amigos, familiares e até mesmo em redes sociais.
Quando isso acontece, a empresa passa a ser conhecida como um bom lugar para trilhar uma carreira – o que faz com que, com o tempo, mais e mais talentos se candidatem às vagas em aberto. Um exemplo claro de como isso funciona é o Google, que, segundo este levantamento, recebe mais de dois milhões e meio de currículos todos os anos.
O investimento em upskilling é um fator que estimula essa percepção positiva em relação a uma organização. Isso porque os colaboradores entendem que são valorizados e que a empresa dá a eles o suporte para que desenvolvam suas habilidades e atinjam níveis de prontidão mais altos. Isso sem mencionar a possibilidade de alcançarem cargos mais altos conforme se desenvolvem.
Redução de turnover
O turnover, também conhecido como taxa de rotatividade de profissionais, trata da relação que leva em conta a quantidade de pessoas saindo e o número de colaboradores chegando a uma organização durante um determinado período. Ou seja, um número alto de demissões, sejam elas voluntárias ou não, faz com que essa taxa suba – o que ocasiona gastos para a empresa, que precisa abrir novos processos seletivos e pagar multas rescisórias toda vez que um profissional sai.
Contudo, um dos principais motivos pelos quais as pessoas pedem demissão é acharem que não estão se desenvolvendo – e esse panorama muda quando a empresa investe no upskilling. Sob essas condições, os colaboradores entendem que, caso optem por ficar na empresa, eles terão mais acesso a cursos, treinamentos, workshops, dentre diversos outros incentivos que possibilitam desenvolvimento na sua carreira. O resultado é que, assim, o upskilling também se torna uma forma eficiente de reter talentos.
Ganhos em produtividade
Profissionais que se sentem valorizados se tornam mais motivados e produtivos. Tendo acesso a ferramentas para o desenvolvimento profissional e pessoal, os profissionais ficam mais confiantes para trabalhar em equipe, além de terem mais chances de otimizar a própria produção. Logo, isso se reflete diretamente na conquista de metas e objetivos pessoais – o que é fundamental para qualquer empresa.
Mais adaptabilidade
No contexto atual, profissionais com níveis de prontidão mais altos, mais qualificação e preparação prévia acabam tendo destaque. Afinal, quando as mudanças aparecem, sejam internas ou externas, as chances de que estejam prontos para lidar com as novas circunstâncias aumentam expressivamente. Seja para cobrir um colega doente ou mesmo para aprender a usar um software novo, a adaptabilidade é uma caraterística muito importante – e que acaba sendo desenvolvida com o investimento em upskilling.
Mais qualidade nos processos
O upskilling também tem efeito direto na qualidade nos produtos e serviços ofertados pela empresa. Nada mais natural, uma vez que, quanto mais capacitado o Capital Humano se torna, maior a qualidade envolvida no trabalho. E em um cenário onde os profissionais se sentem mais motivados, a tendência é que esse fator se sobressaia ainda mais – afinal, eles trabalham com mais zelo e gosto pelo que estão fazendo.
Employee experience positiva
Employee experience, também conhecida como jornada do colaborador, é um termo utilizado para descrever a soma das vivências de uma pessoa enquanto funcionário de uma empresa. Dependendo da forma com que foi tratado e como o profissional se sentiu, essa experiência pode ser positiva ou negativa.
A employee experience diz muito sobre a postura de uma organização e sobre a forma com que ela lida com os seus colaboradores. Quando há mais experiências negativas do que positivas, há impactos diretos na sua reputação, o que pode até mesmo impedir novos talentos de se candidatarem às vagas abertas. Nesse contexto, o upskilling é importantíssimo para minimizar as experiências negativas. Afinal, quando há investimento nesse tipo de prática, os profissionais se sentem mais valorizados pela empresa, ao mesmo tempo em que aprimoram habilidades que já têm e desenvolvem novas.
Preparo para o futuro
O mercado de trabalho está em constante mudança e algumas pesquisas já apontam que esse processo deve ocorrer de forma ainda mais latente nas próximas décadas. De acordo com esse estudo conduzido pelo LinkedIn, 25% das habilidades dos colaboradores tiveram que mudar desde 2015 e a tendência é que, nos próximos anos, essa porcentagem alcance os 65%. Nos Estados Unidos, inclusive, isso fez com que uma onda de novas profissões se popularizasse. É curioso ressaltar que 68% dos cargos que cresceram nesse relatório nem mesmo existiam 20 anos atrás, incluindo 7 dos 10 que mais ofereceram oportunidades no país. Por isso, manter os colaboradores sempre aprimorando as habilidades pode ser a diferença entre conseguir manter um alto nível de competitividade ou fechar as portas de vez.
Oportunidades de crescimento mais abrangentes
O upskilling também é importante para dar oportunidade aos profissionais de alcançarem cargos mais altos dentro da empresa. Aliado a um plano de carreira bem desenhado e a processos como o job rotation e a realocação interna, o upskilling funciona como uma motivação a mais para o próprio desenvolvimento. Ademais, para a empresa, é interessante usar essa ferramenta para criar lideranças mais qualificadas e equipes diferenciadas.
Em suma, o upskilling contribui com vantagens como:
Para empresas
- Aumento de produtividade dos profissionais, uma vez que, com a qualificação, eles otimizam o trabalho;
- Melhorias no engajamento das equipes, uma vez que os profissionais transformam o conhecimento adquirido em novas formas de atuar;
- Ganhos na retenção de talentos, dadas as chances de crescimento profissional dentro da organização;
- Aumento da qualidade de produtos e serviços, uma vez que isso é uma consequência direta de equipes com níveis mais altos de qualificação;
- Acompanhamento de mercado, uma vez que a empresa aumenta lucratividade, rentabilidade e se torna mais competitiva;
- Ganhos em reputação, uma vez que a imagem como marca empregadora também melhora.
Para profissionais
- Autoconhecimento, uma vez que o profissional desenvolve soft skills e passa a buscar por novos conhecimentos na rotina de trabalho;
- Valorização profissional, uma vez que o processo aumenta a capacitação dos talentos e, por consequência, os torna mais valiosos para o mercado;
- Visibilidade dentro da empresa, uma vez que o profissional passa a ser notado pelos gestores;
- Salários e benefícios mais competitivos, uma vez que a qualificação tende a se refletir nos rendimentos do profissional.
Importância do upskilling
Em um cenário onde as mudanças estão cada vez mais recorrentes – e acontecem em espaços de tempo menores – é fundamental não apenas desenvolver novas habilidades, como aumentar os níveis de maestria naquelas que são essenciais para exercer determinada função. Sobretudo em um cenário onde as tendências são ditadas por avanços tecnológicos, como a Inteligência Artificial (AI), automações e o metaverso, buscar se desenvolver pode ser uma forma de manter os níveis de empregabilidade altos e até mesmo de se blindar de problemas, como demissões em massa.
Um profissional de RH que está habituado a fazer o fechamento de ponto de forma manual, por exemplo, pode ter sua função esvaziada caso a empresa comece a usar um sistema automatizado para isso. Portanto, se ele investe em upskilling e aprende novas formas de exercer seu ofício, não só ele se adapta às demandas, como também aprende a usar um software com outras possibilidades além desta – o que impacta todo o seu trabalho positivamente. No final, isso é bom tanto para o profissional quanto para a empresa, uma vez que a produtividade aumenta e o conhecimento também.
Além das chamadas hard skills, outro ponto que é muito beneficiado em processos de upskilling são as chamadas soft skills. Competências comportamentais como criatividade, inteligência emocional e interpessoal, capacidade de trabalhar em equipe, pensamento crítico, coordenação, domínio de ferramentas tecnológicas, comunicação, empatia e capacidade para tomar decisões são alguns exemplos de competências que vêm sendo citadas frequentemente em estudos sobre as exigências no mercado para o futuro.
Segundo este estudo feito pela McKinsey Global Institute, habilidades cognitivas, sociais, emocionais e tecnológicas serão altamente requisitadas no mercado de trabalho até o ano de 2030. Por isso, o profissional que vem, desde já, buscando o crescimento constante e procurando se aprimorar têm a possibilidade de chegar lá pronto para lidar com tais mudanças. Ao se preparar para o momento, ele agrega valor a si mesmo, à sua equipe e à empresa da qual faz parte. Para concretizar essa meta, o upskilling é essencial.
Vale ainda mencionar o caso da AT&T, detalhado neste artigo da revista Forbes. De acordo com a matéria, a multinacional norte-americana investiu cerca de US$250 milhões em programas de desenvolvimento profissional e educação para o Capital Humano. O principal objetivo era incentivar o upskilling e o reskilling de mais de 140 mil colaboradores. O resultado foi que, embora o investimento tenha sido alto, a empresa obteve retorno e aumentou a receita em 32% em 3 anos, o que a tornou um verdadeiro case de sucesso sobre o assunto.
Tipos de programas de upskilling
Os programas de upskilling podem ser realizados de formas distintas, considerando pontos como as habilidades que precisam ser aprimoradas e até mesmo as preferências dos profissionais. Dito isso, alguns deles são:
Programas de treinamento
Os programas de treinamento oferecem experiências educacionais visando o aprimoramento das habilidades dos profissionais para mantê-los competitivos em suas áreas de atuação. Eles podem ocorrer internamente, ou seja, utilizando os recursos da própria empresa, ou serem contratados para serem oferecidos por profissionais externos. Podem ser implementados em grupo ou de forma individual. Também há flexibilidade quanto ao modelo de treinamento, uma vez que pode ser oferecido tanto presencialmente quanto de forma híbrida ou remota.
Cursos online
Os cursos online, como o próprio nome indica, são oferecidos por meio de plataformas digitais e dispensam a presença física dos profissionais. Eles são interessantes por oferecerem flexibilidade e adaptabilidade, permitindo que os colaboradores aprendam no seu próprio ritmo. Além disso, esses cursos podem ser constantemente atualizados para garantir que o conteúdo esteja alinhado com as tendências do mercado. Entretanto, é válido mencionar que algumas habilidades específicas podem ser especialmente desafiadoras de serem trabalhadas online. Por isso, cabe sempre avaliar se essa opção faz sentido levando em conta a skill que precisa ser aprimorada.
Mentoria
Ter um acompanhamento constante de profissionais mais experientes também é importante para aprimorar habilidades. Nesse contexto, a mentoria é uma abordagem particularmente eficaz para skills que não podem ser transmitidas por métodos tradicionais de ensino. Esse tipo de treinamento oferece a oportunidade de o funcionário observar a execução das funções na prática e ter uma compreensão mais clara do trabalho. A mentoria também abre margem para a empresa utilizar o conhecimento de um especialista, contribuindo para aprimorar, também, a liderança dos setores.
Programas de graduação
Algumas funções exigem qualificações adicionais e educação formal. Por isso, muitas organizações investem no desenvolvimento educacional de seus colaboradores firmando um acordo com eles: elas oferecem uma graduação em troca do compromisso do profissional em aplicar os conhecimentos obtidos no futuro. Esses programas ajudam a criar um Capital Humano altamente qualificado.
Upskilling e o futuro do trabalho
De acordo com dados trazidos pela Future of Jobs 2025, que traz uma série de insights sobre o mercado de trabalho em um recorte dos próximos cinco anos, de cada 100 trabalhadores, 41 não precisarão de treinamentos significativos até 2030; 11 precisarão de treinamento, mas ele não estará acessível a eles; e 29 precisarão de treinamento e serão qualificados para suas funções atuais. Além disso, os empregadores preveem que 19 de cada 100 colaboradores necessitarão de treinamento e passarão por requalificação e realocação dentro de suas empresas no mesmo período.
O estudo esclarece, ainda, que nas empresas norte-americanas, 67% da força de trabalho precisará de mais treinamento para aprimorar as habilidades, além de desenvolver novas. Já na Ásia Central, Oriente Médio e norte da África, a estimativa é que 50% dos colaboradores precisem passar pelo mesmo procedimento. Quando analisamos os setores, o de Telecomunicações e Serviços de Informação e Tecnologia, que apresentaram as maiores taxas de adoção de requalificação e aprimoramento de habilidades, é também aquele que mais tem necessidade desse tipo de treinamento.
Outro dado interessante trazido pelo estudo é a lista das skills mais desejadas para o futuro do trabalho. As dez mais desejadas consistem, respectivamente, em pensamento analítico; resiliência, flexibilidade e agilidade; liderança e influência social; pensamento criativo; motivação e autoconhecimento; letramento digital e tecnológico; empatia e escuta ativa; curiosidade e aprendizado contínuo; gestão de talentos e orientação para o serviço e atendimento ao cliente.
Esse tipo de levantamento escancara dois dos principais pontos sobre a necessidade de upskilling: a empregabilidade dos profissionais e a manutenção da empresa como competitiva no mercado. Para os colaboradores, esse processo é uma forma de se manter atualizado em relação às tendências mercadológicas. Como vimos, de tempos em tempos, alguns cargos deixam de existir enquanto outros surgem. Investir no upskilling é uma forma de se manter atualizado em relação às tendências do mercado, o que garante que o profissional não vai perder espaço e nem que seus conhecimentos vão se tornar obsoletos, mesmo que haja mudanças.
Como organizações podem aplicar o upskilling na prática?
O upskilling reitera a necessidade de aprendizado e desenvolvimento contínuo dos profissionais e foca, sobretudo, em desenvolver habilidades e competências essenciais para se adaptarem às demandas cada vez mais mutáveis do mercado. É importante ressaltar que o aprimoramento deve acontecer a partir de esforços coletivos vindos tanto dos profissionais quanto da empresa onde trabalham.
Promover as práticas internamente e dar condições para que o processo seja feito é importante, mas essa medida não funciona se os profissionais não têm esse desejo. Da mesma forma, buscar aperfeiçoamento constante em um ambiente onde isso não é uma prioridade também não é o ideal. Dito isso, algumas medidas que podem ser tomadas por empresas em prol desse fator são:
Fazer análises do cenário interno
A análise de cenário ajuda a identificar quais colaboradores apresentam gaps de desenvolvimento em relação às suas funções atuais ou futuras e precisam passar por processos de upskilling. Para isso, contar com uma ferramenta de Gestão de Pessoas como o ETALENT Pro para realizar essa tarefa da melhor forma possível é essencial. Isso porque a plataforma possui funcionalidades para identificar, mapear e desenvolver os talentos, permitindo, assim, que as necessidades de desenvolvimento dos profissionais fiquem ainda mais visíveis para os gestores.
Esses gaps podem ser bem apontados por ferramentas de avaliação de perfil comportamental, como as análises comportamentais, que trazem insights valiosos a respeito das competências dos colaboradores, seus pontos fortes e pontos a desenvolver. Esse recurso é bastante efetivo especialmente quando há investimento por parte da empresa, interesse do colaborador e um RH estratégico, estruturado e organizado.
Mapear as habilidades
É importante que a organização esteja ciente de quais tipos de habilidades são necessárias para o crescimento imediato e para que alcance as metas futuras – assim, ela entende como conduzir o processo de upskilling e quais ferramentas serão necessárias para tal. Uma boa forma de fazer isso é utilizando programas o Assessment, que ajuda na identificação dessas competências e, também, dos gaps dos colaboradores.
Criar programas de treinamento e desenvolvimento
Uma vez feitas as análises iniciais, a empresa deve definir uma estratégia e implementar um programa de treinamento e desenvolvimento. Para isso, é importante considerar pontos como a cultura organizacional, recursos disponíveis, além de, evidentemente, o tipo de upskilling que o Capital Humano precisa. Educação formal, treinamentos in company, cursos para proficiência em idiomas, materiais ou treinamentos em softwares são algumas possibilidades. Além disso, a ideia de fazer parcerias com outras instituições é sempre bem-vinda.
Investir no autoconhecimento
A educação formal é, sem dúvida, muito importante para o desenvolvimento da carreira de um profissional. No entanto, para o aprimoramento das habilidades de um colaborador, há muito que pode ser oferecido por programas focados nas soft skills, no autoconhecimento e na mudança pessoal. Com o Personal Change, o indivíduo faz uma imersão no autoconhecimento, identificando seu talento, seus pontos fortes e fracos, além de criar um PDI completo para atingir seus objetivos profissionais e pessoais.
Promover a aprendizagem contínua na cultura organizacional
Adotar a cultura de aprendizagem na organização como um de seus valores estimula os profissionais a buscarem o conhecimento e o aprimoramento por si próprios. Além de oferecer possibilidades para o desenvolvimento das competências, é importante que a empresa também incentive essa mentalidade internamente e, para que isso seja feito, vale criar eventos, programas de mentoria e rodas de debates, dentre tantas outras possibilidades.
Utilizar recursos tecnológicos
Com o avanço constante da tecnologia, é natural a utilização desses recursos como auxílio para diversas funções dentro das empresas, o que pode ser especialmente importante para facilitar o trabalho do setor de Recursos Humanos. Hoje, existem ferramentas capazes de encontrar candidatos adequados para ocupar determinados cargos, pesquisar por habilidades e até mesmo de fazer o mapeamento da organização e identificar se todos os profissionais estão exercendo funções que potencializam suas capacidades técnicas e comportamentais.
Estimular a troca de experiências
Considerando que a empresa tem profissionais de gerações e níveis de experiência diferentes, é sempre recomendado que haja o estímulo na troca por parte dessas pessoas. Criar programas de incentivo ajuda a estreitar a relação entre os colaboradores, além de abrir mais espaço para a inovação e até mesmo criação de equipes multidisciplinares e multigeracionais.
Desafios do upskilling
Apesar de o upskilling ser um processo benéfico para as empresas e que as torna mais competitivas, a implementação perpassa por uma série de desafios que precisam ser levados em conta para que haja sucesso na estratégia. O primeiro deles é a desconexão com a gestão de desempenho dos profissionais. É importante que esse processo seja feito sempre levando em conta pontos como o desenvolvimento de carreira e planejamento individual. Afinal, os profissionais precisam ver, na prática, onde o aprimoramento de habilidades se encaixa na projeção das próprias carreiras e algumas empresas tratam esses campos como tópicos separados, ainda que não sejam. Inclusive, outro desafio que segue a mesma lógica é a falta de alinhamento estratégico. Quando os objetivos do upskilling não estão alinhados às metas da empresa, dificilmente, o processo será eficiente.
Os processos de upskilling também podem carecer de acompanhamento adequado, o que também se torna um desafio. Afinal, o aprimoramento de habilidades não termina após o treinamento – feedback contínuo e oportunidades para aplicar novas habilidades são partes importantes para obter sucesso com o recurso, e muitas empresas acabam fazendo pouco caso dessa etapa. O mesmo pode ser dito sobre a falta de suporte de líderes e gestores. Caso esses profissionais não estejam capacitados para fornecer apoio contínuo, orientar e engajar os liderados rumo ao aprimoramento de habilidades, o processo pode se tornar mais difícil.
A falta de dados atualizados sobre os profissionais também costuma ser um desafio para o upskilling. Muitas organizações dependem de avaliações de desempenho antigas ou autoavaliações dos funcionários, que nem sempre fornecem uma visão clara das habilidades que possuem. De acordo com uma pesquisa feita pela Betterwork, embora 69% das empresas usem dados de desempenho para avaliar habilidades, 56% coletam essas informações uma ou duas vezes por ano, o que pode afetar diretamente o upskilling. Além disso, 65% dessas organizações dependem dos chefes de departamento para avaliações de habilidades, o que também torna o processo mais complexo.
Por fim, a falta de estrutura também pode comprometer a assertividade do upskilling. Afinal, para que eles deem certo, é preciso oferecer suporte contínuo para o aprimoramento, além de ferramentas específicas como mentorias, coaching e feedback. Entretanto, a mesma pesquisa supracitada explica que 44% dos funcionários relatam que não têm acesso às ferramentas para aplicar efetivamente suas novas habilidades.
Como os profissionais podem fazer o upskilling?
Como vimos no item anterior, parte da responsabilidade sobre o processo de upskilling cabe aos profissionais. E para conduzi-lo da melhor maneira possível, é importante:
- Desenvolver um mindset voltado para o aprendizado contínuo;
- Estar sempre estudando e se atualizando, seja observando novas tendências, fazendo cursos, workshops, oficinas ou participando de palestras;
- Adquirir conhecimento em relação às inovações tecnológicas;
- Estar atento às áreas correlatas à sua função e procurar aprender habilidades ligadas a essas atividades;
- Estar aberto às possibilidades de movimentação interna e entender o que você pode utilizar das suas próprias habilidades neste processo;
- Trabalhar o autoconhecimento para desenvolver suas soft skills, principalmente as relacionadas à inteligência.
O papel do RH no upskilling
O RH é um setor fundamental da gestão de pessoas e, por tabela, para processos como o upskilling. A começar pelo fato de que o RH é responsável pela criação dos chamados pools de talentos, ou seja, processo que serve como ferramenta de identificação, desenvolvimento e valorização dos talentos dos profissionais da empresa. A ideia desse método é identificar habilidades, competências e potenciais que podem ser desenvolvidos com treinamento – como as lideranças, por exemplo. Logo, o setor precisa analisar o quadro de funcionários, conhecer seus perfis comportamentais e entender quais deles têm potencial para atividades específicas – e precisam de upskilling para alcançar a maestria.
A empresa pode, inclusive, contratar profissionais pensando nesse tipo de questão para antecipar necessidades – como o caso de uma vaga específica que fica em aberto quando um profissional se aposenta.
O Recursos Humanos é um dos principais setores responsáveis pelo mapeamento das competências dos profissionais e pelo levantamento de necessidade de treinamento (LNT). O LNT de uma organização pode ser definido como um levantamento interno com foco em identificar os pontos de dificuldade do Capital Humano. Esse processo inclui não apenas compreender por que os resultados estão aquém do esperado, como também identificar as lacunas dos profissionais em termos de conhecimento, habilidades e perfil comportamental, pensando em formas efetivas de desenvolvê-las. Isso envolve criar estratégias e ações baseadas em três pilares: levantar dados, identificar gaps técnicos e comportamentais e desenvolver treinamentos corporativos pensados especificamente para responder ao que foi identificado. Por isso, é parte fundamental de um programa de upskilling assertivo.
Nesse processo, o RH conversa com as lideranças para entender as necessidades de treinamento de cada colaborador e, também, como ele pode ser desenvolvido de modo a corresponder às necessidades do negócio. Além disso, o Recursos Humanos sempre deve levar em conta os objetivos e aspirações individuais do profissional na hora de promover o upskilling. Ademais, é ao RH que as lideranças devem recorrer ao reportar a evolução do desenvolvimento dos talentos em todo esse processo.
Por fim, o RH, junto das lideranças, acaba sendo um dos responsáveis por implementar o aprendizado contínuo à cultura organizacional de uma empresa. Em médio e longo prazos, é esse cuidado que vai fazer com que as equipes tenham autonomia para continuar se desenvolvendo dentro e fora da empresa. Esse tipo de prática é fundamental para mudar a mentalidade dos colaboradores, e deve ser aplicado por meio de estratégias diárias de incentivo à curiosidade e à vontade de aprender. Evidentemente, manter a motivação do Capital Humano também é um ponto essencial nessa jornada.
O upskilling é um processo importante para manter os profissionais de uma empresa motivados, engajados e com alta produtividade e nível de prontidão. Afinal de contas, o Capital Humano é o maior bem de uma empresa e o principal responsável pelo sucesso no mercado competitivo. É investindo no desenvolvimento contínuo que os profissionais se sentem mais valorizados e os melhores resultados aparecem!