O futuro do trabalho é um tema que interessa tanto às empresas quanto aos colaboradores em si. Em um cenário em que a tecnologia vem evoluindo a cada dia, algumas pesquisas, como a Future of Jobs 2023 (FOJ23), realizada pelo Fórum Econômico Mundial, apontam para mudanças radicais. Um dos dados mais alarmantes desse levantamento diz respeito ao fato de que, nas próximas décadas, 50% dos trabalhos serão substituídos por robôs ou softwares. Em contrapartida, o mesmo levantamento traz um dado curioso: 65% das crianças de hoje vão trabalhar em cargos que ainda não existem. E apenas por esse recorte, já é possível ter uma ideia das grandes transformações pelas quais o mercado competitivo deve passar nos próximos anos. 

Mas se engana que esse tipo de panorama é uma novidade nesse ambiente. De acordo com esse estudo conduzido pelo LinkedIn, 25% das habilidades dos colaboradores tiveram que mudar desde 2015 e a tendência é que, nos próximos anos, essa porcentagem alcance os 65%. Nos Estados Unidos, inclusive, isso fez com que uma onda de novas profissões se popularizasse. É curioso ressaltar que 68% dos cargos que cresceram nesse relatório nem mesmo existiam 20 anos atrás, incluindo 7 dos 10 que mais ofereceram oportunidades no país. 

Estar atento a esse tipo de insight é fundamental para se planejar para o momento futuro. Nas empresas, temas como People Analytics, Big Data e processos data-driven, ou seja, orientados a dados, estão cada vez mais presentes no dia a dia. Entretanto, é preciso pensar para além da tecnologia, uma vez que o investimento no comportamento e na gestão humanizada também é uma das grandes tendências para o futuro. Já para os profissionais, é preciso pensar em formas de trabalhar habilidades como upskilling, reskilling, além de soft skills específicas que são cada vez mais demandadas. Mas, afinal, o que o futuro do trabalho reserva? É o que você vai descobrir no artigo de hoje. Boa leitura! 

O que esperar do futuro do trabalho? 

O futuro do trabalho é algo que vem se desenhando conforme as evoluções da tecnologia no cenário e, por isso, essas são duas questões que estão intimamente relacionadas. Mesmo antes da pandemia de COVID-19, o mercado já caminhava em direção a pontos como automações, investimento em dados e análises aprofundadas.

Entretanto, é válido fazer um adendo. De acordo com a Diretora do Fórum Econômico Mundial, Saadia Zahidi, a necessidade de isolamento social acelerou esse processo, apesar de não ser a única responsável por ele, como relatado na pesquisa de 2020. Nesse estudo, ficou constatado que 43% definiram que iriam reduzir a força de trabalho por conta da integração com a tecnologia e  41% queriam aumentar o número de profissionais especializados. Passados quase cinco anos desde a pesquisa, as tendências continuam sendo semelhantes. 

Em pesquisas mais recentes, a transformação digital e a automação continuam sendo citadas como grandes mudanças para o mercado futuro. Entretanto, também é necessário falar sobre a necessidade de ter profissionais altamente especializados em suas áreas de atuação, uma vez que profissões mais operacionais podem acabar sendo substituídas por inteligência artificial ou por outros tipos de ferramentas digitais. Para além disso, cabe destacar o fato de que o comportamento também vai se tornar algo ainda mais importante para as empresas, cuja tendência é buscar profissionais com soft skills específicas como inteligência emocional, empatia, pensamento crítico e proatividade. Há, por fim, o investimento no trabalho remoto como algo importante a ser considerado. Vejamos, a seguir, um breve panorama de como cada um desses pontos vai funcionar. 

Os avanços tecnológicos no futuro podem substituir algumas profissões, o que vem gerando ansiedade nos profissionais por medo de acabarem ficando obsoletos no mercado daqui a algumas décadas. Por mais que a evolução da tecnologia seja algo impossível de ignorar ou mesmo de evitar, é importante que os profissionais tenham em vista a ideia de se especializar e se adaptar às demandas. Processos como reskilling e upskilling, por exemplo, são muito importantes para manter a empregabilidade e garantir que não vão acabar perdendo os cargos por conta disso. 

Ainda sobre o tema, também é importante mencionar que os impactos das automações variam conforme a área e alguns setores, inclusive, podem ser menos impactados com isso. Para o setor da saúde, por exemplo, pouco deve mudar. Além disso, é importante destacar o fato de que, na mesma proporção que as profissões desaparecem, outras surgem nos lugares. Até dez anos atrás, poucos imaginavam que seria possível construir uma carreira como blogueiro, youtuber ou streamer, por exemplo. E se engana quem acha que esse processo só acontece com personalidades da Internet – ele ocorre até mesmo dentro de empresas mais tradicionais. 

O futuro do trabalho também envolve demandas como flexibilidade corporativa, gestão humanizada e priorização da saúde mental. Esses pontos são reflexos de um momento em que os colaboradores mudaram a relação que eles tinham com seus empregos, entendendo que há outras possibilidades além do presencial de oito horas por dia e cinco dias por semana. As empresas, por outro lado, além de economizarem com trabalhos remotos e híbridos, notaram ganhos em termos de produtividade, já que os profissionais ficam mais descansados nesses modelos. Esse tipo de insight faz com que a flexibilidade seja uma tendência para o trabalho do futuro – e faz todo o sentido, já que estará cada vez mais digitalizado. Mas vale reiterar também a importância de investir em práticas voltadas para a qualidade de vida para além do trabalho remoto, como programas de saúde mental, folgas e reconhecimento. Afinal, as gerações mais novas, como a GenZ, desejam mais do que trabalhar por trabalhar: esses colaboradores querem um propósito. 

Também apontada como uma das tendências para o trabalho do futuro segundo a FOJ23, outro movimento diretamente relacionado a essas mudanças é a economia GIG, que define a ascensão de modelos de trabalho alternativos e de natureza autônoma. Isso, inclusive, já acontece com algumas áreas em que o número de vagas para profissionais autônomos é maior do que para contratados. Para as empresas, é uma forma mais econômica de ter acesso aos melhores talentos para cada necessidade.   

Futuro do trabalho no Brasil

No cenário nacional, as tendências não são diferentes. De acordo com estudos realizados pelo McKinsey Global Institute, até 2065, mais da metade das atividades das organizações nacionais serão automatizadas. A pesquisa ainda relata que isso afetaria cerca de 53,7 milhões de empregos e teria custo superior a US$89 bilhões para as empresas. Outro ponto em comum é que, de acordo com dados da Universidade Federal de Brasília (UnB), 54% dos empregos serão ocupados por softwares ou robôs nos próximos dois anos. A força de trabalho predominante, nesse caso, seria uma mescla entre a mão de obra humana e apoio tecnológico. Por isso, em linhas gerais, o trabalho do brasileiro está alinhado com o que acontece no resto do mundo. 

Principais tendências para o futuro do trabalho

Como vimos, muito sobre o mercado de trabalho mudou e continua mudando nos últimos anos. Devido à evolução tecnológica, envelhecimento da população, mudanças de prioridades e até mesmo a questões gerais como as mudanças climáticas, algumas profissões estão surgindo enquanto outras desaparecem. Todavia, há outras tendências amplamente citadas em relação ao trabalho do futuro. São elas: 

Trabalho remoto

O formato remoto consiste em um modelo de trabalho em que o colaborador realiza suas atividades fora das dependências da empresa. Quando isso ocorre na casa deste profissional, o processo é conhecido como home office mas, na prática, o trabalho remoto pode acontecer de qualquer lugar onde a realização de tarefas seja possível. Em um momento em que cada vez mais as empresas investem em escritórios virtuais, horários e ambientes flexíveis, ter pelo menos parte da rotina feita de fora das dependências da empresa já faz parte da realidade de diversos profissionais. Para o futuro, a tendência é que isso se mantenha. 

Treinamento por EAD 

Os treinamentos à distância (EAD) também têm um grande papel no futuro do trabalho. Isso porque, como há uma tendência a transferir praticamente tudo para o mundo digital, a parte de treinamento e desenvolvimento dos colaboradores também vem sofrendo mudanças, a fim de se adaptar a esses formatos. Um grande exemplo desse processo ocorrendo na prática é o microlearning, metodologia de aprendizagem focada na agilidade e que, por isso, utiliza recursos como linguagem simples e conteúdo de curta duração. Um dos grandes motivos pelos quais esse método se tornou popular é a possibilidade de fazer de casa, apenas com o auxílio de um dispositivo com acesso à Internet. 

Autogestão

A autogestão trata da capacidade de um profissional de gerir a si mesmo. Logo, a pessoa é responsável por definir a própria rotina, garantindo que suas responsabilidades sejam cumpridas. No caso de um profissional de uma empresa, isso significa que, apesar de gerir a si mesmo, ele vai entregar as tarefas no tempo combinado e com a qualidade esperada. Por isso, essa é uma habilidade que também une fatores como gestão de tempo, proatividade e autonomia, mesmo que, por definição, não se limite em nenhum deles. Como o futuro aponta para a flexibilidade dos profissionais e empresas, essa é uma habilidade que vai fazer toda a diferença. 

Networking

O networking é o ato de criar e manter uma rede de contatos profissionais com pessoas de aspirações e interesses parecidos, a fim não apenas de fortalecer um negócio, como também de agregar valor a si mesmo enquanto profissional. Por abarcar questões como interesses em comum e apoio mútuo, esse tipo de prática incentiva a troca de conhecimentos e experiências, envolvendo o compartilhamento de informações, indicações, parcerias ou quaisquer outros aspectos que podem ser benéficos para eles. Para o futuro, esse tipo de contato próximo fica ainda mais importante, uma vez que as tendências apontam para contatos mais curtos e específicos. Quanto melhor relacionado o profissional for, mais chances ele terá de ser disputado por empresas e de ter mais oportunidades. 

Propósito no trabalho

Desde a pandemia, muito mudou a respeito da forma como os profissionais encaram a relação com o trabalho. Para muitos deles, há outras prioridades mais relevantes do que salários e benefícios acima da média do mercado. Isso não quer dizer que, no futuro, os profissionais vão aceitar remunerações mais baixas – muito pelo contrário. A questão é que a busca por um propósito assumiu um lugar de protagonismo nessa relação. Os profissionais querem estar em empresas onde se sintam valorizados e acreditam que podem contribuir para algo maior. Isso envolve fazer o que se gosta, se sentir respeitado, ter a saúde mental e a qualidade de vida em dia, ver a empresa ter práticas de responsabilidade social e, sobretudo, equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. Para o futuro, esse tipo de demanda vai se tornar ainda mais relevante.   

Atualização constante 

Manter a empregabilidade no futuro do trabalho requer atualização constante. Por isso, processos como o upskilling e o reskilling vão se tornar parte da rotina dos profissionais. Os termos dizem respeito, respectivamente, ao aprimoramento e ao desenvolvimento de novas habilidades. Enquanto o primeiro deles trata da maestria em um campo de conhecimento já dominado pelo profissional, visando aumentar a capacidade na competência, o segundo trata de um tipo de “reciclagem”, em que os profissionais aprendem habilidades novas, pensando em ampliar sua versatilidade. Nesse caso, as habilidades não estão, necessariamente, atreladas à sua área de atuação.  

Foco em soft skills 

As soft skills estão relacionadas às competências sociocomportamentais dos indivíduos e, por isso, dizem respeito às características emocionais, sociais e cognitivas de uma pessoa. Logo, esse tipo de competência também envolve a capacidade de lidar com as próprias emoções, tanto no aspecto pessoal quanto no profissional, e de expressá-las da melhor forma possível. De acordo com a Future of Jobs 2023, algumas das soft skills mais procuradas pelas organizações atualmente são empatia, comunicação, flexibilidade, agilidade, pensamento analítico, liderança, curiosidade e pensamento crítico. 

Maiores desafios do futuro do trabalho

Para além das mudanças, o futuro do trabalho também aponta os desafios específicos para os quais as empresas e profissionais precisam estar preparados. Essas questões refletem, diretamente, problemáticas que surgem de acordo com os rumos que o mercado de trabalho vai tomando conforme evolui. E o primeiro deles está relacionado à capacidade de inclusão das empresas. 

A diversidade e a inclusão (D&I) são temas recorrentes no contexto corporativo. Os temas dizem respeito à presença de pessoas oriundas de realidades distintas como parte do quadro de profissionais de uma empresa e ao esforço que a empresa faz para que essas pessoas tenham seus pontos de vista validados dentro do contexto de trabalho. No futuro do trabalho, ter um Capital Humano diversificado em termos de etnia, gênero, orientação sexual ou mesmo idade pode não ser um problema – afinal, as empresas mais competitivas do mercado entendem esta como uma prática de responsabilidade social e que traz bons retornos em termos de inovação. Entretanto, fazer a inclusão dessas pessoas pode ser mais difícil, uma vez que diferenças econômicas criam lacunas que impactam, diretamente, o acesso à tecnologia que aquele colaborador terá. 

Em outras palavras, profissionais oriundos de classes sociais menos abastadas podem acabar não desenvolvendo habilidades necessárias para se beneficiar de oportunidades no trabalho do futuro – especialmente aquelas que envolvem a tecnologia em si. Por isso, o trabalho da empresa precisa ser ainda mais preciso para que consiga desenvolver todos os profissionais e colocá-los no mesmo patamar. Esse, por si só, já é um grande desafio, mas tende a ficar ainda mais complexo conforme as automações e as ferramentas tecnológicas forem assumindo papéis centrais nas configurações das empresas. 

Outra questão importante a ser citada é que as empresas vão passar, nos próximos anos, por uma série de mudanças culturais e organizacionais oriundas das tendências de mercado. Muitas delas, inclusive, vão precisar repensar processos para adequá-los às novas exigências. Quanto a isso, o desafio está em saber como adaptar a cultura da organização às mudanças sem fazer com que ela perca a identidade, mas conseguindo se adaptar aos novos paradigmas. É preciso desenvolver características como adaptabilidade e tomada de decisão assertiva para conseguir lidar bem com a nova realidade. E isso cabe tanto aos gestores quanto aos colaboradores. 

Outro desafio para o futuro é a proteção de dados. Em um mercado cada vez mais data-driven, as empresas vêm adotando tecnologias para monitoramento, processamento e análise de dados – e isso é algo que, no futuro, será intensificado. Por isso, é fundamental ter cuidado para tratar as informações dos colaboradores de forma ética, responsável e não permitir, de jeito algum, que terceiros tenham acesso a elas. Caso esses fatores sejam ignorados, a tendência é que, no futuro, as empresas tenham sérios problemas tanto com o Capital Humano quanto com os clientes. 

Como se preparar para esse futuro?

O preparo para o futuro do trabalho é algo que deve mobilizar as empresas e os profissionais. E a chave para fazer isso da melhor forma possível reside no investimento em duas frentes: tecnologia e adaptabilidade. Dessa forma, algumas formas de dar início a esse processo são:

Empresas

As empresas devem buscar novas soluções tecnológicas para todos os setores. Para isso, é importante estar atento a pontos como tendências mercadológicas, além de ter disposição para implementar as inovações na cultura organizacional. Aliás, vale sempre lembrar que organizações com valores fechados e que não são tão receptivas às mudanças podem acabar sendo impactadas negativamente no futuro. Não à toa, diversas pesquisas mostram que a chave para manter um bom desempenho é estar disposto a evoluir e se adaptar. 

Investir em tecnologias é importante para dominar ferramentas e garantir que esse conhecimento seja compartilhado com os colaboradores nos processos de treinamento e desenvolvimento. Entretanto, as organizações precisam ir além desse ponto e preparar o cenário para mudanças na cultura, caso elas sejam necessárias. Como o trabalho do futuro vai exigir aspectos como autogestão, flexibilidade e trabalho remoto, é preciso que as empresas comecem, o mais cedo possível, a criar ambientes onde defender esses valores seja viável. Por isso, um trabalho muito importante é treinar as lideranças para gerir estimulando esse tipo de característica. Assim, a empresa se antecipa e vai criando no Capital Humano, uma mentalidade mais alinhada ao que futuro vai exigir. 

Vale ressaltar que o futuro do trabalho passa pela gestão humanizada e pela assertividade das empresas quanto à forma como trata os profissionais. Isso engloba desde investir em desenvolvimento de habilidades técnicas e comportamentais até prezar pela adequação entre o cargo e as características intrínsecas daquele colaborador. Para isso, inclusive, é recomendado fazer um bom processo de Assessment, garantindo que esses fatores estejam sempre alinhados. Em conjunto com workshops focados no autodesenvolvimento e no autoconhecimento, como o Personal Change, a empresa também consegue criar planos de desenvolvimento individuais assertivos que são importantes tanto para o desenvolvimento quanto para a motivação daquele colaborador. 

Profissionais

Quanto aos profissionais, a preparação perpassa, sobretudo, pela abertura à adaptação. Para manter a empregabilidade em um cenário como o futuro, é preciso que os colaboradores estejam abertos a aprender novas habilidades e a desenvolver as que já têm, sempre observando as necessidades do mercado. Para isso, quanto mais cedo eles adotarem uma postura de lifelong learning, melhor. Só assim, esses profissionais vão buscar por ferramentas e oportunidades de desenvolvimento, sempre se antecipando para que, quando o momento chegar, eles já tenham os níveis de prontidão necessários. 

Ainda, cabe frisar a importância de desenvolver habilidades comportamentais específicas. De acordo com a Future of Jobs 2023, as mais demandadas pelas empresas do futuro serão pensamento analítico, pensamento criativo, resiliência, flexibilidade e agilidade, motivação e autoconhecimento, curiosidade, manejo com tecnologia, atenção a detalhes, empatia, escuta ativa, liderança e controle de qualidade. Por isso, investir nesses pontos pensando no cenário futuro é uma boa forma de se manter valorizado enquanto profissional.   

Vale reiterar que os profissionais precisam se adaptar à tecnologia. Como caminhamos em direção a um mercado de trabalho que vai assentar as bases em recursos tecnológicos, os profissionais não podem, de jeito algum, permitir a obsolescência. É preciso aprender a mexer em softwares relevantes para a área de atuação, saber como usar aplicativos, programas específicos ou quaisquer outras questões necessárias. Caso contrário, o colaborador está sujeito a acabar perdendo espaço no cenário. 

Quais são as profissões do futuro?

De acordo com a Future of Jobs 2023, 23% das profissões devem se modificar nos próximos anos. A pesquisa relata que, com o surgimento de novas tecnologias e uma quarta Revolução Industrial atrelada a isso, o mercado irá criar e eliminar diversos empregos ao mesmo tempo. O estudo também aponta que fatores como o investimento no capitalismo verde, aumento de custo de vida, desaceleração do crescimento econômico, além de questões geopolíticas diversas terão papéis importantes nessa nova realidade. 

Segundo o Fórum Econômico Mundial (WEF), em um recorte de cinco anos, o mercado de trabalho já sofrerá mudanças significativas. Entre as questões que mais vão impactar as empresas nesse período, estão as práticas de responsabilidade social e ESG, mudanças no cenário geopolítico, econômico, além da maior utilização de tecnologias como Big Data, computação em nuvem, aprendizagem de máquina e Inteligência Artificial, que já estão sendo introduzidas nas empresas. Entretanto, de acordo com o estudo, a utilização desses recursos tem um crescimento de 75% previsto para esse período. Segundo a pesquisa, no que tange a tecnologia, apenas os robôs, humanoides ou não, não devem estar tão presentes nos próximos anos. 

Essa nova realidade afeta, diretamente, tanto os empregos que vão surgir quanto os que vão entrar em evidência nos próximos anos. Dentre alguns deles, o relatório do WEF cita: 

  • Especialistas em IA e aprendizagem de máquina;
  • Especialista em sustentabilidade;
  • Analista em Inteligência de negócios;
  • Analista de Segurança da Informação;
  • Engenharia de Fintechs;
  • Cientistas e analistas de dados;
  • Engenharia de robótica;
  • Especialista em Big Data;
  • Operadores de equipamentos agrícolas;
  • Especialistas em transformação digital;
  • Especialistas em E-commerce;
  • Desenvolvedores de Blockchain;
  • Especialistas em Gestão de Riscos;
  • Desenvolvedores de Software e Aplicações;
  • Especialistas em Automação de Processos;
  • Arquitetos de Banco de Dados;
  • Engenheiros DevOps;
  • Profissionais de Desenvolvimento de Negócios;
  • Designers Comerciais e Industriais.

A Future of Jobs descreve, ainda, as profissões que devem ser substituídas nos próximos anos. Dentre elas, o estudo cita funções como caixas de banco e relacionados, funcionários dos correios, cobradores, escriturários de entrada de dados, secretários administrativos e executivos, escriturários de contabilidade, atendentes estatísticos, financeiros e de seguros, vendedores de porta em porta, ambulantes e trabalhadores relacionados. 

Já a pesquisa do LinkedIn supracitada nesse artigo também relata as profissões mais com mais perspectivas de crescimento nos Estados Unidos entre em 2024. Algumas dessas tendências, inclusive, já aparecem entre o mercado norte-americano. São elas:

  • Chief growth officers, ou diretores de crescimento empresariais;
  • Analistas de Programas Governamentais;
  • Gerentes de Saúde, Segurança e Meio Ambiente;
  • Diretores de Operações de Receita;
  • Analistas de sustentabilidade;
  • Profissionais de Práticas Avançadas
  • Presidentes de Diversidade e Inclusão;
  • Consultores de Inteligência Artificial;
  • Recrutadores de RH;
  • Engenheiros de Inteligência Artificial. 

Como a tecnologia impacta o futuro do trabalho?

De acordo com esta matéria publicada pela revista Veja, até 2025, o Brasil vai ter que qualificar 9,6 milhões de pessoas que trabalham na indústria nacional. Entretanto, o que chama atenção é o fato de que, entre elas, apenas 2 milhões vão receber a formação inicial – ou seja, 79% do investimento será em formação continuada e requalificação para os trabalhadores.  Outro dado interessante relatado na matéria é que, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OECD), 1.1 bilhões de postos de trabalho estão sujeitos a mudar na próxima década. Em ambas as situações, o motivo é o mesmo: o surgimento de novas tecnologias no mercado. Para o futuro do trabalho, algumas previsões envolvem:

Automação de tarefas rotineiras

No futuro, tarefas rotineiras tendem a ser automatizadas – e isso vai acontecer em diversas áreas e setores. No Recrutamento e Seleção, por exemplo, triagem de currículos e até mesmo avaliações de perfil comportamental já podem ser feitas por meio de ferramentas digitais. O mesmo vale para emissões de notas fiscais, atendimento ao cliente, dentre diversas outras possibilidades. Como a otimização de tempo é uma prioridade para o futuro, a tendência é que quaisquer processos que possam fazer o Capital Humano perder tempo desnecessariamente sejam automatizados. Por isso, o profissional cuja atribuição é, exclusivamente, operacional deve ficar atento e se especializar. 

Colaboração entre pessoas e máquinas

A interação entre os profissionais e os recursos tecnológicos já acontece em diversas empresas. Não à toa, diversos colaboradores já utilizam ferramentas de Inteligência Artificial para ajudar no desenvolvimento de seus trabalhos. E essa é uma tendência que se intensifica a cada dia, seja qual for o âmbito para a utilização do recurso. Por isso, é extremamente importante que os profissionais já comecem a se capacitar para lidar com as ferramentas, sobretudo quando eles não têm fácil manejo com a tecnologia

Conectividade e mobilidade 

Como vimos ao longo deste artigo, o trabalho remoto é uma das grandes tendências para o futuro – e a tecnologia é importantíssima para que isso seja possível. Entretanto, para que seja viável manter rotinas longe dos escritórios, os profissionais precisam saber lidar com a tecnologia relacionada à conectividade. Caso contrário, eles podem acabar perdendo oportunidades de trabalho ou mesmo sendo substituídos. Além disso, cabe ressaltar que a mobilidade é interessante para melhorar a qualidade de vida dos colaboradores, visto que ela torna possível viajar com a família, por exemplo, e passar mais tempo nos destinos.

Futuro do trabalho do RH: principais novidades

A exemplo de outras áreas, o RH também vai sofrer mudanças no futuro, sobretudo no que envolve a aplicação da tecnologia no dia a dia do setor. Por isso, os profissionais do Recursos Humanos vão ter que lidar com questões como novas ferramentas de trabalho, formatos de contratações e até mesmo novidades na hora de gerir equipes. Dito isso, entre as principais tendências para o RH, destacamos:

People Analytics, Big Data e outras tecnologias de coleta e análise de dados

A análise de dados é uma tendência forte para o RH do futuro, já que as empresas estão buscando cada vez mais embasar os seus processos em abordagens data-driven. Quando o foco são as pessoas, é possível utilizar essas informações para identificar tendências, padrões e insights nos processos de R&S, desenvolvimento de colaboradores, retenção de talentos, desempenho dos profissionais, índices de satisfação, engajamento, clima organizacional, dentre diversas outras possibilidades. Aqui, vale ressaltar a importância do People Analytics, que se refere ao processo que reúne as atividades de coleta, organização e análise de dados e informações específicas sobre os profissionais de uma empresa. O Big Data, que trata de um conjunto de dados de usuários digitais, também é importante nesse processo, que precisa ser cada vez mais assertivo. 

Inteligência Artificial

A inteligência artificial é um tipo de tecnologia que faz com que máquinas e softwares simulem o raciocínio dos seres humanos. Hoje em dia, IAs desempenham funções cognitivas, têm capacidade para interagir e resolver problemas, além de aprender, identificar padrões, dentre outras infinitas possibilidades. No RH, a IA pode ser usada para monitorar a saúde dos colaboradores, sobretudo quando a rotina laboral envolve atividades de alto risco. Outros usos envolvem a segurança interna e a comunicação com os diversos setores da empresa. 

Investimento em employee experience

A Employee Experience, ou experiência do colaborador, é o termo utilizado para definir a qualidade da jornada de uma pessoa em todo o seu ciclo profissional dentro de uma empresa. Isso engloba todos os aspectos da vivência dessa pessoa: como se sente, como é tratada e como se relaciona com os demais, entre outros. Além dessa questão ser importante para a cultura da empresa e para manter os índices de produtividade altos, é uma boa employee experience que faz com que a empresa se desponte no mercado como um bom lugar para trilhar uma carreira, o que faz com que ela atraia olhares de outros talentos toda vez que abre processos seletivos. 

Treinamento e desenvolvimento personalizados

Outra tendência das empresas para o futuro é a utilização de programas de treinamento e desenvolvimento personalizados – ou seja, feitos a partir do perfil comportamental, dos talentos e das carências de cada profissional. Assim, as empresas conseguem catalisar o aprendizado de cada colaborador utilizando formas de treinamento mais eficazes para cada um. Com todo o aporte tecnológico que será utilizado pelas empresas no futuro, fazer esse tipo de mapeamento vai viabilizar uma educação corporativa mais assertiva e menos desgastante para os profissionais. 

Flexibilidade 

A flexibilidade no trabalho trata de um modelo de gestão de pessoas baseado em dar liberdade e autonomia para que os colaboradores definam suas próprias rotinas e condições de trabalho. Como o trabalho do futuro envolve modelos como o remoto e o home office, além da construção de ambientes completamente digitais, as empresas precisam criar culturas que estimulem os profissionais a agirem com autonomia e responsabilidade. Por isso, essa também deve ser uma tendência a qual o RH deve estar atento. 

Foco em pessoas 

Também conhecido como people centric,  o foco em pessoas descreve um modelo de gestão de pessoas em que a prioridade da empresa é o seu Capital Humano, que deve ser colocado no centro de ações, decisões e estratégias. Ou seja, a organização desenvolve um conjunto de práticas pensadas para melhorar a qualidade de vida de seus colaboradores, uma vez que entende que, quanto melhor eles se sentem durante a jornada, mais expressivos são os resultados que são capazes de atingir. Esse é um dos pilares para uma gestão humanizada. 

Diversidade e Inclusão 

O investimento em D&I é uma prática alinhada à responsabilidade social, uma vez que, adotando medidas de incentivo à pluralidade de pessoas, a empresa faz um trabalho positivo frente à sociedade como um todo. Além disso, ao fazer com que profissionais oriundos de realidades distintas trabalhem em prol de um objetivo em comum, a empresa também estimula as ideais criativas, que são mais presentes quando há pessoas de diferentes núcleos sociais interagindo. Não à toa, de acordo com esta pesquisa realizada pela McKinsey, a lucratividade é 21% maior em empresas que investem na equidade de gêneros, por exemplo. O mesmo estudo aponta, ainda, que a diversidade étnica faz com que o potencial de sucesso das empresas suba 33%.

 

Quando o negócio se prepara para o futuro, consegue se adaptar com mais facilidade às novas realidades e dificilmente é pego de surpresa, o que faz toda a diferença para evitar a obsolescência dos modelos. Já para os colaboradores, estar em conformidade com as exigências garante que a empregabilidade seja mantida e que eles consigam sempre estar incluídos no mercado. Por isso, olhar para o futuro é uma forma de garantir o presente e pavimentar um caminho em direção ao sucesso competitivo. 

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Fernanda Misailidis

Fernanda Misailidis é jornalista e atua como Assessora de imprensa e Embaixadora da ETALENT. Carioca, é apaixonada por artes, ama estar nos palcos e não vive sem teatro.

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